segunda-feira, 30 de novembro de 2020

THUNDERBIRDS GANHA BOX EM DVD PELA WORLD CLASSIC


 

Clássica série de Gerry Anderson estrelada por marionetes finalmente está disponível no Brasil

 

Adriano de Avance Moreno


                Que o ano de 2020 tem sido complicado, isso não é novidade para ninguém. E com pandemia ou não, o mercado nacional de vídeo tem enfrentado vários problemas. Enquanto companhias de porte como a Disney decreta de unilateralmente, sem consultar o público, o fim da mídia física nos países da América Latina, algumas empresas nacionais tem tentado aproveitar o momento para apostarem nos colecionadores e fãs para mostrar que o mercado é viável sim, basta tratar o consumidor com mais respeito, e olhe oferecer produtos decentes. Não tem sido uma tarefa fácil, até porque alguns canais de vendas antes muito usados, como as livrarias Saraiva e Cultura, e lojas como Americanas, estão em estado terminal ou simplesmente decidiram renegar a venda de filmes. E, no meio disso tudo, entre os lançamentos que tem valido a pena, a World Classic, que foca em produções antigas, surpreendeu ao lançar Thunderbirds, uma das mais cultuadas séries dos anos 1960 pela primeira vez em um box completo em DVD no mercado nacional, atendendo a um desejo que muitos fãs tinham há anos.

Com o título de THUNDERBIRDS EM AÇÃO – A SÉRIE COMPLETA, a produção criada por Gerry Anderson em 1965 foi lançada este mês pela distribuidora, estando disponível para venda no site da Linestore, no endereço www.linestore.com.br, ao preço original de R$ 179,90, mas estando com preço promocional de R$ 149,90. Trazendo uma bela apresentação física, em formato digibook, com várias imagens ilustrativas dos episódios, os oito discos que compõem o box trazem todos os 32 episódios produzidos da série, com opções de áudio em inglês e português, além de legendas em português. O aúdio dublado em nosso idioma é a redublagem produzida pela Herbert Richers nos anos 1990, quando o seriado foi reprisado na TVS/SBT, mas curiosamente, o episódio piloto do box não traz este áudio, mas uma dublagem realizada pela Mastersound. Os dois últimos episódios também não trazem a dublagem em português, estando disponíveis apenas com o áudio original em inglês, e com opção de legendas em nosso idioma. Os discos ainda trazem alguns extras sobre a série, com os documentários “Fazendo os Thunderbirds” e “O Cérebro Por Trás dos Thunderbirds”, além de uma entrevista com o criador da série, Gerry Anderson.

                Nos anos 1960, Gerry Anderson destacou-se produzindo seriados utilizando bonecos como protagonistas, que eram movidos por um sofisticado sistema de cabos, fazendo seus movimentos. Utilizando um sofisticado sistema eletrônico que deixava as marionetes mais realistas, e com lábios que se mexiam em sincronia com as falas feitas por atores, em um processo que foi apelidado de “supermarionation”. Com este tipo de operação, ele lançara a série “Supercar” em 1960, a primeira produção em que o processo de filmagem em “supermarionation” foi empregado de forma oficial. A série fez algum sucesso, de modo que Gerry conseguiu produzir uma nova série, em tons futuristas, chamada “Fireball XL5” em 1962, utilizando o mesmo esquema. Como também obteve bons resultados com esta nova produção, logo foi desenvolvida uma nova série estrelada por bonecos, “Stingray”, em 1964, que se tornou a primeira série de TV britânica gravada a cores, sendo até então o maior sucesso da carreira de Gerry Anderson.

                Inspirada por um desastre da vida real ocorrido em 1963, em uma mina na Alemanha Ocidental que acabou inundada pelo rompimento de uma barragem de sedimentos, exigindo uma série de procedimentos de resgate para salvar os mineradores que haviam ficado presos, Gerry Anderson compôs a sua mais nova série filmada com supermarionation, “Thunderbirds”, estreando em 1965, narrando as aventuras da organização secreta Resgate Internacional, composta por Jeff Tracy, um ex-astronauta milionário, com a ajuda de seus filhos, que promoviam ações de salvamento e resgate por todo o mundo, utilizando equipamentos e veículos da mais alta tecnologia, quando os serviços de resgate convencionais não tinham condições de dar conta do recado.


