quarta-feira, 14 de maio de 2014

PANINI LANÇA EDIÇÃO ESPECIAL DE HE-MAN



                Um dos heróis mais cultuados dos anos 1980 está de volta ao mercado nacional de quadrinhos. He-Man, o incansável defensor do planeta Etérnia, cuja série animada ganhou o mundo há aproximadamente 30 anos atrás, acaba de ganhar uma edição especial pela Panini Comics, trazendo o material produzido pela DC Comics. HE-MAN E OS MESTRES DO UNIVERSO - ORIGEM, tem 156 páginas, com capa cartonada, em formato americano, pelo preço de R$ 21,90. A edição compila as edições 1 a 6 da minissérie "Origins", publicada em 2012, como parte do projeto da DC, nova editora do herói nos Estados Unidos, de reapresentar o personagem ao público leitor. Completa o material uma história de uma edição especial ligada diretamente aos acontecimentos mostrados.
                Apesar do nome, a história na verdade trata-se de um "reboot" do personagem, e não sua origem propriamente. No início da história, somos apresentados a um jovem loiro, que vive nas florestas do mundo de Etérnia. Seu nome é Adam e ele é apenas um simples lenhador. Desde que consegue se lembrar, ele tem tido uma vida simples na floresta, onde seu mundo resume-se a seu machado e as árvores que corta com ele. Os terrores além dessas fronteiras são apenas sombras distantes para Adam. Até que o surgimento de um falcão estranhamente familiar muda sua vida para sempre, levando Adam a ser assombrado por lembranças de uma vida diferente. Uma vida repleta de heroísmo, perigo, de bravura, e aventura. Procurando respostas sobre esse passado que nunca conheceu, Adam descobre que sua vida pacata é observada por seres que nunca imaginara, e que agora querem impedi-lo de descobrir o que procura e o assombra. Os seres mais perversos e mortais de Etérnia agora estão no encalço do jovem viajante. Homem-Fera. Aquático. Mandíbula. Maligna. E o senhor da escuridão em pessoa… o Esqueleto. Porque Adam não é o que, ou quem, ele acha que é. Dentro de sua solitária alma, o poder de Grayskull aguarda adormecido, um poder que Adam precisará redescobrir para desvendar sua verdadeira identidade, recuperar seus amigos, e libertar seu mundo da tirania da maior ameaça que ele já conheceu…
                É hora de fazer uma grande jornada, e reencontrar vários personagens que há muito não eram vistos. Os roteiros são de James Robinson, com arte de Keith Giffen, com Philip Tan, Pop Mhan e Geoff Johns completando o elenco de artistas reunidos para trazer de volta ao mundo dos quadrinhos as aventuras do poderoso herói. Servindo de novo ponto de partida, a história vai apresentando aos poucos os personagens, tanto heróis como vilões, até o momento decisivo do renascimento de uma lenda da justiça para o povo de Etérnia, e o início de uma nova leva de aventuras. Com algumas edições especiais e esta minissérie que agora chega ao público leitor brasileiro, a DC iniciou em seguida a publicação de uma série regular com He-Man, com um novo panorama que trará grandes mudanças para os antigos fãs. A série atual do personagem ainda está em publicação pela DC Comics nos EUA, e dependendo da aceitação do público por esta edição, é bem possível que a Panini lance uma nova edição futuramente, assim que houver mais material disponível. Aliás, recentemente a DC publicou um cross-over onde He-Man e seus aliados acabam batendo de frente com a Liga da Justiça, em uma aventura que pode decidir os destinos tanto da Terra quanto de Etérnia, um encontro que pode ser lançado por aqui a qualquer momento, nos mesmos moldes desta primeira edição dos Mestres do Universo. O lançamento de edições especiais encadernadas tem sido uma boa iniciativa da editora, lançando neste tipo de edições algumas séries de personagens que andam sem espaço em alguns títulos regulares tanto da Marvel quanto da DC Comics, conseguindo alcançar melhor os fãs específicos destes personagens.
