Os
filmes de super-heróis viraram hit na indústria cinematográfica nos últimos 15
anos, e hoje, não há temporada onde algum título, ou vários deles, não estejam
no cronograma de lançamentos, sendo impacientemente aguardados pelos fãs, com
grandes ou poucas expectativas, dependendo do personagem que será adaptado, e
das informações da história que será apresentada. Com faturamentos milionários,
e até bilionários em alguns títulos, os fãs destes personagens vivem o paraíso
e o inferno com tantos lançamentos. Todos adoram quando os heróis são adaptados
com fidelidade, ou no mínimo, respeitam a sua essência, e mesmo com algumas
mudanças, apresentam uma boa história. Por outro lado, quando a coisa não é bem
feita, há o desapontamento, e até a frustração, quando a produção esperada ou
não respeita a história do personagem, ou derrapa feio na construção da
aventura que ele deveria viver.
Mas, filmes de super-heróis são
mais antigos do que muitos da atual geração de fãs imagina. Desde os seriados
veiculados nos cinemas, nos idos da década de 1930, até os dias atuais, muitos
heróis de quadrinhos já ganharam as telas de tempos em tempos, com resultados
variados. Estes filmes não eram produzidos no ritmo que se vê atualmente, até
porque, então, este tipo de produção não era considerado capaz de produzir
sucessos de bilheteria, o que não quer dizer que alguns produtores e estúdios
não tentassem a sorte, assim mesmo. E agora, duas destas produção antigas estão
ganhando nova chance de serem revistas no mercado de vídeo nacional, através da
distribuidora Vinyx Multimidia, que está lançando os filmes do Justiceiro e do
Capitão América, heróis da Marvel Comics.
O
JUSTICEIRO foi produzido em 1989, pela New World Pictures, com direção de Mark
Goldblatt e produção de Robert Mark Kamen. No papel-título, interpretando Frank
Castle, estava o ator Dolph Lundgren, que havia feito o papel de Drago, o
adversário rival de Rocky Balboa no filme Rocky IV. Na época, a fama do
justiceiro andava em alta na Marvel, com o anti-herói que executava
impiedosamente seus inimigos ganhando cada vez mais aventuras, e mais de um
título regular sendo publicado pela Marvel Comics. Na caracterização, até que
Lundgren caía bem como o personagem. Mas a história do filme não era nem um
pouco cativante, resumindo-se a uma luta contra mafiosos que querem tomar o
submundo de Nova Iorque, com confrontos com a Yakuza, e com Castle tendo de se
aliar a seu ex-parceiro de polícia, o tenente Jake Berkowitz (interpretado por Louis
Gossett, Jr.), para resolver a parada, antes que a guerra de facções crie um
banho de sangue na metrópole.
Com um orçamento de cerca de US$
9 milhões, e rodado em Sidney, o filme recebeu muitas críticas dos fãs. Em
nenhum momento o Justiceiro chegava a usar o seu uniforme com a caveira, apesar
de ter sido creditado a ele a execução de pelo menos 125 bandidos na história, e
sua motivação e a razão de ter se tornado um matador de criminosos, em uma
guerra de um homem só contra os bandidos, devido à sua família ter sido
executada por criminosos, foi muito pouco e mal explorada na história. Não
ajudou muito a interpretação de Dolph, que foi considerada insossa e chata. Nem
as sequências de luta ou os tiroteios dos confrontos escapavam das críticas. De
se elogiar o fato de Lundgren ter realizado por si mesmo todas as sequências de
ação do filme, dispensando o uso de dublês.