     Com episódios mais desenvolvidos, contando com cerca de 50 minutos de duração, contra os 25 minutos de suas produções anteriores, Thunderbirds foi um grande sucesso, tanto na Grâ-Bretanha quanto em diversos outros países onde foi exibido, inclusive no Brasil. A duração de tempo maior de cada episódio permitia que as aventuras não ficassem concentradas apenas em cenas de ação das operações de salvamento, mas também em assuntos secundários, que ajudavam a desenvolver melhor os personagens, tornando as histórias mais densas e sofisticadas, como nos enredos que envolviam espionagem e sabotagens. A primeira temporada contou com 26 episódios, e uma segunda temporada chegou a começar a ser produzida, mas sendo interrompida após 6 novos episódios, devido ao fato de não terem conseguido vender a série para nenhuma emissora de TV nos Estados Unidos, o maior mercado mundial de televisão. Lew Grade, diretor da APF Productions, que produzia a série, afirmou que sem conseguir promover a série no mercado norte-americano, não haveria como bancar os custos totais de produção do seriado, apesar do seu sucesso em outros países. Para se ter uma idéia, cada episódio contava com um orçamento de cerca de 38 mil libras, algo equivalente a mais de 700 mil libras atualmente. Isso tornava Thunderbirds a produção mais demorada da empresa, devido ao procedimento de filmagem com as marionetes, que levavam cerca de 15 dias para conseguir produzir dois episódios, mas também uma das séries mais caras produzidas até então na Inglaterra. Dois filmes ainda foram produzidos, mas infelizmente, eles fracassaram nas bilheterias, o que ajudou a cancelar de vez o programa, apesar do sucesso de sua exibição em diversos países. Gerry Anderson partiria então para a criação de uma nova série, “Capitão Escalarte e os Mysterions”, produzida com o mesmo esquema em supermarionation, mas que apesar de ter feito sua fama, não conseguiu alcançar o mesmo sucesso obtido por Thunderbirds, que ganhou muitos produtos licenciados, como brinquedos, e até séries de quadrinhos, trazendo novas aventuras da família Tracy.


 


        A história da série se passa no ano de 2065. Jeff Tracy, um ex-astronauta aposentado, usou sua vasta fortuna para criar o Resgate Internacional, uma organização cuja localização de sua base é secreta, com o objetivo de auxiliar a humanidade em seus momentos de necessidade, em especial grandes desastres e situações de perigo, após perder sua esposa em um acidente, onde ela não pode ser socorrida em tempo hábil. Utilizando veículos especiais construídos com a mais alta tecnologia, denominados Thunderbirds, assim como equipamentos projetados especialmente para situações de emergência e perigos diversos, eles entram em ação para efetuarem auxílios no mundo inteiro, quando as forças e autoridades locais não tem condições de darem respostas ágeis para solucionar os problemas que se apresentam. Para auxiliá-lo nessa empreitada, Jeff conta com seus cinco filhos adultos, Scott, Virgil, Alan, Gordon, e John, que conduzindo os possantes veículos e seus demais equipamentos, empreendem as mais ousadas e desafiadoras operações de salvamento e resgate não apenas no mundo inteiro, mas também no espaço, quando solicitados.

