Os fãs dos quadrinhos da Bonelli
Comics terão novos motivos para festejar neste mês de março. Duas séries de
personagens da editora italiana ganham mais uma chance nas bancas brasileiras,
oferecendo aos leitores nacionais a oportunidade de acompanharem novamente suas
aventuras. DYLAN DOG e MARTIN MYSTÈRE estão de volta, e pela Mythos Editora,
atual casa dos quadrinhos Bonelli em terras tupiniquins.
Ambos os personagens já foram
publicados pela editora, há muitos anos, e seus títulos acabaram sendo
descontinuados devido às fracas vendas, sempre a principal razão de
cancelamento de um título. Dos dois, Martin Mystère foi o primeiro a dar as
caras por aqui, ainda nos anos 1980, tendo seu primeiro título lançado ainda
pela RGE – Rio Gráfica e Editora, com sua edição de estréia em novembro de
1986. A RGE, entretanto, estava em fase de mudança de nome, e em 1987, passaria
a se chamar Editora Globo, nome que mantém até hoje. Mas nessa mudança, todos
os seus títulos de quadrinhos foram suspensos, para serem relançados no ano
seguinte, sob o nome nome da editora. Foi também o caso de Mystère, que
retornou às bancas em março de 1987, com seu título regular durando 12 edições,
sob o título “Grandes Enigmas de Martin Mystère – Detetive do Impossível, sendo
cancelado no ano seguinte. Com o mesmo título, Martin Mystère retornaria dois
anos depois, em 1990, agora pela Editora Record, onde sua revista duraria 17
números, até novamente ser cancelada. Em 1992, a Record ainda publicou uma
edição especial trazendo uma aventura conjunta de Mystère e Dylan Dog. O
detetive do impossível voltaria às bancas nacionais apenas no ano 2002, agora
pela Mythos, a então nova casa dos títulos da Bonelli Comics no Brasil. Foram
42 novos números, até 2006, antes da revista ser novamente cancelada, para nunca
mais voltar às bancas, até agora, quando a Mythos dá ao personagem mais uma
chance para batalhar por seu espaço entre o público leitor nas bancas
brasileiras.
Dylan Dog, por sua vez, estreou
no Brasil em 1991, pela Editora Record, e sua jornada inicial nas bancas
nacionais durou 11 números, e uma edição especial, sendo cancelado em 1993. Em
2001, o personagem ganharia nova chance pela editora Conrad, que publicou 6
edições no total. Mas, desta vez, Dylan não ficou fora muito tempo: a Mythos
assumiria a publicação do personagem no ano seguinte, e a levaria adiante até
2006, com um total de 40 números lançados. Seriam mais de 10 anos de ausência
nas bancas nacionais, até que no ano passado a editora Lorentz resolveu apostar
no personagem, lançando 3 edições, que foram bem recebidas pelos leitores. A
editora, contudo, acabou surpreendida pela Mythos, que retomou os direitos de
publicação do personagem, que agora neste mês de março, a exemplo de Mystère,
retorna às bancas com um título regular mensal da editora.
As duas novas séries chegam às
bancas neste mês de março, com a numeração reiniciando do Nº 01, e não
continuando as numerações das primeiras séries lançadas pela Mythos. Em Dylan
Dog Nº 01, que sai no tradicional formato dos títulos Bonelli mantidos pela
editora (Formato 15,7 x 21 cm), com 100 páginas, com o miolo em preto e branco,
pelo preço de R$ 26,90, temos a história “Horror Paradise”, com textos de Medda,
Serra & Vigna, e desenhos de Claudio Castellini. Um péssimo despertar para
Dylan Dog, que não se recorda como e nem por que alguém o jogou em uma espécie
de parque de diversões de um filme de terror. Enquanto foge de demônios,
monstros e alienígenas famintos que o fazem seu alvo principal, o Investigador
do Pesadelo deve reencontrar o fio da memória, e descobrir como foi parar nesta
encrenca das grandes. Tudo começou poucos dias antes, ao seguir os rastros
ensanguentados de Alfred Hotchkiss, o diretor maldito, o gênio do splatter, que
foi desta para a melhor em circunstâncias muito misteriosas. Mas será que Dylan
conseguirá se manter vivo até resolver esse mistério?
