Fazendo
um retorno depois de um longo período (é, 2020 está sendo mesmo um ano
complicado, mas espero voltar a encontrar o velho ânimo de sempre), aproveito
para colocar hoje no blog um texto feito há algum tempo atrás, de uma série
recente de animação japonesa muito legal, e que espero que todos possam ter a
chance de curtir. Conheçam então a mais fofa empregada-dragão do pedaço... E
boa leitura a todos!
UMA
EMPREGADA DRAGÃO DO BARULHO
Conheça as peripécias de um poderoso dragão que
resolve viver em nosso mundo da maneira mais inusitada possível.
Adriano de Avance Moreno
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Tohru, Kanna, Elma e Lucoa, as
simpáticas dragões da série. |
Uma das
grandes vantagens da animação japonesa é a sua versatilidade: há histórias para
todos os gostos e gêneros. Temos histórias românticas, de aventuras, fantasia,
realidade, comédia, entre outros assuntos. E todos eles apresentam algumas
produções que acabam virando grandes sucessos, outras nem tanto, enquanto
algumas são simplesmente imperdíveis, façam ou não sucesso. E, depois de um dia
cansativo e de correria no serviço, nada melhor do que poder relaxar a cuca
assistindo especialmente a uma destas séries de comédia, ainda mais se ela
tiver um roteiro que saiba combinar situações hilárias com assuntos sérios,
quebrar clichês, e fazer quem assiste se divertir bastante. E assim chegamos a
Kobayashi-san Chi No Maid Dragon, onde temos nada menos que um poderoso dragão
que vive em nosso mundo trabalhando como... Uma empregada!
Tudo começa
quando uma jovem chamada Kobayashi, depois de mais um dia estressante no
trabalho, começa a beber para afogar as frustrações e vai parar no meio de uma
floresta. E lá, dá de cara com um enorme dragão com uma espada gigante cravada
nas costas, prestes a morrer. Apesar de enxotada pelo dragão, que não confia
nos humanos, a humana chamada Kobayashi, achando que está apenas tendo um sonho
esquisito em virtude da bebedeira, sobe nas costas da fera mitológica e acaba
conseguindo arrancar a espada de lá, salvando assim a vida do dragão, que tão
impressionado fica com o gesto da pessoa humana, que numa destas situações
surreais, resolve retribuir a gentileza tornando-se... sua empregada, após
Kobayashi, em seu estado de embriaguez, acabar convidando o dragão, cujo nome é
Tohru, para ir morar em sua casa, já que ambos se encontravam sozinhos.
E eis que
no dia seguinte, o imenso dragão aparece na porta do apartamento de Kobayashi,
assumindo a aparência de uma jovem e fofa adolescente vestida como uma
empregada estilo “maid”, pronta para morar com ela, como retribuição por
salvar-lhe a vida. E é a vida de Kobayashi que nunca mais seria a mesma a
partir dali. Kobayashi inicialmente reluta, tentando explicar o estado em que
se encontrava quando fez tal convite para o dragão morar em sua casa, e vendo a
decepção de Tohru, começa a sentir culpa pelo mal-entendido, mas depois de
precisar que Tohru lhe dê uma carona expressa para evitar de chegar atrasada no
serviço, Kobayashi até admite que poderia ser legal ter alguém cuidando de seus
afazeres domésticos, e acaba por “contratar” Tohru, que obviamente fica muito
feliz da vida com isso.
E assim,
temos uma pessoa humana vivendo com um dragão-fêmea como empregada, e encarando
todas as confusões que um relacionamento deste tipo poderia ocasionar. E, se um
dragão sozinho já causa muita confusão, que tal mais dragões na parada? Logo
surge Kanna, outra dragão-fêmea, que descobre o paradeiro de Tohru, e também
acaba vivendo junto com ela e Kobayashi. E, um pouco depois, ainda surgem mais
dois dragões: Fafnir, um dragão extremamente mal-humorado e sem muita simpatia
pelos humanos; e Quetzalcoatl (ô nome complicado de se pronunciar), ou Lucoa,
para os amigos, ajudando sempre Tohru a entender melhor o mundo dos humanos e
as situações do dia-a-dia. E ainda temos Elma, outra dragão-fêmea disposta a
resolver pendengas inacabadas com Tohru, ajudando a tornar tudo ainda mais
complicado. E Kobayashi acabando por se enfiar no meio de tudo isso... O que um
momento de embriaguez não acaba desencadeando...? Sem mencionar que, a bem ou
mal, todos estes dragões acabam se relacionando com Kobayashi, dando início a
uma série de amores e afeições, em maior ou menor escala, para sua alegria ou
preocupação.