Já CAPITÃO AMÉRICA foi produzido
em 1990, por uma junção das companhias 21st Century Film Corporation, Jadran
Film, Marvel Enterprises, e Paramount Pictures. A direção foi de Albert Pyun,
com produção de Joseph Calamari, Menahem Golan, Tom Karnowski, e Stan Lee. Com
orçamento de US$ 10 milhões, o filme foi rodado nos Estados Unidos e na
Iugoslávia, com Matt Sallinger interpretando o Capitão América e sua identidade
civil, Steve Rogers. Apesar dos esforços de Sallinger em tentar convencer como
o herói da Segunda Guerra Mundial, tal como no filme do Justiceiro, o roteiro e
os recursos técnicos mal utilizados e com efeitos especiais muito aquém do
necessário, mostraram que não seria dessa vez que o Capitão teria o tratamento
que merecia numa produção de cinema. Muitas mudanças foram feitas na história,
começando pela origem do Caveira Vermelha, que neste filme, nem alemão era,
sendo um jovem italiano que acaba sendo forçado a participar de um experimento
destinado a criar o nazista supremo, com o qual as forças do Eixo derrotariam
os Aliados no conflito global. Mas a criadora do processo, ainda experimental,
foge para os Estados Unidos, onde oferece seus serviços ao governo americano,
que com sua fórmula cria o Capitão América, sua arma contra a tirania, e contra
o perverso Caveira, que apesar do processo incompleto deixado pela cientista,
foi criado pelos nazistas assim mesmo.
Num festival de atropelos, o
Capitão recém-criado já é enviado contra o Caveira Vermelha, sendo derrotado, e
por um acidente do destino, ao evitar que Washington fosse bombardeada pelos
alemães, acaba indo parar no meio do círculo ártico, ficando congelado até os
dias atuais, quando acaba encontrado e revivido, e precisa deter novamente o
Caveira, agora na identidade de um mafioso que pretende derrubar e conquistar o
governo dos EUA, sequestrando seu presidente. Esta produção, que teve um
desenvolvimento bem tumultuado nos anos anteriores à sua realização, em virtude
de direitos autoriais e problemas de direção entre as companhias de filmagem
envolvidas, também levou diversas críticas dos fãs e especialistas.
Por mais que ambos os filmes não
despertem a comoção da grande maioria dos fãs, foram as primeiras grandes
produções de cinema a retratarem o Justiceiro e o Capitão América. No Brasil, o
filme do Justiceiro acabou sendo lançado nos cinemas, e posteriormente no
mercado de vídeo, em VHS. Já o filme do Capitão seguiu direto para o mercado de
vídeo, nem tendo sido lançado nos cinemas. E agora os fãs nacionais terão a
chance (ou o desprazer) de rever estes dois filmes em DVD, através da Vinyx
Multimidia, que ao menos está trazendo ambos em uma apresentação muito bem
feita. Ambos os filmes, apresentados como edição de luxo limitada, vêm com luvas
de qualidade excelente, com artes diferente da que ilustram os estojos plásticos.
Ambos os filmes, que estão sendo oferecidos pelo preço de R$ 29,90, trazem
opção de áudio em inglês, português e espanhol, com direito a legendas nestes
últimos dois idiomas. De extras, trazem os trailers de cinema e galeria de
fotos, sendo que o filme do Capitão traz até alguns cards de brinde. O filme do
Justiceiro já se encontra à venda em algumas livrarias e lojas on-line, como a
Saraiva, e a Livraria Cultura, enquanto o filme do Capitão deverá
serdisponibilizado para venda neste mês de julho.
Mesmo que os filmes não sejam
grande coisa, o lançamento deles por parte desta distribuidora é louvável, por
oferecer estas produções no mercado de vídeo nacional com um tratamento mais
decente do que muitas outras distribuidoras tem feito em relação a alguns
filmes do gênero, que bons ou ruins, merecem ter a chance de serem lançados e
devidamente avaliados e aproveitados pelo público. Tanto este filme do
Justiceiro quanto o do Capitão América nunca haviam sido lançados em mídia
digital no Brasil, ficando restritos aos lançamentos em VHS em suas respectivas
épocas. Que a empreitada da Vinyx seja bem-sucedida, e possam trazer muitos
outros lançamentos interessantes na área para o público consumidor.
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