segunda-feira, 12 de outubro de 2020

KOBAYASHI-SAN NO MAID DRAGON

            Fazendo um retorno depois de um longo período (é, 2020 está sendo mesmo um ano complicado, mas espero voltar a encontrar o velho ânimo de sempre), aproveito para colocar hoje no blog um texto feito há algum tempo atrás, de uma série recente de animação japonesa muito legal, e que espero que todos possam ter a chance de curtir. Conheçam então a mais fofa empregada-dragão do pedaço... E boa leitura a todos!

 

UMA EMPREGADA DRAGÃO DO BARULHO

 

Conheça as peripécias de um poderoso dragão que resolve viver em nosso mundo da maneira mais inusitada possível.

 

Adriano de Avance Moreno

Tohru, Kanna, Elma e Lucoa, as simpáticas dragões da série.


 

            Uma das grandes vantagens da animação japonesa é a sua versatilidade: há histórias para todos os gostos e gêneros. Temos histórias românticas, de aventuras, fantasia, realidade, comédia, entre outros assuntos. E todos eles apresentam algumas produções que acabam virando grandes sucessos, outras nem tanto, enquanto algumas são simplesmente imperdíveis, façam ou não sucesso. E, depois de um dia cansativo e de correria no serviço, nada melhor do que poder relaxar a cuca assistindo especialmente a uma destas séries de comédia, ainda mais se ela tiver um roteiro que saiba combinar situações hilárias com assuntos sérios, quebrar clichês, e fazer quem assiste se divertir bastante. E assim chegamos a Kobayashi-san Chi No Maid Dragon, onde temos nada menos que um poderoso dragão que vive em nosso mundo trabalhando como... Uma empregada!

            Tudo começa quando uma jovem chamada Kobayashi, depois de mais um dia estressante no trabalho, começa a beber para afogar as frustrações e vai parar no meio de uma floresta. E lá, dá de cara com um enorme dragão com uma espada gigante cravada nas costas, prestes a morrer. Apesar de enxotada pelo dragão, que não confia nos humanos, a humana chamada Kobayashi, achando que está apenas tendo um sonho esquisito em virtude da bebedeira, sobe nas costas da fera mitológica e acaba conseguindo arrancar a espada de lá, salvando assim a vida do dragão, que tão impressionado fica com o gesto da pessoa humana, que numa destas situações surreais, resolve retribuir a gentileza tornando-se... sua empregada, após Kobayashi, em seu estado de embriaguez, acabar convidando o dragão, cujo nome é Tohru, para ir morar em sua casa, já que ambos se encontravam sozinhos.

            E eis que no dia seguinte, o imenso dragão aparece na porta do apartamento de Kobayashi, assumindo a aparência de uma jovem e fofa adolescente vestida como uma empregada estilo “maid”, pronta para morar com ela, como retribuição por salvar-lhe a vida. E é a vida de Kobayashi que nunca mais seria a mesma a partir dali. Kobayashi inicialmente reluta, tentando explicar o estado em que se encontrava quando fez tal convite para o dragão morar em sua casa, e vendo a decepção de Tohru, começa a sentir culpa pelo mal-entendido, mas depois de precisar que Tohru lhe dê uma carona expressa para evitar de chegar atrasada no serviço, Kobayashi até admite que poderia ser legal ter alguém cuidando de seus afazeres domésticos, e acaba por “contratar” Tohru, que obviamente fica muito feliz da vida com isso.

            E assim, temos uma pessoa humana vivendo com um dragão-fêmea como empregada, e encarando todas as confusões que um relacionamento deste tipo poderia ocasionar. E, se um dragão sozinho já causa muita confusão, que tal mais dragões na parada? Logo surge Kanna, outra dragão-fêmea, que descobre o paradeiro de Tohru, e também acaba vivendo junto com ela e Kobayashi. E, um pouco depois, ainda surgem mais dois dragões: Fafnir, um dragão extremamente mal-humorado e sem muita simpatia pelos humanos; e Quetzalcoatl (ô nome complicado de se pronunciar), ou Lucoa, para os amigos, ajudando sempre Tohru a entender melhor o mundo dos humanos e as situações do dia-a-dia. E ainda temos Elma, outra dragão-fêmea disposta a resolver pendengas inacabadas com Tohru, ajudando a tornar tudo ainda mais complicado. E Kobayashi acabando por se enfiar no meio de tudo isso... O que um momento de embriaguez não acaba desencadeando...? Sem mencionar que, a bem ou mal, todos estes dragões acabam se relacionando com Kobayashi, dando início a uma série de amores e afeições, em maior ou menor escala, para sua alegria ou preocupação.