                No caso de He-Man, o formato é muito convidativo por facilitar aos leitores a aquisição da história completa. Uma pena, contudo, que a editora pecou por não apresentar uma releitura da origem do personagem, mas o seu "renascimento". Talvez tenha sido uma maneira de validar todas as aventuras já criadas, o que não deixa de ser válido, mostrando respeito pelo material produzido anteriormente por outras editoras. Vemos que He-Man e Esqueleto já travaram várias lutas, à medida que descobrimos que os sonhos de Adam não são apenas imaginação sua. Mas fica vários mistérios: como a situação chegou naquele ponto? Como Esqueleto virou o jogo e venceu seu maior inimigo? Como He-Man acabou traído por um de seus aliados? De que modo o Castelo de Grayskull, sede dos segredos do Universo, enfim foi tomado pelo nefasto Esqueleto? Perguntas que ficaram sem respostas, pelo menos nestas histórias que estão sendo lançadas no Brasil.
                É a terceira vez que o personagem ganha uma publicação em quadrinhos nas bancas brasileiras. Nos anos 1980, no auge da fama da série animada produzida pela Filmation, He-Man teve 32 edições lançadas pela Editora Abril, com histórias de qualidades variadas. Na década passada, a Panini lançou por aqui uma das minisséries produzidas pela Image, focadas na série animada produzida em 2002. Agora é a vez da mesma Panini trazer novamente aos leitores as aventuras do personagem, e ficar no aguardo do lançamento de mais histórias em futuro próximo. Mesmo depois de 30 anos de criação, He-Man continua mostrando possuir a "força", com muitos fãs que nunca esqueceram as suas aventuras. E que elas continuem firmes na nova série produzida pela DC Comics. Mas melhor ainda será se os fãs brasileiros continuarem tendo acesso a este material. A Panini deu o primeiro passo. Cabe aos leitores e fãs mostrarem que a iniciativa merece ganhar continuações...

GOBOTS GANHA BOX EM DVD NOS ESTADOS UNIDOS



Enquanto por aqui os fãs saudosistas de séries e animações clássicas atualmente enfrenta a teimosia e incompetência das distribuidoras em explorar devidamente este nicho do mercado de vídeo, nos Estados Unidos a situação é bem diferente. E neste início de mês, mais um título clássico de animação foi disponibilizado aos fãs no mercado estadunidense: os Gobots. Integrando a coleção "Clássicos Hanna-Barbera", que chegou a ter alguns títulos lançados por aqui antes que a filial brasileira da Warner passasse a ignorar completamente os mais novos lançamentos, CHALLENGE OF GOBOTS - THE SERIES, VOLUME 1 já está disponível para compra em um box de 3 discos, contendo os primeiros 30 episódios da série. Como é de praxe nos lançamentos de séries animadas desta coleção pela Warner no mercado americano, só há opção de áudio em inglês, ao preço de cerca de US$ 30,00.
A série foi produzida pela Hanna-Barbera em 1984, tendo estreado em outubro daquele ano, como uma minissérie animada de 5 episódios. Com o bom resultado da audiência, foram produzidos mais 60 episódios, totalizando 65, que foram exibidos até 1986 na TV americana, com direito a várias reprises. Na trama, no distante planeta alienígena Gobotron, os perversos Renegados tramam como conquistar o seu mundo natal e dominar o universo. Para tanto, seu líder, Cy-Kill, faz uma aliança com um cientista terrestre com más intenções, o Doutor Braxis, que vê na ajuda dos alienígenas a chance de se tornar o senhor de nosso planeta, a Terra, promovendo a chegada dos Renegados à Terra, onde iniciam planos de se apoderarem de nosso mundo. Mas os valorosos Guardiões, defensores da paz de Gobotron, descobrem os planos de seus inimigos, e também destacam um grupo selecionado para vir à Terra frustrar os objetivos dos Renegados. E assim, a Terra passa a fazer parte dos combates entre os corajosos Guardiões e os perversos Renegados.
