segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

PANINI RELANÇA MANGÁ DE “LOBO SOLITÁRIO”



                Uma das melhores séries de mangás já publicados no Brasil está de volta às bancas. Trata-se de LOBO SOLITÁRIO, série criada por Kazuo Koike e Goseki Kojima, publicada originariamente no Japão de setembro de 1970 a abril de 1976, pela revista Weekly Manga Action, da editora Futabasha, e que rendeu 28 volumes encadernados. A iniciativa é da Panini Comics, que já havia lançado a série em nosso país na década passada, entre 2004 e 2007, e que agora ganha uma reedição pela multinacional italiana, com o subtítulo “Edição Luxo”, com a nova edição apresentando uma qualidade gráfica superior à da primeira edição lançada pela Panini, como vem sendo praxe nas republicações dos quadrinhos japoneses realizadas nos últimos anos, não apenas pela própria Panini, mas também por sua principal rival, a JBC.
Considerada por muitos críticos como a obra máxima dos mangás, a série “Lobo Solitário” se tornou referência mundial no que tange às artes visuais como o cinema, por sua beleza plástica simples e crua, e narrativa paradoxalmente dinâmica e dramática – característica ímpar da cultura japonesa. A obra também é tida como notório retrato fidedigno da época de ouro dos samurais, o apogeu da Era do Shogunato, também conhecido como Período Edo, que durou do ano 1603 até 1868, quando o Xogun foi deposto pela Revolução Meiji, e dotou o Japão de ares mais modernos.
É neste momento por vezes conturbado da sociedade japonesa que conhecemos o protagonista da série, Itto Ogami. Vítima de uma farsa perpetrada pelo clã Yagyu, que desejava para si o posto de “executores”, uma distinção pertencente à família Ogami, Itto viu todo o seu clã ser massacrado pelo clã rival. Incriminado como um traidor, só restaria a Itto cometer o tradicional suicídio dos samurais japoneses, o seppuku. Mas ele não se matou, e levando seu filho recém-nascido com ele, passa a perambular pelo Japão, vivendo como um assassino de aluguel. Exímio espadachim, Ogami também é grande conhecedor de outras artes, como estratégia militar, e o panorama político da sociedade japonesa. Para viver, ele vende seus serviços como assassino àqueles que possam contratar. E inicia sua jornada errante. Este é o caminho sangrento de Itto Ogami e seu filho Daigoro em busca de vingança contra a poderosa e influente família Yagyu, braço direito do Shogun, que orquestrou das sombras a ruína do clã Ogami.
                A nova publicação feita pela Panini será com periodicidade bimestral, no formato 13,7x20 cm, 288 páginas, ai preço de R$ 18,90. A primeira edição acaba de chegar às bancas nacionais. E, além da qualidade gráfica ser superior à da última publicação, este novo lançamento é baseado na versão original do mangá, publicada no Japão, enquanto o primeiro lançamento feito pela Panini em nosso país trouxe a versão que havia sido adaptada pela editora norte-americana Dark Horse Comics, o que só aumenta o valor desta nova reedição. O sucesso da série de mangá foi tamanho no Japão que as aventuras de Ogami e seu filho ganharam nada menos do que 6 filmes para cinema, produzidos entre 1971 e 1974, estrelados pelo ator Tomisaburo Wakayama no papel de Itto Ogami, e Tomikawa Akihiro como seu filho Daigoro, e contando com a supervisão da dupla criadora do mangá, o que lhes garantiu grande fidelidade aos quadrinhos. Todos estes filmes já foram lançados no mercado de vídeo nacional há pouco tempo atrás, pela distribuidora Versátil, em um box contendo todos os filmes.
                O mangá de “Lobo Solitário” chegou pela primeira vez ao Brasil em 1988, pela editora Cedibra, que publicou 9 edições da série, tendo como base a edição lançada nos Estados Unidos pela First Comics, em 1987. Em 1990, foi a vez da Nova Sampa trazer de volta as aventuras de Itto Ogami e seu filho Daigoro, com cerca de 14 números, lançados entre setembro de 1990 a maio de 1991, e depois tendo uma breve continuação em 1996. Mas em nenhuma destas editoras os leitores nacionais conseguiram ver toda a obra criada por Kazuo Koike e Goseki Kojima, que permaneceu incompleta em nosso país até a década seguinte, quando os quadrinhos japoneses finalmente conquistaram seu lugar no mercado editorial de quadrinhos nacional de forma estável e duradoura. E esta nova publicação, pela Panini Comics, apresentou enfim aos leitores brasileiros a história completa de Ogami e seu filho.
                Praticamente uma década após o encerramento da publicação da série, este relançamento vem em boa hora para aqueles que sempre ouviram falar de “Lobo Solitário”, mas nunca tiveram chance de comprar as edições da série, que tornaram-se escassas até mesmo nos sebos nacionais, mostrando que quem adquiriu a obra em sua última publicação dificilmente se desfez dela após sua leitura. E a periodicidade bimestral da nova edição deverá ajudar o leitor a acompanhar a série, em virtude do momento ainda delicado pelo qual passa nossa economia, onde muitos fãs infelizmente precisam contar o seu parco dinheiro na hora de escolher uma série para acompanhar. E uma obra do quilate de “Lobo Solitário” merece ser apreciada por todos aqueles que curtem bons quadrinhos, sejam eles de que país forem. E as boas séries não envelhecem jamais, e Lobo Solitário continua tão boa nos dias de hoje quanto nos dias em que foi criada, há pouco mais de 45 anos atrás.
                Um belo lançamento da Panini, para fechar o ano de 2016 com o pé direito. Os leitores e amantes da arte sequencial agradecem...

Nenhum comentário:

Postar um comentário