sábado, 10 de março de 2018

DYLAN DOG E MARTIN MYSTÈRE RETORNAM PELA MYTHOS



                Os fãs dos quadrinhos da Bonelli Comics terão novos motivos para festejar neste mês de março. Duas séries de personagens da editora italiana ganham mais uma chance nas bancas brasileiras, oferecendo aos leitores nacionais a oportunidade de acompanharem novamente suas aventuras. DYLAN DOG e MARTIN MYSTÈRE estão de volta, e pela Mythos Editora, atual casa dos quadrinhos Bonelli em terras tupiniquins.
                Ambos os personagens já foram publicados pela editora, há muitos anos, e seus títulos acabaram sendo descontinuados devido às fracas vendas, sempre a principal razão de cancelamento de um título. Dos dois, Martin Mystère foi o primeiro a dar as caras por aqui, ainda nos anos 1980, tendo seu primeiro título lançado ainda pela RGE – Rio Gráfica e Editora, com sua edição de estréia em novembro de 1986. A RGE, entretanto, estava em fase de mudança de nome, e em 1987, passaria a se chamar Editora Globo, nome que mantém até hoje. Mas nessa mudança, todos os seus títulos de quadrinhos foram suspensos, para serem relançados no ano seguinte, sob o nome nome da editora. Foi também o caso de Mystère, que retornou às bancas em março de 1987, com seu título regular durando 12 edições, sob o título “Grandes Enigmas de Martin Mystère – Detetive do Impossível, sendo cancelado no ano seguinte. Com o mesmo título, Martin Mystère retornaria dois anos depois, em 1990, agora pela Editora Record, onde sua revista duraria 17 números, até novamente ser cancelada. Em 1992, a Record ainda publicou uma edição especial trazendo uma aventura conjunta de Mystère e Dylan Dog. O detetive do impossível voltaria às bancas nacionais apenas no ano 2002, agora pela Mythos, a então nova casa dos títulos da Bonelli Comics no Brasil. Foram 42 novos números, até 2006, antes da revista ser novamente cancelada, para nunca mais voltar às bancas, até agora, quando a Mythos dá ao personagem mais uma chance para batalhar por seu espaço entre o público leitor nas bancas brasileiras.
                Dylan Dog, por sua vez, estreou no Brasil em 1991, pela Editora Record, e sua jornada inicial nas bancas nacionais durou 11 números, e uma edição especial, sendo cancelado em 1993. Em 2001, o personagem ganharia nova chance pela editora Conrad, que publicou 6 edições no total. Mas, desta vez, Dylan não ficou fora muito tempo: a Mythos assumiria a publicação do personagem no ano seguinte, e a levaria adiante até 2006, com um total de 40 números lançados. Seriam mais de 10 anos de ausência nas bancas nacionais, até que no ano passado a editora Lorentz resolveu apostar no personagem, lançando 3 edições, que foram bem recebidas pelos leitores. A editora, contudo, acabou surpreendida pela Mythos, que retomou os direitos de publicação do personagem, que agora neste mês de março, a exemplo de Mystère, retorna às bancas com um título regular mensal da editora.
                As duas novas séries chegam às bancas neste mês de março, com a numeração reiniciando do Nº 01, e não continuando as numerações das primeiras séries lançadas pela Mythos. Em Dylan Dog Nº 01, que sai no tradicional formato dos títulos Bonelli mantidos pela editora (Formato 15,7 x 21 cm), com 100 páginas, com o miolo em preto e branco, pelo preço de R$ 26,90, temos a história “Horror Paradise”, com textos de Medda, Serra & Vigna, e desenhos de Claudio Castellini. Um péssimo despertar para Dylan Dog, que não se recorda como e nem por que alguém o jogou em uma espécie de parque de diversões de um filme de terror. Enquanto foge de demônios, monstros e alienígenas famintos que o fazem seu alvo principal, o Investigador do Pesadelo deve reencontrar o fio da memória, e descobrir como foi parar nesta encrenca das grandes. Tudo começou poucos dias antes, ao seguir os rastros ensanguentados de Alfred Hotchkiss, o diretor maldito, o gênio do splatter, que foi desta para a melhor em circunstâncias muito misteriosas. Mas será que Dylan conseguirá se manter vivo até resolver esse mistério?
