sábado, 10 de março de 2018

LANCELOT LINK, O AGENTE SECRETO, EM BREVE EM DVD



                Não há como negar que, no atual estado de pasmaceira do mercado de vídeo nacional, em um momento onde as grandes empresas de home vídeo não colocam muita fé no público consumidor, uma distribuidora como a Vinyx Multimídia tem conseguido causar certo rebuliço pelo resgate de certas produções que muitos consideravam praticamente perdidas, de um tempo onde assistir TV era muito mais prazeiroso do que é atualmente. Claro que havia também muita porcaria naqueles tempos, mas se formos comparar com os dias de hoje, a proporção de boas séries que podíamos acompanhar era muito melhor do que atualmente. Por isso, enquanto as grandes distribuidoras não lançam direito nem as coisas mais recentes, haja vista certas palhaçadas especialmente no que tange aos blu-rays disponíveis em nosso país, por pior que possa parecer, o DVD ainda meio que se salva parcialmente por permitir que algumas distribuidoras resgatem parte das produções antigas que foram completamente abandonadas pelas chamadas “majors”.
                Nem tudo é perfeito, porém. A Vinyx, uma destas distribuidoras que vem surpreendendo nos últimos tempos pela variedade e raridade do material que vem lançando, continua anunciando várias obras que ainda não foram disponibilizadas para venda, o que causa certa apreensão e até irritação em alguns fãs que pensavam nunca mais ver tais obras, mas agora ficam na ansiedade de quando enfim poderão revê-las, já que tudo está atrasado, e nem mesmo se encontram em pré-venda produtos que, pelo cronograma inicial, já deveriam estar disponíveis para compra em janeiro desde ano. E, antes mesmo de concretizar estes lançamentos, eis que a distribuidora surpreende novamente com mais um título extremamente raro que promete lançar em breve, para saudosismo dos fãs que tiveram chance de assistir a essa produção há muitos e muitos anos. LANCELOT LINK, O AGENTE SECRETO – A SÉRIE COMPLETA será um box composto de 4 discos, trazendo todos os 17 episódios deste seriado de humor que marcou época nos anos 1970 com um detalhe inusitado: era toda estrelada por chimpanzés!
                A produção, criada por Stan Burns e Mike Marmer, era um seriado de agentes secretos parodiando as mais famosas produções da TV do gênero, como Agente 86 e O Agente da U.N.C.L.E., e até mesmo filmes do cinema, como o famoso agente James Bond, o 007. Impossível também não se lembrar do filme “Planeta dos Macados”, uma vez que era um filme “estrelado” por símios (ainda que aqui fossem atores vestidos de macacos), mesmo que em um tom completamente diferente. Produzida em 1970 pela Sandler-Burns-Marmer Productions, “Lancelot Link, The Secret Chimp” (seu título original, em inglês) mostrava as aventuras de Lancelot Link, um agente secreto da APE (Agency to Prevent Evil, ou Agência para Prevenção do Mal), e sua parceira Mata Hairi, enfrentando as forças da sinistra organização CHUMP (Criminal Headquarters for the Underworld's Master Plan, ou Quartel-General Criminal dos Planos Mestres do Submundo), que tencionava dominar o mundo. Recebendo suas missões de seu superior Darwin, Lancelot Link e Mata Hairi tinham o dever de desbaratar os planos perversos dos malfeitores e proteger a humanidade (ou deveria dizer, a macacada). A CHUMP era comandada pelo perverso Barão Von Butcher, que estava sempre acompanhado por seu mordomo, Creto. Contando com seu séquito de agentes, como Wang Fu, Ali Assa Sino, Dr. Sinistro, e as igualmente perigosas Duquesa e Mulher Dragão, eles colocavam em prática as mais variadas tramóias que ameaçavam o mundo livre. Pelo menos, até terem seus planos frustrados pela intrépida dupla de agentes. Lancelot Link não era exatamente um agente secreto infalível, mas sempre conseguia dar conta do recado, graças à sua parceira Mata Hairi, muito mais inteligente e capaz do que ele. E assim, mesmo que fosse aos trancos e barrancos, a APE sempre frustrava os planos perversos da CHUMP, salvando novamente o mundo e a humanidade (digo, a macacada).