Bêbada após encher a cara depois do expediente, Koabayashi se perde na floresta, onde encontra Tohru, um dragão ferido por uma imensa espada. A jovem acaba retirando a espada e salvando a vida da dragão, e ainda acaba convidando ela para morar em sua casa. O que uma bebedeira não faz a gente fazer sem pensar direito...


            Histórias onde o protagonista principal vive junto com seres sobrenaturais, demônios, alienígenas, ou quaisquer outros tipos de criaturas, que passam a ter uma relação amorosa e/ou de admiração por ele não são exatamente novidade na história da animação japonesa, que já produziu inúmeras séries usando este conceito. Kobayashi-san Chi no Maid Dragon, contudo, já traz como novidade o fato de Kobayashi, o humano que dá origem a todos estes acontecimentos, não ser ele, mas ela: Sim, Kobayashi é uma mulher! Vivendo uma rotina estressante como programadora e desenvolvedora de sistemas em uma empresa de escritórios, Kobayashi é uma pessoa meio ranzinza, fechada, e tem dificuldades para se enturmar junto das pessoas, vivendo praticamente sozinha, quando acaba conhecendo Tohru. Adora tomar umas biritas após o expediente, para afogar as frustrações do dia-a-dia, onde acaba se embriagando com frequência, e sofrendo fortes e tradicionais ressacas no dia seguinte. Vivendo um estilo de vida sem ânimo, apenas cumprindo as rotinas diárias, Kobayashi era na verdade solitária e reclusa, além de possuir um fetiche por empregadas e mordomos, debatendo sempre sobre o assunto em seus momentos de bebedeira com seu colega de trabalho Takiya. Mas nada disso impediu Tohru de se apaixonar loucamente por ela após começarem a viver juntas, uma vez que Kobayashi parecia entender seus sentimentos e sua situação. Kanna, que a princípio odiava Kobayashi e não simpatizava nem um pouco com ela, achando que ela “seduzira” Tohru, também passa a amar a humana, após ela ganhar sua confiança. Lucoa também tem uma afeição por ela, pela ajuda que deu a sua amiga Tohru, que encontrou a felicidade em sua nova vida, morando com Kobayashi neste mundo. E até Elma, que a princípio deveria ser uma inimiga, também acaba se tornando sua amiga, após a humana ajudá-la a aprender o serviço onde passa a trabalhar, já que ela não sabia nem mesmo como ligar um simples computador.





Tohru acaba virando a empregada de Kobayashi, e aos trancos e barrancos, a vida de ambas nunca mais seria a mesma, com a dragão se apaixonando loucamente pela sua amiga humana, e ainda cometendo suas gafes na realização das tarefas domiciliares do cotidiano.


            E, aos trancos e barrancos, Kobayashi passa a viver tendo uma empregada dragão morando em sua casa, tornando-se sua mestra. E Tohru tem de aprender como viver direito no mundo dos humanos, em como ser uma empregada de verdade, e sem apelar para “hábitos” e gestos de sua natureza de dragão, como quando incinerou a cozinha do apartamento com seu cuspe de fogo, achando que o fogão não iria esquentar a contento a comida. Ou quando ela tenta fazer sua mestra experimentar comer a carne de sua própria cauda, fritinha e temperada, como um sinal de seu amor e devoção por Kobayashi, que tem sempre de estar atenta ao que come para não engolir gato, digo, dragão, por lebre. Outro assunto que deixa a garota meio incomodada é ver que o busto de Tohru é bem maior que o dela; aliás, o peito de Kobayashi é quase reto, e ela se incomoda quando o pessoal insinua que ela não é muito feminina porque sua aparência lembra mais um homem do que uma mulher, ficando muito irritada com isso. Outro problema para Kobayashi é manter Tohru agindo dentro de limites “humanos”, já que ela diz ser poderosa o bastante para desencadear o armagedon, a destruição total do mundo. Por isso, quando ela resolve fazer uma disputa com seus amigos dragões, seja apenas nadando, ou jogando “queimada”, Kobayashi fica com os nervos à flor da pele, temendo que Tohru e seus amigos acabem destruindo a cidade sem querer, caso se empolguem demais, o que não é muito difícil de acontecer...