De sua residência, em uma ilha paradisíaca no Oceano Pacífico, de onde partem os Thunderbirds, Jeff comanda à distância as operações, auxiliado sempre que necessário por Brains, um exímio cientista e engenheiro, que projetou não apenas os fantásticos Thunderbirds como os demais equipamentos utilizados pelos rapazes em suas missões de salvamento. Quando a situação envolve outras áreas, necessitando de ações especiais, ele pode contar também com Lady Penélope Creighton-Ward, uma aristocrata britânica e agente especial que vive em Londres, na Inglaterra, e está sempre pronta para auxiliar o Resgate Internacional, ao lado de seu mordomo e motorista Aloysius Parker nas mais variadas missões, utilizando na maioria das vezes um Rolls-Royce rosa de seis rodas modificado e equipado com vários instrumentos denominado Fab-1. Durante as aventuras, muitas situações de perigo foram enfrentadas pelos membros do Resgate Internacional, na luta para salvar vidas colocadas em perigo pelos mais variados problemas. E em alguns momentos, eles também acabaram tendo de lidar com problemas como espionagem e intrigas internacionais, sendo que em certas ocasiões, o alvo era a própria organização do Resgate Internacional, já que a tecnologia superavançada dos Thunderbirds é alvo de pessoas de caráter duvidoso, que tem como objetivo obtê-la para propósitos não muito nobres, motivo pelo qual Jeff Tracy e sua família mantém o maior sigilo sobre suas operações de resgate e salvamento, a fim que seus veículos e equipamentos não sejam utilizados para fins malignos por terceiros. Isso acabava motivando a “criação” de desastres que colocavam muitas pessoas em perigo, realizados com o objetivo de atrair o Resgate Internacional para a realização do salvamento, e conseguir se apossar de seus equipamentos. Não foram poucas as tentativas, as quais só aumentavam o nível de perigo enfrentado pelos heróis.

 



Em especial as tentativas feitas por Hood, um vilão asiático que tencionava obter a avançada tecnologia do Resgate Internacional, e planejou diversos desastres com esta intenção, procurando manipular os acontecimentos a seu favor. Curiosamente, o meio-irmão de Hood, Kirano, trabalha para a família Tracy em sua ilha-base, junto com sua filha Tin-Tin, que atua como secretária de Jeff Tracy, e é namorada de seu filho Alan. Possuidor de misteriosas habilidades psíquicas, Hood já tentou controlar secretamente seu irmão para ajudá-lo em suas investidas contra o Resgate Internacional, mas felizmente seus esforços não obtiveram o êxito que ele esperava.

Um detalhe interessante é que os nomes dos filhos de Jeff Tracy foram inspirados nos nomes dos astronautas do projeto Mercury da NASA, a saber: Scott Carpenter, Virgil Grissom, Alan Shepard, Gordon Cooper e John Glenn. E os rostos dos bonecos dos personagens da família Tracy também foram inspirados em artistas famosos da época. Jeff Tracy recebeu os traços de Lorne Greene, ator conhecido por ser o patriarca da série de faroeste Bonanza. Alan teve as feições de Robert Reed; Scott foi baseado no ator Sean Connery; e John, um misto do cantor Adam Faith e do astro Charlton Heston.

                A série se tornou a produção mais famosa de Gerry Anderson, sendo exportada para vários países. No Brasil, ela estreou ainda em 1967, sendo exibida pela TV Record, com dublagem do estúdio Cinecastro. Posteriormente, ela ganharia reprises na TV Tupi, e novamente pela TV Record, ainda nos anos 1970, com outra passagem pela Tupi. No fim dos anos 1980, a série foi exibida pela TV Búzios, do Rio de Janeiro, e em 1995, seria apresentada pela TVS/SBT, agora com uma nova dublagem, feita nos estúdios da Herbert Richers. Em 2004, Thunderbirds ganharia um filme para cinema que acabou não sendo muito bem-sucedido, trocando as tradicionais marionetes por atores reais. Já em 2016, uma nova série, feita em computação gráfica, atualizando o visual dos conhecidos bonecos acabou sendo produzida na Inglaterra, com três temporadas, e 78 episódios. Esta nova produção chegou a ser exibida no canal pago Gloob há alguns anos atrás.


                Este não é o primeiro lançamento de Thunderbirds no mercado de vídeo nacional. Nos tempos do VHS, a série já tinha ganho alguns volumes, mas com poucos episódios disponíveis ao público. Na década passada, os filmes da série, produzidos após a série de TV, ganharam seu primeiro lançamento em DVD, pela Fox Home Vídeo, que trouxe em uma caixa as produções “Thunderbirds em Ação” e “Thunderbird 6”, mas a distribuidora nunca lançou um box com os episódios da série de TV, mesmo na época onde o lançamento de seriados antigos em caixas de discos tinha virado a febre do mercado nacional de vídeo, com diversas produções clássicas ganhando este tipo de lançamento. Algum tempo depois, a Continental, uma empresa obscura de home vídeo, acabou por fazer isso, lançando duas caixas com oito discos no total.