                O grande charme da série era ser estrelada inteiramente por chimpanzés, vestidos e caracterizados como gente, dando o ar da graça. Graças a um bom orçamento para os padrões de séries de TV na época, os produtores puderam caprichar nos cenários, no figurino, e no treinamento dos chimpanzés, que aliado a uma boa dublagem, dava até mesmo para acreditar que eram atores de verdade estrelando um seriado, graças aos esforços do time de treinadores, que tiveram muito trabalho para conseguir que os animais dessem conta do recado. Mas o resultado mais do que valeu a pena. Criado para um público infantil, Lancelot Link acabou ganhando muitos fãs mesmo entre os adultos, que adoravam ver os animais fazendo as mais variadas peripécias para dar andamento às histórias, que tinham roteiros até interessantes, com muitas referências, fossem dos mais variados lugares, além de várias tiradas geniais. Exibida pela TV CBS, aprodução ficou no ar durante pouco mais de dois anos, embora tenham sido produzidos apenas cerca de 17 episódios de meia hora cada um. Inicialmente, a série era exibida em conjunto com desenhos animados, mas depois passou a ser reprisada sem eles. Além das histórias dos episódios, havia também clipes musicais com a banda formada por Lancelot Link e Mata Hairi, chamada “A Revolução da Evolução”, com todo aquele estilo musical próprio dos anos 1970, e que eram bem legais também. Infelizmente, a série durou pouco, mas quem a assistiu nunca mais a esqueceu, por verem os chimpanzés fazendo as maisvariadas atividades, como se fossem gente de verdade. Fosse produzida nos dias de hoje, os cretinos do politicamente correto, para não falar dos “gaviões” das associações de proteção aos animais, cairiam de pau em cima dos produtores da série, alegando todo tipo de acusação contra a série, começando por maus tratos e exploração dos animais coitadinhos... O mundo já foi muito menos cretino e hipócrita.
                Lancelot Link tinha um estilo a lá Hunphrey Bogart em seu modo de falar. Mata Hairi tinha seu nome derivado da famosa espiã Mata Hari. E seu chefe na APE, Darwin, era uma citação a Charles Darwin, tanto que uma das falas de Lancelot quando perguntava algo ao chefe era “Qual a teoria, Darwin?”. O nome de uma das organizações faz referência a símios: APE é macaco, em inglês; enquanto o nome da organização do mal, CHUMP, significa pateta, idiota. A série chegou a ganhar até mesmo um título em quadrinhos, publicado pela Gold Key, com cerca de 8 números lançados em 1972. No Brasil, o seriado foi exibido originalmente pela TV Tupi, sendo posteriormente exibida pela TV Record, e depois TVS/SBT. Nos anos 1990, a produção ainda ganharia uma última reprise, no canal pago Teleuno, para sumir de vez da programação daTV nacional, aberta ou paga. E agora, graças à Vinyx Multimédia, a série poderá ser revista na íntegra.
                A caixa, que até o fechamento desta matéria, ainda não tinha preço nem data exata de lançamento, trará todos os 17 episódios, com sua dublagem em português original, realizada pela Herbert Richers. De quebra, ainda trará alguns extras, como os clipes da banda “A Revolução da Evolução”, o Making Of da produção do seriado, além de alguns outros materiais. Trata-se de um material realmente bem-vindo, em meio a vários outros que aVinyx tem trazido e anunciado lançar no mercado nacional. Algumas destas produções, como é o caso de Lancelot Link, podem não ser tão famosas como muitas outras, mas tem lá sua legião de fãs, sejam da série em si, ou por se tratar de seriados antigos, onde muitos gostam de rever os programas que assistiam quando eram mais novos. Uma iniciativa mais do que válida. Agora, é esperar que esta caixa esteja logo disponível para ser adquirida, junto com vários dos outros títulos já anunciados recentemente pela distribuidora, uma vez que muitos fãs estão pra lá de ávidos para colocar as mãos nestes material. E aguardar também as futuras novidades da empresa, que prometeu muitas surpresas em seus lançamentos para este ano no mercado nacional de vídeo. Mas que não demore tanto entre os anúncios e o lançamento efetivo dos mesmos.



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