Se o enredo parece familiar, não é para menos, ainda mais se adiantarmos que tanto os Guardiões quanto os Renegados são robôs alienígenas, vindos de um mundo mecânico, e com a capacidade de mudar de forma, transformando-se em veículos variados. Alguém lembrou de Transformers? Pois é, Gobots praticamente pode ser definido como uma "cópia" destes. Não é coincidência, pois quando Gobots estreou nos EUA, na forma de minissérie animada, Transformers havia feito sua estréia cerca de um mês antes, fazendo grande sucesso. Daí para tentarem aproveitar a idéia lançando uma série parecida foi um pulo. E, se a série dos Transformers tinha uma vasta linha de brinquedos à venda, promovida pela Hasbro, patrocinadora e dona dos direitos do nome, que havia adquirido os brinquedos da japonesa Takara, os Gobots também tinham brinquedos de seus personagens à venda, sendo estes produzidos pela Tonka, uma tradicional empresa americana do ramo que produziu também brinquedos de outras séries, como Spiral Zone. E, pra variar, a Tonka havia licenciado estes brinquedos de uma empresa japonesa também, para ver que o esquema utilizado pela Hasbro acabou copiado praticamente na íntegra, mudando-se apenas os nomes envolvidos.
No Brasil, a série estreou na TV Globo, onde foi exibida na programação infantil durante a semana, enquanto Transformers era uma das estrelas da programação dominical da emissora. Coincidência ou não, Gobots estreou aqui vários meses depois de Transformers, e não demorou a ganhar a pecha de "imitação" da primeira série por quem assistia. Todos os 65 episódios da série foram exibidos, com dublagem feita pela Herbert Richers, contando com grandes nomes da área, como Sílvio Navas, José Santa Cruz, Antonio Patiño, e Garcia Neto, entre outros. No fundo, o público curtia as duas séries, apesar da qualidade obviamente superior da série da Hasbro, produzida em conjunto com a Marvel Studios/Toei Animation. E, para alegria dos fãs, se a Estrela trazia uma linha relativamente limitada de brinquedos dos Transformers, a Glasslite e a Mimo fizeram a festa lançando uma variedade bem maior de modelos da série dos Gobots, ainda que com nomes diferentes e que não faziam menção nenhuma em relação à série animada. Na Glasslite, os robôs eram chamados de "Mutantes", enquanto na Mimo eram os "Converts". A garotada aproveitou para fazer a festa, para desespero de muitos pais, uma vez que eram vários brinquedos, e ninguém queria ter apenas um em sua coleção.
Imitação ou não, e mesmo tendo apenas 65 episódios lançados na TV americana, os Gobots ainda conseguiram fazer certo sucesso, ganhando até um filme longa-metragem em animação, intitulado "The Lord Rocks". Este filme aliás, foi lançado no mercado de vídeo nacional, no que foi o único lançamento da série por aqui, ainda nos tempos do VHS. A série de TV foi reprisada algumas vezes na TV Globo, mas depois que saiu do ar, foi mais uma produção a engordar a imensa lista de séries que nunca mais foi reprisada na TV nacional, aberta ou paga.
Curiosamente, a minissérie original dos Gobots acabou lançada em 2011 no mercado americano, também como parte da coleção "Clássicos Hanna-Barbera", da divisão de vídeo da Warner. Esta minissérie, aliás, encontra-se à venda no site americano da loja Amazon (www.amazon.com), bem como na loja virtual da Warner Video (www.wbshop.com) no esquema de confecção "sob demanda": o box é produzido com mídias DVD-R quando solicitado por algum comprador, e não produzido em escala como a grande maioria dos lançamentos em vídeo, produzidos com mídias prensadas. O mesmo esquema está sendo utilizado neste lançamento dos primeiros 30 episódios da série. Não deixa de ser um dado interessante, que indica que o produto é disponibilizado fisicamente apenas quando há uma compra, e portanto, não há produção em massa do mesmo, nem a necessidade de manter estoques. Se parece algo interessante para se diminuir os custos de um lançamento, que normalmente exigem uma tiragem razoável para distribuição em várias lojas a fim de aumentar a oferta, também pode sinalizar que o produto em questão não possui muita atratividade junto ao público consumidor, indicando vendas baixas, que não viabilizariam o lançamento nos moldes convencionais.
É algo que as distribuidoras poderiam implantar aqui no Brasil, se tivessem vontade e empenho, podendo minimizar os custos e riscos do empreendimento, uma vez que todas elas alegam sempre falta de mercado, leia-se vendas baixas, para justificar os cancelamentos do lançamento de séries que deram início, ou de produções às quais nunca têm intenção de oferecer no mercado, espaço que acaba sendo ocupado pela pirataria, que nos últimos tempos tem chegado a lançar alguns materiais interessantes no mercado nacional de vídeo que acabaram ignorados pelas distribuidoras oficiais.