            E assim, em meio ao sabor dos acontecimentos, a vida de Kobayashi adquire um ânimo completamente novo e mais alegre, como ela mesma acaba admitindo a contragosto, de que não tinha o hábito de sorrir, e que desde a chegada de Tohru, passou a apreciar mais a vida, em que pese continuar sempre vivendo o dia-a-dia meio no automático, mesmo tendo de aturar algumas confusões causadas por sua empregada dragão e sua turma. Ela até acaba mudando de apartamento, para acomodar melhor Tohru e Kanna, uma vez que onde ela vivia era meio pequeno e ficou bem apertado com suas novas hóspedes. Tohru, por sua vez, está contente em viver nesse mundo, e apesar de alguns conflitos e até uma ou outra discussão com Kobayashi, vai mudando de idéia sobre os humanos, a quem via inicialmente apenas como seres fracos e inferiores aos dragões em tudo e por tudo, aprendendo algumas lições importantes no seu convívio com eles. Tohru acaba tornando-se muito popular no comércio do distrito comercial de Oborozuka, onde sempre faz compras, onde o pessoal acha que ela é uma empregada e cosplayer, pelo modo de se vestir de “maid”, e assim também ninguém questiona seus chifres na cabeça, o único aspecto em que ela não consegue disfarçar totalmente sua identidade, bem como seus olhos, que assim como todos os seus amigos dragões, mantém suas aparências originais.

            Mas não é apenas a vida de Kobayashi que muda com a chegada de Tohru. Fafnir, mesmo com sua aparência mal-humorada, e de sempre reclamar do mundo dos humanos, resolve ficar por aqui uns tempos, e acaba se hospedando na casa do amigo de trabalho de Kobayashi, Takiya, que como todo otaku, possui uma coleção imensa de tudo relacionado ao gênero, e eis que Fafnir acaba ficando viciado também em internet, games, animes, e mangás, chegando até mesmo a criar um fanzine e participar, junto com o pessoal, do Comic Market, com resultados pra lá de duvidosos. Mas, apesar da pose mal-humorada, ele acaba desenvolvendo um grande respeito por Takiya, e ambos se tornam amigos e bons companheiros.

            Até mesmo Lucoa resolve ficar na Terra por uns tempos, e finge que foi invocada por um garoto que tentava fazer uma invocação de um perigoso demônio, passando a viver com ele, sendo apresentada como sua irmã, mas causando vários constrangimentos ao garoto por seu porte para lá de avantajado, deixando até o busto de Tohru no chinelo, por incrível que pareça.

            Já Elma, a dragão inimiga de Tohru, sem poder voltar para seu mundo, uma vez que não pode abrir portais dimensionais como sua rival, acaba tendo de arrumar um lugar para morar, e para não morrer de fome por aqui, e ainda pagar o aluguel, arruma um emprego justo na mesma companhia onde Kobayashi trabalha, que ainda tem de lhe ensinar como se usa um computador e tudo mais, já que ela não conhecia praticamente nada de nosso mundo.


Elma, rival de Tohru, vem à Terra acertar contas, mas acaba sendo “subornada” com doces para esquecer as brigas. Já Fafnir, antissocial e carrancudo, acaba se viciando em animes, games e mangás, indo morar junto com Takiya, um otaku secretamente assumido.


            O grande barato da série é mostrar como os personagens tocam suas vidas, e como resolvem os assuntos, sejam eles humanos ou dragões. Apesar de alguns assuntos sérios e um momento tenso quando Tohru encara seu pai e o desafia, não há batalhas do bem contra o mal, uma grande saga a ser contada, algum evento épico, uma aventura heroica, ou comédia desnecessária. O autor da série consegue conceber as histórias de modo que os personagens, à sua maneira, percebem seus momentos do dia-a-dia, e tentam tocar a vida adiante. Em especial, Kobayashi e Tohru, que vão vencendo seus desafios cotidianos e dando o melhor de si, amadurecendo em alguns aspectos que dizem respeito a qualquer um de nós, e em como nossas atitudes no dia-a-dia acabam moldando nossos hábitos e atitudes, por vezes até de forma sutil e imperceptível, antes que nos demos conta. E de como é preciso um esforço para mudar essa ordem das coisas que estamos acostumados a vivenciar, para sermos de fato melhores e mais felizes. Tudo isso recheado com alguns momentos hilariantes e bem bolados, para fazer rir até mesmo os fãs mais ranzinzas e mal-humorados, sem deixar a peteca cair.

