quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

PANINI RELANÇA HISTÓRIAS DE "A TUMBA DO DRÁCULA"



                Os fãs dos quadrinhos clássicos de terror produzidos pela Marvel Comics terão o que comemorar neste fim de ano. A Panini, dentro da linha de sua Coleção Marvel, que republica histórias antigas de vários personagens, dedicou uma edição inteira ao senhor de todos os vampiros, Drácula, que nos anos 1970 estrelou um título mensal na editora.
                A edição COLEÇÃO MARVEL TERROR: A TUMBA DO DRÁCULA, chegou às bancas no fim de novembro, e em suas 164 páginas, ao preço de R$ 21,90, compila as histórias das edições 1 a 6 da revista "Tomb of Dracula", além da aventura lançada em "Dracula Lives" n° 1. A série se inicia quando um americano, Frank Drake, chega com seu amigo Clifton e sua namorada Jean, à remota região da Transilvânia, em uma noite de tempestades, procurando pelo castelo que um dia pertenceu a ninguém menos do que Drácula. O castelo é a última chance de Drake retomar a vida, após literalmente perder tudo o que tinha, e sabendo ser um descendente do antigo Conde, tenciona vender a propriedade para resolver seus problemas financeiros. Mas, ao inspecionar o local, Clifton inesperadamente descobre o caixão do próprio Conde Drácula, com seus restos empalados por uma estaca, e comete a besteira de remover a estaca, o que faz com que Drácula, que estava ali aprisionado pelas últimas décadas, reviver, e sedento de sangue como nunca.
                No confronto que se segue, Dracula faz de Clifton seu escravo, e transforma a namorada de Drake em vampira, o que faz com que o rapaz tenha de matá-la para salvá-la de se tornar o mesmo monstro que Drácula. Pela perda de sua amada, Frank Drake promete se vingar de Drácula, prometendo exterminar o Conde de uma vez por todas, tarefa que vai se mostrar muito mais complicada do que ele imaginava. Logo, ele reúne forças com Rachel Van Helsing, e juntos começam a formar um grupo de caçadores para enfrentar o vampiro e seus novos mortos-vivos.
                Publicada de abril de 1972 a agosto de 1979, e contando inicialmente com os talentos de Gerry Conway, Archie Goodwin e Gardner Fox nos roteiros e Gene Colan nas ilustrações, a revista "Tomb of Dracula" teve um total de 70 edições. O mote principal das histórias era a caça do grupo de Drake e Van Helsing para deter os planos de Drácula e providenciar sua morte definitiva, mas ocasionalmente, eles chegavam até a unirem forças, quando surgia uma ameaça que podia ser letal tanto para os humanos como para os vampiros. E, ocasionalmente, o vampirão chegou a sair em confronto, direto ou indireto, com alguns dos heróis da Marvel, como os X-Men, e o Homem-Aranha. E foi também nas aventuras deste título que surgiu o personagem Blade, criado por Marv Wolfman, e que se tornaria o mais famoso caça-vampiros da editora, chegando até a ter um título próprio por um curto período, e ganho uma trilogia de filmes de sucesso com Wesley Snipes no papel-título.
                Trata-se de um material que há muito tempo não era republicado no mercado nacional. A Editora Saber foi a primeira a lançar as histórias de Drácula produzidas pela Marvel ainda em 1972, quando lançou a edição "O Túmulo do Conde Drácula", que teve apenas 1 número lançado. Em 1976, a Editora Bloch lançou a revista "A Tumba de Drácula", e que durante 24 números trouxe as histórias do Conde contra seus inimigos. Paralelamente a esta revista, Drácula também teve mais algumas de suas histórias publicadas na revista "Clássicos do Pavor", outro título da editora que também durou pouco, entre 1976 e 1978, trazendo somente quadrinhos de terror, estrelados por histórias como "Frankenstein", "A Guerra dos Mundos", "O Médico e o Monstro", entre outras. Com o cancelamento do título mensal na Bloch, Drácula, mostrando ser duro de morrer, mesmo no mundo editorial, voltaria para assombrar os leitores em 1979, agora pela Editora Abril, que lançava o título "Terror de Drácula", que durou 11 edições, até maio de 1980, trazendo novas histórias do título que a Marvel cancelara no ano anterior.
                O material produzido pela Marvel ficou então no limbo editorial até os dias atuais, com exceção da minissérie "Drácula Versus Heróis Marvel", minissérie publicada pela Abril em 1995 compilando os confrontos do Conde com os heróis da Marvel, incluindo um confronto de arrepiar com o Doutor Estranho, que à época, parecia ter conseguido dar cabo de vez com o Rei dos Vampiros. Recentemente, Drácula retornou, mais uma vez, dos mortos no Universo da Casa das Idéias, mas sem reconquistar seu direito a um título próprio. Por enquanto, a iniciativa da Panini de retornar este belo material da Marvel é apenas por esta edição, mas nada impede que venhamos a ver novamente o Conde em um futuro próximo, basta que a Panini pense bem a respeito e edite uma segunda edição com o material, que tem uma grande legião de admiradores, além de possuir atrativo suficiente para conquistar novos leitores dos dias atuais, que com certeza merecem conhecer esta série.