Se a Warner brasileira ainda tivesse a disposição de uma década atrás, este lançamento de Gobots em DVD era algo a ser tido como praticamente certo para chegar ao mercado nacional, ficando a expectativa apenas quanto à data de chegada. Infelizmente, nos últimos tempos, até séries de sucesso consagrado e de grande base de fãs, como Flintstones e Scooby-Doo, ficaram com suas séries de TV restritas às primeiras temporadas, mostrando que o respeito junto ao público consumidor e valorização deste, andam muito em baixa junto à direção da filial brasileira. Depois, se a pirataria resolver aproveitar a oportunidade, que não venham reclamar pelo público comprar um produto "não oficial", quando eles tiveram sua oportunidade e simplesmente deram de ombros...

segunda-feira, 5 de maio de 2014

HQM LANÇA COLETÂNEA DA DARK HORSE



                Chegou às bancas nacionais neste mês de abril mais uma bela opção de leitura para quem curte HQs alternativas. A Editora HQM, que nos últimos tempos vem publicando no mercado nacional a série em quadrinhos do famoso seriado Walking Dead, além do material da Valiant Comics, lançou a revista DARK HORSE APRESENTA, uma publicação mensal que traz várias histórias curtas produzidas por diversos autores para a editora americana Dark Horse. Com 84 páginas coloridas, em papel couché e formato americano, a edição tem preço de R$ 12,90, e a princípio, será mensal. A editora ainda pretende avaliar as vendas dos primeiros números para verificar a viabilidade da publicação. Não foi divulgado quantos números serão lançados ainda no período de experiência. Para os leitores, é a chance de conferir vários materiais interessantes, que são lançados pela editora americana Dark Horse em seu título "Dark Horse Presents", no qual a edição nacional se espelha.
                A edição foi lançada com duas opções de capas. Em uma delas, o destaque vai para Concreto, personagem criado por Paul Chadwick, e que estréia a primeira história da publicação. Na outra capa, a chamada é para Xerxes, de ninguém menos do que Frank Miller, ligada à saga dos "300" de Esparta, que já ganharam dois filmes no cinema. Entre os demais materiais apresentados temos histórias dos artistas Richard Corben, Carla Speed McNeil, Harlan Ellison, Howard Chaykin, Mike Mignola, e Michael T. Gilbert. Uma variedade de profissionais nada desprezível, em que pese alguns nomes serem completamente desconhecidos do público leitor nacional. Dos autores do mix desta primeira edição, além de Paul Chadwick e seu personagem Concreto, os únicos nomes conhecidos são do já citado Frank Miller, que em tempos áureos foi responsável pela cultuada minissérie "Cavaleiro das Trevas", que redefiniu a imagem do Batman nos quadrinhos, além de uma excelente fase de histórias do Demolidor, incluída aqui "A Queda de Murdock"; e Mike Mignola, ninguém menos do que o criador de Hellboy, que já teve várias histórias lançadas pela Mythos, que vez ou outra lança algum encadernado com o personagem.
                São todas histórias curtas, com desempenhos variados, sendo que algumas delas precisam de mais capítulos para mostrar a que vieram. A idéia da revista é apresentar um material mais diversificado, e fazer com que o leitor conheça materiais que seriam mais difíceis de serem veiculados em séries próprias, mas trazendo sempre algum material mais conhecido para capitanear a publicação e ajudar a garantir sua viabilidade comercial, como foi o caso de Concreto, para exemplificar nesta edição de estréia, além de Xerxes, e de uma história produzida por Mignola. A idéia é combinar materiais de autores conhecidos com novos nomes na área, e ampliar o leque de opções disponíveis para publicação. Resta saber se o título vai ter chance de vingar por aqui, e se o leitor terá a paciência necessária para fazer as histórias apresentadas deslancharem e conquistarem seu espaço.