            Kobayashi-san Chi No Maid Dragon foi criada pelo mangaká Coolkyoushinja (mais um nome, ou melhor, pseudônimo para lá de complicado de pronunciar) em 2013, sendo publicado na revista Monthly Action da editora Futabasha, tendo até o presente momento 8 volumes encadernados. A tradução do nome da série é “A Empregada Dragão da Senhorita Kobayashi”, e a série ainda está sendo produzida, mas de forma irregular. Em dezembro de 2016, o autor iniciou um spin-off, intitulado “O Diário da Vida de Kanna”, contando com 3 volumes até o presente momento, mostrando o dia-a-dia da pequena travessa dragão. E, em agosto de 2017, ele começou a publicar outro spin-off da série, agora enfocando as desventuras vividas pela personagem Elma, a rival de Tohru, com colaboração de Ayami Kazama produzindo a história e arte.


Quando Kobayashi enche a cara, após umas bebidas, ela deixa até mesmo Tohru assustada com seu comportamento.


            O currículo de Coolkyoushinja até o presente momento não é muito grande, pelo menos no tamanho das obras que já publicou. Apesar de já ter criado e/ou colaborado em mais de uma dúzia de títulos, todos eles são compostos de poucos capítulos e volumes lançados. Além de Kobayashi-san chi No Maid Dragon, ele criou as séries Peach Boy Riverside; Chichi Chichi; Fukumaden; Danna ga Nani o Itteiru ka Wakaranai Ken; Komori-san wa Kotowarenai!,entre algumas outras. Uma de suas preferências é criar séries abordando os acontecimentos do dia-a-dia vividos por personagens excêntricos e disfuncionais. Em 2014, ele teve seu primeiro trabalho adaptado para animação, com a série Danna ga Nani o Itteiru ka Wakaranai Ken (“Eu não entendo o que meu marido está dizendo”, em português), com 13 episódios, e que no ano seguinte ganhou uma segunda temporada, com mais 13, ambas produzidas pelo estúdio Seven. O mangá original havia sido lançado em 2011, e conta até o momento com 5 volumes compilados, mostrando as peripécias e confusões de um casal onde a esposa vive tendo problemas para entender as manias decorrentes dos hábitos de seu marido, que é um otaku inveterado, gerando inúmeras situações curiosas e engraçadas desta relação.

            O mangá de Kobayashi-san segue no mesmo estilo de humor, e começou a fazer um relativo sucesso entre os leitores, apesar de sua publicação irregular. Tanto que em 2017 enfim as peripécias de Kobayashi e sua empregada dragão ganhou uma adaptação em anime, produzida pela Kyoto Animation, com 13 episódios, sendo exibida de 11 de janeiro a 05 de abril de 2017, nas emissoras Tokyo MX, TVA, ABC, e BS11 do Japão. Com uma bela e excelente animação para uma série de TV, característica das produções da Kyoto Animation, e uma música de abertura bem legal, cada episódio é dividido em “takes” de tamanhos variados, cada um deles separados pela inserção de emoticons e outros símbolos comumente usados nas redes de chats da internet. Geralmente, há uma história principal no episódio, e estes takes podem tanto contar partes da história como outros acontecimentos rolando ao mesmo tempo, e até sem ligação com o assunto mostrado até então, sendo que alguns deles são bem curtinhos, geralmente colocados próximos ao horário de intervalo ou ao fim dos episódios. A direção da série ficou a cargo de Yasuhiro Takemoto, que já trabalhou em muitas outras séries de anime, como Clannad, Inuyasha, Kanon, K-On, Air, The Melancholy of Haruhi Suzumiya, Gate Keepers, Doraemon (movies), Kimagure Orange Road (movie); foi diretor também das séries Full Metal Panic? Fumoffu; Full Metal Panic! The Second Raid; Amagi Brilliant Park; Lucky Star, etc.

            Miku Kadowaki, que foi responsável pelo character design da série, já exerceu a função em outras produções, como Amagi Brilliant Park, tendo trabalhado também como diretor de animação em muitas outas, como The Disappearance of Haruhi Suzumiya (movie). Mikiko Watanabe, diretor de arte, também já desempenhou o mesmo papel em animes como Tamako Market, Violet Evergarden, e Amagi Brilliant Park. Já Masumi Itou, cantora e compositora, foi responsável pela trilha sonora, tendo no currículo as produções musicais de séries como My-Hime, Magical Meow Meow Taruto, Azumanga Daioh, Scrapped Princess, entre outras.


Lucoa e sua absurda “comissão de frente” deixa qualquer um sem fôlego, para desespero do pobre Shouta, que acha que ela é um demônio que quer seduzi-lo.