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Bêbada após encher a cara depois do expediente,
Koabayashi se perde na floresta, onde encontra Tohru, um dragão ferido por uma
imensa espada. A jovem acaba retirando a espada e salvando a vida da dragão, e
ainda acaba convidando ela para morar em sua casa. O que uma bebedeira não faz
a gente fazer sem pensar direito... |
Histórias
onde o protagonista principal vive junto com seres sobrenaturais, demônios,
alienígenas, ou quaisquer outros tipos de criaturas, que passam a ter uma
relação amorosa e/ou de admiração por ele não são exatamente novidade na
história da animação japonesa, que já produziu inúmeras séries usando este
conceito. Kobayashi-san Chi no Maid Dragon, contudo, já traz como novidade o
fato de Kobayashi, o humano que dá origem a todos estes acontecimentos, não ser
ele, mas ela: Sim, Kobayashi é uma mulher! Vivendo uma rotina estressante como
programadora e desenvolvedora de sistemas em uma empresa de escritórios,
Kobayashi é uma pessoa meio ranzinza, fechada, e tem dificuldades para se
enturmar junto das pessoas, vivendo praticamente sozinha, quando acaba
conhecendo Tohru. Adora tomar umas biritas após o expediente, para afogar as
frustrações do dia-a-dia, onde acaba se embriagando com frequência, e sofrendo
fortes e tradicionais ressacas no dia seguinte. Vivendo um estilo de vida sem
ânimo, apenas cumprindo as rotinas diárias, Kobayashi era na verdade solitária
e reclusa, além de possuir um fetiche por empregadas e mordomos, debatendo
sempre sobre o assunto em seus momentos de bebedeira com seu colega de trabalho
Takiya. Mas nada disso impediu Tohru de se apaixonar loucamente por ela após
começarem a viver juntas, uma vez que Kobayashi parecia entender seus
sentimentos e sua situação. Kanna, que a princípio odiava Kobayashi e não
simpatizava nem um pouco com ela, achando que ela “seduzira” Tohru, também
passa a amar a humana, após ela ganhar sua confiança. Lucoa também tem uma afeição
por ela, pela ajuda que deu a sua amiga Tohru, que encontrou a felicidade em
sua nova vida, morando com Kobayashi neste mundo. E até Elma, que a princípio
deveria ser uma inimiga, também acaba se tornando sua amiga, após a humana
ajudá-la a aprender o serviço onde passa a trabalhar, já que ela não sabia nem
mesmo como ligar um simples computador.




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Tohru acaba virando a empregada de
Kobayashi, e aos trancos e barrancos, a vida de ambas nunca mais seria a
mesma, com a dragão se apaixonando loucamente pela sua amiga humana, e ainda
cometendo suas gafes na realização das tarefas domiciliares do cotidiano. |
E, aos
trancos e barrancos, Kobayashi passa a viver tendo uma empregada dragão morando
em sua casa, tornando-se sua mestra. E Tohru tem de aprender como viver direito
no mundo dos humanos, em como ser uma empregada de verdade, e sem apelar para
“hábitos” e gestos de sua natureza de dragão, como quando incinerou a cozinha
do apartamento com seu cuspe de fogo, achando que o fogão não iria esquentar a
contento a comida. Ou quando ela tenta fazer sua mestra experimentar comer a
carne de sua própria cauda, fritinha e temperada, como um sinal de seu amor e
devoção por Kobayashi, que tem sempre de estar atenta ao que come para não
engolir gato, digo, dragão, por lebre. Outro assunto que deixa a garota meio
incomodada é ver que o busto de Tohru é bem maior que o dela; aliás, o peito de
Kobayashi é quase reto, e ela se incomoda quando o pessoal insinua que ela não
é muito feminina porque sua aparência lembra mais um homem do que uma mulher,
ficando muito irritada com isso. Outro problema para Kobayashi é manter Tohru
agindo dentro de limites “humanos”, já que ela diz ser poderosa o bastante para
desencadear o armagedon, a destruição total do mundo. Por isso, quando ela
resolve fazer uma disputa com seus amigos dragões, seja apenas nadando, ou
jogando “queimada”, Kobayashi fica com os nervos à flor da pele, temendo que
Tohru e seus amigos acabem destruindo a cidade sem querer, caso se empolguem
demais, o que não é muito difícil de acontecer...