PANINI LANÇA MIRACLEMAN



                Demorou, mas finalmente aconteceu, e os leitores brasileiros poderão ter a chance de apreciarem um dos mais contundentes materiais do gênero super-herói já produzidos: Miracleman está de volta!
                Criado pelo artista Mick Anglo em 1954 como um "sucessor" oficial para as aventuras do Capitão Marvel da Fawcett Comics, cujas histórias haviam sido canceladas, para a editora britânica Len Miller, o personagem, chamado originalmente de Marvelman, fez sua fama por quase 10 anos, sendo publicado até 1963. No início da década de 1980, o herói voltou a ganhar novas aventuras em uma série escrita por ninguém menos do que Alan Moore, que não só atualizou o personagem como manteve o conhecimento das aventuras originais dos anos 1950 e 1960. Esta nova série era publicada dentro da revista "Warrior", publicada pela Quality Communications, e mostrava Mick Moran, identidade secreta do herói, já adulto, quando acaba redescobrindo sua identidade heróica, esquecida há muitos anos, e tem de encarar a dura realidade dos dias atuais, inclusive descobrindo que muita coisa de seu passado nunca foi como imaginava. Esta série enterrou definitivamente o clima inocente das antigas aventuras, e foi muito elogiada pelos leitores, pela maneira adulta e trágica como o personagem foi mostrado, precisando lidar com acontecimentos dolorosos envolvendo seus próprios amigos e aliados, e tendo de fazer escolhas das mais difíceis. Alan Moore engrandeceu o personagem, e a série conquistou muitos fãs, o que não a impediu de ter um encerramento prematuro, na edição N° 21 de Warrior, sem ter uma conclusão adequada. Pouco tempo depois, a editora americana Eclipse Comics adquiriu os direitos de publicação do personagem, e deu sequência à publicação das aventuras lançadas pela editora inglesa, ainda com roteiros escritos por Alan Moore. E, uma vez que a editora Marvel Comics havia feito o registro do nome "Marvel", Marvelman teve seu nome mudado para Miracleman.
                Alan Moore escreveu as aventuras do herói até a edição 16 da Eclipse, sendo substituído por por Neil Gaiman. A Eclipse, entretanto, faliu no início dos anos 1990, encerrando a publicação da revista, com 24 edições, sendo que a edição 25 já estava pronta. A partir daí, o personagem viveu uma longa e complicada batalha de direitos autorais, que demandaram mais de uma década para serem efetivamente solucionados, sendo seus direitos adquiridos pela Marvel Comics em 2009, que logo de início anunciou planos de trazer o personagem de volta. Isso só ocorreu no início deste ano, quando a editora americana lançou o título "Miracleman", onde está republicando na íntegra as aventuras do herói. E em 2015, promete começar a produzir novas aventuras, após concluir a republicação do material clássico do personagem, inclusive trazendo aos leitores a edição 25 finalizada pela Eclipse, mas nunca lançada.
                A edição nacional tem 68 páginas, em formato americano, com o preço de R$ 8,20, com direito a 3 capas variantes, sendo uma delas metalizada. Além de uma introdução do editor Fernando Lopes, a edição ainda traz alguns esboços da concepção da série de Miracleman dos anos 1980, além de uma sinopse sobre a criação do herói, por Mike Conroy. Completa o material extra um bate papo de Joe Quesada com o próprio criador do personagem, Mick Anglo, que faleceu em 2011, antes de poder presenciar o retorno efetivo do seu personagem. A edição traz as aventuras publicadas em Miracleman N° 1, mostrando o herói ao lado de Young Miracleman e Kid Miracleman detendo uma horda de invasores do futuro, além do material publicado nas edições 1 e 2 da revista "Warrior", além das aventuras das edições 25 e 32 de Marvelman, de 1954, estas com arte apenas em preto e branco. O título brasileiro deve ter periodicidade mensal, assim como a edição americana. O material lançado pela Warrior teve todas as histórias recolorizadas, mantendo fidelidade à apresentação original. Devido à briga de Alan Moore com as editoras americanas, o artista exigiu que seu nome não constasse da republicação das aventuras, de modo que a edição não cita o seu nome.
                É a grande chance dos leitores nacionais, antigos e novos, conhecerem efetivamente o herói, que teve teve raríssimas aparições em nosso mercado editorial. Na década de 1950, Miracleman teve algumas de suas aventuras publicadas pela RGE, que publicava a revista do Capitão Marvel, sendo chamado de Jack Marvel. Em 1989 e 1990, a pequena editora Tanos chegou a lançar 4 edições do herói, com arte em preto e branco, mostrando as aventuras da revista Warrior para o público brasileiro, mas ficou apenas nisso, e somente agora os leitores terão a chance de acompanhar a continuação das aventuras do herói. E já não era sem tempo, pois as histórias desenvolvidas por Alan Moore, e posteriormente por Neil Gaiman, são muito boas, e mereciam ser lançadas de maneira decente em nosso país. Afinal, com nomes do quilate de Moore e Gaiman no comando das histórias, isso por si só já é garantia de qualidade nos roteiros. Quem curtiu Watchmen e Sandman que o diga...
                Mais um ponto positivo para a Panini, pois não é todo dia que se tem um material de renome sendo lançado nas bancas nacionais. Que Miracleman tenha enfim sua grande e merecida chance de ser lido e apreciado pelos fãs de quadrinhos nacionais...

