quinta-feira, 29 de novembro de 2018

SALVAT RETOMA DISTRIBUIÇÃO DE SUAS COLEÇÕES EM BANCAS



               Quem estava colecionando as edições de Graphic Novels publicadas pela editora Salvat pode começar a ficar aliviado. A editora comunicou, através de sua página no Facebook, que os problemas decorrentes da entrada da distribuidora que mandava o material para as bancas começaram a ser resolvidos, e que a partir do dia 28 deste mês de novembro, as bancas começarão a receber novamente o material.
                Desde o mês de agosto, a editora havia suspendido a distribuição de suas coleções nas bancas, em virtude da Total Express, ex-Dinap, empresa do Grupo Abril, estar em recuperação judicial, junto com o restante das empresas, o que afetou os serviços oferecidos, entre eles a distribuição nas bancas, principal canal de vendas das coleções lançadas por eles. Visando não prejudicar o andamento das coleções, a Salvat pausou todos os lançamentos, inclusive não oferecendo novas edições na venda direta feita por sua loja on-line. Paralelamente, os problemas de gestão afetaram outras duas livrarias que também eram canais de vendas das edições, as companhias Saraiva e Livraria Cultura, que inclusive, estavam devendo o pagamento de várias vendas de produtos da Salvat, razão pela qual no presente momento, a retomada dos lançamentos não contemplará estas companhias, ficandp restritas às bancas das fases 1 e 2 de cada coleção, e à venda on-line no site da própria Salvat, no endereço https://lojasalvat.com.br.
                A partir do dia 28 de novembro, as coleções retornarão paulatinamente às bancas, começando pelos estabelecimentos nas cidades da Grande São Paulo, que voltarão a receber as séries Graphic Marvel (capa preta), Heróis Marvel (capa vermelha), Coleção Definitiva Homem-Aranha, e Tex Gold. De acordo com a editora, a coleção de Graphics Marvel, capa preta, retornará do ponto onde parou anteriormente, a edição No. 126 na fase 1, e edição No. 116 na fase 2. Na coleção de capa vermelha, a série retoma no No. 87 na fase 1, e No. 76 na fase 2. E a coleção do Homem-Aranha volta na edição No. 33 na fase 1, e No. 21 na fase 2. Tex Gold retornará na edição 19. Depois das bancas da Grande São Paulo, as bancas do restante do Estado de São Paulo, bem como as o Rio de Janeiro, deverão começar a receber o material, de acordo com as fases de distribuição de cada setor. Ao mesmo tempo, a distribuição da fase 2 também será retomada. Até o fim de dezembro, a situação deverá estar normalizada, e entrando em 2019 sem novos problemas.
                Questionada a respeito do lançamento da Coleção A Espada Selvagem de Conan, a Salvat afirmou que a série não foi cancelada, mas não seria mais lançada este ano, o que deve ocorrer em 2019, em data ainda a ser anunciada, embora ainda persistam os boatos de que a nova coleção com o guerreiro bárbaro teria sido realmente cancelada por novos acontecimentos envolvendo a propriedade dos direitos de publicação de quadrinhos das aventuras do personagem, que retornou à Marvel Comics, depois de quase duas décadas sendo publicado pela Dark Horse Comics nos Estados Unidos.
                Não deixa de ser uma boa notícia para os fãs que colecionavam as séries de Graphics lançadas pela editora, que retoma então os lançamentos, trazendo a esperança de seguir em frente com as coleções. A editora também confirmou que estará presente na CCXP, evento que ocorrerá em São Paulo capital nos dias 6 a 9 de dezembro, no bairro do Jabaquara, no pavilhão do São Paulo Exhibition Center, onde receberá os leitores e dará novas informações sobre o andamento de suas publicações e outras coleções.
                Agora é simplesmente preparar o bolso, e aguentar novamente o tranco de comprar as edições, afinal, a situação econômica nacional ainda inspira cuidados, apesar das expectativas otimistas de recuperação do panorama econômico no próximo ano. A esperança é de uma retomada geral, e isso será muito positivo para o mercado nacional de quadrinhos, que poderá continuar desfrutando de mais lançamentos para o público leitor.