            Após os 13 episódios da série, ainda foi produzido um OVA, com acontecimentos que se passam após a série de TV, e contando portanto como 14º episódio, que veio como brinde no lançamento da série em vídeo no Japão. O box ainda trouxe alguns especiais da série, compostos de episódios curtos onde os personagens fazem maluquices com o nome da série, mostrando o que aconteceria se algumas perspectivas fossem mudadas, com resultados bem engraçados.

            A produção terminou sem um final, e para felicidade dos fãs, finalmente foi confirmada a produção de uma nova temporada com novas aventuras de Tohru & Cia., mas que só deverá chegar em 2021. A demora, infelizmente, se deve ao fato do mangá da série ainda ser relativamente pequeno, contando com poucos volumes, de modo que não havia material inédito suficiente para produção de novos episódios de forma a garantir toda uma nova temporada. E, no ritmo em que o autor vem lançando novos capítulos, pode demorar bastante até vermos novos episódios em animação, caso esta segunda temporada seja bem-sucedida como a primeira.



            Para felicidade geral dos fãs de animes, esta série não apenas já está disponível no Brasil, como também ganhou dublagem em português. A série foi disponibilizada pela Crunchyroll, que passou a dublar algumas das séries de seu catálogo, as quais foram exibidas na Rede Brasil, em um horário que passou a servir de “vitrine” das produções oferecidas pelo sistema de Streaming. A dublagem ficou a cargo do estúdio Wan Mächer, que também dublou, para exibição no mesmo sistema, a série “Saga of Tanya the Evil”.

            A escolha de vozes do estúdio carioca para os personagens foi bem satisfatória, bem como a adaptação de alguns termos. A grande maioria dos dubladores já teve trabalhos recentes em alguns outros animes exibidos por aqui nos últimos tempos, como Kakegurui, Os Sete Pecados Capitais, e Black Clover, entre outras séries. Talvez o único ponto estranho foi que mantiveram os honoríficos da língua japonesa na adaptação da versão em português, o que destoa um pouco. Temos Koabayashi-san, Takiya-kun, Kanna-chan, só para citar alguns exemplos. Nada que soe fora do lugar para quem está acostumado a assistir animes com legendas em português, mas que pode parecer esquisito para alguns quando dito em português. De qualquer modo, a dublagem de animes sempre suscita debates entre os fãs, de um lado os mais ferrenhos, para os quais a dublagem costuma ser um “sacrilégio” e uma alteração da pureza da obra “original”, enquanto de outro lado muitos aplaudem a iniciativa do serviço em aumentar as opções de como poder assistir as séries, uma vez que a dublagem requer um investimento muito mais vultoso do que apenas legendar os episódios. Se estão dublando, é porque está havendo um retorno compensador para algumas séries, lembrando que grande parte do público em geral tem preferência por produções dubladas. Ao menos, mantiveram as músicas no original em japonês. E, quanto mais gente curtindo a série, melhor para os fãs e para a Crunchyroll, que certamente continuará investindo firme em mais e mais títulos para serem disponibilizados ao público nacional.

            Agora é esperar que quando estrear a segunda temporada das aventuras de Kobayashi e sua empregada-dragão, esta seja não apenas disponibilizada aqui como também seja dublada, a exemplo da primeira temporada.

 

PERSONAGENS:


Tohru: Uma dragão-fêmea da Facção do Caos de um outro mundo que acabou desafiando os deuses e acabou ferida de morte. Fugindo para a Terra, ela só aguardava o momento de sua morte, até se encontrar com Kobayashi, que tirou a espada mortal de suas costas e salvou sua vida. Impressionada com o gesto da humana, resolveu agradecer tornando-se sua empregada, acabando por se apaixonar por Kobayashi, a quem jura devotar sua vida de corpo e alma, não necessariamente nessa ordem. É muito ciumenta, e quase perde as estribeiras quando vê sua “mestra” com outra pessoa.


Kanna Kamui: Uma dragão-fêmea criança que, de tanto aprontar, acabou exilada em nosso mundo, como castigo, para aprender a repensar suas atitudes. De início, jura Kobayashi de morte, acusando-a de ter seduzido sua amada Tohru. Só que, sem lugar para ficar e onde comer, ela acaba morando junto com elas, e aos poucos, também acaba desenvolvendo grande afeição pela humana, a quem passa a ver como figura paterna. Apesar de suas atitudes infantis, é muito perceptiva, e em muitos momentos, usa de alguns ardis para se favorecer, como na escola, onde acaba ganhando uma amiga, Riko, que se apaixona loucamente por ela.


