Quem espera sempre alcança, diz
o tradicional ditado, mas quando se trata de quadrinhos, muitos materiais que
são lançados nos Estados Unidos raramente tem a oportunidade de serem
publicados no Brasil. Felizmente, uma exceção a estes casos é o belo cross-over
envolvendo duas famosas franquias da TV e do cinema, que acaba de ganhar uma
bela edição nacional através do selo Geektopia, da editora Novo Século, que já
está disponível nas livrarias e comic shops do país: JORNADA NAS
ESTRELAS/PLANETA DOS MACACOS: A DIRETRIZ PRIMATA.
Lançada no formato 17,5 x 26,5
cm, com cerca de 136 páginas, e capa dura, ao preço de R$ 49,90, a edição
compila a minissérie lançada nos Estados Unidos no final de 2014 e início de
2015 pela IDW Publishing, atual detentora dos direitos de publicação de
quadrinhos de Jornada, e a Boom! Studios, que detém os direitos relativos a
Planeta dos Macacos. O roteiro ficou a cargo dos irmãos Scott e David Tipton, e
a arte das histórias é de Rachael Stott. Os irmãos Tipton já haviam criado um
belo cross-over anterior de Jornada nas Estrelas, com a tripulação da Nova
Geração junto com Doctor Who, enfrentando ninguém menos do que os borgs, com
bons elogios tanto dos fãs quanto da crítica, e partiram para repetir a dose,
agora com a turma da Entreprise clássica, liderada pelo bom e velho capitão
James T. Kirk, tentando descobrir o que os tradicionais rivais da Federação, os
Klingons, andam aprontando, cujos relatórios da Frota Estelar têm apresentado
informações de atividades incomuns dos beligerantes guerreiros em um quadrante
estelar aparentemente sem importância.
E
o que eles descobrem é absurdamente perturbador: impedidos de conquistarem os
mundos da Federação devido ao tratado de Organia, os Klingons desenvolveram um
aparelho que lhes permite viajar para uma realidade paralela, onde naturalmente
a restrição de Organia não os afeta. E o primeiro planeta onde eles resolvem
interferir é um mundo muito similar à Terra, com a única diferença de que a
espécie dominante são... os macacos. Descobrindo o rastro dos Klingons neste
mundo, Kirk, Spock, McCoy e toda atripulação da NCC-1701 dos tempos da série
clássica de TV precisarão encontrar uma maneira de deter os planos dos Klingons
de alterarem o equilíbrio de poder neste mundo dominado pelos primatas, e de
modo a não infringirem sua famosa primeira diretriz. E para isso, eles
precisarão do auxílio de alguns dos próprios primatas, como Zira e Cornelius,
que por acaso também conhecem outro humano que poderá tanto auxiliar quanto
criar ainda mais problemas para a tripulação da Enterprise, um astronauta
chamado George Taylor, que já teve sua própria experiência com estes primatas
sensientes, e não gostou nem um pouco da experiência. Vendo o potencial da tecnologia
da nave Enterprise, Taylor começa a ter suas próprias idéias em relação às
possibilidades de auxiliar a turma de Kirk & cia., e isso pode se revelar
uma ameaça tão ou até mais complicada do que os Klingons, que por si sós jà são
uma encrenca daquelas para o pessoal da Federação.
Com uma perfeita ambientação
reproduzindo os ambientes tanto da série clássica de TV de Jornada, quanto do
filme original de Planeta dos Macacos, a história da minissérie consegue se
manter fiel às caracterizações dos personagens, com direito a um final que, se
não é perfeito, acaba por ser interessante para quem acompanhou ambas as
franquias e conhece suas histórias, embora alguns achem que poderia ter sido melhor
finalizado. Mas, é uma bela história de ficção científica, devidamente
plausível para um encontro entre ambas as franquias. "O Planeta dos
Macacos e Jornada nas Estrelas são franquias inovadoras de ficção científica, e
ambos lidam com muitos dos mesmos temas e problemas sociais", declarou
Greg Goldstein, presidente e chefe de operações da IDW Publishing, à época do
anúncio do lançamento da minissérie nos Estados Unidos. "Um cruzamento
entre os dois é algo mais do que natural e vem com muito atraso.", finalizou.
"Antes que eu conseguisse ler histórias em quadrinhos quando era criança,
eu podia assistir ficção científica na televisão. Meu pai costumava me acordar
quando já tinha passado da minha hora de dormir para assistir a Jornada nas
Estrelas, e eu levava uma lancheira de Planeta dos Macacos comigo ao jardim de
infância todos os dias", declarou Ross Richie, fundador e CEO da BOOM!
Studios. "Basta dizer que, juntar estes dois titãs da ficção científica
numa mesma página, de uma forma que provavelmente nunca aconteceria nas telas,
é um grande momento para mim tanto pessoal como emocionalmente.",
completou.
Para os fãs de Jornada Nas
Estrelas, o lançamento desta minissérie é praticamente um marco inédito, pois
trata-se do primeiro cross-over de quadrinhos envolvendo a franquia no Brasil.
Nos anos 1990, o cross-over envolvendo a tripulação clássica da Enterprise e os
X-Men estava praticamente pronto para ser publicado pela Abril Jovem quando o
projeto da edição acabou cancelado na última hora. Outros cross-overs
envolvendo a franquia de Jornada tem sido desenvolvidos recentemente pela IDW
Publishing nos Estados Unidos, como por exemplo o encontro da tripulação da
Enterprise, versão pós-reboot do filme de 2009, com a Tropa dos Lanternas
Verdes, da DC Comics, que já rendeu duas minisséries, ainda inéditas em nosso
país. Quem sabe, dependendo da receptividade deste lançamento da Editora Novo
Século, não venham os outros cross-overs com a turma de Jornada? A esperança é
a última que morre. E é preciso ter perseverança. Afinal, sem isso não se chega
a lugar nenhum, e com a economia brasileira ainda claudicante, lançamentos como
este têm de ser comemorados. Vida longa e próspera!
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