quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

PANINI LANÇA MEGAEDIÇÃO ESPECIAL DO HOMEM-ARANHA


                Na década passada, a Panini Comics trouxe ao mercado nacional de quadrinhos uma das mais cobiçadas séries de compilações publicada pela Marvel nos Estados Unidos, a Marvel Masterworks, que republica na íntegra, e em ordem cronológica, as edições de determinados títulos lançados há décadas atrás. Lançada aqui com o nome de Biblioteca Histórica Marvel, a coleção, entretanto, acabou descontinuada algum tempo depois, para tristeza dos fãs e leitores que há muito desejavam este tipo de material ser lançado por aqui. No ano passado, a Panini retomou essa série, com o lançamento, pelo menos por hora, do segundo volume dedicado ao título original do Surfista Prateado, e quem sabe, a esperança de novos volumes serem lançados no mercado nacional neste ano de 2019.
                Bom, ainda não foi isso, mas em compensação a Panini Comics está trazendo a maior edição de compilação de histórias antigas dos primórdios do Universo Marvel, em uma edição espetacular, que inclusive possui essa palavra no título. E agora em fevereiro, com distribuição para livrarias e comic shops, chega portanto a mega e suntuosa edição O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA – VOLUME 01, uma edição em formato americano, com capa dura, e nada menos do que 560 páginas, compilando nada menos do que as primeiras 19 edições da revista Amazing Spider-Man, o primeiro título regular do Homem-Aranha na Marvel Comics, publicadas nos anos 1960. Este volume inclui, obviamente, a edição Nº 15 de Amazing Fantasy, onde o escalador de paredes fez sua estréia no nascente Universo Marvel que estava sendo concebido por Stan Lee e Jack Kirby. A edição também traz as histórias publicadas nas revistas Amazing Spider-Man Annual Nº 1, Strange Tales Annual Nº 2, e Fantastic Four Annual Nº 1. O preço da edição é de R$ 163,00, o que pode parecer caro, mas levando-se em conta o tamanho da edição, e o material compilado em suas 560 páginas, não é um valor tão absurdo assim, proporcionalmente.
                O ano é 1962, e a dupla formada pelo roteirista Stan Lee e o artista Steve Ditko acabava de dar vida a um personagem que se tornaria um dos mais icônicos e duradouros ícones dos quadrinhos mundiais: o primeiro e único Homem-Aranha! Transformando totalmente o conceito de definição de um super-herói, ambos imbuíram o jovem e franzino Peter Parker com os fantásticos poderes de um aracnídeo e as pressões vividas por um adolescente comum que era desprezado por seus colegas. Essa combinação foi simplesmente mágica e, ao longo de dezenas de edições, Lee e Ditko construíram a base para mais de cinquenta anos de aventuras espetaculares do Homem-Aranha! Chegou a hora de testemunhar e/ou rever as primeiras aventuras, e os confrontos com os primeiros e emblemáticos vilões que passariam a fazer parte da mitologia do amigão da vizinhança, além de seus encontros com alguns dos maiores heróis da Casa das Ideias! Sim, esta é uma edição de peso, literalmente, para se ter na coleção de todo fã de quadrinhos!
                Stan Lee a princípio tinha certa insegurança se os leitores apreciariam um herói com poderes e nome baseado em aranhas, criaturas que não são bem vistas. Mas o carisma do protagonista, que por mais que se esforçasse, e até conseguisse derrotar os vilões e salvar o dia, sempre acabava perdendo no dia-a-dia como uma pessoa comum, atolado em diversos problemas, além de um trauma que lhe ensinou, da pior maneira possível, que “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”. Estas primeiras histórias, da parceria de Stan Lee com Steve Ditko, se tornaram cults, e a base primordial do Homem-Aranha como um dos mais famosos e icônicos personagens não apenas da Marvel Comics, mas de todo o mundo dos quadrinhos. De fato, é um excelente material que ganha uma edição mais do que parruda para acomodar tantas histórias. E uma excelente oportunidade para quem ainda não as conhece, e deseja tê-las em sua estante. O preço, mesmo justo para o porte da edição, entretanto, pode ser impeditivo para muitos leitores, especialmente em virtude do momento econômico ainda instável de nossa economia, o que é uma pena, pois trata-se de um material que diverte e entretem muito mais do que várias histórias publicadas atualmente. Resta esperar que a empreitada da Panini seja bem-sucedida, para que possamos ter a chance de vermos outros lançamentos deste porte por aqui.