 Kobayashi: Uma jovem adulta que mora sozinha, trabalhando como engenheira e programadora de software na Companhia de Gerenciamento de Sistemas Jigokumeguri. Adora tomar umas bebidas, para tirar o stress do serviço, e numa dessas, após encher a cara e ficar bêbada, entrou na floresta e deu de cara com Tohru. A princípio não gostou da idéia de ter um dragão como empregada, mas acabou ficando com ela. Apesar de não ser uma otaku como Takiya, tem um enorme conhecimento sobre empregadas e mordomos, e como isso é retratado nas mídias e na sociedade, daí ter acabado sugerindo a Tohru que fosse morar com ela como sua empregada.


Makoto Takiya: Colega de trabalho de Kobayashi, de vez em quando sai junto com ela, e ambos bebem socialmente com certa frequência. É um otaku e fanzineiro em suas horas vagas, e sua casa está lotada de figures, jogos de videogame, fanzines, mangás, discos de anime, etc. De início, acaba não sendo bem visto por Tohru, que fica com muitos ciúmes quando sua “amada” está com outra pessoa, mesmo que não haja nenhum relacionamento amoroso entre eles. Mas no fim, acaba sendo aceito por ela, ainda mais quando a ajuda deixando Fafnir morar com ele. Tohru acaba até inspirando uma de suas obras de fanzines.


Fafnir: Um dragão milenar amaldiçoado, que guarda um grande tesouro em uma caverna, e tem ódio pelos humanos, já que estes tentaram roubá-lo diversas vezes ao longo do tempo. Convidado por Tohru para uma festinha na casa de Kobayashi, acaba tendo de assumir uma forma humana, e por incrível que pareça, acaba ficando curioso com nosso mundo e decide viver aqui por uns tempos. Indo morar junto com Takiya, acaba ficando completamente viciado em jogos de vídeo-games, mangás, animes, internet, etc. Está sempre com a cara amarrada, e ameaçando destruir este mundo, e a humanidade junto, quando fica irritado com alguma coisa.


 Quetzalcoatl (Lucoa, para facilitar): Uma dragão-fêmea que perdeu sua divindade após causar destruição desenfreada depois de ficar bêbada ao tomar uma poção amaldiçoada, além de causar outros desaires. É a melhor amiga de Tohru, que a aconselha frequentemente. Para ficar mais perto dela, acaba vindo morar em nosso mundo, ficando na casa da família do jovem Shouta, fingindo ter sido invocada pelo garoto quando este fazia um ritual mágico de invocação de um demônio. Por mais que afirme para o jovem que é um dragão, ele nunca acredita nela, e vive tendo pesadelos com sua presença, especialmente quando ela o abraça, e seus peitos avantajados sobram no rosto do garoto.


Elma: Uma dragão-fêmea da Facção da Ordem, e rival de Tohru, ela acaba vindo para o nosso mundo perseguindo-a, e jurando levá-la de volta para impedir que interfira no mundo dos humanos. Só que, faminta, não conseguiu levar a luta adiante, e sem conseguir voltar para casa, acaba tendo que morar na Terra, indo trabalhar na mesma empresa de Kobayashi, onde passa por grandes apuros tendo que aprender o serviço. Acaba passando por vários percalços, e como está sempre com fome em alguns momentos, Tohru costuma se aproveitar disso para levar vantagem sobre ela nas discussões e lutas.


Riko Saikawa: Garota mais metida da escola onde Kanna vai estudar, gosta de criar caso e se mostrar para os outros. Acaba se apaixonando pela pequena dragão-fêmea após esta fingir-se de vítima de suas provocações, tornando-se sua melhor amiga. Fica maluca quando Kanna lhe dá algum afago, mal conseguindo esconder sua paixão por ela. Tem uma irmã mais velha fanática por empregadas, vestindo-se e agindo como uma. Riko ignora completamente a real identidade de Kanna, sendo uma das poucas pessoas normais da série a não saber do fato de existirem dragões vivendo em nosso mundo.


Shouta Magatsuchi: Um garoto de uma família tradicional de magos que, ao tentar fazer um perigoso ritual de invocação, acabou sendo interrompido por Lucoa, que passa a morar com ele, sendo apresentada como irmã. Acreditando que ela é um demônio, ainda mais por sempre abraçá-lo junto a seus volumosos seios, Shouta sempre passa vergonha quando ela aparece em público com ele, pra não falar dos pesadelos que tem com ela enquanto dorme, sendo sempre acariciado pela amiga de Tohru. O pai de Shouta é um dos chefes de Kobayashi na empresa onde ela trabalha, então vez por outra acaba tendo que cuidar do garoto. E Lucoa vem junto, por tabela...