E assim, em
meio ao sabor dos acontecimentos, a vida de Kobayashi adquire um ânimo
completamente novo e mais alegre, como ela mesma acaba admitindo a contragosto,
de que não tinha o hábito de sorrir, e que desde a chegada de Tohru, passou a
apreciar mais a vida, em que pese continuar sempre vivendo o dia-a-dia meio no
automático, mesmo tendo de aturar algumas confusões causadas por sua empregada
dragão e sua turma. Ela até acaba mudando de apartamento, para acomodar melhor
Tohru e Kanna, uma vez que onde ela vivia era meio pequeno e ficou bem apertado
com suas novas hóspedes. Tohru, por sua vez, está contente em viver nesse
mundo, e apesar de alguns conflitos e até uma ou outra discussão com Kobayashi,
vai mudando de idéia sobre os humanos, a quem via inicialmente apenas como
seres fracos e inferiores aos dragões em tudo e por tudo, aprendendo algumas
lições importantes no seu convívio com eles. Tohru acaba tornando-se muito
popular no comércio do distrito comercial de Oborozuka, onde sempre faz
compras, onde o pessoal acha que ela é uma empregada e cosplayer, pelo modo de
se vestir de “maid”, e assim também ninguém questiona seus chifres na cabeça, o
único aspecto em que ela não consegue disfarçar totalmente sua identidade, bem
como seus olhos, que assim como todos os seus amigos dragões, mantém suas
aparências originais.
Mas não é
apenas a vida de Kobayashi que muda com a chegada de Tohru. Fafnir, mesmo com
sua aparência mal-humorada, e de sempre reclamar do mundo dos humanos, resolve
ficar por aqui uns tempos, e acaba se hospedando na casa do amigo de trabalho
de Kobayashi, Takiya, que como todo otaku, possui uma coleção imensa de tudo
relacionado ao gênero, e eis que Fafnir acaba ficando viciado também em internet,
games, animes, e mangás, chegando até mesmo a criar um fanzine e participar,
junto com o pessoal, do Comic Market, com resultados pra lá de duvidosos. Mas,
apesar da pose mal-humorada, ele acaba desenvolvendo um grande respeito por
Takiya, e ambos se tornam amigos e bons companheiros.
Até mesmo
Lucoa resolve ficar na Terra por uns tempos, e finge que foi invocada por um
garoto que tentava fazer uma invocação de um perigoso demônio, passando a viver
com ele, sendo apresentada como sua irmã, mas causando vários constrangimentos
ao garoto por seu porte para lá de avantajado, deixando até o busto de Tohru no
chinelo, por incrível que pareça.
Já Elma, a
dragão inimiga de Tohru, sem poder voltar para seu mundo, uma vez que não pode
abrir portais dimensionais como sua rival, acaba tendo de arrumar um lugar para
morar, e para não morrer de fome por aqui, e ainda pagar o aluguel, arruma um
emprego justo na mesma companhia onde Kobayashi trabalha, que ainda tem de lhe
ensinar como se usa um computador e tudo mais, já que ela não conhecia
praticamente nada de nosso mundo.
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Elma, rival de Tohru, vem à Terra
acertar contas, mas acaba sendo “subornada” com doces para esquecer as brigas.
Já Fafnir, antissocial e carrancudo, acaba se viciando em animes, games e
mangás, indo morar junto com Takiya, um otaku secretamente assumido. |
O grande
barato da série é mostrar como os personagens tocam suas vidas, e como resolvem
os assuntos, sejam eles humanos ou dragões. Apesar de alguns assuntos sérios e
um momento tenso quando Tohru encara seu pai e o desafia, não há batalhas do
bem contra o mal, uma grande saga a ser contada, algum evento épico, uma
aventura heroica, ou comédia desnecessária. O autor da série consegue conceber
as histórias de modo que os personagens, à sua maneira, percebem seus momentos
do dia-a-dia, e tentam tocar a vida adiante. Em especial, Kobayashi e Tohru,
que vão vencendo seus desafios cotidianos e dando o melhor de si, amadurecendo
em alguns aspectos que dizem respeito a qualquer um de nós, e em como nossas
atitudes no dia-a-dia acabam moldando nossos hábitos e atitudes, por vezes até
de forma sutil e imperceptível, antes que nos demos conta. E de como é preciso
um esforço para mudar essa ordem das coisas que estamos acostumados a
vivenciar, para sermos de fato melhores e mais felizes. Tudo isso recheado com
alguns momentos hilariantes e bem bolados, para fazer rir até mesmo os fãs mais
ranzinzas e mal-humorados, sem deixar a peteca cair.
