sexta-feira, 31 de agosto de 2018

MORRE O CO-CRIADOR DO MOTOQUEIRO FANTASMA


                O mundo dos quadrinhos acaba de perder mais um de seus antigos talentos. Faleceu no último dia 29 de agosto, aos 75 anos de idade, Gary Friedrich, escritor de histórias em quadrinhos que, em parceria com o desenhista Mike Ploog, criou o Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider, no original em inglês) para a Marvel Comics em 1972. Friedrich sofria do Mal de Parkinson há alguns anos, e o veterano artista também já estava quase totalmente surdo, o que o levou a se isolar nos últimos anos, após parar de trabalhar devido aos problemas da idade avançada.
                Nascido em Jackson, Estado do Missouri, em 21 de agosto de 1943, Gary começou a trabalhar com quadrinhos na segunda metade dos anos 1960, quando Roy Thomas, um velho amigo dos tempos de adolescência em Jakson, e na época trabalhando como roteirista na Marvel Comics, o chamou para tentar fazer alguns trabalhos em esquema free-lancer para algumas publicações em editoras novaiorquinas. Thomas o apresentou a Dick Giordano, então editor da Charlton Comics, e ele passou a escrever histórias de romance para a editora, passando depois a escrever as aventuras do herói Besouro Azul. Depois, Gary começou a escrever histórias também para a Marvel Comics, especialmente nos seus títulos de faroeste, como Kid Colt e Rawhide Kid. Curiosamente, ele teria como seu primeiro título regular na Casa das Idéias a série do Cavaleiro Fantasma, cujo nome original em inglês era justamente “Ghost Rider”, que na época era mais uma das séries de faroeste lançadas pela editora.
                Friedrich também passou a escrever aventuras para a série “Sargento Fury e o Comando Selvagem”, com histórias do atual diretor da Shield em seus tempos na Segunda Guerra Mundial. Seu primeiro título regular de super-heróis naMarvel foi na segunda série do Incrível Hulk, em 1968. O artista acabou passando por uma míriade de títulos na Marvel, especialmente em séries que ou passavam por momentos de transição, ou se encontravam próximas de serem canceladas. Então, no início dos anos 1970, o roteirista concebeu a nova “versão” do Ghost Rider, agora nos tempos atuais, e em bases completamente diferentes do personagem dos tempos do faroeste, ainda que tenha mantido o personagem como um ser sobrenatural.
                Começava a saga de Johnny Blaze, um exímio motociclista que, para salvar a vida do pai de seu grande amor, Roxxane, fez um pacto com Satan para que este salvasse a vida de Crash Simpson, em troca de sua alma. Mas, traiçoeiro como sempre, Satan não cumpriu com sua parte. Crash ia morrer de uma doença incurável, mas acabou falecendo em um acidente ao realizar um salto acrobático. “Cumprida” sua parte, Satan foi atrás de Blaze, que só não perdeu a alma pelo amor puro de Roxxane por ele, mas acabou amaldiçoado pelo demônio a se tornar um se flamejante todas as noites. Estreando na revista Marvel Spotlight Nº 5 em 1972, não demorou até o anti-herói infernal ganhar sua própria série, que durou 81edições, encerrando-se em 1983. Gary trabalhou nas primeiras aventuras do personagem, passando depois, como de costume, para escrever outros títulos, como Filho de Satã, personagem também co-criado por ele em parceria com Mike Ploog, que surgiu logo no início da série original de Motoqueiro Fantasma.
                O artista também roteirizou várias histórias no título “Monstro de Frankenstein”, publicado pela Marvel nos anos 1970. Muitos anos depois, Friedrich entrou em atrito com a Marvel, movendo um processo judicial contra a editora pela propriedade do Motoqueiro Fantasma, com relação aos direitos dos filmes de cinema com o personagem, estrelado por Nicolas Cage. A justiça deu inicialmente ganho de causa à Marvel, mas o caso acabou sendo reaberto anos depois, quando Gary e a editora anunciaram terem resolvido o assunto de comum acordo. Gary também trabalhou para várias outras editoras, como a Topps, e Atlas / Seaboard. Em 2010, ele foi homenageado com o prêmio Will Eisner Comic Industry Bill Finger por Excelência em Escrita em Quadrinhos, em reconhecimento às inúmeras aventuras que criou para os mais diversos títulos de quadrinhos com os quais trabalhou durante sua carreira.
                Friedrich não foi um “gigante” como alguns de seus colegas no meio, mas à sua maneira, conseguiu marcar sua presença no universo dos quadrinhos, tendo uma carreira decente no meio, e sua concepção do primeiro Motoqueiro Fantasma ainda é considerada por muitos a melhor de todas, já que a Marvel resolveu criar outros personagens com o mesmo nome e estilo ao longo dos anos, inclusive trazendo o Ghost Rider original, Johnny Blaze, como participante destas novas séries, ou estrelando novas, ao longo das décadas seguintes.


