Uma
das melhores séries de mangás já publicados no Brasil está de volta às bancas.
Trata-se de LOBO SOLITÁRIO, série criada por Kazuo Koike e Goseki Kojima,
publicada originariamente no Japão de setembro de 1970 a abril de 1976, pela
revista Weekly Manga Action, da editora Futabasha, e que rendeu 28 volumes
encadernados. A iniciativa é da Panini Comics, que já havia lançado a série em
nosso país na década passada, entre 2004 e 2007, e que agora ganha uma reedição
pela multinacional italiana, com o subtítulo “Edição Luxo”, com a nova edição
apresentando uma qualidade gráfica superior à da primeira edição lançada pela
Panini, como vem sendo praxe nas republicações dos quadrinhos japoneses
realizadas nos últimos anos, não apenas pela própria Panini, mas também por sua
principal rival, a JBC.
Considerada
por muitos críticos como a obra máxima dos mangás, a série “Lobo Solitário” se
tornou referência mundial no que tange às artes visuais como o cinema, por sua
beleza plástica simples e crua, e narrativa paradoxalmente dinâmica e dramática
– característica ímpar da cultura japonesa. A obra também é tida como notório
retrato fidedigno da época de ouro dos samurais, o apogeu da Era do Shogunato,
também conhecido como Período Edo, que durou do ano 1603 até 1868, quando o
Xogun foi deposto pela Revolução Meiji, e dotou o Japão de ares mais modernos.
É neste
momento por vezes conturbado da sociedade japonesa que conhecemos o
protagonista da série, Itto Ogami. Vítima de uma farsa perpetrada pelo clã
Yagyu, que desejava para si o posto de “executores”, uma distinção pertencente
à família Ogami, Itto viu todo o seu clã ser massacrado pelo clã rival. Incriminado
como um traidor, só restaria a Itto cometer o tradicional suicídio dos samurais
japoneses, o seppuku. Mas ele não se matou, e levando seu filho recém-nascido
com ele, passa a perambular pelo Japão, vivendo como um assassino de aluguel.
Exímio espadachim, Ogami também é grande conhecedor de outras artes, como
estratégia militar, e o panorama político da sociedade japonesa. Para viver,
ele vende seus serviços como assassino àqueles que possam contratar. E inicia
sua jornada errante. Este é o caminho sangrento de Itto Ogami e seu filho Daigoro
em busca de vingança contra a poderosa e influente família Yagyu, braço direito
do Shogun, que orquestrou das sombras a ruína do clã Ogami.
A
nova publicação feita pela Panini será com periodicidade bimestral, no formato
13,7x20 cm, 288 páginas, ai preço de R$ 18,90. A primeira edição acaba de
chegar às bancas nacionais. E, além da qualidade gráfica ser superior à da
última publicação, este novo lançamento é baseado na versão original do mangá,
publicada no Japão, enquanto o primeiro lançamento feito pela Panini em nosso
país trouxe a versão que havia sido adaptada pela editora norte-americana Dark
Horse Comics, o que só aumenta o valor desta nova reedição. O sucesso da série
de mangá foi tamanho no Japão que as aventuras de Ogami e seu filho ganharam nada
menos do que 6 filmes para cinema, produzidos entre 1971 e 1974, estrelados
pelo ator Tomisaburo Wakayama no papel de Itto Ogami, e Tomikawa Akihiro como seu
filho Daigoro, e contando com a supervisão da dupla criadora do mangá, o que
lhes garantiu grande fidelidade aos quadrinhos. Todos estes filmes já foram
lançados no mercado de vídeo nacional há pouco tempo atrás, pela distribuidora
Versátil, em um box contendo todos os filmes.
O
mangá de “Lobo Solitário” chegou pela primeira vez ao Brasil em 1988, pela
editora Cedibra, que publicou 9 edições da série, tendo como base a edição
lançada nos Estados Unidos pela First Comics, em 1987. Em 1990, foi a vez da
Nova Sampa trazer de volta as aventuras de Itto Ogami e seu filho Daigoro, com
cerca de 14 números, lançados entre setembro de 1990 a maio de 1991, e depois
tendo uma breve continuação em 1996. Mas em nenhuma destas editoras os leitores
nacionais conseguiram ver toda a obra criada por Kazuo Koike e Goseki Kojima,
que permaneceu incompleta em nosso país até a década seguinte, quando os
quadrinhos japoneses finalmente conquistaram seu lugar no mercado editorial de
quadrinhos nacional de forma estável e duradoura. E esta nova publicação, pela
Panini Comics, apresentou enfim aos leitores brasileiros a história completa de
Ogami e seu filho.
Praticamente
uma década após o encerramento da publicação da série, este relançamento vem em
boa hora para aqueles que sempre ouviram falar de “Lobo Solitário”, mas nunca
tiveram chance de comprar as edições da série, que tornaram-se escassas até
mesmo nos sebos nacionais, mostrando que quem adquiriu a obra em sua última
publicação dificilmente se desfez dela após sua leitura. E a periodicidade
bimestral da nova edição deverá ajudar o leitor a acompanhar a série, em virtude
do momento ainda delicado pelo qual passa nossa economia, onde muitos fãs
infelizmente precisam contar o seu parco dinheiro na hora de escolher uma série
para acompanhar. E uma obra do quilate de “Lobo Solitário” merece ser apreciada
por todos aqueles que curtem bons quadrinhos, sejam eles de que país forem. E
as boas séries não envelhecem jamais, e Lobo Solitário continua tão boa nos
dias de hoje quanto nos dias em que foi criada, há pouco mais de 45 anos atrás.
Um
belo lançamento da Panini, para fechar o ano de 2016 com o pé direito. Os
leitores e amantes da arte sequencial agradecem...
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