                Mais recente, a Mixx Filmes lançou parte da série de TV em dois boxes que apresentavam excelente encarte físico, mas que foram difíceis de serem encontrados pelos fãs, tendo sido restritos a poucas lojas e pontos de vendas. Imaginava-se que a empresa iria lançar toda a série, o que acabou não acontecendo. Mas felizmente, para alegria dos fãs do Resgate Internacional e suas possantes máquinas Thunderbirds, toda a série está agora disponível neste box lançado pela World Classic. E, pelo menos, a qualidade de som e imagem dos episódios está muito boa, lembrando que alguns lançamentos de séries antigas feitas pela distribuidora não contavam com uma boa qualidade de imagem ou som. Ao menos aqui, os fãs poderão ver e/ou rever a série com muita satisfação, além de proporcionar a muitos que nunca tiveram a chance de assistir ao seriado de finalmente conhece-lo. Um grande lançamento da World Classic, que ajuda a resgatar para as gerações atuais esta série clássica de aventura produzida nos anos 1960, e que possui seu charme próprio por ser estrelada por marionetes. Um charme que foi revisitado quando os criadores da série South Park resolveram produzir na década passada o filme “Team America”, uma paródia sobre o vigilantismo dos Estados Unidos no mundo, após os atentados ocorridos no dia 11 de setembro, com os personagens do filme feitos com o sistema supermarionation, igualzinho às produções clássicas de Gerry Anderson.

                E, em um mundo com muitos acontecimentos catastróficos ocorridos recentemente, a ação de um grupo de resgate como os Thunderbirds é mais do que necessário. Portanto, boa hora para se poder rever esta série em vídeo.

 

AS MÁQUINAS THUNDERBIRDS E SEUS OPERADORES


 

     Logo na abertura do seriado, as máquinas Thunderbirds são apresentadas em ritmo de contagem regressiva, antes de surgir o logo da série, vindo a seguir a relação dos operadores de cada uma delas dentre os filhos do patriarca da família Tracy. São elas:

 

# Thunderbird 1: Um avião-foguete hipersônico usado para providenciar uma resposta rápida e efetuar reconhecimento da zona de desastre, além de tomar algumas medidas urgentes que possam ser necessárias. Pilotado por Scott Tracy, que atua como coordenador de resgate do IR. O Thunderbird 1 pode alcançar velocidade de até 12 mil km/h, permitindo-o chegar rapidamente até o local do desastre, e iniciar o planejamento das ações assim que os equipamentos necessários chegarem ao lugar.

# Thunderbird 2: Um avião de carga supersônico, que tem a função de transportar containers destacáveis, carregados com veículos e equipamentos de resgate diversos que são selecionados conforme a natureza da operação a ser realizada. Pilotado por Virgil Tracy, contando muitas vezes com a ajuda de Gordon, dependendo dos trabalhos a serem desenvolvidos na operação de resgate.

# Thunderbird 3: Uma nave espacial de estágio único, que além de realizar missões no espaço, também faz o transporte para estação especial Thunderbird 5, em órbita do nosso planeta. Pilotado alternadamente por Alan Tracy e John, com Scott como co-piloto, conforme a necessidade.

# Thunderbird 4: Um veículo submersível, pronto para efetuar as mais diversas operações e resgates debaixo d’água, quando necessários. Pilotado por Gordon Tracy, e geralmente lançado a partir do Thunderbird 2. É o menor veículo dentre as máquinas Thunderbirds do Resgate internacional.

# Thunderbird 5: Diferente das demais máquinas Thunderbirds, esta não é um veículo, mas uma estação espacial, situada em órbita de nosso planeta, onde são transmitidas e monitoradas chamadas de socorro de todo o mundo. Costuma ser tripulada alternadamente por John Tracy e Alan Tracy, que atuam como monitores da estação em seus respectivos turnos.