DARK HORSE LANÇA VERSÃO DISNEY DE “MOBY DICK” NOS EUA


                O momento dos quadrinhos no Brasil não é dos melhores. Depois de 68 anos, ficamos órfãos das publiações Disney em nosso país, e sem perspectivas, até o presente momento, desta situação se resolver, depois que a Editora Abril, que já foi a mais importante e pujante empresa do mercado editorial brasileiro de quadrinhos, ter cancelado toda a linha de publicações dos personagens da empresa fundada por Walt Disney, devido a problemas financeiros que são mais sérios e complicados do que muita gente poderia esperar, tendo entrado em recuperação judicial no início deste mês, para infortúnio das centenas de empregados demitidos recentemente por lá. Um triste momento, não apenas do péssimo momento econômico vivido pelo Brasil, mas também a coroação de anos de má gestão na editora paulistana.
Mas, enquanto isso, nos Estados Unidos, os quadrinhos Disney ganharam novo e revigorado esforço editorial pela IDW Publishing, mas tendo também obras publicadas por outras empresas, como a Fantagraphics, que lançou a coleção Don Rosa em formato livro e com capa dura, inspirando as edições que a Abril lançou aqui, antes de tudo ser cancelado.E agora em novembro, os fãs dos quadrinhos Disney na terra do Tio Sam poderão ver mais um belo álbum, que será lançado pela Dark Horse Comics: DISNEY MOBY DICK, STARRING DONALD DUCK (Disney Moby Dick, Estrelando Pato Donald, em português),em formato Trade Paperback.
A edição, com cerca de 80 páginas, terá o preço de US$ 10,99, no formato graphic novel, no tamanho 15,25 x 21,60, e já está em pré-venda em várias comic shops pelo país, bem como em lojas virtuais como a Amazon. O roteiro é de Francesco Artibani, com desenhos de Paolo Mottura, e capa do desenhista Mirka Andolfo. A edição é uma adaptação do clássico conto “Moby Dick” escrito por Herman Melville, lançado em 1851. E, como o título já adianta, a história é estrelada pelo Pato Donald, com participação do Tio Patinhas, e de seus sobrinhos Huguinho, Zezinho, e Luisinho, que recontam, ao estilo Disney, a história de perseguição e vingança de uma pessoa pela criatura que, na sua visão, arruinou sua vida, no conto original do século XIX, contando com a participação de vários outros personagens, como o Professor Pardal, Margarida, e Gastão, representando os personagens do clássico conto da literatura.
Nesta aventura, Donald e sobrinhos, na companhia do Tio Patinhas, se aventuram em alto-mar em busca da baleia branca Moby Dick, que roubou a sorte do capitão Quackhab. Enquanto Quackhab vasculha o oceano em busca de seu inimigo, enfrentando outros perigos do mar, a tripulação começa a se perguntar: até onde seu capitão irá para se vingar? Quando seu navio é destruído e sua sorte é roubada pela monstruosa baleia branca Moby Dick, o capitão Quackhab embarca em uma viagem de vingança contra o temível leviatã. Juntamente com Ishmael, seu primeiro amigo, Sr. Storkbuck, e os trigêmeos da ilha, Huqueg, Duqueg e Luqueg, e sua equipe de vilões, Quackhab não descansará até encontrar e lutar para receber seu prêmio. Mas as baleias não são o único perigo que os mares têm para oferecer. Nossos heróis precisarão enfrentar toda sorte de obstáculos e criaturas marinhas, como lulas gigantes, corvos piratas e tempestades gigantescas antes mesmo de finalmente conseguir ver Moby Dick. E mesmo assim,encontrar a baleia branca será apenas o início do desafio final de Quackhab. Como terminará essa aventura épica com nossos conhecidos personagens Disney interpretando os papéis concebidos no conto de Herman Melville?
Lançado em 1851 nos Estados Unidos e na Inglaterra, a história criada por Melville é narrada por um velho marinheiro chamado Ishmael, que relembra a trágica história de uma tripulação condenada pela sede de vingança de seu capitão, Ahab, por uma enorme baleia branca que, em seu primeiro encontro, o privou de uma das pernas. Jurando de vingar daquele ser monstruoso que teria, em suas palavras, arruinado sua vida, Ahab se lança ao mar numa busca obcecada para reencontrar a baleia branca, Moby Dick, e destrui-la. Mas, conforme a viagem pelos mares se desenrola, a sede de vingança consome Ahab a tal ponto que sua própria tripulação se questiona da sanidade de seu comandante, e se obedecê-lo não resultaria numa tragédia para todos, uma vez que para Ahab, nada mais importava do que se vingar do ser marinho. E a história flui com a tripulação enfrentando os perigos do mar e por onde acabam passando, até o tão esperado encontro com a majestosa baleia branca, com o desfecho que muitos tripulantes esperavam, e a lição de que Ahab, em seu egoísmo e sede de vingança, foi quem arruinou a si mesmo e seus homens, e não Moby Dick. A história se tornou famosa, tendo sido adaptada para diversas mídias, como filmes, e quadrinhos, e ganhando também sua versão com os personagens Disney.
 A história foi lançada originalmente na revista Topolino, nas edições 3003 e 3004, publicadas em 2013, pela Panini Comics na Itália, tendo sido republicada em novembro do ano passado na edição de estréia da nova série “Disney Parodie Collection”, publicada pela Panini Comics, com adaptações de outros contos famosos da literatura com os personagens Disney, contando até agora com 4 edições publicadas pela multinacional italiana, que infelizmente, apesar de também publicar quadrinhos no Brasil, não tem os direitos dos personagens Disney em nosso país. Felizmente, para os fãs brasileiros, esta história já foi publicada no Brasil, no mesmo ano em que saiu pela primeiravez na Itália, na edição Nº 580 da revista Tio Patinhas, lançada em outubro de 2013 pela Editora Abril.