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

CRIADOR DO CHAVES MORRE AOS 85 ANOS



                O México e os fãs de um dos mais cultuados seriados exibidos na TV mundial estão de luto: no último dia 28 de novembro, faleceu aos 85 anos, Roberto Gomez Bolaños, que imortalizou-se nas telas de TV interpretando o personagem Chaves. Escritor, comediante e dramaturgo, Bolaños faleceu em sua residência em Cancún, e já vinha tendo problemas de saúde nos últimos anos, que se intensificaram a partir de 2012, quando foi internado devido a uma insuficiência respiratória. Nos últimos tempos, já estava praticamente confinado a uma cadeira de rodas, e não resistiu a um Nascido na Cidade do México em 21 de fevereiro de 1929, filho da secretária bilíngue Elsa Bolaños Cacho e do pintor, cartunista e ilustrador Francisco Gómez Linares, Roberto Goméz Bolaños tinha tudo para seguir outros rumos em sua vida. Ele cursou e se formou em engenharia elétrica pela Universidade Nacional Autônoma do México, mas quis o destino que ele nunca exercesse essa profissão.
                Ainda nos anos 1950, conseguiu emprego como escritor para um programa de uma dupla humorística em uma emissora de rádio, tomou gosto, e não parou mais. Em pouco tempo, passaria a escrever programas de TV, e até filmes para cinema. Em 1960, estreava como ator, em um filme escrito por ele próprio, e sua vida a partir dali seria sempre ligada à TV e ao cinema. Pouco a pouco, sua fama foi crescendo não apenas como roteirista, mas também como ator, e em 1968, no programa de esquetes “Los supergenios de la mesa cuadrada”, encontraria-se com vários dos atores que, mais tarde, passariam a fazer parte de seu maior sucesso na carreira. Um sucesso que teve início em 1970, pela rede de TV Televisa, quando estreou a série “El Chapulín Colorado”, que no Brasil se chamaria “Chapolin”, onde Bolanõs interpretava o personagem-título da série, que era um super-herói ingênuo e atrapalhado que se envolvia nos maiores problemas e confusões. As frases do personagem se tornaram conhecidas por todos os fãs, como “Não contavam com a minha astúcia”, "Sigam-me os bons", e “Se aproveitam da minha nobreza”, entre outras. O sucesso desta série permitiu ao ator e escritor a produção de uma nova série, nos mesmos moldes de humor, mas com outra temática. Assim, nascia em 1971 a série "El Chavo del Ocho”, cujo personagem central, também interpretado por Bolanõs, era um garoto pobre que vivia em uma vila, e que geralmente se escondia em um barril: Chaves, no Brasil.
                Começando como um programa de esquete dentro da série Chapolin, Chaves assumiu a primazia em pouco tempo, e passou a ser o maior sucesso de Roberto. Sua combinação de humor inocente, piadas simples, e dramas do cotidiano comuns a muita gente cativaram o público e várias gerações até hoje. E, assim como Chapolin, Chaves também tinha suas falas padrão que ficariam marcadas nas mentes dos fãs, como "Ninguém tem paciência comigo", "Foi sem querer querendo", e "Isso, isso, isso...", entre muitas outras citações. Tanto Chapolin como Chaves seriam exportados para diversos países, e fariam grande sucesso em todos eles, por vários e vários anos. No México, ambas as séries foram produzidas ininterruptamente como programas independentes por praticamente uma década: Chapolin foi produzido de 1970 até 1979, contando com cerca de 253 episódios; Chaves, por sua vez, estreou em 1971, e foi exibido até 1980, totalizando 290 episódios. Na década seguinte, o artista passou a produzir um novo programa de TV, baseado em esquetes, com Bolaños interpretando vários personagens em quadros variados, e tanto Chapolin quanto Chaves passaram a ser quadros deste novo programa, chamado "Chespirito", apelido que o ator ganhara muitos anos antes no meio artístico, quando foi comparado a William Shakespeare, pela sua grande capacidade de escrever histórias. Este programa durou até o fim de 1995, e a partir de então, o artista passou a se dedicar mais ao teatro, como protagonista da peça "Once Y Doce", que já produzia e estrelava desde 1992, e que encerrou apenas em 2009, já praticamente com 80 anos de idade.