 

sábado, 21 de novembro de 2020

LODOSS WAR GANHA RELANÇAMENTO EM ALTA DEFINIÇÃO NA ESPANHA


 

Clássica série surgida em RPG ganha novo lançamento com edição de luxo em Blu-Ray

 

Adriano de Avance Moreno

 

                Quem curte os jogos de RPG (Role-playing Game, ou Jogo de Interpretação de Papéis, numa tradução livre em português), já deve conhecer o nome de “Record Of Lodoss War” (Registro da Guerra de Lodoss, em português), que se tornou uma das mais famosas séries baseadas neste tipo de jogo, surgido nos anos 1980. Surgido em 1986, lançado pela empresa Group SNE, assim como diversos outros jogos baseados nas características de Dungeons & Dragons, Lodoss fez tanto sucesso entre os adeptos dos jogos RPG que seu criador, Ryu Mizuno, resolveu adaptar a história da série em romances, publicados pela editora Kadokawa Shoten. Estes romances fizeram grande sucesso, expandindo o alcance do jogo e sua base de fãs, a ponto de o Group SNE resolver torna-lo um jogo completamente independente das regras vigentes dos jogos de RPG, que seguiam as características de Dungeons & Dragons como linha mestra.

                Intitulado agora como Record of Lodoss War Companion, o novo jogo foi lançado em 1989, e com o aumento ainda maior da popularidade, não demorou para que Lodoss War ganhasse uma versão em animação, a qual foi produzida pelo estúdio Mad House, em uma série original para vídeo, os chamados OVAs (Original Video Animation), que foram lançados entre junho de 1990 e novembro de 1991 no mercado de home vídeo nipônico.

                Apresentando uma animação de alta qualidade, e uma arte belíssima, os 13 episódios desta série de vídeo se tornaram referência obrigatória para todos os fãs dos RPGs em todo o mundo, com os oito primeiros episódios tendo como base a história apresentada no primeiro volume dos romances publicados, e os cinco últimos episódios vagamente adaptados dos acontecimentos relatados no terceiro e quarto volumes.

                Na história da série, em tempos imemoriais, um grande conflito teve início entre os poderosos deuses, culminando com a derradeira batalha entre Kardis, a Deusa da Destruição, e sua oponente Marfa, a Deusa da Criação. Com a derrota de Kardis, esta lançou uma maldição que aniquilaria todo o continente de Alecrast. Para evitar a sua total destruição, a deusa Marfa conseguiu dividir Alecrast, separando uma parte de terra ao sul do continente, criando assim aquela que seria conhecida como Lodoss, uma ilha isolada, que por estar acometida pela maldição de Kardis, passou a ser chamada de terra amaldiçoada.

                Vários séculos mais tarde, surgiu a ameaça de Kardis renascer em Lodoss, necessitando da união de várias pessoas para impedir que isso acontecesse. O triunfo rendeu a estas pessoas a alcunha de grandes heróis de Lodoss, mas vários anos adiante, houve a possibilidade da ameaça ressurgir, através das mãos de Karla, que fora um dos heróis que outrora salvaram Lodoss, e que agora manipula os acontecimentos para seus próprios propósitos. Para impedir essa nova ameaça, temos a união de um novo grupo de pessoas com o objetivo de salvar os reinos de Lodoss: Parn, o aspirante a cavaleiro; Etoh, um clérigo e melhor amigo de Parn; Slayn, um grande mago; Ghim, o anão guerreiro; Deedlit, a elfa da luz; e Woodchuck, um ladrão que se une ao grupo.

                Uma missão que envolve a ameaça de uma guerra entre os reinos de Lodoss, devido aos planos de conquista do Rei Beld, do reino de Marmo, auxiliado pelo cavaleiro negro Ashram, e o mago Vagnard, contra os demais países, entre eles Valis, comandado pelo Rei Fahn, antigo colega de combate de Beld. Em meio a estes tempos instáveis, Parn e seus amigos e aliados devem concentrar suas forças em restabelecer a paz na ilha de Lodoss, e impedir que Kardis mais uma vez volte a se erguer.

                Em 1998, Lodoss War ganharia uma série de TV, completando parte da história mostrada na série de vídeo, e apresentando novos personagens em novas aventuras pelos reinos de Lodoss, enfrentando novas ameaças. A qualidade técnica desta série foi inferior à da produção OVA, mas mesmo assim, também cativou os fãs, ajudando a firmar o nome Lodoss mais do que nunca entre as produções da história do RPG.