Com inúmeros fãs órfãos dos quadrinhos de Donald, Mickey & Cia., resta esperar que a situação se resolva, e alguma outra editora assuma as publicações no Brasil, para que voltemos a ter a oportunidade de apreciar as histórias com estes personagens, como os leitores americanos poderão fazer em relação a esta história que será lançada no mercado estadunidense de quadrinhos pela Dark Horse em novembro deste ano. A esperança nunca pode morrer.


DYNAMITE LANÇA NOVA SÉRIE DO CAVALEIRO SOLITÁRIO


                Fãs dos heróis de faroeste, comemorem! Um dos personagens mais clássicos do gênero ganhará uma nova série mensal nos Estados Unidos a partir de outubro, pela Dynamite Entertainment, o Cavaleiro Solitário (Lone Ranger, no original em inglês)! O intrépido herói do velho oeste entrará de novo em ação, sempre tendo seu fiel parceiro índio Tonto a seu lado em novas aventuras, que serão escritas por Mark Russell, que roteirizou a recente série dos Flintstones para a DC Comics. Os desenhos serão de Bob Q, e a primeira edição, com preço de US$ 3,99, terá três opções de capas, com as artes de John Cassaday, Mike Allred, e Francesco Francavilla. É hora do valente justiceiro cruzar novamente as terras inóspitas e perigosas do oeste americano, sempre montado em seu reluzente cavalo branco Silver. E os bandidos que se cuidem, pois sua pontaria é infalível, utilizando sempre suas balas de prata.
                Responsável pelas novas aventuras, Mar Russell fala que “O western é como o jazz, uma das grandes formas de arte americanas e eu queria usá-lo para contar a história dos Estados Unidos, sobre como usamos o Ocidente para nos mitificar, sobre como o Ocidente é ao mesmo tempo a metáfora e realidade de onde viemos e nossa luta para controlar para onde esta nação está indo.” O ano é 1883. O advento do arame farpado está criando caos no Texas, onde um senador estadual corrupto conspira com fazendeiros sujos para tornar a terra inavegável para guardas-florestais e tribos nativas, aprovando novas leis que permitem que os pecuaristas matem qualquer um que for pego cortando o arame que delimita suas propriedades. Boas pessoas estão se machucando neste panorama, e o Cavaleiro Solitário deve agir. Mas para realmente acabar com essa vilania desenfreada, ele precisará ir até o topo e confiar em um velho amigo para ajudar a vencer este conflito que pode incendiar todo o Estado texano.
                O roteirista também não deixa de elogiar a nova parceria com o desenhista da série: “A arte de Bob Q nesta série é fantástica e eu acho que ela irá lembrar as pessoas do que elas gostam sobre o Cavaleiro Solitário e Tonto enquanto mostram a elas lados desses personagens que eles nunca imaginaram ver”. Nick Barrucci, CEO e publisher da Dynamite Entertainment, diz que “Mark é uma das vozes mais frescas dos quadrinhos e temos a sorte de tê-lo em um dos personagens mais emblemáticos do mundo. Publicamos o Cavaleiro Solitário na última década, e ele tem um lugar especial em nossos corações, e eu não poderia estar mais animado para esta próxima série deste grande herói do Oeste dos Estados Unidos.” A Dynamite detém a licença para produzir quadrinhos do personagem desde meados da década passada, tendo publicado sua primeira série com o herói mascarado em 2006, escrita por Brett Matthews e ilustrada pelo brasileiro Sergio Cariello, com esta série tendo ganho o prêmio Eisner Nomination de melhor nova série no ano seguinte. De lá para cá, a Dynamite publicou várias minisséries com o Cavaleiro Solitário.
                Além da edição impressa, que chegará às comic shops dos Estados Unidos no mês de outubro, a nova série também estará disponível em versão digital, que será disponibilizada nos sites da Comixology, Kindle, iBooks, Google Play, Dynamite Digital, iVerse, Madefire e Dark Horse Digital.