GEORGE PÉREZ ANUNCIA APOSENTADORIA DOS QUADRINHOS


                O ano de 2019 mal começou, e o universo dos quadrinhos já começa com uma baixa: George Pérez, um dos mais cultuados desenhistas das séries de super-heróis, anunciou sua aposentadoria, retirando-se do mercado profissional de quadrinhos. O artista fez um anúncio em sua página pessoal no Facebook, onde agradeceu a todo o apoio recebido dos fãs durante sua longa carreira. O motivo de seu afastamento são seus problemas de saúde, que nos últimos tempos andou dando alguns sustos, como em 2017, quando sofreu um ataque cardíaco que o levou a ser internado em um hospital.
                Além de problemas com diabetes, Pérez também já vem sofrendo há algum tempo de problemas na visão, e seus médicos teriam recomendado repouso total para não desgastar aindamais sua saúde, que embora não esteja precária, inspira alguns cuidados. O próprio artista, aliás, reafirmou que, dada sua situação médica, e a dedicação que seria necessária para continuar produzindo material com a qualidade artística que sempre mostrou ao longo de sua carreira, que sua aposentadoria é, acima de tudo, uma decisão de respeito ao mundo dos quadrinhos, dando a entender que desrespeitaria os fãs ao produzir desenhos de baixa qualidade.
                “Não é segredo que venho lidando com vários problemas de saúde nos últimos anos (diabetes, problemas cardíaca, visão..). Isso fez com que meus médicos me aconselhassem a, formalmente, me retirar do ramo de quadrinhos. Faço isso com enorme respeito pela indústria e por tudo o aquilo que virá adiante.”, afirmou Pérez, no comunicado onde anuncia sua aposentadoria.
                Nascido no bairro do Bronx, em Nova Iorque, em 9 de junho de 1954, filho de pais porto-riquenhos, George Pérez desde cedo queria trilhar uma carreira artística. Em 1973, aos 19 anos, ele deu início à sua trajetória profissional como desenhista, como assistente do artista  Rich Buckler. No ano seguinte, Pérez faria seus primeiros trabalhos na Marvel Comics, entre eles as histórias da série “Os Filhos do Tigre”, onde juntamente com o roteirista Bill Mantlo, criou o herói Tigre Branco, o primeiro super-herói porto-riquenho dos quadrinhos.
                Mas Pérez começaria a ganhar destaque ilustrando as aventuras do maior grupo de heróis da editora, os Vingadores, onde permaneceu por um bom tempo. No início dos anos1980, Pérez acabou indo para a DC Comics, onde teve a oportunidade de desenhar também o maior grupo de heróis da DC, a Liga da Justiça, antes de iniciar o trabalho que o lançaria de vez ao estrelato: a série dos Novos Titãs (New Teen Titans). E, em 1985, George seria o artista da maior megassaga dos quadrinhos até então, Crise nas Infinitas Terras, que colocou em ordem o até então errático multiverso da DC Comics, formado ao longo dos anos com versões dos heróis da Era de Ouro e da Era de Prata, além dos personagens de super-heróis adquiridos ao longo dos anos de outras editoras. Pérez mostrou que, em se tratando de colocar o maior número de heróis por centímetro quadrado numa página, ele era imbatível, com um estilo fluido e detalhista para os designs erostos dos personagens.
                Em 1987, George também participaria da revitalização do título da Mulher-Maravilha, com sua bela arte, além de participar também como roteirista das histórias. Posteriormente, o artista ainda voltaria por um breve período aos Novos Titãs, antes de também se aventurar, tanto na arte quanto nos roteiros, com o Super-Homem, ao fim da década. No início dos anos 1990, o artista retornou à Marvel, onde ilustrou parte da história Desafio Infinito, ao lado de Ron Lim, que completou a minissérie quando Pérez não conseguiu cumprir os prazos por problemas editoriais e pessoais, algo que já o havia afetado em seus últimos trabalhos na DC algum tempo antes, motivando sua saída da editora. Depois de executar alguns projetos para editoras independentes, ele passou também a trabalhar em algumas adaptações de filmes para quadrinhos. Em 1996, ele mais uma vez retornaria aos Novos Titãs, na nova versão do grupo, após roteirizar algumas aventuras do Surfista Prateado na Marvel.