                Já Martin Mystère Nº 01, cujo formato e apresentação gráfica é exatamente a mesma da nova série de Dylan Dog, inclusive até no preço, R$ 26,90, temos a aventura “Intriga em Pequim”, com argumento de A. Castelli, e arte de S. Deidda. Martin Mystère, sua amada Diana, e seu amigo Java estão na China para visitar uma das maravilhas arqueológicas do mundo: o exército de terracota, mais de seis mil estátuas em tamanho natural construídas no Século III antes de Cristo por ordem do imperador Qin Shi Huang como defesa de seu futuro túmulo. No local, contudo, nossos heróis acabam se envolvendo numa luta sem trégua cujo objeto de disputa parece ser o domínio da própria China. Diana sempre detestava quando Martin saía para suas aventuras, mas estar enrolada em uma delas certamente não melhorará o seu humor, e isso se conseguirem todos continuarem vivos para contar esta história, o que pode ser bem complicado.
                Na Itália, Martin Mystère também chegou primeiro às bancas. Criado pelo escritor Alfredo Castelli e pelo desenhista Giancarlo Alessandrini, o chamado Detetive do Impossível estreou em 1982, e desde então é publicado ininterruptamente pela Bonelli Comics, sendo uma das mais vendidas da editora. Martin Jacques Mystère é um intelectual e aventureiro, sendo também historiador de arte, arqueólogo, antropólogo, escritor, e produtor de televisão. É também colecionador de objetos incomuns, tendo estudado a fundo os lugares mais enigmáticos do planeta, e seus grandes mistérios, e apesar de morar em Nova Iorque, frequentemente viaja pelo mundo investigando diversos casos e acontecimentos que lhe despertam a atenção. Seu parceiro de aventuras é Java, um homem neanderthal mudo e muito forte que ele descobriu na Cidade das Sombras Lucidas escondidas na Mongólia, e que se tornou seu amigo e auxiliar mais próximo. Java conseguiu se adaptar bem ao mundo moderno, e se tornou não apenas ajudante e amigo de Martin, mas também seu protetor, sempre o ajudando a sair das várias enrascadas em que está se metendo.
                Já Dylan Dog foi criado por Tiziano Sclavi, escritor de quadrinhos e novelas, tendo sua aparência concebida pelo artista Claudio Villa, inspirado no ator inglês Rupert Everett. Villa assinaria a arte das primeiras capas do título regular do personagem, lançado nas bancas italianas em 1986. E o personagem também cairia no gosto dos leitores italianos, tornando-se outro grande sucesso da Bonelli Comics, e sendo publicado até hoje, sem interrupções, sendo o segundo título mais vendido da editora, perdendo apenas o cowboy Tex. O personagem ganhou até um filme em 2011, estrelado por Brandon Rouht, que não fez muito sucesso. Dylan Dog, conhecido como o Detetive do Pesadelo, é um investigador particular, ex-agente da Scotland Yard, que vive em Londres, tem problemas financeiros com certa frequência, e tem um inseparável parceiro chamado Groucho, que está sempre pronto a fazer piadinhas sobre qualquer tema, assunto ou acontecimento. Está sempre resolvendo casos de horror, e quase nunca consegue ter um relacionamento com as mulheres, nem mesmo as que acaba salvando durante as investigações de seus casos. Alcóolatra e vegetariano, ele detesta celulares.
                O retorno de ambos os personagens pela Mythos é uma boa oportunidade para os leitores voltarem a acompanhar suas aventuras, cujas histórias não os tornaram personagens famosos à toa no mercado italiano de quadrinhos. Os preços das novas edições, levando-se em conta o padrão gráfico apresentado, entretanto, deverá desanimar os potenciais leitores, uma vez que são mais do que o dobro do que é cobrado pelos demais títulos Bonelli na editora, e com a economia nacional ainda se recuperando, e considerando a disputa vivida nas bancas nacionais pelos leitores de quadrinhos nos últimos anos, com as coleções de graphic novels e edições especiais em capa dura, a missão de emplacar boas vendas será complicada para estes heróis, que há muito mereciam estar de volta em nossas bancas. Resta esperar que a base de fãs consiga manter os títulos em patamares de venda aceitáveis, pois do contrário, não tardará para a Mythos mais uma vez encerrar ambas as séries, algo que os leitores certamente não desejam, mas que a editora também poderia ser mais razoável, em que pese as dificuldades editoriais de se manter uma publicação em nível viável em nosso mercado. Boa sorte às novas séries de Dylan Dog e Martin Mystère, portanto.

Um comentário:

  1. Dylan Dog passou de 16 reais que era publicado pela editora Lorentz ano passado para 26,90 depois a myhtos reclama que as revistas não vendem...

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