Mais
um artista com passagens relevantes pelo universo dos quadrinhos de
super-heróis nos deixou na primeira quinzena deste mês de setembro. Len Wein
morreu aos 69 anos de idade, no dia 10 de setembro. O artista já vinha
enfrentando problemas de saúde nos últimos tempos, como quando precisou colocar
cinco pontes cardíacas em 2015, mas não foi divulgado do que ele faleceu.
Nascido em Nova Iorque, em 12 de junho de 1948, Leonard Norman Wein descobriu
sua paixão pelos quadrinhos ainda criança, quando hospitalizado, recebeu várias
revistas em quadrinhos para ler e se distrair, e foi amor à primeira vista
pelas histórias da arte sequencial.
Quando adolescente, Wein passou
a visitar com frequência a sede da DC Comics, que promovia durante dias
específicos visitas às suas dependências, acompanhado de um amigo que também
nutria, assim como ele, grande amor pelos quadrinhos, Marv Wolfman. Len Wein
queria ser desenhista, e ilustrar histórias como as que ele lia e o fascinavam,
mas acabou se tornando roteirista, e pôde enfim trabalhar naquele mundo que
anos antes tinha capturado o seu coração. Ele e Wolfman acabaram contratados
como escritores free-lancers para a DC Comics por Joe Orlando, então editor-chefe
da empresa, e Wein estrearia com a história "Eye of the Beholder" para
a edição Nº 18 de Teen Titans, lançada em dezembro de 1968, onde ele criou,
junto com Marv Wolfman o personagem Red Star, o primeiro super-herói russo
oficial no universo DC. Tinha então 20 anos de idade, e ele nunca mais pararia
de trabalhar com quadrinhos, mantendo-se ativo até sua morte.
Wen passou a roteirizar
histórias para os mais variados títulos na DC, além de outros trabalhos para
editoras e empresas variadas. Em 1970, ele faria seu primeiro trabalho pela
Marvel, criando uma história do Demolidor para a edição 71 do título-solo do
personagem, em parceria com Roy Thomas. Mas ele começaria a ganhar mais status
no ano seguinte, ao criar, ao lado de Bernie Wrightson o personagem Monstro do
Pântano, que depois ganharia série própria, ainda nos anos 1970, e que na
década seguinte ganharia uma cultuada fase concebida por Alan Moore, sob a
batuta de Wein, agora editor do título na DC. A criação do Monstro do Pântano
faria Len ganhar o prêmio de melhor escritor dramático em 1972 no Shazam Award,
sendo que a edição Nº 1 do título regular do personagem garantiria também o
prêmio de melhor história individual, em parceria com Bernie Wrightson. Em
1973, ambos venceriam mais uma vez o Shazam Award, agora na categoria de melhor
série, mais uma vez com o Mosntro do Pântano.
Dividindo-se ora entre a DC, ora
a Marvel Comics, Wen foi adicionando novas conquistas ao seu currículo: sob sua
inspiração, os X-Men foram reformulados na “Casa das Idéias”, com o artista
participando da criação dos personagens Colossus, Tempestade e Noturno, junto
com o desenhista Dave Cockrum, além de ter criado, pouco tempo depois, aquele
que se tornaria o herói mutante mais famoso e cultuado dos quadrinhos, Wolverine,
em uma história do título-solo do Hulk, junto com Herb Trimpe e John Romita. Também
foi co-criador do personagem Irmão Vodu, junto com Gene Colan. Durante seu
tempo na Marvel, ele chegou a ocupar a posição de editor-chefe da empresa,
sucedendo Roy Thomas. Mas ele preferia mesmo era escrever quadrinhos, e assim,
voltou à função de roteirista e por vezes editor, passando o bastão da chefia
para seu amigo de longa data Marv Wolfman.
Na DC, o escritor passaria pelos
títulos de heróis como Batman, Lanterna Verde, Mulher-Maravilha, Besouro Azul, entre
outros, assim como o cross-over Batman & Hulk, reunindo dois ícones da
Marvel e DC Comics. Como editor, trabalhou com os títulos de Watchmen, Camelot
3000, Novos Titãs, e do guia de personagens da editora. Wein ainda faria
serviços em diversas outras editoras, para os mais diversos personagens. A
partir da década de 1990, ele passaria um tempo trabalhando na Disney, além de
criar roteiros para produções de televisão, como as séries animadas dos X-Men,
Batman, Street Fighter Game, Shadow Raiders, Simpsons, Futurama, entre muitas
outras.
Em 2012, Len Wein voltaria a
trabalhar no universo de Watchmen, quando escreveu as historias de Ozymandias e
Dollar Bill para as edições “Antes de Watchmen”. Um de seus últimas trabalhos
com a DC Comics foi em 2015, ao fazer a adaptação de um roteiro do seriado de
TV do Batman dos anos 1960, nunca utilizado, apresentando o vilão Duas-Caras,
ao lado do desenhista José Luis García-López.
Wein foi casado duas vezes. Sua
primeira esposa foi Glynis Oliver, uma colorista de quadrinhos que trabalhou
muito tempo na série dos X-Men. Sua segunda esposa foi Christine Valada, uma
fotógrafa e advogada, com quem se casou em 1991, após se divorciar de Glynis, e
com quem vivia até hoje.
O mundo dos quadrinhos se comoveu com sua morte, com
vários profissionais do meio dando suas declarações e sentimentos pelo
profissional cuja carreira estava prestes a completar 50 anos no meio. Diane
nelson, presidente da DC Entertainment, afirmou que "Len Wein era um dos
caras mais acolhedores e uma das lendas dos quadrinhos. Percebi isso quando
entrei na DC, há oito anos. Ele escreveu e editou quase todos os HQs de
personagens centrais da DC. Eu, a empresa e a indústria como um todo vamos
sentir sua falta". Dave Wielgosz, editor-assistente na DC Comics,
acrescentou: "Você não pode ser hiperbólico quando se trata do legado de
Len Wein. Ele criou, escreveu e editou mais histórias de super-heróis do que
ninguém. Descanse em paz!" Geoff Johns, CCO da empresa, disse que "nem
todo escritor pode ser um bom editor, mas Len merece crédito igual para ambos
os talentos. Ele ajudou a revitalizar todo o Universo DC."
Neil Gaiman declarou que Wein
lhe mostrou que os quadrinhos poderiam ser literatura. “Len Wein foi o editor que
trouxe os criadores britânicos para a DC. Ele foi uma das pessoas mais
agradáveis que conheci, em 30 anos em quadrinhos. Ele fará falta. Eu sentirei
falta dele”, afirmou. Outro roteirista, Brian Michael-Bendis, anunciou que “ele
(Len) foi muito gentil comigo quando comecei na Marvel. Encorajador e
brilhante. Infelizmente, nem todos os seus colegas são assim. Ele era inspirador."
O ator Hugh Jackman, que
interpretou nos cinemas o mutante Wolverine, também se pronunciou a respeito da
morte de Wein: “Fui abençoado por ter conhecido Len Wein. Eu o conheci pela
primeira vez em 2008. Eu lhe disse que de seu coração, mente e mãos saíram o
melhor personagem de quadrinhos de todos os tempos”, escreveu o ator no Twiter.
Descanse em paz, Wein. Todos que
puderam ler suas histórias sentirão muita saudade de seus roteiros...
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