Não há como negar que, no atual
estado de pasmaceira do mercado de vídeo nacional, em um momento onde as
grandes empresas de home vídeo não colocam muita fé no público consumidor, uma
distribuidora como a Vinyx Multimídia tem conseguido causar certo rebuliço pelo
resgate de certas produções que muitos consideravam praticamente perdidas, de
um tempo onde assistir TV era muito mais prazeiroso do que é atualmente. Claro que
havia também muita porcaria naqueles tempos, mas se formos comparar com os dias
de hoje, a proporção de boas séries que podíamos acompanhar era muito melhor do
que atualmente. Por isso, enquanto as grandes distribuidoras não lançam direito
nem as coisas mais recentes, haja vista certas palhaçadas especialmente no que
tange aos blu-rays disponíveis em nosso país, por pior que possa parecer, o DVD
ainda meio que se salva parcialmente por permitir que algumas distribuidoras
resgatem parte das produções antigas que foram completamente abandonadas pelas
chamadas “majors”.
Nem tudo é perfeito, porém. A
Vinyx, uma destas distribuidoras que vem surpreendendo nos últimos tempos pela
variedade e raridade do material que vem lançando, continua anunciando várias
obras que ainda não foram disponibilizadas para venda, o que causa certa
apreensão e até irritação em alguns fãs que pensavam nunca mais ver tais obras,
mas agora ficam na ansiedade de quando enfim poderão revê-las, já que tudo está
atrasado, e nem mesmo se encontram em pré-venda produtos que, pelo cronograma
inicial, já deveriam estar disponíveis para compra em janeiro desde ano. E,
antes mesmo de concretizar estes lançamentos, eis que a distribuidora
surpreende novamente com mais um título extremamente raro que promete lançar em
breve, para saudosismo dos fãs que tiveram chance de assistir a essa produção
há muitos e muitos anos. LANCELOT LINK, O AGENTE SECRETO – A SÉRIE COMPLETA
será um box composto de 4 discos, trazendo todos os 17 episódios deste seriado
de humor que marcou época nos anos 1970 com um detalhe inusitado: era toda
estrelada por chimpanzés!
A produção, criada por Stan
Burns e Mike Marmer, era um seriado de agentes secretos parodiando as mais
famosas produções da TV do gênero, como Agente 86 e O Agente da U.N.C.L.E., e
até mesmo filmes do cinema, como o famoso agente James Bond, o 007. Impossível
também não se lembrar do filme “Planeta dos Macados”, uma vez que era um filme
“estrelado” por símios (ainda que aqui fossem atores vestidos de macacos),
mesmo que em um tom completamente diferente. Produzida em 1970 pela Sandler-Burns-Marmer
Productions, “Lancelot Link, The Secret Chimp” (seu título original, em inglês)
mostrava as aventuras de Lancelot Link, um agente secreto da APE (Agency to
Prevent Evil, ou Agência para Prevenção do Mal), e sua parceira Mata Hairi,
enfrentando as forças da sinistra organização CHUMP (Criminal Headquarters for
the Underworld's Master Plan, ou Quartel-General Criminal dos Planos Mestres do
Submundo), que tencionava dominar o mundo. Recebendo suas missões de seu
superior Darwin, Lancelot Link e Mata Hairi tinham o dever de desbaratar os
planos perversos dos malfeitores e proteger a humanidade (ou deveria dizer, a
macacada). A CHUMP era comandada pelo perverso Barão Von Butcher, que estava
sempre acompanhado por seu mordomo, Creto. Contando com seu séquito de agentes,
como Wang Fu, Ali Assa Sino, Dr. Sinistro, e as igualmente perigosas Duquesa e
Mulher Dragão, eles colocavam em prática as mais variadas tramóias que ameaçavam
o mundo livre. Pelo menos, até terem seus planos frustrados pela intrépida
dupla de agentes. Lancelot Link não era exatamente um agente secreto infalível,
mas sempre conseguia dar conta do recado, graças à sua parceira Mata Hairi,
muito mais inteligente e capaz do que ele. E assim, mesmo que fosse aos trancos
e barrancos, a APE sempre frustrava os planos perversos da CHUMP, salvando
novamente o mundo e a humanidade (digo, a macacada).