O ADEUS A STAN LEE


                O mundo dos quadrinhos ficou de luto neste mês de novembro. No último dia 12, faleceu aos 95 anos Stanley Martin Lieber, mais conhecido pelo nome artístico de Stan Lee, que nos anos 1960 revolucinou o mercado dos quadrinhos de super-heróis nos Estados Unidos. Lee tinha 95 anos, e já vinha enfrentando problemas de saúde nos últimos tempos. A comunidade internacional de quadrinhos expressou seus pêsames pelo falecimento do profissional, pelo que ele significou para a arte sequencial na segunda metade do século XX.
                Filho de pais judeus imigrantes da Romênia, Stanley nasceu em 28 de dezembro de 1922 em Nova Iorque. Filho de um alfaiate e de uma dona de casa, o futuro profissional da indústria de quadrinhos teve uma infância tranquila, até o advento da Grande Depressão, na década de 1930, quando o pai perdeu o emprego, e a família passou por apertos financeiros. Em 1939, então com 17 anos, o jovem Lieber, por intermédio de um tio, conseguiu um emprego de assistente numa pequena editora comandada da por Martin Goodman, após exercer algumas atividades como lanterninha em cinema, entregador e office boy. A editora se chamava Timely Comics, e entre profissionais que lá trabalhavam, estavam Joe Simon e Jack Kirby, que pouco depois, criariam o primeiro grande fenômeno da editora, o herói patriota Capitão América.
                Trabalhando junto a Simon e Kirby, ainda que este detestasse a presença de Lieber por perto, este começou a mostrar sua inclinação para o mundo dos quadrinhos. Stanley já gostava de escrever, e na então pequena editora, começou a exercer suas primeiras tarefas como roteirista e escritor, adotando então o pseudônimo pelo qual seria eternizado na indústria de quadrinhos. Quando Simon e Kirby deixaram a Timely, por problemas e desentendimentos com Goodman, Lee começou a crescer na editora, ganhando o cargo de editor interino. Dotado de grande senso e oportunidade e carisma para cativar as pessoas ao expor suas idéias, Stan Lee começaria a empregar seus conhecimentos na nova função, adquirindo cada vez mais intimidade com o meio, seus processos e manhas.
                O mercado de quadrinhos nos Estados Unidos passavam por um “boom” com a criação de vários heróis que combatiam os nazistas, a exemplo do Capitão América. Lee chegou a ser convocado, e ao descobrirem seus talentos como escritor, acabou não sendo enviado para os combates. Ao retornar da guerra, assumiu com tudo as funções editoriais na Timely, que nos anos 1950 mudaria de nome para Atlas Comics. E aí, enfrentaria suas primeiras dificuldades na área.
                Com o fim da guerra, o apelo dos super-heróis foi diminuindo, até quase desaparecerem. Lee conseguiu driblar parte destas adversidades começando a produzir na editora histórias de outros gêneros, como faroeste e terror. Infelizmente, devido à paranoia de um psiquiatra chamado Fredric Wertham, os quadrinhos foram acusados de promover a delinquência entre os jovens e denegrir os valores familiares. Diante da crise, Lee teve de demitir boa parte dos funcionários da Atlas, o que lhe valeu vários dissabores entre o pessoal demitido.
                No início dos anos 1960, os quadrinhos de super-heróis começavam a se recuperar, e Martin Goodman, de olho nas vendas alcançadas pela rival National Comics, que viria a se tornar a DC Comics, encomendou a Lee criar novos personagens para aproveitar o momento. Era a oportunidade de Stan Lee mudar os conceitos até então utilizados nas histórias de super-heróis. Lee já andava desgostoso com a profissão havia algum tempo, e com o apoio de sua esposa, resolveu dar vazão às idéias que brotavam em sua cabeça, e que consistia basicamente em tornar os heróis mais verossímeis e humanos. E também falíveis. Até então, os quadrinhos de super-heróis mostravam personagens virtuosos, infalíveis, e que sempre saíam vitoriosos. Seus heróis poderiam até vencer sempre, mas não sem dificuldades, dilemas, problemas pessoais, e inseguranças. Ao lado dos profissionais disponíveis na editora, Lee iria revolucionar para sempre os quadrinhos de super-heróis com estas premissas.