                No Brasil, a TVS/SBT estreou a série do Chaves em 1984, e tornou-se um dos maiores sucessos da emissora de Silvio Santos. Com uma excelente dublagem, o seriado caiu no gosto do público brasileiro, a ponto de fazer da série a recordista de reprises da emissora, que exibe a produção até os dias atuais, sempre com excelentes índices de audiência, mesmo depois de 30 anos de sua estréia na programação do canal. O sucesso de Chaves era tanto que a audiência de seu programa chegava até a balançar o ibope da toda-poderosa TV Globo, até mesmo no horário nobre de suas novelas, o que era um assombro, especialmente para os diretores da emissora carioca, que até hoje não conseguem entender como aquele programa, feito com poucos recursos e um humor considerado por muitos ultrapassado e infantil, conseguiu rivalizar com suas produções. E, para desespero dos concorrentes, raras foram as ocasiões em que Chaves deixou a grade de programação da emissora, e quando isso acontecia, para felicidade dos fãs, sempre era por pouco tempo, com a produção retornando e voltando a garantir sempre invejáveis números de audiência para um programa reprisado praticamente à exaustão. Com menos fama do que a série do garoto do barril, Chapolin também foi exibida pela emissora, e assim como Chaves, também marcou época e ganhou inúmeros fãs do super-herói todo atrapalhado, sendo reprisado inúmeras vezes, ainda que sua audiência não fosse tão arrasadora quando a daquela série. Chespirito, o programa mais recente de Bolaños, também foi exibido pelo canal, embora tenha ficado à sombra das produções mais antigas, mas que nem por isso deixou de ser exibido várias vezes.
                O seriado teve alguns episódios lançados em DVD, mas, devido a problemas com a emissora de Silvio Santos, que não liberou as dublagens dos episódios, foi preciso providenciar uma nova dublagem para os DVDs, que apesar de bem feita, não caiu muito no gosto do público, já acostumado às vozes da exibição televisiva. Na década passada, como que para mostrar que o sucesso de Chaves ainda continuava forte, a série ganhou uma versão em desenho animado, que fez um relativo sucesso, tendo sido exibida também pela TVS/SBT. Aliás, pela primeira vez, Chaves também passou a ser exibido pela TV por assinatura, tendo feito parte da grade do canal Cartoon Network durante algum tempo.
                A emissora de Silvio Santos noticiou a morte do artista, e exibiu inúmeros episódios de suas séries, em homenagem. O assunto ocupou os telejornais e programas da emissora, com inúmeras entrevistas e depoimentos de fãs e profissionais do meio artístico que cresceram assistindo Chaves. Houve comoção de fãs em várias partes do mundo, para onde as séries haviam sido exportadas desde os anos 1970, que chegaram a ser exibidas em mais de 100 países. Todos lamentaram o falecimento do artista. Seu corpo foi velado no Estádio Azteca, na Cidade do México, onde a emissora que produziu suas séries fez uma homenagem com o título "Chespirito: Obrigado para sempre", com transmissão ao vivo pela emissora mexicana. O velório no estádio contou com mais de 40 mil pessoas, sendo que havia uma legião de fãs que compareceram vestidos de Chaves e Chapolin. O enterro foi no dia 1° de dezembro, no cemitério Panteón Francés, da capital mexicana. Roberto foi casado duas vezes: aos 27 anos, casou-se com Graciela Fernández, com quem ficou 23 anos e teve seis filhos: Roberto, Paulina, Graciela, Marcela, Teresita e Cecília. No entanto, durante a produção das séries "Chaves" e "Chapolin", em 1977, ele assumiu um romance com a atriz Florinda Meza, que interpretava a Dona Florinda, em “Chaves”. A união com Florinda, contudo, só foi oficializada em 2004, depois que o artista conseguiu enfim o divórcio de Graciela.
                Apesar do sucesso das séries, nos bastidores nem tudo eram flores: o romance de Roberto com Florinda causou a baixa de Carlos Villagrán, intérprete do Quico, de seu programa. Villagrán também teria tido um romance com Florinda, e inconformado por ter sido preterido em favor de Bolaños, desentendeu-se com o artista e foi seguir carreira solo em outros países, e ambos jamais se reconciliaram. Na década de 1990, os problemas se deram com a atriz Antonieta de Las Nieves, que interpretava a Chiquinha, filha do Seu Madruga e parceira de traquinagens do Chaves na série, que reclamou para si os direitos da personagem que interpretara no seriado, e que a exemplo das discussões com Villagrán, também deixou feridas que nunca cicatrizaram.
                Quando perguntado a respeito do enorme sucesso feito por Chaves, Roberto declarou que "Chaves sempre defendeu valores familiares como honestidade e compaixão, e as pessoas se identificam com ele por causa disso". Era uma explicação tão simples que por isso mesmo até deixava dúvidas de sua veracidade. O fato é que não há uma única explicação para o fenômeno que Chaves se tornou, e isso, o próprio ator soube encarar que esse sucesso, como diria o próprio Chaves, foi mesmo sem querer querendo. E o mundo, certamente, sentirá grande saudade deste artista, que soube encantar o mundo com suas criações, que prometem continuar divertindo pessoas em todos os lugares onde continuarem sendo exibidas.