                E agora, neste ano de 2020, a primeira animação de Lodoss já completou 30 anos de seu lançamento em terras nipônicas, fato que está sendo comemorado com um novo relançamento da série, que claro, não é no Brasil, para infelicidade dos fãs nacionais da série. É a Espanha que presencia a empreitada, com a clássica animação tendo uma nova chance no mercado de vídeo do país ibérico, que tem um panorama de dar inveja aos fãs brasileiros da animação japonesa, tamanha a quantidade de títulos disponibilizados por lá, com muitos deles ganhando edições de colecionador extremamente caprichadas, privilégio do qual Lodoss fará parte a partir deste mês de novembro, em um lançamento para fã nenhum botar defeito.


                A série OVA de Lodoss foi lançada pela primeira vez no mercado de vídeo espanhol em 1995, através da distribuidora Manga Films, ainda nos tempos do VHS. Em 2008, Lodoss ganharia um novo lançamento, agora em DVD, através da Jonu Media, que disponibilizou aos fãs espanhóis tanto a série OVA como a série de TV, em dois boxes. E agora, através da Selecta Vísion, a famosa série OVA ganha não apenas um relançamento em DVD, como também um lançamento em Blu-Ray, trazendo as aventuras para o mundo da alta definição, comemorando em grande estilo os 30 anos de lançamento da série OVA original de Lodoss.


                Os 13 episódios vêm distribuídos em dois discos, apresentando a proporção original 4:3, mas em resolução 1080p, na versão em blu-ray. Ao se manter a proporção de imagem original, evita-se o corte de imagem que normalmente é feito para se adequar à proporção 16:9, utilizada mais comumente nas produções atuais, preservando a bela arte dos episódios da série que podem ser vistos na íntegra. Os discos trazem a dublagem clássica em castelhano, além de uma nova dublagem no idioma. Estão disponíveis também o áudio original em japonês, e em catalão, todos 2.0 DTS HD. Quanto às legendas, há opção de legendas em castelhano, e em português. Na versão em DVD, composta de três discos, temos as mesmas opções de áudio, estes em 2.0 DD, e também as mesmas opções de legendas. A versão em DVD é travada para players zona 2, enquanto os discos blu-ray vem codificados para zona B, necessitando de players destravados para serem lidos fora destas respectivas zonas.

                Quanto aos preços, a versão em blu-ray do box é de cerca de 70 euros, enquanto a caixa em DVD é de cerca de 30 euros. Os episódios presentes neste lançamento foram completamente remasterizados a partir dos negativos originais em 35 mm., de modo a garantir a qualidade máxima de imagem e definição, que poderão ser desfrutados em sua totalidade especialmente na versão em blu-ray. E é a versão em mídia do raio azul que promete deixar os fãs e colecionadores malucos, pelos materiais extras que acompanham os discos BD. Para começar, o box vem em uma caixa tamanho A4 (21 x 29,4 cm), trazendo além do estojo plástico que acomoda os discos BD, nada menos do que 4 pôsteres, com artes desenhadas por Nobuteru Yuki, diretor de animação e character designer da série OVA de Lodoss, impressas em papel especial, totalmente coloridas. Acompanha também um mapa da ilha de Lodoss, em tamanho 68 x 48 cm. E o principal mimo é um livreto, intitulado “RECORD OF LODOSS WAR – GUIDE BOOK”, em tamanho A4, que traz diversos materiais como ilustrações oficiais, imagens dos acetatos, galeria de documentos, além de todos os detalhes a respeito da completa remasterização da série OVA, em 92 páginas que deverão fazer o mais devotado e exigente fã de Lodoss ficar extremamente feliz. Esta versão, intitulada RECORD OF LODOSS WAR – EDICÍON COLLECCIONISTA, será limitada a 600 unidades, todas numeradas. E, para aguçar ainda mais os fãs e colecionadores, a versão em blu-ray terá uma edição exclusiva ainda mais limitada, à venda pela internet, no site da própria Selecta Vísion, onde além de todo este material haverá também uma figure da personagem Deedlit, em escala 1/20, pelo preço total de cerca de 80 euros, apenas cerca de 10 euros a mais.