                A idéia de uma revista coletânea para apresentar novos materiais ao público leitor e explorar personagens mais "alternativos" e de qualidade não é novidade no mercado nacional, que volta e meia já viu outras revistas lançadas neste tipo de conceito. O mais recente lançamento ocorreu no ano passado, quando a Mythos Editora lançou a revista "Dredd Megazine", título mensal, em formatão, trazendo vários materiais da conceituada revista inglesa 2000AD, com destaque para o Juiz Dredd, o personagem mais conhecido por estas bandas. Tendo Dredd como âncora, a revista trazia várias histórias de outros personagens e autores, boa parte deles desconhecidos por aqui. Após um período experimental de 6 edições, em que a Mythos avaliou os resultados de vendas, a revista mostrou que havia um público leitor interessado nas histórias suficiente para sustentar a publicação, e ela continua até o momento firme nas bancas nacionais, já completando 12 edições, para alegria de quem quer curtir quadrinhos fora do binômio "comics" e "mangá".
                A iniciativa da HQM é mais do que bem-vinda, por ampliar a oferta de quadrinhos disponíveis no mercado nacional, e oferecer um material que há tempos era ignorado por aqui. A Dark Horse é uma das principais editoras de quadrinhos do mercado americano, situando-se abaixo apenas da Marvel e da DC Comics, e num nível superior na qualidade de seus materiais em relação à Image, tendo publicado quadrinhos de várias séries de cinema, entre as quais Indiana Jones, Exterminador do Futuro, e Guerra nas Estrelas (Star Wars). A publicação de seus materiais no Brasil, entretanto, sempre foi meio irregular, ficando mais focado em minisséries. Em tempos recentes, os quadrinhos de Star Wars tiveram um bom tempo de publicação regular nas bancas nacionais, pela Pixel, mas a publicação acabou encerrada, sem mostrar todo o vasto repertório produzido pela editora americana nos últimos anos. A revista possui excelente qualidade gráfica, o que compensa o preço de R$ 12,90, e num momento onde os leitores perdem uma opção de leitura com o cancelamento da revista Vertigo, pela Panini, após 51 edições, com seu excelente material adulto, este lançamento da HQM transforma-se desde já em uma excelente opção de substituição, em que pese as temáticas terem abordagens ligeiramente diferentes, mas ainda assim, capazes de satisfazer amplamente o leitor que busca histórias adultas de quadrinhos.
                O fato da Dredd Meganize estar conseguindo se manter nas bancas pode ser encarado como um sinal positivo para a viabilidade desta coletânea da HQM. Mas, como estamos falando de Brasil, e de um mercado que nem sempre responde da maneira como esperamos, é esperar para ver, e torcer para que tudo dê certo e a Dark Horse Apresenta se fixe nas bancas, trazendo sempre novos materiais para o público leitor, que certamente apreciará a oportunidade de ler novas e variadas histórias em quadrinhos.

AYRTON SENNA GANHA BIOGRAFIA EM QUADRINHOS



No último dia 1° completaram-se 20 anos desde que morreu aquele que é considerado até hoje um dos maiores pilotos do mundo e da história da Fórmula 1, Ayrton Senna. Aproveitando a data, a Nemo Editora acaba de lançar no mercado nacional uma biografia em quadrinhos do falecido corredor. AYRTON SENNA: A TRAJETÓRIA DE UM MITO, tem roteiro do francês Lionel Froissart, com desenhos dos artistas belgas Christian Papazoglakis e Robert Paquet. A edição, em formato 20 x 28 cm, tem 48 páginas, e está disponível nos formatos impresso (R$ 29,90) e digital (R$ 19,90). O lançamento foi feito também na Europa, e chega agora no Brasil em uma parceria do Instituto Ayrton Senna com a Nemo Editora.
A idéia de criar uma biografia em quadrinhos de Senna nasceu do trio de autores europeus, sendo que Lionel Froissart, inclusive, era amigo de Ayrton, já tendo escrito três livros sobre o piloto brasileiro. O álbum começa com a primeira corrida na chuva de Senna, ainda nos tempos do kart. Depois do flashback, o leitor é levado diretamente para o GP de Mônaco de 1984, ano de sua estréia na Fórmula 1, e palco de seu primeiro show de pilotagem na categoria, quando vinha escalando todo o pelotão debaixo da chuva torrencial que desabava no Principado. Debaixo da chuva e com uma modesta Toleman, ele mostrava ao mundo do que era capaz, ultrapassando todos os adversários à sua frente para assumir a segunda posição. E quando faltava apenas o líder Alain Prost, da McLaren, a corrida foi paralisada, por questões de segurança.