                Russel, que se declara fã dos velhos westerns, e em especial dos westerns spaghettis, fala que estas séries tinham um tipo de mitologia de como se percebia e se entendia a América, apresentando um moralismo justo e de boa aparência sobre um poder certo, e o Cavaleiro Solitário é o perfeito reflexo de um tempo mais simples, onde a nação era bem menos complicada, sendo um homem totalmente dedicado à justiça, que só atira para se defender e, mesmo assim, nunca para matar, mas apenas para deter a ameaça que enfrenta. E o artista explica sua posição sobre o arame farpado, que teve um grande impacto na época, por cercar as até então livres áreas do oeste americano, cercando terras onde o trânsito era livre, e de repente, passava a não ser mais assim. “Minha história se passa no advento do arame farpado, porque eu queria que ele refletisse o que eu penso que está acontecendo na América atualmente, onde essas cercas estão sendo usadas para nos dividir.”, declara, numa alusão aos tempos recentes, onde as diferentes opiniões estão levando a ânimos acirrados, dividindo as pessoas, que até então eram mais unidas.
                “Eu gosto de super-heróis. Super-heróis são ótimos. Eles falam sobre as fantasias de poder das crianças. E não digo isso com desdém. Os super-heróis fornecem a variável que falta aos jovens leitores: ‘Como eu mudaria o mundo se eu tivesse o poder?’ E essa é uma questão muito importante para se fazer. O Cavaleiro Solitário é a fantasia de poder de uma nação inteira. Isso nos permite perguntar: O que a América deveria defender se usasse o chapéu branco e alegasse estar do lado da justiça? Dado o tumulto de nossos tempos atuais e a crise em nossa identidade nacional, eu acho que é um momento crítico para fazermos essa pergunta”.
                Surgido em um programa de rádio em 1933, o Cavaleiro Solitário foi criado por George Washington Trendle e Fran Striker. Único sobrevivente de um grupo de rangers do Texas que acabou emboscado e morto, ele passou a usar uma máscara e a combater os bandidos usando uma máscara, e o nome de Cavaleiro Solitário, tendo a seu lado o índio Tonto, que ajudou a salvar sua vida. O personagem ganhou bom destaque com a série feita para TV estrelada por Clayton Moore, produzida de 1949 a 1957, com 166 episódios produzidos, e que imortalizaram o ator na imagem do destemido justiceiro do velho oeste. Tonto, seu parceiro de aventuras, foi interpretadopor Jay Silverheels. Na virada dos anos 1970 para os anos 1980, o personagem ganharia uma série de animação produzida pela Filmation. No Brasil, a editora Ebal publicou de 1954 a 1985 as aventuras do herói e seu parceiro Tonto, mas com o nome de “Zorro”, nome que também havia sido dado ao seriado estrelado por Moore quando de sua exibição no país, apesar de não ter nada a ver com o verdadeiro Zorro, o herói de capa e espada, além de usarem ambos máscaras para protegerem suas identidades.
                Em 2013, a Disney produziu um filme com o herói, interpretado por Armie Hammer, e Johnny Depp como Tonto. O personagem está há muito tempo longe do mercado de quadrinhos brasileiro, desde o fim de seus títulos na saudosa Ebal, e não há perspectiva de um retorno tão já, uma vez que os materiais recentes produzidos pela Dynamite na última década nunca chegaram a ser lançados aqui, o que deve se repetir com esta nova série que está para sair pela editora norte-americana. Sorte dos leitores dos EUA, que terão a oportunidade de ver o valente herói e seu parceiro Tonto singrarem novamente as vastidões do oeste americano, defendendo a justiça. Aiôôô, Silver! Avante!!