                Junto com Jack Kirby, de volta à editora, Lee concebeu então o primeiro super-grupo da nova era de personagens que viria a formar o Universo Marvel: o Quarteto Fantástico, uma superequipe que, de início, já era diferente de todas as outras por apresentar um esquema familiar. Tínhamos Reed Richards, o líder do time, e gênio científico; sua noiva Susan Storm; seu irmão caçula Johnny Storm; e o melhor amigo de Reed desde os tempos da faculdade, Bem Grimm, piloto de jatos. Transformados por uma exposição a raios cósmicos, o quarteto adquiriu grandes poderes, que passaram a usar na defesa da paz e da justiça, enfrentando as mais variadas ameaças. Mas não sem traumas: Bem se tornou um ser rochoso, de aparência medonha, tornando-se praticamente um pária entre as pessoas normais por causa disso. Reed, por sua vez, culpava-se pelo destino do amigo, por não ter calculado os riscos da viagem que os expôs aos raios cósmicos. E Johnny mostrava toda a impetuosidade e por vezes irresponsabilidade e rebeldia dos adolescentes. Já Susan, por sua vez, tentava se mostrar como uma integrante valorosa do grupo. Foi um sucesso imediato, que seria sucedido por uma legião de novos heróis, concebidos da mente fértil de Lee em parceria com seus colaboradores.
                Da parceria com Steve Ditko, Lee criaria o mais antológico herói da Marvel: o Homem-Aranha, que além de enfrentar supervilões, ainda era hostilizado pelos colegas na escola, e tinha de trabalhar fazendo vários bicos, para ajudar sua tia May, que por um lance de irresponsabilidade de Peter, acabou ficando viúva, promovendo um verdadeiro trauma no jovem, que aprendeu a duras penas que grandes poderes também traziam grandes responsabilidades. Outros heróis se sucederam, como o Incrível Hulk, o Demolidor, Doutor Estranho, Homem de Ferro, X-Men, os Vingadores, o Surfista Prateado, e muitos outros.
                Além de apresentar heróis com defeitos e problemas, Lee revolucionou também por criar uma cronologia nas histórias dos personagens. Eventos que aconteciam em determinado momento eram recordados posteriormente, e também poderiam ter consequências futuras, ou até mesmo nos acontecimentos que ocorriam em títulos de outros heróis. Até então, as histórias de super-heróis publicadas até então eram “estanques”, com raros encontros entre os personagens, e que, mesmo assim, os acontecimentos de determinadas aventuras não tinham desdobramentos posteriores, mesmo entre heróis publicados pela National Comics – futura DC. O grande sucesso de vendas de todos os títulos lançados pela Marvel com o uso deste recurso nas histórias publicadas obrigou os concorrentes a adotar o mesmo tipo de procedimento, além de também começar a deixar seus personagens “menos perfeitos” do que eram mostrados.
                Outra grande inovação de Stan Lee era no contato com os leitores, através de seções de cartas nas várias revistas publicadas, com especial atenção nas respostas, demonstrando respeito com a atenção do público, que começou a se sentir ouvido pela empresa, passando a ter suas opiniões levadas em consideração. Os textos sempre eram feitos em um clima informar e atencioso, com Stan mostrando sua habilidade de comunicação com o público e de cativar aqueles que liam seus textos. Outra sacada em cheio que só aumentou o sucesso de vendas das aventuras da Marvel, que seguia cada vez mais alturas.