 

FICHA TÉCNICA

 

Diretor: Yasuhiro Takemoto

Composição de série: Yuka Yamada

Desenho de personagens: Miku Kadowaki

Direção de arte: Mikiko Watanabe

Direção de animação: Nobuaki Maruki

Diretor de Som: Yota Tsuruoka

Diretor de fotografia: Akihiro Ura

Música: Masumi Itou

Estúdio: Kyoto Animation

Exibição original: Tokyo MX, TVA, Asahi Broadcasting Corporation, BS11

 

VOZES ORIGINAIS

 

Tohru: Yuki Kuwahara (Rattle em Freezing; Hime Arikawa em Himegoto; Nozomi Gokuraku em Centaur's Worries)

Kobayashi: Mutsumi Tamura (Nat em Made in Abyss; Sayaka Dejima em Seitokai Yakuindomo; Pirsoyn em Shakugan no Shana III).

Kanna: Maria Naganawa (Ruri em Divine Gate; Shion Tachibana em Ani Tore!!; Tamaki Honda em Sutera no Mahou)

Fafnir: Daisuke Ono (Daisuke Misumi em Chaos;Head; Arthur Auguste Angel em Ao no Exorcist; Erwin Smith em Attack on Titan)

Lucoa: Minami Takahashi (Megumi Tadokoro em Shokugeki no Soma; Yuuki Kawarumi em Twin Angels Break; Sora Kazesawa em Aikatsu!)

Riko Saikawa: Emiri Katou (Kazura em Zettai Karen Children; Kyubey em Puella Magi Madoka Magica; Roche Frain Yggdmillennia em Fate/Apocrypha)

Makoto Takiya: Yuichi Nakamura (Ikuto Tsukiyomi em Shugo Chara!; Alto Saotome em Macross Frontier; Goro Arashiyama em Shinryaku!? Ika Musume)

Elma: Yuuki Takada (Rin Kurosawa em Aikatsu!; Rin Onigawara em Armed Girl's Machiavellism; Aoba Suzukaze em New Game!)

Shouta: Kaori Ishihara (Suzuna Ayuzawa em Kaichou wa Maid-sama!; Seira Otoshiro em Aikatsu!; Sayu Hisanuma em Nagi no Asukara)

 

DUBLAGEM BRASILEIRA

 

Tohru: Bia Menezes (Peppa em Peppa Pig; Vera em Pokémon o Filme : Eu Escolho Você!; Minerva em O Show do Garfield)

Kobayashi: Mariana Torres (Reiko em Corrector Yui; Wiz em Konosuba; Sol Marron em Black Clover)

Kanna: Camilla Andrade (Jenna em Os Sete Pecados Capitais; Martha em Death March to The Parallel World Rhapsody; Lapis em In Another World With My Smartphone).

Fafnir: Renan Ribeiro (King em Os Sete Pecados Capitais; Marx François em Black Clover; Kreiss Eins em Akashic Records of Bastard Magical Instructor)

Lucoa: Bruna Laynes (Yumeko Jabami em Kakegurui; Elaine em Os Sete Pecados Capitais; Rem em RE: Zero – Começando Minha Vida em Outro Mundo)

Riko Saikawa: Ana Elena Bittencourt (Naomi em Darling in the Franxx; Noelle Silva em Black Clover; Mary Saotome em Kakegurui)

Makoto Takiya: Yan Gesteira (Asta em Black Clover; Cosmo Imai em Kengan Ashura; Frank em Little Witch Academia)

Elma: Lhays Macedo (Mimosa Vermillion em Black Clover; Leone em Akame ga Kill; Rumia Tingel em Akashic Records of Bastard Magical Instructor)

Shouta: Charles Emmanuel (Tenma de Pégaso em Cavaleiros do Zodíaco: Lost Canvas; Gowther em Os Sete Pecados Capitais; Ash Ketchum em Pokémon Sun & Moon).