                No início dos anos 2000, ele finalmente ilustraria o cross-over tão esperado da Liga da Justiça com os Vingadores, a concretização de um projeto iniciado ainda nos anos 1980, mas que acabou cancelado devido a problemas editoriais, e só retomado neste novo século, em outras bases. Ele também retornou aos Vingadores, tendo ilustrado várias histórias na década passada. No início desta década, o artista teve alguns trabalhos realizados na fase Novos 52 da DC Comics, mas acabou saindo por divergências editoriais. Nos últimos anos, Pérez se envolveu em poucos projetos, em parte devido aos problemas de saúde que acabou enfrentando.
                Portanto, após 35 anos de carreira nos quadrinhos, o artista sentiu que era hora de dizer adeus. Ele ainda pretende comparecer a algumas poucas convenções, onde ainda brindará os fãs com um número muito limitado de artes comissionadas, cuja renda pretende reverter para caridade, como forma de recompensar a longa carreira que teve desde seu início profissional nos primórdios dos anos 1970, e durante a qual já ganhou diversos prêmios no meio pela importância de seus trabalhos.
                O artista já esteve no Brasil, tendo participado do Festival Internacional de Quadrinhos de 2013, em Belo Horizonte, no que foi sua primeira e única visita a nosso país, onde travou contato com vários fãs. Felizmente para nós, suas maiores obras na Marvel e DC foram publicadas no mercado nacional, sendo que no momento, a Panini está republicando sua fase nas aventuras dos Novos Titãs, na coleção Lendas do universo DC, quetambém já teve publicados alguns volumes do seu trabalho na mulher-Maravilha recentemente. Também há pouco tempo, a editora Salvat lançou uma coleção limitada especial dos Vingadores, trazendo parte das histórias mais recentes do artista à frente do supergrupo da Marvel. A Panini, por sua vez, também já lançou, em ediçao especial, a saga Crise nas Infinitas Terras, lançada inicialmente nas edições em formatinho da Abril nos anos 1980.
                George Pérez agora vai curtir um mais do que merecido descanso, e só resta aos fãs aproveitarem as inúmeras aventuras que ele ajudou a criar em todos estes anos de sua carreira. Sua arte, em especial quando o assunto exigia muitos heróis por página, deixará saudades, como exemplo de um estilo de desenho que foi se aperfeiçoando ao longo dos anos, sem cair na tentação das ilustrações sem conteúdo que praguejaram no mercado profissional de quadrinhos durante vários anos. De todos nós, o mais profundo respeito por todas as grandes aventuras e sagas que produziu ao longo de todos estes anos.


ROBOTECH II: THE SENTINELS GANHA ENCADERNADO PELA TITAN


            Robotech, a polêmica série de animação japonesa criada nos Estados Unidos com a junção de três séries completamente independentes entre si, continua atraindo fãs e leitores, mesmo mais de 30 anos depois de sua exibição original nos Estados Unidos. Prova disso é a série regular que vem sendo publicada pela Titan Comics nos últimos dois anos, trazendo uma reapresentação da série original, em sua primeira fase, calcada em cima da série Macross. Mas, visando não apenas apresentar Robotech às novas gerações de leitores de quadrinhos, a editora pretende também resgatar o material de quadrinhos original da série, publicados ainda nos anos 1980, quando Robotech simplesmente “explodiu” na audiência da TV estadunidense, sendo uma das desencadeadoras do nascente mercado de animes em terras do Tio Sam.
                No ano passado, a Titan Comics iniciou o resgate deste material clássico dos quadrinhos de Robotech, com o lançamento das versões em quadrinhos da fase Macross da saga, em três volumes compilando o material publicado pela editora Comico, intitulados Robotech Archives: The Macross Saga, que incluiu também o material publicado em Robotech: The Graphic Novel, uma história prequel inédita contando fatos que se passam antes do primeiro episódio da série animada. Com a intenção de republicar praticamente todo o material de quadrinhos de Robotech daquela época, a Titan parte agora para o passo seguinte neste objetivo.
                E o primeiro lançamento deste novo passo está para chegar às comic shops dos Estados Unidos agora neste mês de fevereiro. ROBOTECH ARCHIVES: ROBOTECH II: THE SENTINELS – VOLUME 01 será uma edição em formato americano, com capa cartão, com cerca de 464 páginas, ao preço de cerca de US$ 25,00. E, como seu nome indica, será o primeiro volume reimprimindo a saga dos Sentinelas, onde a Harmony Gold, “produtora” e “criadora” de Robotech, deu início à complementação da saga original, visando fazer todas as fases interagirem entre si numa história completamente original, em relação às séries originais japonesas utilizadas para compor a história de Robotech.