                Criar todas estas histórias não era tarefa fácil, mas Lee até conseguia dar conta de tudo. Mas ele não fazia tudo sozinho. Ele traçava as idéias gerais de vários personagens, e das histórias, e deixava para os desenhistas completarem as tramas e adicionar suas colaborações. Os trabalhos então retornavam às mãos de Stan, que finalizava as aventuras, corrigindo o que achasse necessário. Com sua experiência de editor, Stan sabia onde podia tocar os leitores, e com isso, muitas vezes “aparava” as arestas de muitas histórias co-criadas junto com os desenhistas. Isso começou a criar alguns atritos entre eles. Steve Ditko começou a chiar das interferências no modo como o Homem-Aranha deveria ser desenvolvido, e acabou deixando a editora, sendo substituído por Johhn Romita. Mais tarde, Jack Kirby também começou a se queixar destas interferências, quando as mudanças promovidas por Lee começaram a ser demasiadas, na sua opinião.
                Antes de ser escritor e roteirista, Lee também era editor, e sabia melhor do que ninguém que alguns detalhes precisavam ser retrabalhados. Como os roteiros criados por ele eram genéricos em muitos pontos, por não poder escrever a fundo como se deveria, muitos pontos eram criados e finalizados pelos desenhistas. Mas, como chefe deles, Lee precisava verificar o resultado do material, e se necessário, promover acertos e modificações. E, para desgosto de quem não gostava muito destas interferências, Lee estava certo na imensa maioria das vezes. Jack Kirby, por exemplo, ganhou carta branca na DC para desenvolver seus projetos, mas estes nunca fizeram sucesso de vendas na editora, justamente por não haver quem controlasse o resultado das histórias concebidas por Kirby, que podia ser um gigante na arte de desenhar, mas obviamente não tinha o mesmo traquejo como roteirista.
                Nos anos 1970, com a venda da Marvel por Martin Goodman, os novos donos da editora promoveram Stan ao cargo de publisher, e ele ficou encarregado de não apenas administrar os títulos em sua totalidade, como também promover e de divulgar a Marvel nos quatro cantos dos Estados Unidos e até do mundo. E toda esta atividade começou a lhe garantir um cartaz de “grande estrela” da Marvel, acabando por negligenciar a importância dos outros profissionais que, ao lado de Stan, ajudaram a conceber o Universo Marvel. E isso causou outros dissabores, em especial para Kirby e Ditko, que sentiram-se menosprezados e ignorados pelo grande público, como se suas contribuições não existissem. Lee, infelizmente, não tinha muito controle sobre este tipo de percepção que acabou se espalhando entre o público em geral, mas também não fez muita força para corrigir esta situação, pelo menos não como poderia fazer. Gerenciando, divulgando, e promovendo os heróis, que se espalhavam para outras mídias, como TV e desenhos animados, Lee andava cada vez mais ocupado, deixando de vez de escrever histórias.
                Sua promoção como publisher desagradou a Martin Goodman, que esperava que os novos donos da Marvel mantivessem o controle na família, e encarou a nova posição de Stan como traição a tudo o que ele havia feito desde que o então jovem de 17 anos começou a trabalhar para ele em 1939. Sua posição de editor acabou sendo assumida por Roy Thomas, e posteriormente, Jim Shooter, que sentiram como era complicado tocar aquele barco. A favor de Stan, seu grande carisma e instinto sempre o fizeram farejar grandes oportunidades, e fazendo uso destes dons, assim como sua capacidade criativa, muitas vezes ignorada ou negligenciada por muitos, levou o Universo Marvel a se tornar um imenso sucesso, e levar a então pequena Timely Comics, uma editora modesta no final dos anos 1930, a se tornar a gigantesca Marvel Comics nos anos 1970. Paralelamente, Kirby e Ditko chegaram a voltar a trabalhar na Marvel, mas o relacionamento com Lee jamais foi reatado, até o falecimento de ambos, muitos anos depois.
                Com nova mudança de dono da Marvel na segunda metade dos anos 1980, as coisas começaram a mudar também para Stan Lee, que começou a se distanciar da editora a partir dos anos 1990. O entusiasmo já não era o mesmo, e a influência do profissional era cada vez menor na empresa, apesar de ainda ser considerado um mito pela indústria dos quadrinhos. Stan desenvolveu vários projetos pessoais a partir deste período, chegando até a recriar personagens clássicos da DC em novas versões, além de criar alguns novos personagens que foram lançados em mídias diversas. Mas, diferente dos eufóricos anos 1960 e 1970, a criatividade do velho Stan já não era mais a mesma. Mesmo assim, Lee se mantinha ativo como podia, nunca tendo se aposentado do mercado de quadrinhos. E, com o advento das produções de filmes com os heróis da editora, Stan sempre fazia uma “participação especial” em todos os filmes, dando o ar da sua graça.