PANINI LANÇA ENCONTRO DE HE-MAN COM O UNIVERSO DC



                Um dos encontros mais esperados pelos leitores de quadrinhos há tempos enfim tem seu lançamento realizado nas bancas nacionais. He-Man, o poderoso defensor do planeta Etérnia, e seus aliados, travarão um confronto de grandes proporções com ninguém menos do que os heróis do Universo DC, com especial destaque, claro, para a Liga da Justiça. Esse o mote da edição UNIVERSO DC VS HE-MAN E OS MESTRES DO UNIVERSO, que chegou às bancas e comic shops nacionais no final do mês de novembro. A edição tem 156 páginas, em formato americano, com capa cartão, ao preço de R$ 21,90, e compila a minissérie "DC Universe VS The Masters of the Universe", em 6 edições, publicada há meses atrás nos Estados Unidos. Para felicidade dos leitores nacionais, a edição traz a aventura completa, e mostra o primeiro cross-over de He-Man com outros heróis após suas aventuras animadas.
                O único ponto negativo do lançamento é que a Panini ainda está devendo as primeiras aventuras da nova série regular de He-Man e os Mestres do Universo, lançada no ano passado pela DC Comics, nova editora dos personagens, e que se passam logo após as aventuras mostradas na minissérie compilada na edição lançada pela multinacional italiana no mercado nacional no primeiro semestre deste ano, que serve de reboot para as aventuras dos heróis de Etérnia. Após todos terem recuperado suas identidades e derrotado Esqueleto, uma nova ameaça surgiu em Etérnia: a ameaça da Horda, que pegando a todos os heróis de surpresa, inclusive com a ajuda de uma aliada que ninguém imaginava, o planeta foi tomado. O exército do planeta, comandado pelo rei Randor, acabou disperso, e agora nossos heróis não passam de rebeldes tentando recuperar o mundo que lhes pertencia, que vai sendo cada vez mais solapado pelas forças malignas comandadas por Hordak. Para melhor enfrentá-los, He-Man aprimora seus poderes, adotando um novo visual, não apenas para si, mas também para a sua espada do poder, que se torna mais poderosa. Mesmo assim, as forças do mal continuam avançando sem clemência por toda Etérnia.
                Enfraquecidos, nossos heróis acabam libertando uma de suas maiores inimigas: Maligna, a feiticeira que participava dos planos perversos de Esqueleto. Sabendo que Esqueleto não é propriamente um aliado confiável, mas que também não quer a Horda atrapalhando seus planos, eles tencionam encontrá-lo para conseguir que ele os ajude no combate às forças de Hordak. Mas há um problema: Esqueleto desapareceu após ter sido derrotado pelo renascido He-Man, e seu paradeiro é desconhecido. Através de um feitiço, Maligna consegue teleportar He-Man e Teela com ela para o mundo onde seu ex-mestre se encontra, e todos vem parar...na Terra, onde o outrora grande vilão de Etérnia está desempenhando um plano perverso com o objetivo de sugar toda a força mística do planeta, em um processo que pode desencadear a destruição de nosso mundo.
                Com a chegada de He-Man à Terra, Esqueleto logo trata de arrumar aliados para destruir seu grande inimigo, e ele acaba por dominar as mentes de ninguém menos do que a Liga da Justiça. Apenas o Batman consegue escapar de seu controle, mas sozinho, nem mesmo o Cavaleiro das Trevas poderá impedir os planos do perverso vilão, que joga os heróis dominados da Liga contra He-Man em confronto direto. Cabe a Marlena, ex-rainha de Etérnia, agora exilada em seu mundo natal, contar com a ajuda de John Constantine, Madame Xanadu, e do próprio Batman para descobrir o que Esqueleto planeja para nosso mundo, enquanto Mentor e os demais Mestres do Universo acabam travando duelo com vários dos heróis do Universo DC. Para piorar tudo, o destino de nosso planeta pende na balança da trama do verdadeiro arquiteto da presença de Esqueleto na Terra, o que só torna a situação ainda mais complicada para os heróis de ambos os mundos. Conseguirão eles resolverem suas diferenças e unirem forças a tempo de salvar não apenas a Terra, mas também Etérnia? É o que os leitores poderão conferir nesta aventura, que tem os roteiros de Keith Giffen e Tony Bedard, com arte de Dexter Soy, Derlis Santacruz, Andres Ponce, e Pop Mhan. As capas das edições americanas estão reproduzidas na edição, e são do brasileiro Ed Benes.
                De quebra, a edição ainda traz de brinde, publicando pela primeira vez no Brasil, a primeira aparição oficial de He-Man, que se deu nos Estados Unidos, na edição número 47 da revista DC Comics Presents, lançada em julho de 1982, onde ocorreu, na verdade, o primeiro encontro de um herói da DC com o defensor de Etérnia, que fazia ali sua primeira aparição. O roteiro foi de Paul Kupperberg, com arte do veterano Curt Swan. Na história, o Super-Homem, após atravessar um estranho fenômeno místico surgido nos céus da Terra, acaba indo parar no distante mundo de Etérnia, que por sua vez, está com o Castelo de Grayskull sendo vítima de mais um ataque do perverso Esqueleto, que após travar um breve combate com o Homem de Aço, domina o kryptoniano, e planeja utilizar seu grande poder para conseguir os segredos de Grayskull. Mas, para defender o castelo místico, eis que surge seu defensor, o poderoso He-Man, que trava um grande duelo com o herói da Terra, até que este consegue libertar-se do encanto de Esqueleto. Juntos, He-Man e Super-Homem frustram os planos do vilão, e o Homem de Aço retorna à Terra, ciente de ter feito um novo amigo. A história serviu mais para apresentar He-Man ao público, mas o personagem ainda estava sendo desenvolvido. O Príncipe Adam, identidade secreta do herói, era até irritante de tão bagunceiro e irresponsável que dava a entender. E nem usava espada para se transformar no herói, cortesia que ficava por conta da Feiticeira de Grayskull, com um visual diferente do que viria a ser conhecida. No ano seguinte, com a estréia da série animada pela Filmation, é que o herói ganharia suas características definitivas, que o tornaram um dos personagens mais famosos da década, graças à série animada de 130 episódios produzidos entre 1983 e 1986.
                Nos quadrinhos, o personagem passou por várias editoras, como Marvel, Image, e agora na DC Comics. No Brasil, algumas aventuras foram publicadas na década de 1980 pela editora Abril, em virtude da fama do desenho animado, contando inclusive com várias histórias criadas por artistas nacionais. Na década passada, a Panini Comics publicou a minissérie lançada pela Image Comics. E no primeiro semestre deste ano, a mesma Panini lançou uma edição compilando a primeira minissérie dos Mestres de Etérnia, que serviu de ponto de partida para a nova série regular do personagem, em publicação pela editora americana. O lançamento desta nova edição com o personagem e seu encontro com os heróis da DC é certamente bem-vinda, tanto para os antigos quanto novos fãs, ainda que a versão atual dos heróis do Universo DC, conhecida como "Novos 52", ainda não tenha cativado os leitores em muitos aspectos. Fica agora a esperança da Panini lançar novas edições com as aventuras do herói de Etérnia mostradas em sua nova série regular nos Estados Unidos, o que certamente fará muitos leitores saudosos do desenho animado dos anos 1980 felizes.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