                Um luxo para dar inveja aos fãs nacionais de Lodoss, certamente, que até podem tentar importar o box, mesmo diante do preço, que diante da fraca cotação da moeda nacional neste ano problemático da pandemia da Covid-19, tornam a empreitada mais salgada do que normalmente seria, além do inconveniente das travas de zona de reprodução dos discos, tanto BD quando de DVDs, apesar destes serem mais fáceis de se destravar o controle de zona do aparelho de reprodução, mas com o inconveniente de que é a versão em BD que deixa água na boca, por motivos óbvios.

                Aqui no Brasil, Lodoss se tornou um nome muito conhecido não apenas dos fãs de RPG, mas também dos fãs de animação japonesa, que tiveram oportunidade de conhecer a série logo nos primórdios dos grupos de fansubbers nacionais, com todos os episódios da série OVA sendo legendados em português pelo extinto BAC – Brasil Anime Clube, e distribuídos aos fãs em fitas VHS, no final dos anos 1990.

                Em 2005, a Devir Livraria, que atuava como distribuidora de cards de jogos de RPG e outros tipos, além de importadora de materiais relacionados à área, bem como quadrinhos estrangeiros, lançou a série OVA de Lodoss War em um box DVD no mercado nacional. Com bom acabamento, o lançamento fazia parte de uma estratégia de diversificação de mercado que a Devir pretendia fazer, apostando também no mercado de vídeo nacional, que estava em grande ascenção naqueles tempos. Infelizmente, as vendas da caixa de Lodoss não foram as esperadas, de modo que este ficou sendo a única empreitada da Devir na área. A caixa custava caro para a época (cerca de R$ 145,00), e os discos traziam a série apenas com opção de legendas em português, sem dublagem no idioma nacional, além de não ter nenhum material extra, o que desencorajou muitos fãs de comprar o produto, uma vez que havia a concorrência da pirataria, que oferecia os mesmos episódios apenas com legendas a preços muito mais em contas em DVDs caseiros. Com isso, os planos de lançar outros materiais, como a própria série de TV de Lodoss, acabaram cancelados, para frustração dos fãs que ainda nutriam a esperança de ver algum novo lançamento oficial da série no mercado de vídeo nacional.


                De consolo, sobrou para os fãs o fato de a Panini Comics ter trazido algumas das adaptações de Lodoss em mangá para o mercado editorial nacional, publicando entre 2006 e 2011 quatro séries: “A Lenda do Cavaleiro”, “A História de Deedlit”, “A Bruxa Cinzenta”, e “A Dama de Pharis”. E só. No ano passado, a NewPop Editora anunciou que iria lançar no Brasil as novas novels de Lodoss, em sete volumes, lançadas recentemente no Japão, em comemoração aos 30 anos da franquia, mas até o presente momento, a editora não lançou nenhum volume, com os fãs podendo apenas ter paciência para que a promessa se efetive o quanto antes, a exemplo de outros anúncios feitos por outras editoras que também demandaram muita espera por partes dos fãs entre seus anúncios e os respectivos lançamentos.

                Infelizmente, com relação a um novo lançamento de Lodoss no mercado de vídeo nacional, as possibilidades são mais remotas, diante da situação complicada de nossa economia, e do fato das principais empresas que vinham efetuando lançamentos em DVD e BD em nosso país terem literalmente, em sua maior parte, largado o país à sua própria sorte, quando não fecharam diante da crise econômica, ficando as esperanças concentradas em poucas e pequenas empresas que vem se esforçando para mostrar que o mercado nacional de vídeo ainda é viável. Uma esperança é que a Funimation, serviço de streaming de animes que está estreando no território nacional, possa tentar disponibilizar Lodoss em sua plataforma, e quem sabe, apostar até no lançamento de séries em mídia física para colecionadores, que certamente adorariam ter esta clássica série em seus acervos. O jeito é torcer, e enquanto isso, admirar a sorte dos fãs espanhóis, que terão certamente bons motivos para comemorar as três décadas da primeira produção animada de Lodoss com este belíssimo lançamento que está sendo feito pela Selecta Vísion...