 

CURIOSIDADES

 

- Kanna é considerada uma criança para os padrões dos dragões, e por isso, sua forma humana é exatamente a de uma criança, e acaba por se tornar uma aluna em uma escola do primário, onde acaba fazendo novas amizades. Como ela não consegue manter seu poder mágico devido ao ambiente pouco propício em nosso mundo, que não lhe permite absorver mana adequadamente, ela quebra o galho transformando a ponta de sua cauda em um plugue, e se conectando em uma tomada, usando a eletricidade para recarregar suas forças. O visual humano da pequena dragão e suas roupas são inspiradas na cultura dos nativos indígenas da ilha de Hokkaido, o povo Ainu. Quando ela se apresenta na escola primária, ela afirma ser de Ushishir, que é uma área vulcânica desabitada formada por duas ilhotas que são o topo de um vulcão submarino, localizada no centro da cadeia das Ilhas Kuril, no Mar de Okhotsk, no noroeste do Oceano Pacífico. Seu nome é derivado da língua Ainu para "fonte termal".

 

- A Comic Market, evento mostrado na série, é a maior convenção de fanzines do mundo, como são chamadas as produções de quadrinhos não-profissionais (entenda-se não lançadas por editoras, mas pelos próprios desenhistas). Realizado semestralmente em Tóquio, capital do Japão, o evento atrai um público imenso a cada edição, e muitas séries lançadas por lá não deixam nada a desejar às séries “profissionais” do mercado editorial, sendo que muitos artistas inclusive preferem publicar seus trabalhos como fanzines a fim de terem liberdade total para desenvolver suas histórias, sem submeterem-se às políticas editoriais das empresas do setor, que muitas vezes coíbe a inspiração dos seus contratados, para adequarem-se aos títulos que eles publicam.

 

- Tohru e Kanna são apresentadas aos amigos “normais” de Kobayashi como parentes distantes que passaram a morar com ela, por isso, as duas dragões se apresentam às pessoas usando o seu sobrenome. Contudo, o primeiro nome de Kobayashi nunca é mencionado na série, nem mesmo por seu companheiro mais íntimo de serviço, Takiya. E quando se apresentou à Tohru e aos demais dragões, Kobayashi também nunca citou seu primeiro nome.

 

- Fafnir, nome de um dos dragões amigos de Tohru, é um nome oriundo da mitologia nórdica. Ele era um dos filhos do rei anão Hreidmar, que era também pai de Otr e Regin. Em determinada ocasião, Loki acabou caçando e matando Otr, que estava disfarçado como um animal, o que fez com que Hredimar e seus filhos sequestrassem Odin e Thor, como vingança pelo assassinato, exigindo um vultoso tesouro para libertá-los. Loki, contudo, não era chamado de o rei das trapaças à toa, e entregou a eles um tesouro amaldiçoado, obtendo assim a libertação de Odin e Thor, e ao mesmo tempo condenando a família do rei anão, que acabou morto por seus filhos remanescentes, que na ganância, queriam o tesouro só para eles. Mas Fafnir acabou traindo o próprio irmão Regin, e ficou com o tesouro apenas para si mesmo, escondendo-o em uma caverna, e acabando por transformar-se em um dragão para defendê-lo. Regin, contudo, tramou sua vingança, e mandou seu filho, Siegfried, para matar Fafnir, o que ele conseguiu realizar, mas não sem antes o dragão amaldiçoar aqueles que cobiçaram seu tesouro. Essa maldição teria levado Regin a querer matar o próprio filho, para não dividir o tesouro com mais ninguém, mas ele próprio acabou sendo morto por Siegfried, como uma confirmação das desgraças que Fafnir teria pregado contra seus inimigos. Na mitologia européia, a imagem do dragão é o símbolo da gânancia. Na série, aliás, Fafnir odeia os humanos por tentarem “roubar” o seu tesouro escondido na caverna.

 

- Quetzalcoatl, nome da amiga dragão de Tohru, por sua vez, seria o deus asteca do vento e da aprendizagem, do planeta Vênus, do amanhecer, dos comerciantes e das artes, artesanato e conhecimento, sendo um dos vários deuses importantes no panteão asteca, e cuja forma seria de uma serpente emplumada. Algumas das histórias da mitologia mesoamericana dizem que Quetzalcoatl teria ingerido uma bebida amaldiçoada oferecida por outro deus, e bêbado, teria violentado Quetzalpetlatl, uma sacerdotisa celibatária, e sua própria irmã. Envergonhado, ele teria mandado seus seguidores erigirem um altar, onde se sacrificou no fogo para purgar seus pecados. Na série, toda vez que Tohru menciona o passado da amiga, Lucoa faz o maior estardalhaço para que ela não diga nada a respeito do assunto, mas nas poucas palavras ditas, tudo indica que se refere a esse momento extremamente constrangedor, que teria ocorrido há muitos séculos atrás.

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