SÉRIE DO BATMAN DE 1966 SÓ EM DVD NO BRASIL



                Ser fã e colecionador no Brasil é ter de aguentar muitos reveses e descasos por parte das empresas que atuam no setor em nosso país. E mais uma vez, os fãs tupiniquins terão motivos para comemorar, e também para reclamar. A comemoração fica pelo lançamento, finalmente no mercado de vídeo, da série completa de TV dos anos 1960 do Batman, estrelada por Adam West e Burt Ward nos papéis de Batman e Robin, a dupla dinâmica defensora da metrópole de Gotham City. O lançamento, que chegou este mês no mercado de vídeo dos Estados Unidos, será também lançado no Brasil. Com um sem-número de "santa exclamações", além das tradicionais onomatopéias que sempre entravam em cena nos momentos de combate dos heróis contra os vilões, a série mostrava ainda situações que hoje muitos consideram ridículas, como Batman dando lições de moral e até dançando loucamente numa boate, sob efeito de uma droga, para não mencionar vilões pra lá de aloprados, como o Cabeça-de-Ovo, e o destrambelhado Rei Tut, além claro dos tradicionais vilões de praxe da dupla dinâmica, como o Pinguim, Charada, Mulher-Gato, Senhor Frio, e o alucinado Coringa. Santa encrenca, Batman!
                COLEÇÃO BATMAN - A SÉRIE COMPLETA DA TELEVISÃO, título da coleção no Brasil, estará disponível para os fãs a partir do dia 5 de dezembro, e trará todos os 120 episódios do famoso seriado produzido por William Dozier de 1966 a 1968, pela Greenway Productions e 20th Century Fox Television. De quebra, a edição nacional ainda terá todos os extras da edição americana, com mais de 3 horas de duração para batfã nenhum botar defeito, contendo os seguintes materiais: "Hanging with Batman"(Pendurando com Batman); "Holy Memorabilia Batman!"(Santa Memorabilia, Batman); "Batmania Born!"(Nascimento da Batmania); "Bats of the Round Table"(Morcegos da Távola Redonda); "Inventing Batman in the words of Adam West"(Inventando Batman nas palavras de Adam West); "Na Na Na Batman!", além de um livreto com o gruia completo dos episódios do seriado, e uma carta de Adam West dedicada aos fãs. E, para felicidade geral de todos, a impecável dublagem da AIC - São Paulo (1ª e 2ª temporadas) e da Cinesom - Rio de Janeiro (3ª temporada), estará presente nos 18 discos que compõem a caixa. Apenas 2 episódios virão sem o áudio em português, em virtude desta ter se deteriorado. Os episódios em questão são o os episódios 51 e 52, numa história onde o Batman e o Pingüim disputam uma eleição para o cargo de prefeito de Gotham City. O lançamento do box é da Warner Home Video, e marca o ponto final de todas as dificuldades enfrentadas nas últimas décadas para que o famoso seriado dos anos 1960, que desencadeou a primeira onda de batmania no mundo inteiro pudesse ser enfim lançada no mercado de vídeo. Por se tratar de uma produção de propriedade conjunta - a Fox era dona do seriado de TV, mas o personagem pertence à DC Comics, que por sua vez pertence à Warner, concorrente da Fox em TV, vídeo e cinema, durante anos as partes envolvidas, bem como os pagamentos de direitos de imagem sobre os artistas que participaram da série, demoraram para conseguir se entender como fariam a devida participação e divisão dos lucros do lançamento no mercado de vídeo. Restava aos fãs apenas assistir pela TV, uma vez que a Fox tinha direito de vender direitos de exibição da série como desejasse, já que os termos de royalties estavam definidos pelos contratos antigos de produção da série. Mas para permitir a comercialização em vídeo, a coisa foi bem mais complicada, tendo sido vencido todos os obstáculos no início deste ano, e o anúncio de lançamento da série sido feito durante a Comic Con em San Diego, em julho.
                Os pontos negativos do lançamento brasileiro, infelizmente, começa pelo fato de a Warner só disponibilizar o box no Brasil em DVD, enquanto nos Estados Unidos ele saiu tanto em DVD quanto em Blu-ray, tendo a série inteira sido remasterizada e recolorizada para alta definição, ganhando uma qualidade de imagem impressionante que, infelizmente, não estará disponível em nosso país. Outra "paulada" é o preço do box, que será de R$ 399,90, um preço que muitos fãs já consideram exagerado, ainda mais para um lançamento em DVD, e de um seriado bem antigo. De fato, o preço é caro para o padrão do mercado de um box de DVD, mas o próprio box americano em DVD também tem um preço oficial que pode ser considerado caro, de US$ 199,90, que na conversão da cotação atual do dólar, deixa o produto nacional mais barato que a edição americana, salvo de esta for adquirida em preço promocional, o que não é difícil de se achar nos vários sites de comércio eletrônico dos Estados Unidos. Ainda assim, os fãs certamente gostariam de que fosse oferecida a opção do lançamento em alta definição em nosso país, com seu brinde exclusivo de uma miniatura do Batmóvel da série, da Hotwells. A edição americana, ao preço de US$ 269,90, certamente sairia por mais de R$ 600,00 por aqui, um preço bem alto, e que certamente desanimaria ainda mais os fãs. Não há dúvida de que a Warner, por saber que esta série há muito era aguardada pelos fãs para ter lançamento em vídeo, está aproveitando para meter a faca no bolso dos fãs, e não apenas no Brasil. Santa exploração, Batman!
                Outro exemplo nesse sentido será que o box nacional será comercializado exclusivamente pela B2W, que engloba as empresas Shoptime, Lojas Americanas, e Submarino, já estando disponível para pré-venda em todos os respectivos sites. Com pagamento no boleto ou bankline, está sendo oferecido um desconto de 5%, baixando o preço para R$ 379,90. Não é muito, mas já é alguma coisa. Mas é uma pena que o box não seja vendido em outras lojas, pois com um pouco mais de competição, os preços poderiam ficar mais em conta com a disputa de mercado pelas lojas. Isso em teoria, porque infelizmente muita coisa que é lançada no mercado nacional de vídeo tem preços praticamente "tabelados", não importam quantas lojas estejam vendendo o produto. Nosso mercado ainda tem muito o que melhorar nesse sentido, mas nos últimos tempos tudo indica que caminhamos na direção contrária. E este lançamento da tão aguardada série dos anos 1960 do Batman, infelizmente, acaba sendo prejudicado pela realidade do mercado nacional. Santo plano perverso!