                A série original em animação tinha 85 episódios, formados a partir da junção das séries Macross, Southern Cross, e Mospeada, todas do estúdio Tatsunoko. Os roteiros foram reescritos parcialmente, de modo a fazer as três séries serem apresentadas como “fases” de uma única saga. Evidentemente, buracos de roteiro foram ignorados e ou/ modificados para dar sentido à história. Mesmo com essa união forçada das três séries, Robotech, nome da versão unida, fez imenso sucesso, o que motivou a Harmony Gold a criar uma “continuação” das aventuras, onde eles fariam a união dos personagens, apresentariam muitos outros, e desenvolveriam mais a história. Passando-se no hiato de tempo entre as fases 1 e 2, esta nova aventura foi chamada de Robotech II: Os Sentinelas, e era protagonizada pelos personagens remanescentes da primeira fase, correspondente ao Macross original. Seriam produzidos 65 episódios com estas novas aventuras, visando aproveitar o sucesso de Robotech, e capitalizar com o seu desenvolvimento.
                Problemas de mercado inesperados, entretanto, fizeram a Harmony Gold abortar o projeto. Dos 65 episódios, foram produzidos apenas os 3 primeiros, que foram lançados no mercado de vídeo. Os roteiros, que já estavam prontos, foram adaptados para os quadrinhos, tendo sido lançados então pelas editoras Eternity Comics, Academy Comics, e Antartic Press. Mesmo assim, a saga dos Sentinelas continuou inacabada também em quadrinhos, por problemas com as editoras que publicaram a saga. Na segunda metade da primeira década do Século XXI, a história acabou sendo finalizada em quadrinhos, de modo adaptado para se moldar ao novo projeto animado Shadow Chronicles, uma retomada da produção animada de Robotech, que infelizmente não teve seguimento após o lançamento do longo animado de mesmo nome. Para quem conheceu a história dos Sentinelas, o projeto ficou na prática inacabado, já que muitos fãs consideraram extremamente insatisfatório o desenlance criado para chegar a Shadow Chronicles, servindo apenas para fechar algumas pontas soltas na história.
                Uma história que agora, praticamente 20 anos depois das últimas edições de quadrinhos da Antartic Press, poderá ser revisitada e/ou conhecida pelos leitores, nesta nova edição encadernada, cujo primeiro volume reúne as primeiras 16 edições da série Robotech II: The Sentinels, publicada originalmente pela Eternity Comics, roteirizados por Chris Ulm, Thomas Mason, e os irmãos Jason e John Waltrip. Os irmãos Waltrip se encarregaram dos desenhos das edições. Este primeiro volume também reúne as duas edições especiais do casamento de Rick Hunter e Lisa Hayes, além de reunir várias páginas de material extra publicados na época, o que torna esta edição uma bela oportunidade para quem quer conhecer mais da saga de Robotech, em especial o desenvolvimento da história após o fim da fase Macross, e como os acontecimentos de Os Sentinelas acabam por se ligar às aventuras mostradas nas fases seguintes da série animada.
                No Brasil, a Panini chegou a publicar algumas histórias de Robotech na primeira metade da década passada, trazendo para os leitores brasileiros algumas histórias produzidas pela Wildstorm com aventuras inéditas que se passavam antes da série animada. Mas ficou apenas nisso. Já a série animada de Robotech foi exibida inicialmente pela TV Globo no início dos anos 1990, apenas pela metade. Antes disso, no fim dos anos 1980, os primeiros episódios da série tinham sido lançados no mercado de vídeo nacional, em VHS. Robotech só seria exibida por completo pelo canal pago Locomotion, em seu último ano de vida, por volta de 2003/2004. Já os três episódios de Robotech II: Os Sentinelas acabaram lançados no mercado de vídeo nacional, primeiro em VHS, e posteriormente em DVD. Curiosamente, a série animada original nunca foi lançada em DVD por aqui, mas na Espanha, a distribuidora DigiMagic lançou Robotech completo em DVD, e trazendo a opção do áudio em português da dublagem brasileira da Herbert Richers.
                Quanto às séries originais japonesas usadas para criar Robotech, apenas Macross chegou a ser exibida no Brasil, completa, com o nome de Guerra das Galáxias, tendo também o seu longa metragem sido exibido e lançado em vídeo por aqui. Enquanto os fãs americanos estão tendo a oportunidade de rever a série em streaming, e agora, poder rever as antigas séries de quadrinhos dos anos 1980, dificilmente os fãs brasileiros terão chance de ver tal material por aqui, a não ser que comprem estas novas edições que a Titan Comics está lançando.