O grande charme da
série era ser estrelada inteiramente por chimpanzés, vestidos e caracterizados
como gente, dando o ar da graça. Graças a um bom orçamento para os padrões de
séries de TV na época, os produtores puderam caprichar nos cenários, no
figurino, e no treinamento dos chimpanzés, que aliado a uma boa dublagem, dava
até mesmo para acreditar que eram atores de verdade estrelando um seriado,
graças aos esforços do time de treinadores, que tiveram muito trabalho para
conseguir que os animais dessem conta do recado. Mas o resultado mais do que
valeu a pena. Criado para um público infantil, Lancelot Link acabou ganhando
muitos fãs mesmo entre os adultos, que adoravam ver os animais fazendo as mais
variadas peripécias para dar andamento às histórias, que tinham roteiros até
interessantes, com muitas referências, fossem dos mais variados lugares, além
de várias tiradas geniais. Exibida pela TV CBS, aprodução ficou no ar durante
pouco mais de dois anos, embora tenham sido produzidos apenas cerca de 17
episódios de meia hora cada um. Inicialmente, a série era exibida em conjunto
com desenhos animados, mas depois passou a ser reprisada sem eles. Além das
histórias dos episódios, havia também clipes musicais com a banda formada por
Lancelot Link e Mata Hairi, chamada “A Revolução da Evolução”, com todo aquele
estilo musical próprio dos anos 1970, e que eram bem legais também.
Infelizmente, a série durou pouco, mas quem a assistiu nunca mais a esqueceu,
por verem os chimpanzés fazendo as maisvariadas atividades, como se fossem
gente de verdade. Fosse produzida nos dias de hoje, os cretinos do
politicamente correto, para não falar dos “gaviões” das associações de proteção
aos animais, cairiam de pau em cima dos produtores da série, alegando todo tipo
de acusação contra a série, começando por maus tratos e exploração dos animais
coitadinhos... O mundo já foi muito menos cretino e hipócrita.
Lancelot Link tinha um estilo a
lá Hunphrey Bogart em seu modo de falar. Mata Hairi tinha seu nome derivado da
famosa espiã Mata Hari. E seu chefe na APE, Darwin, era uma citação a Charles
Darwin, tanto que uma das falas de Lancelot quando perguntava algo ao chefe era
“Qual a teoria, Darwin?”. O nome de uma das organizações faz referência a
símios: APE é macaco, em inglês; enquanto o nome da organização do mal, CHUMP,
significa pateta, idiota. A série chegou a ganhar até mesmo um título em
quadrinhos, publicado pela Gold Key, com cerca de 8 números lançados em 1972. No
Brasil, o seriado foi exibido originalmente pela TV Tupi, sendo posteriormente
exibida pela TV Record, e depois TVS/SBT. Nos anos 1990, a produção ainda
ganharia uma última reprise, no canal pago Teleuno, para sumir de vez da
programação daTV nacional, aberta ou paga. E agora, graças à Vinyx Multimédia,
a série poderá ser revista na íntegra.
A caixa, que até o fechamento
desta matéria, ainda não tinha preço nem data exata de lançamento, trará todos
os 17 episódios, com sua dublagem em português original, realizada pela Herbert
Richers. De quebra, ainda trará alguns extras, como os clipes da banda “A
Revolução da Evolução”, o Making Of da produção do seriado, além de alguns
outros materiais. Trata-se de um material realmente bem-vindo, em meio a vários
outros que aVinyx tem trazido e anunciado lançar no mercado nacional. Algumas
destas produções, como é o caso de Lancelot Link, podem não ser tão famosas
como muitas outras, mas tem lá sua legião de fãs, sejam da série em si, ou por
se tratar de seriados antigos, onde muitos gostam de rever os programas que
assistiam quando eram mais novos. Uma iniciativa mais do que válida. Agora, é
esperar que esta caixa esteja logo disponível para ser adquirida, junto com
vários dos outros títulos já anunciados recentemente pela distribuidora, uma
vez que muitos fãs estão pra lá de ávidos para colocar as mãos nestes material.
E aguardar também as futuras novidades da empresa, que prometeu muitas
surpresas em seus lançamentos para este ano no mercado nacional de vídeo. Mas
que não demore tanto entre os anúncios e o lançamento efetivo dos mesmos.
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