Já Martin Mystère Nº 01, cujo
formato e apresentação gráfica é exatamente a mesma da nova série de Dylan Dog,
inclusive até no preço, R$ 26,90, temos a aventura “Intriga em Pequim”, com
argumento de A. Castelli, e arte de S. Deidda. Martin Mystère, sua amada Diana,
e seu amigo Java estão na China para visitar uma das maravilhas arqueológicas
do mundo: o exército de terracota, mais de seis mil estátuas em tamanho natural
construídas no Século III antes de Cristo por ordem do imperador Qin Shi Huang
como defesa de seu futuro túmulo. No local, contudo, nossos heróis acabam se
envolvendo numa luta sem trégua cujo objeto de disputa parece ser o domínio da
própria China. Diana sempre detestava quando Martin saía para suas aventuras,
mas estar enrolada em uma delas certamente não melhorará o seu humor, e isso se
conseguirem todos continuarem vivos para contar esta história, o que pode ser
bem complicado.
Na Itália, Martin Mystère também
chegou primeiro às bancas. Criado pelo escritor Alfredo Castelli e pelo desenhista
Giancarlo Alessandrini, o chamado Detetive do Impossível estreou em 1982, e
desde então é publicado ininterruptamente pela Bonelli Comics, sendo uma das
mais vendidas da editora. Martin Jacques Mystère é um intelectual e
aventureiro, sendo também historiador de arte, arqueólogo, antropólogo,
escritor, e produtor de televisão. É também colecionador de objetos incomuns,
tendo estudado a fundo os lugares mais enigmáticos do planeta, e seus grandes
mistérios, e apesar de morar em Nova Iorque, frequentemente viaja pelo mundo
investigando diversos casos e acontecimentos que lhe despertam a atenção. Seu
parceiro de aventuras é Java, um homem neanderthal mudo e muito forte que ele
descobriu na Cidade das Sombras Lucidas escondidas na Mongólia, e que se tornou
seu amigo e auxiliar mais próximo. Java conseguiu se adaptar bem ao mundo
moderno, e se tornou não apenas ajudante e amigo de Martin, mas também seu
protetor, sempre o ajudando a sair das várias enrascadas em que está se
metendo.
Já Dylan Dog foi criado por
Tiziano Sclavi, escritor de quadrinhos e novelas, tendo sua aparência concebida
pelo artista Claudio Villa, inspirado no ator inglês Rupert Everett. Villa assinaria
a arte das primeiras capas do título regular do personagem, lançado nas bancas
italianas em 1986. E o personagem também cairia no gosto dos leitores
italianos, tornando-se outro grande sucesso da Bonelli Comics, e sendo
publicado até hoje, sem interrupções, sendo o segundo título mais vendido da
editora, perdendo apenas o cowboy Tex. O personagem ganhou até um filme em 2011,
estrelado por Brandon Rouht, que não fez muito sucesso. Dylan Dog, conhecido
como o Detetive do Pesadelo, é um investigador particular, ex-agente da
Scotland Yard, que vive em Londres, tem problemas financeiros com certa
frequência, e tem um inseparável parceiro chamado Groucho, que está sempre
pronto a fazer piadinhas sobre qualquer tema, assunto ou acontecimento. Está
sempre resolvendo casos de horror, e quase nunca consegue ter um relacionamento
com as mulheres, nem mesmo as que acaba salvando durante as investigações de
seus casos. Alcóolatra e vegetariano, ele detesta celulares.
O retorno de ambos os
personagens pela Mythos é uma boa oportunidade para os leitores voltarem a
acompanhar suas aventuras, cujas histórias não os tornaram personagens famosos
à toa no mercado italiano de quadrinhos. Os preços das novas edições,
levando-se em conta o padrão gráfico apresentado, entretanto, deverá desanimar
os potenciais leitores, uma vez que são mais do que o dobro do que é cobrado
pelos demais títulos Bonelli na editora, e com a economia nacional ainda se
recuperando, e considerando a disputa vivida nas bancas nacionais pelos
leitores de quadrinhos nos últimos anos, com as coleções de graphic novels e
edições especiais em capa dura, a missão de emplacar boas vendas será
complicada para estes heróis, que há muito mereciam estar de volta em nossas
bancas. Resta esperar que a base de fãs consiga manter os títulos em patamares
de venda aceitáveis, pois do contrário, não tardará para a Mythos mais uma vez
encerrar ambas as séries, algo que os leitores certamente não desejam, mas que
a editora também poderia ser mais razoável, em que pese as dificuldades editoriais
de se manter uma publicação em nível viável em nosso mercado. Boa sorte às
novas séries de Dylan Dog e Martin Mystère, portanto.
Dylan Dog passou de 16 reais que era publicado pela editora Lorentz ano passado para 26,90 depois a myhtos reclama que as revistas não vendem...
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