                Nos últimos anos, o veterano profissional, em virtude da idade, precisou desacelerar suas atividades. No ano passado, ficou viúvo de sua esposa, Joan Lee, com quem vivia desde que se casaram em 1947. Vivendo na Califórnia desde os anos 1980, Stan passou a morar com a filha, Joan Celia.
                Stan Lee pode não ter sido um gênio do desenho como Jack Kirby, ou um roteirista do naipe de Will Eisner, mas suas contribuições e senso de oportunidade produziram mudanças que transformaram a indústria dos quadrinhos de uma forma inimaginável. Muitos criticam que ele não sabia escrever, o que é completamente inverídico, para defender que os desenhistas com quem trabalhou foram em muitos casos os verdadeiros criadores do Universo Marvel de quadrinhos, o que também não é exatamente verdade. Foi uma união de talentos, capitaneada por Lee, que deu origem a esta transformação. Como “rosto público” da Marvel, é verdade que Stan Lee muitas vezes recebeu mais créditos do que deveria, mas daí a dizer que ele se apropriou unicamente do que foi criado pelos outros também é um grande exagero.
                Seus toques sutis, e por vezes até simples, e o senso de negócios e oportunidade que teve chance de conduzir como editor de todas as revistas que produziu, ou co-produziu, transformaram-se em um legado que hoje é reconhecido por toda a indústria de quadrinhos. Por ocasião de seu falecimento, até rivais “históricos” como a própria DC Comics postaram mensagens oficiais lamentando a morte do profissional, em um gesto de respeito ao que ele significou no mercado de quadrinhos no tempo em que esteve à frente da Marvel Comics.
                Descanse em paz, Stan Lee. Você jamais será esquecido por aqueles que são fãs dos quadrinhos.



segunda-feira, 12 de novembro de 2018

MUSEU DA IMAGEM E DO SOM TERÁ EXPOSIÇÃO DE QUADRINHOS


                Os fãs da arte sequencial terão o que fazer neste final de ano. Além de mais uma edição da CCXP, começa neste dia 14 a exposição QUADRINHOS, que será realizada no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, capital, e reunirá um vasto acervo da área, entre elas revistas, artes originais, além de vários itens raros dos diversos gêneros de histórias em quadrinhos. O objetivo da exposição é apresentar uma ampla retrospectiva da 9ª Arte, entre ses diversos gêneros e temáticas de histórias, entre eles super-heróis, séries infantis, contos de terror, histórias de aventura, romance, mangá, faroeste e muitos outros, tudo isso em ambientes temáticos e imersivos que ocuparão todas as áreas do Museu, apresentando também a influência que as histórias em quadrinhos exerceram na apenas na cultura pop, mas também em inúmeras outras mídias, como cinema, rádio e TV. A exposição também contará com uma extensa programação paralela com diversas atividades para adultos e crianças, incluindo cursos, oficinas, exibições de cinema e bate-papo com vários artistas ligados à area.
                A exposição conta com a curadoria de Ivan Freitas da Costa, sócio-fundador da CCXP, o maior evento da área de quadrinhos e cultura pop/nerd do Brasil, e da Chiaroscuro Studios. O projeto expográfico é da Caselúdico, parceira do MIS em outras exposições já realizadas no local, como “O mundo de Tim Burton”, “Silvio Santos vem aí!” e “Castelo Rá-Tim-Bum – A exposição”, todas com grande visitação e repercussão entre os respectivos fãs, quando de suas realizações. Durante a duração da exposição, parte da fachado do prédio será ocupada por um grande painel reunindo os mais diversos personagens de quadrinhos, sejam nacionais, norte-americanos, europeus, japoneses, etc.