MANGÁ DE EVANGELION FINALMENTE CHEGA AO FIM



                Uma das séries mais aclamadas da animação japonesa finalmente encerrou a publicação de sua versão nos quadrinhos nipônicos. Neon Genesis Evangelion, que foi levada ao ar na TV nipônica entre outubro de 1995 e março de 1996, tornou-se uma das séries de maior sucesso do Japão nos anos 1990, e ganhou adaptação em mangá após o lançamento da série de TV, numa rara inversão do processo de criação visto usualmente nas produções japonesas, onde é um mangá de sucesso que gera sua contraparte animada. A produção do Estúdio Gainax, comandado por Hideaki Anno, saiu antes dos quadrinhos, que tiveram argumento e arte de Yoshiyuki Sadamoto. Mas a série de quadrinhos foi saindo bem devagar, e sofreu várias pausas nestes anos todos. Somente no ano passado, Sadamoto enfim concluiu a história, que agora está sendo lançada a nível mundial.
                Foram ao todo 14 volumes encadernados, com o que se espera ser o fim definitivo da história de Evangelion, já que a série de TV deixou várias dúvidas e perguntas no ar, parcialmente respondidas algum tempo depois com o longa para cinema "End Of Evangelion", que também não esclareceu todos os pontos pendentes. O lançamento desta edição final acontece simultaneamente nos Estados Unidos, Canadá, França, Inglaterra, Irlanda, Finlândia, Africa do Sul, Nova Zelândia, Argentina, Polônia, Itália, Espanha, Córeia do Sul, Taiwan, Hong-Kong, além, claro, do Japão! E para felicidade dos fãs brasileiros, a última edição também está saindo por aqui. A série de mangá começou a ser publicada ainda em 2001, pela Editora Conrad, que tinha causado rebuliço no mercado editorial nacional ao lançar as séries de quadrinhos nipônicos de dois grandes sucessos que tiveram seus animes exibidos por aqui: Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball. A editora foi a primeira a sofrer com as pausas de produção do mangá de Evangelion, tendo lançado a obra no formato meio tankohon nas bancas nacionais, indo até a edição 20, correspondente ao final do volume 10 do Japão, quando então teve de ser suspensa, aguardando o lançamento de novos volumes, em 2007. Houve também um mangá derivado, chamado Neon Genesis Evangelion - The Iron Maiden, que teve 12 edições lançadas pela Conrad, no mesmo formato da série original.
                Nesse espera para retomar a série a Conrad fechou, sendo vendida à Editora Ibep, que não teve interesse em seguir adiante com a publicação. Em 2010, a Editora JBC conseguiu os direitos, e passou a lançar os novos volumes disponíveis no Japão, e em respeito aos fãs que tinham suas coleções no formato de publicação da Conrad, a JBC passou a lançar suas edições no mesmo formato, mantendo a padronização da série. Em 2011, a editora passou a republicar a série desde o seu início, no formato tankohon tradicional das demais publicações da editora, para o público que não tinha tido oportunidade de acompanhar a série até então.
                Mas as pausas da série fizeram com que a publicação da JBC também tivesse de ficar em pausa, aguardando novos capítulos serem produzidos no Japão. Tinham sido lançados então as edições 21 a 24 (formato Conrad), e 1 ao 12 (formato JBC). Quando o volume 13 foi lançado, a editora lançou nas duas versões: 25 e 26 (formato Conrad) e 13 (formato JBC), e agora, este procedimento de lançamento está sendo repetido para a edição final da série. A edição tankhon acaba de chegar às bancas, e nas próximas semanas estarão disponíveis as edições em meio tankhon, de número 27 e 28. A edição em tankohon tem preço de R$ 13,90. A versão meio-tankohon terá o preço de R$ 8,90.
                Evangelion surgiu como mais uma série no gênero de mechas gigantes que combatem alguma ameaça que pode causar o colapso da humanidade. No ano 2000, um grande cataclisma abalou várias partes do mundo. Esse evento destroçou algumas cidades e mudou parcialmente o clima no planeta, e foi descrito como o "Segundo Impacto", segundo informações encontradas em manuscritos antigos que diziam que a humanidade pereceria quando houvesse o "Terceiro Impacto". O "Primeiro Impacto" teria sido o holocausto que causou a extinção dos dinossauros, e para evitar ter o mesmo destino, os humanos começaram a criar armas e dispositivos para impedir sua extinção. No ano 2015, o jovem Shinji Ikari é convocado por seu pai, o comandando de um estranho grupo chamado Nerv, que tem como objetivo proteger a humanidade das estranhas criaturas chamadas de "anjos", que surgem misteriosamente causando grande destruição, e cujo surgimento é o prenúncio iminente do terceiro impacto final. Para enfrentar os anjos, foram criadas as unidades Evangelions (EVAs), gigantescos robôs com o propósito de enfrentas os monstros. Shinji, a contragosto, torna-se piloto da unidade EVA-01, ao lado da misteriosa Rei Ayanami, piloto do EVA-00, e da convencida e arrogante Soryu Asuka Langley.
                À medida que os anjos vão sendo duramente vencidos, surgem pistas de muitos mistérios por trás das atividades da Nerv, que pode ter propósitos muito mais escusos do que se imagina. Ao mesmo tempo, Shinji tenta encontrar motivação para fazer o que faz, enquanto os demais personagens vão sendo envolvidos pouco a pouco na teia mortífera de mistérios que permeia não apenas a Nerv, mas aqueles que a criaram. E p que são os EVAs realmente? Simples robôs, ou algo mais? À medida que a série avança, se descobrem segredos que mostram que o maior perigo para a humanidade pode não estar nos anjos, mas nos próprios seres humanos, que poderiam ser os próprios responsáveis pela deflagração do Terceiro Impacto. O roteiro denso e misterioso eleveu Evangelion à classe de série "cult" em tempo recorde, a ponto da série desfrutar hoje de tanta popularidade, que sua história ganhou nova versão em filmes animados para cinema, e até se cogitou em produção live-action.
                No Brasil, a série de TV passou nos extintos canais Locomotion e Animax, que exibiram todos os episódios em ambas as ocasiões. Os longas para cinema da série original nunca foram exibidos por aqui, enquanto as novas versões para cinema tiveram seus dois primeiros filmes lançados no mercado nacional de vídeo pela Paris Filmes. O terceiro filme continua inédito por enquanto. Mas, ao menos no que se refere ao mangá, os leitores nacionais poderão ter o prazer de contar com a obra lançada por aqui na integra. E a JBC ganha muitos pontos de respeito por manter firme o compromisso de lançar o mangá, após um período relativamente longo de pausa da publicação no Japão.

