O ano era 2004 quando a Toei
Animation lançou, em fevereiro daquele ano, uma série aparentemente sem maiores
pretensões chamada Pretty Cure, trazendo as aventuras de duas garotas que, por
um acaso do destino, ganham poderes mágicos e se tornam defensoras da paz e da
justiça, enfrentando vilões e seus monstros. O objetivo, claro, era criar uma
nova série no estilo mahou shoujo (garotas mágicas) para explorar o filão de produtos
e brinquedos licenciados visando o público infantil feminino, algo que o
estúdio andava se ressentindo desde o final de Sailor Moon, anos antes. A série
conseguiu uma boa audiência, e motivou a Toei a lançar uma continuação no ano
seguinte, transformando a dupla de heroínas em um trio, com a adição da personagem
Hikari como Shiny Luminous, à dupla de heroínas Nagisa (Cure Black) e Honoka
(Cure White), continuando a defender nosso mundo das forças do mal. O sucesso
da continuação levou a Toei a levar Pretty Cure também para os cinemas,
aumentando a popularidade da série não apenas junto ao seu público-alvo, mas
também conseguindo muita popularidade com o público masculino, e também o
infanto-juvenil, já que as aventuras das super-heroínas mágicas caiu no gosto
deste pessoal também. Um diferencial desta nova série é que as garotas eram super-garotas
mágicas: apesar de terem seus golpes especiais para vencer seus inimigos, as
meninas podiam encarar uma briga com a maior tranquilidade, já que possuíam
também superforça, sendo capazes de arrebentar até paredes com as mãos, nos
combates com seus inimigos.
Em 2006, Pretty Cure
se tornaria uma franquia, com novas séries apostando no mesmo esquema, mas
trocando os enredos e as personagens. O início foi com Pretty Cure Splashstar,
apresentando uma nova dupla de heroínas, Saki e Mai (Cure Bloom e Cure Egret,
respectivamente), claramente inspirada nas heroínas originais. Mas, a partir da
série seguinte, Pretty Cure Five, a franquia inspirou-se em outra grande
franquia de sucesso da Toei, os Super Sentai, e transformou as heroínas em grupos
de equipes a cada nova série, que ano após ano, foi se renovando, sempre com
novas heroínas, novos personagens, e novos vilões a serem enfrentados,
tornando-se um dos carros-chefe de produções animadas da Toei Animation,
perdendo apenas para os megassucessos do estúdio, como Dragon Ball, e One Piece,
por exemplo. E o sucesso de Pretty Cure continuou pela nova década, com alguns altos
e baixos, mas mantendo-se firme no rol de produções da Toei, que neste ano de
2018, acaba de lançar a sua 15ª série da franquia, mostrando que a fama das
super-heroínas mágicas pode ter tido alguns abalos, mas continua em evidência,
apesar de muitos fãs não terem gostado do resultado da série de 2017, Kirakira
Precure a La Mode, que acabou não sendo desenvolvida como deveria, e em alguns
casos, dividindo as opiniões em discussões mais acaloradas.
HUGTTO! PRECURE é o nome da nova
série, que estreou no último dia 04 de fevereiro, e com a qual a Toei já
iniciou as comemorações de 15 anos da franquia. Com o slogan de que ‘Podemos
fazer qualquer coisa! Podemos ser qualquer coisa! Vamos abraçar o futuro
brilhante!”, a série apresenta um novo grupo de heroínas que irá defender o
futuro e suas possibilidades infinitas de realizações, que está ameaçado pelos
planos de um grupo maligno chamado Kuraiasu (Amanhã Sombrio, numa tradução
livre). E uma de suas estratégias é sugar todo o Asupawawa, ou o “poder do
amanhã”, sem o qual as pessoas desistirão de seus ideais de vida. E caberá às
novas guerreiras lendárias Precure impedir que isso aconteça.