Kobayashi-san
Chi No Maid Dragon foi criada pelo mangaká Coolkyoushinja (mais um nome, ou
melhor, pseudônimo para lá de complicado de pronunciar) em 2013, sendo
publicado na revista Monthly Action da editora Futabasha, tendo até o presente
momento 8 volumes encadernados. A tradução do nome da série é “A Empregada
Dragão da Senhorita Kobayashi”, e a série ainda está sendo produzida, mas de
forma irregular. Em dezembro de 2016, o autor iniciou um spin-off, intitulado
“O Diário da Vida de Kanna”, contando com 3 volumes até o presente momento,
mostrando o dia-a-dia da pequena travessa dragão. E, em agosto de 2017, ele
começou a publicar outro spin-off da série, agora enfocando as desventuras
vividas pela personagem Elma, a rival de Tohru, com colaboração de Ayami Kazama
produzindo a história e arte.
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Quando Kobayashi enche a cara, após umas bebidas, ela deixa até mesmo
Tohru assustada com seu comportamento. |
O currículo
de Coolkyoushinja até o presente momento não é muito grande, pelo menos no
tamanho das obras que já publicou. Apesar de já ter criado e/ou colaborado em
mais de uma dúzia de títulos, todos eles são compostos de poucos capítulos e
volumes lançados. Além de Kobayashi-san chi No Maid Dragon, ele criou as séries
Peach Boy Riverside; Chichi Chichi; Fukumaden; Danna ga Nani o Itteiru ka Wakaranai
Ken; Komori-san wa Kotowarenai!,entre algumas outras. Uma de suas preferências
é criar séries abordando os acontecimentos do dia-a-dia vividos por personagens
excêntricos e disfuncionais. Em 2014, ele teve seu primeiro trabalho adaptado
para animação, com a série Danna ga Nani o Itteiru ka Wakaranai Ken (“Eu não
entendo o que meu marido está dizendo”, em português), com 13 episódios, e que
no ano seguinte ganhou uma segunda temporada, com mais 13, ambas produzidas
pelo estúdio Seven. O mangá original havia sido lançado em 2011, e conta até o
momento com 5 volumes compilados, mostrando as peripécias e confusões de um
casal onde a esposa vive tendo problemas para entender as manias decorrentes
dos hábitos de seu marido, que é um otaku inveterado, gerando inúmeras
situações curiosas e engraçadas desta relação.
O mangá de
Kobayashi-san segue no mesmo estilo de humor, e começou a fazer um relativo
sucesso entre os leitores, apesar de sua publicação irregular. Tanto que em 2017 enfim as peripécias de Kobayashi e sua empregada dragão ganhou uma
adaptação em anime, produzida pela Kyoto Animation, com 13 episódios, sendo exibida
de 11 de janeiro a 05 de abril de 2017, nas emissoras Tokyo MX, TVA, ABC, e BS11
do Japão. Com uma bela e excelente animação para uma série de TV,
característica das produções da Kyoto Animation, e uma música de abertura bem
legal, cada episódio é dividido em “takes” de tamanhos variados, cada um deles
separados pela inserção de emoticons e outros símbolos comumente usados nas redes
de chats da internet. Geralmente, há uma história principal no episódio, e
estes takes podem tanto contar partes da história como outros acontecimentos
rolando ao mesmo tempo, e até sem ligação com o assunto mostrado até então,
sendo que alguns deles são bem curtinhos, geralmente colocados próximos ao
horário de intervalo ou ao fim dos episódios. A direção da série ficou a cargo
de Yasuhiro Takemoto, que já trabalhou em muitas outras séries de anime, como
Clannad, Inuyasha, Kanon, K-On, Air, The Melancholy of Haruhi Suzumiya, Gate
Keepers, Doraemon (movies), Kimagure Orange Road (movie); foi diretor também
das séries Full Metal Panic? Fumoffu;
Full Metal Panic! The Second Raid; Amagi Brilliant Park; Lucky Star, etc.
Miku Kadowaki, que foi
responsável pelo character design da série, já exerceu a função em outras produções,
como Amagi Brilliant Park, tendo trabalhado também como diretor de animação em
muitas outas, como The Disappearance of Haruhi Suzumiya (movie). Mikiko
Watanabe, diretor de arte, também já desempenhou o mesmo papel em animes como Tamako
Market, Violet Evergarden, e Amagi Brilliant Park. Já Masumi Itou, cantora e
compositora, foi responsável pela trilha sonora, tendo no currículo as
produções musicais de séries como My-Hime, Magical Meow Meow Taruto, Azumanga
Daioh, Scrapped Princess, entre outras.