                "A origem da arte sequencial remonta à primeira forma de comunicação do ser humano, que desenhava nas paredes das cavernas para registrar e ajudá-lo a entender o mundo à sua volta. Na exposição apresentamos um amplo panorama dos personagens, criadores e expressões dos quadrinhos no mundo todo de uma perspectiva brasileira, contada através de centenas de itens, a grande maioria deles jamais expostos no país", destaca Ivan Freitas da Costa, curador da exposição, não escondendo a satisfação por ver este projeto tomar forma, depois de tantos meses de preparação e trabalho. E não é para menos: para chegar aos mais de 600 itens que integram a exposição, a curadoria levou nada menos do que 18 meses em pesquisas em diversos acervos. Além do próprio curador, cederam peças para a exposição os colecionadores Ricardo Leite, Marcio Escoteiro e Franco de Rosa, o Planeta Gibi, a família de Glauco, Francisco Ucha, Acervo Álvaro de Moya (Centro Universitário Belas Artes de São Paulo), JAL e Gualberto (HQMIX) e diversos artistas como Angeli, Laerte e Ziraldo.
                É um momento único para os fãs dos quadrinhos prestigiarem a sua paixão, conhecendo diversos itens que marcaram época na história das HQs, a nível nacional e internacional. Entre os itens que estarao expostos, o público poderá ver de perto grandes raridades, como a revista com a primeira aparição de Luluzinha, publicada na “The Saturday Evening Post” em 1935; a edição número 1 de O Pato Donald da Editora Abril, de 1950; uma arte original da personagem de quadrinhos eróticos Valentina desenhada pelo seu criador, o italiano Guido Crepax; um exemplar da revista “Giant-Size X-Men” Nº 1, de 1975, e uma ilustração original de The Spirit, que traz o personagem mais conhecido do saudoso mestre dos quadrinhos Will Eisner. A exposição também contará com um desenho do personagem Garfield feito por seu criador, Jim Davis, exclusivamente para a exposição e um vídeo com o criador do gato mais famoso das tirinhas fazendo o desenho.
                Entre os destaques nacionais de quadrinhos que estarão expostos, estará uma edição do jornal “O Mosquito”, de 1873, com capa de ninguém menos do que Angelo Agostini, desenhista ítalo-brasileiro que teve intensa atividade em favor da abolição da escravatura no Brasil. Agostini também colaborou com As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte, considerada a primeira história em quadrinhos brasileira e uma das mais antigas de todo o mundo. A curadoria também teve acesso a desenhos originais dos artistas Ziraldo e Glauco. Entre os itens expostos estão um desenho feito a mão feito por Ziraldo com personagens da série “A Turma do Pererê” e um caderno de esboços de Glauco com artes originais para a revista Geraldão, edição número 1.
                Haverá também uma área dedicada a quadrinhos eróticos, com acesso restrito somente a pessoas maiores de idade, ou adolescentes com idade igual ou superior a 16 anos, desde que tenham autorização assinada por seus responsáveis.
                Trata-se de uma oportunidade única para conhecer e se aprofundar no universo da arte sequencial, e mesmo para quem não é de São Paulo, capital, haverá oportunidade e tempo para se visitar a exposição, com um pouco de planejamento. Com estréia neste dia 14 de novembro, a exposição ficará no Museu da Imagem e do Som até o dia 31 de março de 2019. O MIS fica na Avenida Europa, Nº 158, Jardim Europa, São Paulo, Capital. Fica aberto de terça a sábado, das 10h às 20h; aos domingos e feriados, das 09h às 18h. A permanência no espaço expositivo é de até duas horas após o último horário. Os ingressos custam R$30 (inteira) e R$ 15 (meia), para compra antecipada no site e no app da Ingresso Rápido (https://www.ingressorapido.com.br).