É nesse contexto que conhecemos
Hana Nono, uma jovem sonhadora de 13 anos que quer ser uma garota estilosa e
madura. Ela está iniciando em uma nova escola, onde conhece novas amigas e
planeja seus passos para o futuro, até que uma estranha bebê cai bem em cima
dela, junto de um hamster falante. A bebê, Hugtan, acaba sendo ameaçada pelos
capangas da Kuraiasu, e com a ajuda de Harry, a fada hamster da série, Hana
acaba reunindo a energia Asupawawa e criando um Cristal do Futuro, que se
converte em um Preheart, dispositivo que a transforma em uma guerreira lendária
Precure, tornando-se Cure Yell, a Precure da Alegria, e sua vida vira literalmente
de cabeça para baixo, passando a enfrentar os vilões da Kuraiasu e seus monstros
Oshimaidaas.
Com os episódios seguintes, suas
amigas de escola se unirão a ela em sua luta. Sua amiga Saaya Yakushiji, que é
representante da classe onde Hana passa a estudar, se tornará Cure Ange, a
Precure da Sabedoria; e sua nova amiga e colega Homare Kagayaki se transforma
em Cure Étoile, a Precure do Poder. Juntas, o trio de heroínas irá garantir que
o futuro e todas as suas possibilidades continuem a existir.
Como não poderia
deixar de ser, a série já tem dois filmes para o cinema garantidos. Em março,
sairá o filme “reunion” onde as novas personagens terão uma aventura conjunta
com as heroínas das últimas séries Precure, Mahoutsukai Precure, e Kirakira
Precure. E para outubro, está programado o filme solo de Hugtto! Precure. E, em
se tratando das comemorações dos 15 anos da franquia, a Toei já afirmou que
teremos algumas surpresas neste quesito, mas não deu maiores detalhes. Até o
momento, já houve confirmação de que teremos algo envolvendo as primeiras
heroínas da franquia, Cure Black e Cure White, mas não se sabe se elas irão
aparecer em algum especial, ou se na própria série Hugtto! Precure. Uma pista
éo fato de os vilões da nova série já conhecerem as Precures, embora as novas
personagens da série lhes sejam completamente desconhecidas, o que significa
que eles já se encontraram com algumas das heroínas. Mas seriam elas as antigas
Precures, ou outras heroínas que aparecerão na série futuramente? Enquanto isso
não é revelado, resta aos fãs acompanharem as novas aventuras de Hana, Saaya e
Homare como as novas guerreiras lendárias Precure.
No Brasil, infelizmente os fãs não
tiveram muita sorte com esta franquia. Apenas duas produções foram exibidas
aqui, via Netflix, mas adaptadas pela Saban, que infelizmente mutilou as séries
Smile Precure e Dokidoki Precure, mudando o nome para Glitter Force, e cortando
um monte de episódios, além de terem feito uma dublagem horrorosa para Smile.
Todas as outras séries de Pretty Cure continuam inéditas, sendo acessíveis
apenas via fansubbers. Se bem que, depois da experiência pouco agradável com
Glitter Force, boa parte dos fãs não vai fazer questão de ver a série
oficialmente por aqui, se for para ter adaptações sofríveis assim.
Mas, pelo visto, os resultados
da franquia, sejam em audiência, sejam na comercialização de produtos
licenciados, mostram que Pretty Cure tem motivos mais do que justificados para
comemorar uma década e meia de existência, e ir muito além disso. A própria
Toei já produz a franquia de tokusatsu Super Sentai há praticamente 40 anos,
desde que estreou a primeira série, Goranger, e ainda tem como exemplo também a
franquia Kamen Rider, outro tokusatsu, que tem quase 50 anos de existência,
embora não tenha tido produções ininterruptas desde que estreou a primeira
série, em 1971. Mas isso apenas demonstra que Pretty Cure e suas super-heroínas
mágicas podem ir mais longe do que muitos imaginam. Quem viver verá!
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