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Lucoa e sua absurda “comissão de frente” deixa qualquer um sem fôlego,
para desespero do pobre Shouta, que acha que ela é um demônio que quer
seduzi-lo. |
Após os 13
episódios da série, ainda foi produzido um OVA, com acontecimentos que se
passam após a série de TV, e contando portanto como 14º episódio, que veio como
brinde no lançamento da série em vídeo no Japão. O box ainda trouxe alguns
especiais da série, compostos de episódios curtos onde os personagens fazem
maluquices com o nome da série, mostrando o que aconteceria se algumas
perspectivas fossem mudadas, com resultados bem engraçados.
A produção terminou
sem um final, e para felicidade dos fãs, finalmente foi confirmada a produção
de uma nova temporada com novas aventuras de Tohru & Cia., mas que só
deverá chegar em 2021. A demora, infelizmente, se deve ao fato do mangá da
série ainda ser relativamente pequeno, contando com poucos volumes, de modo que
não havia material inédito suficiente para produção de novos episódios de forma
a garantir toda uma nova temporada. E, no ritmo em que o autor vem lançando
novos capítulos, pode demorar bastante até vermos novos episódios em animação,
caso esta segunda temporada seja bem-sucedida como a primeira.
Para
felicidade geral dos fãs de animes, esta série não apenas já está disponível no
Brasil, como também ganhou dublagem em português. A série foi disponibilizada
pela Crunchyroll, que passou a dublar algumas das séries de seu catálogo, as
quais foram exibidas na Rede Brasil, em um horário que passou a servir de
“vitrine” das produções oferecidas pelo sistema de Streaming. A dublagem ficou
a cargo do estúdio Wan Mächer, que também dublou, para exibição no mesmo
sistema, a série “Saga of Tanya the Evil”.
A escolha
de vozes do estúdio carioca para os personagens foi bem satisfatória, bem como
a adaptação de alguns termos. A grande maioria dos dubladores já teve trabalhos
recentes em alguns outros animes exibidos por aqui nos últimos tempos, como
Kakegurui, Os Sete Pecados Capitais, e Black Clover, entre outras séries. Talvez
o único ponto estranho foi que mantiveram os honoríficos da língua japonesa na adaptação
da versão em português, o que destoa um pouco. Temos Koabayashi-san,
Takiya-kun, Kanna-chan, só para citar alguns exemplos. Nada que soe fora do
lugar para quem está acostumado a assistir animes com legendas em português,
mas que pode parecer esquisito para alguns quando dito em português. De
qualquer modo, a dublagem de animes sempre suscita debates entre os fãs, de um
lado os mais ferrenhos, para os quais a dublagem costuma ser um “sacrilégio” e
uma alteração da pureza da obra “original”, enquanto de outro lado muitos
aplaudem a iniciativa do serviço em aumentar as opções de como poder assistir
as séries, uma vez que a dublagem requer um investimento muito mais vultoso do
que apenas legendar os episódios. Se estão dublando, é porque está havendo um
retorno compensador para algumas séries, lembrando que grande parte do público
em geral tem preferência por produções dubladas. Ao menos, mantiveram as
músicas no original em japonês. E, quanto mais gente curtindo a série, melhor
para os fãs e para a Crunchyroll, que certamente continuará investindo firme em
mais e mais títulos para serem disponibilizados ao público nacional.
Agora é
esperar que quando estrear a segunda temporada das aventuras de Kobayashi e sua
empregada-dragão, esta seja não apenas disponibilizada aqui como também seja
dublada, a exemplo da primeira temporada.
PERSONAGENS:
Tohru: Uma dragão-fêmea
da Facção do Caos de um outro mundo que acabou desafiando os deuses e acabou
ferida de morte. Fugindo para a Terra, ela só aguardava o momento de sua morte,
até se encontrar com Kobayashi, que tirou a espada mortal de suas costas e
salvou sua vida. Impressionada com o gesto da humana, resolveu agradecer
tornando-se sua empregada, acabando por se apaixonar por Kobayashi, a quem jura
devotar sua vida de corpo e alma, não necessariamente nessa ordem. É muito
ciumenta, e quase perde as estribeiras quando vê sua “mestra” com outra pessoa.

Kanna Kamui: Uma
dragão-fêmea criança que, de tanto aprontar, acabou exilada em nosso mundo,
como castigo, para aprender a repensar suas atitudes. De início, jura Kobayashi
de morte, acusando-a de ter seduzido sua amada Tohru. Só que, sem lugar para
ficar e onde comer, ela acaba morando junto com elas, e aos poucos, também acaba
desenvolvendo grande afeição pela humana, a quem passa a ver como figura
paterna. Apesar de suas atitudes infantis, é muito perceptiva, e em muitos momentos,
usa de alguns ardis para se favorecer, como na escola, onde acaba ganhando uma
amiga, Riko, que se apaixona loucamente por ela.