MORRE O CRIADOR DE GALACTICA E SUPERMÁQUINA



                O mundo do entretenimento televisivo perdeu um grande profissional este mês. Glen Albert Larson faleceu aos 77 anos de idade no dia 14, em Santa Mônica, Califórnia, em virtude de um câncer de esôfago. Como roteirista, produtor e criador, Larson teve uma carreira de longa duração em seriados de TV, onde começou a trabalhar no fim dos anos 1960, estendendo-se até a década passada. Entre as séries de maior sucesso de que ele participou estão "Galactica - Astronave de Combate" (Battlestar Galactica) e "A Supermáquina" (Knight Rider), mas ele teve várias outras séries de sucesso mundial no seu longo currículo.
                Nascido em Long Beach em 03 de janeiro de 1937, Larson iniciou sua carreira na indústria de seriados criando algumas histórias para a série "O Fugitivo" (The Fugitive) e "Inferno nos Céus" (Twelve O'Clock High). Em 1968, ele assumiria o papel de produtor e roteirista da série "O Rei dos Ladrões" (It Takes a Thief), estrelada por Robert Wagner. Depois de atuar novamente como produtor na série "McCloud" e "The Virginian", Larson criaria sua primeira série em "Alias Smith and Jones", e em 1973, produziria dois telefilmes de "O Homem de Seis Milhões de Dólares", que dariam origem ao famoso seriado estrelado por Lee Majors. Seguiram-se outros trabalhos, como "Sin, American Style", "Switch", "Get Christie Love", e "Quincy: Corpo de Delito" (Quincy, M.E), entre outras produções.
                Mas foi em 1978 que ele alcançou seu primeiro grande sucesso, com Galactica. O seriado de ficção científica que mostra o que restou da humanidade de um sistema planetário avançado destruído por seus inimigos milenares já tinha sido pré-concebido pelo profissional desde o início da década, mas os executivos das redes de TV não tinham simpatia pelo gênero da história, a qual achavam muito arriscada, e de cara execução. O sucesso do filme "Guerra nas Estrelas", de George Lucas, porém, transformou o tema "espaço" em febre, e Glen então pôde desenvolver sua série. Apesar da boa audiência, os altos custos provocaram seu cancelamento após a primeira temporada. Mas a Universal queria outra série espacial, e no ano seguinte, Larson produziu "Buck Rogers no Século 25", adaptação do famoso personagem criado por Philip Francis Nowlan. Esta série durou apenas 2 temporadas, e Larson ainda ganhou a chance de continuar a saga de Galactica, ao produzir Galactica 1980. A fraca audiência, contudo, minou seus esforços, sendo cancelada definitivamente.
                De "volta à Terra", Larson embarcou em séries mais convencionais. Lançou "As Aventuras de BJ" (B.J. and Bear), sobre os percalços enfrentados por um caminhoneiro em seu dia-a-dia de profissão pelas estradas americanas, ao lado de seu chimpanzé de estimação chamado Urso. Esta série gerou um spin-of (série derivada), "Xerife Lobo" (The Misadventures of Sheriff Lobo), com as aventuras de um xerife e seu grupo de policiais pra lá de trapalhões tentando impôr a lei e a ordem no condado de Orly, após comprar briga com BJ McKey em várias oportunidades.
                Na década de 1980, Glen A. Larson teria novos sucessos. Magnum P.I., estrelada por Tom Selleck, tornou-se sucesso mundial, retratando as aventuras de um ex-militar que resolveu tentar a vida como detetive particular no paradisíaco Havaí, contando com 8 temporadas. Em 1981, mais um grande sucesso, "Duro na Queda" (The Fall Guy), mostrando outro personagem bancando o detetive, Colt Seavers, cuja profissão era dublê de cinema, estrelado por Lee Majors. Em 1983, Larson criaria "A Supermáquina", apresentando o carro mais avançado do mundo, dotado de um computador superavançado (KITT), e conduzido pelo agente especial da Fundação Pela Lei e Governo Michael Knight, interpretado por David Hasselhoff. A série durou 4 temporadas. Outras produções da época, com menos êxito, foram "Manimal", "Automan",  e "Terror em Alcatraz", entre muitas outras produções. Seus últimos trabalhos foram as novas versões de A Supermáquina (2008), e Caprica (2010), esta última baseada no remake de Galactica produzida na década passada.
                Vários seriados de Larson foram exibidos no Brasil, com maior destaque para Magnum, Supermáquina, Duro na Queda, e As Aventuras de BJ, e todas ganharam muitos fãs, que até hoje lembram com carinho das produções. Infelizmente, nenhuma delas teve lançamentos decentes no mercado de vídeo nacional, para decepção dos fãs, que persiste até hoje. Pelo seu currículo e pela fama das várias séries que produziu, o nome de Glen Albert Larson é reverenciado por uma grande legião de fãs, tanto quando Gene Roddenbery (criador de Jornada nas Estrelas) e Irwin Allen (Perdidos no Espaço, Túnel do Tempo, etc). Descanse em paz, Glen. Todos os fãs de seriados estão mais sós a partir de agora.