GALACTICA GANHA MINISSÉRIE COM ARTE DE DANIEL HDR


                Neste ano de 2018, uma das mais conhecidas séries de ficção científica está comemorando 40 anos de criação, e como parte da comemoração por estas quatro décadas de existência, ela está ganhando uma nova minissérie em quadrinhos, trazendo seus personagens clássicos em uma nova aventura, e que um dos destaques é que as histórias serão desenhadas pelo brasileiro Daniel HDR, artista com um vasto currículo de trabalhos em várias editoras americanas, e nas mais variadas séries. A produção em questão é Battlestar Galactica, que aqui ficou conhecida como Galactica – Astronave de Combate.
                Estreando como uma série de TV produzida pela Universal Studios, em 1978, a história da série mostrava a busca, entre as estrelas, dos sobreviventes da civilização humana, que após ser destruída em uma armadilha perpetrada por seus arquiinimigos, os Cylônios, tenta encontrar o mundo que teria sido colonizado muito longe entre as estrelas por uma de suas tribos, conhecido como Terra, para tentarem se proteger diante da ameaça de extermínio. Criada por Glen A. Larson, a série pegava carona no sucesso de Guerra nas Estrelas, apresentando também várias batalhas espaciais entre os humanos e seus inimigos cibernéticos do Império Cylônio. George Lucas até processou a Universal, acusando a série de ser um plágio de sua criação, Guerra Nas Estrelas, mas perdeu o processo. O seriado de TV, contudo, tinha um custo muito alto de produção, e formou uma base de fãs que não era a desejada pelo estúdio, tendo sido cancelada após sua primeira temporada. Em 1980, a Universal tentou relançar a série, com a descoberta enfim da Terra, e as consequências da chegada chegada do pessoal da Galactica a nosso mundo, mas foi um fiasco, sendo então cancelada definitivamente.
                Mas Galactica marcou seu nome no universo da ficção científica, e na década passada, ganhou um remake que recebeu boas críticas, em uma releitura da história original com muitos outros detalhes sendo explorados, obtendo um bom sucesso, em quatro temporadas, além de algumas produções spin-offs. Mas Galactica também já havia conquistado seu lugar nos quadrinhos, na época de sua série de TV original, tendo uma série mensal publicada pela Marvel Comics, mostrando outras aventuras da última nave de combate colonial pelas estrelas. Muitos anos depois, Galactica ganhou novas produções em quadrinhos por algumas outras editoras, até aportar na Dynamite Entertainment, que nos últimos anos se tornou a editora licenciada para produzir novas aventuras em quadrinhos da série, explorando tanto a versão clássica quanto o remake lançado em 2004. E, entre estas aventuras, chegaram a produzir até um cross-over mostrando o encontro dos personagens da versão clássica com os do remake dos anos 2000.
                E agora, aproveitando o aniversário de 40 anos de Galactica, a Dynamite acaba de lançar uma nova minissérie com a versão clássica dos heróis, com roteiros de John Jackson Miller, e como já mencionado, com arte do brasileiro Daniel HDR. BATTLESTAR GALACTICA (CLASSIC) ganhou uma edição “0” em outubro, precedendo os eventos da edição Nº 1, que acaba de chegar às comic shops dos Estados Unidos, ao preço de US$ 3,99, com periodicidade mensal. Na história, a Galactica, sob a liderança do Comandante Adama, continua sua jornada pelo espaço desconhecido, fugindo de seus inimigos mortais, os Cylônios, em sua busca pela colônia perdida da humanidade, o planeta Terra. E, nesta jornada, Adama e a tripulação da última nave de combate colonial já se depararam com muitas coisas, mas o que acontece quando os remanescentes das Doze Colônias da humanidade descobrem uma segunda frota fugitiva, que assim como os humanos, também está fugindo, mas de um inimigo mortal diferente. As duas armadas podem unir forças, tendo em vista suas posições comuns de foragidos de seus inimigos, o que poderia causar preocupações contra os temidos Cylons, que poderiam sofrer um revés com esta possível aliança, ou não? E o que o sucesso significaria para a empreendida busca pela Terra, desenvolvida até então?