Kobayashi: Uma
jovem adulta que mora sozinha, trabalhando como engenheira e programadora de
software na Companhia de Gerenciamento de Sistemas Jigokumeguri. Adora tomar
umas bebidas, para tirar o stress do serviço, e numa dessas, após encher a cara
e ficar bêbada, entrou na floresta e deu de cara com Tohru. A princípio não
gostou da idéia de ter um dragão como empregada, mas acabou ficando com ela.
Apesar de não ser uma otaku como Takiya, tem um enorme conhecimento sobre
empregadas e mordomos, e como isso é retratado nas mídias e na sociedade, daí
ter acabado sugerindo a Tohru que fosse morar com ela como sua empregada.

Makoto Takiya:
Colega de trabalho de Kobayashi, de vez em quando sai junto com ela, e ambos
bebem socialmente com certa frequência. É um otaku e fanzineiro em suas horas
vagas, e sua casa está lotada de figures, jogos de videogame, fanzines, mangás,
discos de anime, etc. De início, acaba não sendo bem visto por Tohru, que fica
com muitos ciúmes quando sua “amada” está com outra pessoa, mesmo que não haja
nenhum relacionamento amoroso entre eles. Mas no fim, acaba sendo aceito por
ela, ainda mais quando a ajuda deixando Fafnir morar com ele. Tohru acaba até
inspirando uma de suas obras de fanzines.

Fafnir: Um dragão
milenar amaldiçoado, que guarda um grande tesouro em uma caverna, e tem ódio
pelos humanos, já que estes tentaram roubá-lo diversas vezes ao longo do tempo.
Convidado por Tohru para uma festinha na casa de Kobayashi, acaba tendo de
assumir uma forma humana, e por incrível que pareça, acaba ficando curioso com
nosso mundo e decide viver aqui por uns tempos. Indo morar junto com Takiya,
acaba ficando completamente viciado em jogos de vídeo-games, mangás, animes, internet,
etc. Está sempre com a cara amarrada, e ameaçando destruir este mundo, e a
humanidade junto, quando fica irritado com alguma coisa.

Quetzalcoatl (Lucoa,
para facilitar): Uma dragão-fêmea que perdeu sua divindade após causar
destruição desenfreada depois de ficar bêbada ao tomar uma poção amaldiçoada,
além de causar outros desaires. É a melhor amiga de Tohru, que a aconselha
frequentemente. Para ficar mais perto dela, acaba vindo morar em nosso mundo,
ficando na casa da família do jovem Shouta, fingindo ter sido invocada pelo
garoto quando este fazia um ritual mágico de invocação de um demônio. Por mais
que afirme para o jovem que é um dragão, ele nunca acredita nela, e vive tendo
pesadelos com sua presença, especialmente quando ela o abraça, e seus peitos
avantajados sobram no rosto do garoto.

Elma: Uma
dragão-fêmea da Facção da Ordem, e rival de Tohru, ela acaba vindo para o nosso
mundo perseguindo-a, e jurando levá-la de volta para impedir que interfira no
mundo dos humanos. Só que, faminta, não conseguiu levar a luta adiante, e sem
conseguir voltar para casa, acaba tendo que morar na Terra, indo trabalhar na
mesma empresa de Kobayashi, onde passa por grandes apuros tendo que aprender o
serviço. Acaba passando por vários percalços, e como está sempre com fome em
alguns momentos, Tohru costuma se aproveitar disso para levar vantagem sobre
ela nas discussões e lutas.

Riko Saikawa:
Garota mais metida da escola onde Kanna vai estudar, gosta de criar caso e se
mostrar para os outros. Acaba se apaixonando pela pequena dragão-fêmea após
esta fingir-se de vítima de suas provocações, tornando-se sua melhor amiga.
Fica maluca quando Kanna lhe dá algum afago, mal conseguindo esconder sua
paixão por ela. Tem uma irmã mais velha fanática por empregadas, vestindo-se e
agindo como uma. Riko ignora completamente a real identidade de Kanna, sendo
uma das poucas pessoas normais da série a não saber do fato de existirem
dragões vivendo em nosso mundo.

Shouta Magatsuchi:
Um garoto de uma família tradicional de magos que, ao tentar fazer um perigoso
ritual de invocação, acabou sendo interrompido por Lucoa, que passa a morar com
ele, sendo apresentada como irmã. Acreditando que ela é um demônio, ainda mais
por sempre abraçá-lo junto a seus volumosos seios, Shouta sempre passa vergonha
quando ela aparece em público com ele, pra não falar dos pesadelos que tem com
ela enquanto dorme, sendo sempre acariciado pela amiga de Tohru. O pai de
Shouta é um dos chefes de Kobayashi na empresa onde ela trabalha, então vez por
outra acaba tendo que cuidar do garoto. E Lucoa vem junto, por tabela...
FICHA TÉCNICA
Diretor: Yasuhiro Takemoto
Composição de série: Yuka Yamada
Desenho de personagens: Miku Kadowaki
Direção de arte: Mikiko Watanabe
Direção de animação: Nobuaki Maruki
Diretor de Som: Yota Tsuruoka
Diretor de fotografia: Akihiro Ura
Música: Masumi Itou
Estúdio: Kyoto Animation
Exibição original: Tokyo MX, TVA, Asahi Broadcasting Corporation,
BS11
VOZES ORIGINAIS
Tohru: Yuki
Kuwahara (Rattle em Freezing; Hime Arikawa em Himegoto; Nozomi Gokuraku em
Centaur's Worries)
Kobayashi:
Mutsumi Tamura (Nat em Made in Abyss; Sayaka Dejima em Seitokai Yakuindomo; Pirsoyn
em Shakugan no Shana III).
Kanna: Maria
Naganawa (Ruri em Divine Gate; Shion Tachibana em Ani Tore!!; Tamaki Honda em Sutera
no Mahou)
Fafnir: Daisuke
Ono (Daisuke Misumi em Chaos;Head; Arthur Auguste Angel em Ao no Exorcist;
Erwin Smith em Attack on Titan)
Lucoa: Minami
Takahashi (Megumi Tadokoro em Shokugeki no Soma; Yuuki Kawarumi em Twin Angels
Break; Sora Kazesawa em Aikatsu!)
Riko Saikawa: Emiri
Katou (Kazura em Zettai Karen Children; Kyubey em Puella Magi Madoka Magica; Roche
Frain Yggdmillennia em Fate/Apocrypha)
Makoto Takiya: Yuichi
Nakamura (Ikuto Tsukiyomi em Shugo Chara!; Alto Saotome em Macross Frontier; Goro
Arashiyama em Shinryaku!? Ika Musume)
Elma: Yuuki
Takada (Rin Kurosawa em Aikatsu!; Rin Onigawara em Armed Girl's Machiavellism; Aoba
Suzukaze em New Game!)
Shouta: Kaori
Ishihara (Suzuna Ayuzawa em Kaichou wa Maid-sama!; Seira Otoshiro em Aikatsu!; Sayu
Hisanuma em Nagi no Asukara)
DUBLAGEM BRASILEIRA
Tohru: Bia
Menezes (Peppa em Peppa Pig; Vera em Pokémon o Filme : Eu Escolho Você!;
Minerva em O Show do Garfield)
Kobayashi: Mariana
Torres (Reiko em Corrector Yui; Wiz em Konosuba; Sol Marron em Black Clover)
Kanna: Camilla Andrade (Jenna em Os Sete Pecados
Capitais; Martha em Death March to The Parallel World Rhapsody; Lapis em In
Another World With My Smartphone).
Fafnir: Renan
Ribeiro (King em Os Sete Pecados Capitais; Marx François em Black Clover; Kreiss
Eins em Akashic Records of Bastard Magical Instructor)
Lucoa: Bruna Laynes
(Yumeko Jabami em Kakegurui; Elaine em Os Sete Pecados Capitais; Rem em RE:
Zero – Começando Minha Vida em Outro Mundo)
Riko Saikawa: Ana Elena Bittencourt (Naomi em Darling in the
Franxx; Noelle Silva em Black Clover; Mary Saotome em Kakegurui)
Makoto Takiya: Yan
Gesteira (Asta em Black Clover; Cosmo Imai em Kengan Ashura; Frank em Little
Witch Academia)
Elma: Lhays Macedo
(Mimosa Vermillion em Black Clover; Leone em Akame ga Kill; Rumia Tingel em Akashic
Records of Bastard Magical Instructor)
Shouta: Charles
Emmanuel (Tenma de Pégaso em Cavaleiros do Zodíaco: Lost Canvas; Gowther em Os
Sete Pecados Capitais; Ash Ketchum em Pokémon Sun & Moon).