                É uma oportunidade tentadora. Afinal, os sobreviventes da humanidade estiveram fugindo da ameaça Cylônia, apóso massacre que estes perpetraram nos mundos das Doze colônias, devido à sua posição de quase extinção - até agora! Juntamente com outra frota de fugitivos, o Comandante Adama vê a oportunidade de enfim revidar. Ele pode continuar perseguindo uma colônia perdida, o tão sonhado mundo chamado Terra, que pode muito bem ser apenas um mito, e condenar o que sobrou de seu povo a uma peregrinação eterna pelas estrelas, sem chance de um final feliz, quando a oportunidade de vitória contra seus arquinimigos é real? Um triunfo decisivo contra o Império Cylônio poderia devolver a esperança e o orgulho dos sobreviventes da humanidade, que não estariam mais ameaçados de serem caçados e exterminados por seus inimigos cibernéticos. Mas apesar da oportunidade que surge, os perigos também não podem ser subestimados, até porque o traiçoeiro conde Baltar está de volta, e isso é uma má notícia para Adama e seu grupo de guerreiros destemidos a bordo da Galactica.
A luta da Galactica não é mais solitária, sua frota agora se une aos mais novos aliados da humanidade, os Okaati. Mas mesmo quando o capitão Apollo se pergunta se é certo procurar segurança nos números, eis que o Comitat, os arquinimigos dos Okaati, e os Cylônios se encontraram - e não tardaram a conspirar! Depois de perder as Doze Colônias, sobrou alguma coisa para a humanidade perder, restritos a uma única Astronave de Combate, e a duas centenas de naves sucateadas transportando o que restou de toda uma raça? Bastante... Ainda há muito o que se pode perder, e quando uma nova armadilha é lançada, o Comandante Adama enfrenta seu pior pesadelo desde que assumiu a liderança da frota. O Capitão Apollo e seu melhor amigo Starbuck poderão descobrir os segredos de seus novos e misteriosos inimigos a tempo? Ou o sopro de esperança vivenciado se transformará no epitáfio final da Galactica, e dos humanos que eles protegem em sua jornada pelas estrelas?
O time criativo da nova minissérie tem um bom currículo de trabalhos anteriores. John Jackson Miller, além de escritor, é também jornalista e historiador, tendo começado como editor da revista Comics Retailer na primeira metade dos anos 1990. Colecionador de revistas em quadrinhos, ele começou a escrever suas primeiras histórias nos anos 2000, tendo começado na Marvel Comics, com trabalhos nas séries do Homem de Ferro e do Dínamo Escarlate. Posteriormente, ele escreveu também várias histórias da franquia Star Wars nos quadrinhos publicados pela Dark Horse Comics, além de ter escrito livros de contos de Jornada nas Estrelas para a editora Pocket Books nos últimos anos.
Daniel Horn de Rosa, mais conhecido pelo seu nome profissional, Daniel HDR, começou a trabalhar profissionalmente com quadrinhos em 1988, aos 14 anos, passando depois a trabalhar como ilustrador de editoras. A partir de 1995, começou a realizar trabalhos para editoras dos Estados Unidos, como Image Comics, Marvel Comics, Dark Horse Comics, DC, acumulando um vasto portfólio de trabalhos, e agora, na Dynamite Entertainment, ilustrando esta nova minissérie de Galactica, depois de já ter desenhado histórias das séries do KISS e do Sombra, publicadas pela editora, além de ter trabalhado em capas em outras séries da Dynamite.
                Infelizmente, todo o material de Galactica nos quadrinhos permanece inédito para os fãs brasileiros até hoje. A série original foi exibida na TV Globo na primeira metade dos anos 1980, e posteriormente, foi reprisada na TV Record e TV Manchete. Na década passada, o remake de Galactica chegou a ser exibido na TV por assinatura em nosso país, enquanto o canal pago TCM reprisou a série clássica. Ambas as séries de TV foram lançadas completas em DVD no mercado de vídeo nacional. Mesmo contando com vários fãs por aqui, nenhuma editora demonstrou interesse em lançar os quadrinhos de Galactica, situação que deve continuar se mantendo, uma vez que nem mesmo os mais recentes trabalhos realizados pela Dynamite chegaram a ser cogitados de se lançar por aqui.