CURIOSIDADES
- Kanna é considerada uma criança para os padrões dos
dragões, e por isso, sua forma humana é exatamente a de uma criança, e acaba
por se tornar uma aluna em uma escola do primário, onde acaba fazendo novas
amizades. Como ela não consegue manter seu poder mágico devido ao ambiente
pouco propício em nosso mundo, que não lhe permite absorver mana adequadamente,
ela quebra o galho transformando a ponta de sua cauda em um plugue, e se
conectando em uma tomada, usando a eletricidade para recarregar suas forças. O
visual humano da pequena dragão e suas roupas são inspiradas na cultura dos
nativos indígenas da ilha de Hokkaido, o povo Ainu. Quando ela se apresenta na
escola primária, ela afirma ser de Ushishir, que é uma área vulcânica
desabitada formada por duas ilhotas que são o topo de um vulcão submarino, localizada
no centro da cadeia das Ilhas Kuril, no Mar de Okhotsk, no noroeste do Oceano
Pacífico. Seu nome é derivado da língua Ainu para "fonte termal".
- A Comic Market, evento mostrado na série, é a maior
convenção de fanzines do mundo, como são chamadas as produções de quadrinhos
não-profissionais (entenda-se não lançadas por editoras, mas pelos próprios
desenhistas). Realizado semestralmente em Tóquio, capital do Japão, o evento
atrai um público imenso a cada edição, e muitas séries lançadas por lá não
deixam nada a desejar às séries “profissionais” do mercado editorial, sendo que
muitos artistas inclusive preferem publicar seus trabalhos como fanzines a fim
de terem liberdade total para desenvolver suas histórias, sem submeterem-se às
políticas editoriais das empresas do setor, que muitas vezes coíbe a inspiração
dos seus contratados, para adequarem-se aos títulos que eles publicam.
- Tohru e Kanna são apresentadas aos amigos “normais” de
Kobayashi como parentes distantes que passaram a morar com ela, por isso, as
duas dragões se apresentam às pessoas usando o seu sobrenome. Contudo, o
primeiro nome de Kobayashi nunca é mencionado na série, nem mesmo por seu
companheiro mais íntimo de serviço, Takiya. E quando se apresentou à Tohru e
aos demais dragões, Kobayashi também nunca citou seu primeiro nome.
- Fafnir, nome de um dos dragões amigos de Tohru, é um nome oriundo
da mitologia nórdica. Ele era um dos filhos do rei anão Hreidmar, que era
também pai de Otr e Regin. Em determinada ocasião, Loki acabou caçando e
matando Otr, que estava disfarçado como um animal, o que fez com que Hredimar e
seus filhos sequestrassem Odin e Thor, como vingança pelo assassinato, exigindo
um vultoso tesouro para libertá-los. Loki, contudo, não era chamado de o rei
das trapaças à toa, e entregou a eles um tesouro amaldiçoado, obtendo assim a
libertação de Odin e Thor, e ao mesmo tempo condenando a família do rei anão,
que acabou morto por seus filhos remanescentes, que na ganância, queriam o
tesouro só para eles. Mas Fafnir acabou traindo o próprio irmão Regin, e ficou
com o tesouro apenas para si mesmo, escondendo-o em uma caverna, e acabando por
transformar-se em um dragão para defendê-lo. Regin, contudo, tramou sua
vingança, e mandou seu filho, Siegfried, para matar Fafnir, o que ele conseguiu
realizar, mas não sem antes o dragão amaldiçoar aqueles que cobiçaram seu
tesouro. Essa maldição teria levado Regin a querer matar o próprio filho, para
não dividir o tesouro com mais ninguém, mas ele próprio acabou sendo morto por
Siegfried, como uma confirmação das desgraças que Fafnir teria pregado contra
seus inimigos. Na mitologia européia, a imagem do dragão é o símbolo da
gânancia. Na série, aliás, Fafnir odeia os humanos por tentarem “roubar” o seu
tesouro escondido na caverna.
- Quetzalcoatl, nome da amiga dragão de Tohru, por sua vez,
seria o deus asteca do vento e da aprendizagem, do planeta Vênus, do amanhecer,
dos comerciantes e das artes, artesanato e conhecimento, sendo um dos vários
deuses importantes no panteão asteca, e cuja forma seria de uma serpente
emplumada. Algumas das histórias da mitologia mesoamericana dizem que Quetzalcoatl
teria ingerido uma bebida amaldiçoada oferecida por outro deus, e bêbado, teria
violentado Quetzalpetlatl, uma sacerdotisa celibatária, e sua própria irmã.
Envergonhado, ele teria mandado seus seguidores erigirem um altar, onde se
sacrificou no fogo para purgar seus pecados. Na série, toda vez que Tohru
menciona o passado da amiga, Lucoa faz o maior estardalhaço para que ela não
diga nada a respeito do assunto, mas nas poucas palavras ditas, tudo indica que
se refere a esse momento extremamente constrangedor, que teria ocorrido há
muitos séculos atrás.