Com uma arte competente, o álbum tenta mostrar o que foi a carreira de Ayrton desde os primórdios até a F-1, mas vários momentos são mostrados de forma superficial. Não por falta de respeito ou competência, mas de espaço mesmo: apenas 48 páginas nunca seriam suficientes para poder retratar devidamente a vida do piloto brasileiro. Mesmo assim, todos os episódios mais marcantes da carreira de Senna estão retratados lá: a vitória dramática do piloto no autódromo de Interlagos em 1991, quando terminou a corrida apenas com a 6ª marcha; as polêmicas com Alain Prost nos GPs do Japão de 1989 e 1990, além, é claro, da conquista do tricampeonato mundial naquele país onde, até hoje, ele é idolatrado. É um lançamento bem oportuno, e uma boa ideia para aproximar a história de Ayrton Senna das novas gerações, principalmente daqueles que não conseguiram vê-lo correr na Fórmula 1, usando a linguagem dos quadrinhos. Não é uma obra perfeita, mas dá para o gasto, desde que não se queira muita profundidade em certos momentos, pela inviabilidade de se mostrar tudo o que havia nas poucas páginas do álbum. Mesmo assim, para os fãs, é uma obra que vale a pena ler, e relembrar momentos cruciais de sua jornada nas pistas de uma forma que antes era contada apenas por textos, vídeos e fotos.
Não é a primeira vez que Senna é protagonista de uma história em quadrinhos. Em 1991, já no auge de sua fama, o brasileiro foi retratado em uma série de mangá publicada no maior semanário do gênero do Japão, a Shon Jump. A série, produzida por Koyou Nishimura (roteiro) e Katsuhiro Nagassawa e Hirohissa Onikubo (desenhos). Com o título de “F. no Senkou – Ayrton Senna no Chousen”, esta série retratava o campeonato daquele ano, que culminou com o tricampeonato do piloto brasileiro, retratado, obviamente, como o "herói" da história, enfrentando os rivais (ou "vilões" para os leitores) Nigel Mansell e Riccardo Patrese, da equipe Williams, que ameaçava seriamente os planos de Ayrton conquistar o tricampeonato. Antes disso, também houve uma outra série, menos importante, lançada antes da mencionada acima, onde Senna também era o protagonista da história, que já era centrada em sua ferrenha rivalidade com o francês Alain Prost.
A fama do piloto brasileiro, que para os japoneses encarnava algumas das características de seus famosos guerreiros samurais, como a forte determinação e perseverança, o levou a ser homenageado nas ilustrações de vários artistas de mangás, entre os quais podemos citar Hojo Tsukasa (autor da série City Hunter), Akira Toriyama (de Dragon Ball), e Masakazu Katsura (de Video Girl Ai), que retrataram o piloto brasileiro em várias ilustrações, além de vários outros.
Curiosamente, mesmo com a fama de Senna naqueles tempos, ninguém sequer pensou em publicar estas histórias produzidas no Japão no Brasil. Os quadrinhos japoneses, claro, não eram familiares ao público leitor brasileiro como são hoje, com várias séries sendo publicadas por editoras nacionais, mas haviam algumas iniciativas isoladas por parte de empresas como a Nova Sampa, e até mesmo a Editora Abril, que lançava alguns materiais nas bancas. E mesmo hoje, com a fama e popularidade dos mangás no mercado editorial brasileiro, também não parece haver interesse em trazer este material para o Brasil, que certamente seria muito interessante para o público leitor de mangás, além da imensa legião de fãs do falecido piloto. Curiosamente, os volumes dos mangás produzidos com Ayrton Senna são difíceis de achar até mesmo no Japão hoje em dia, mostrando que o material, apesar da idolatria dos japoneses por Senna, caiu no esquecimento com o passar os anos, não tendo sequer tido novas edições. Uma pena mesmo, pois oportunidades não faltaram para a obra ser lançada por aqui. Faltou mesmo foi empenho e vontade por parte de alguma editora nacional em disponibilizar este material por aqui. E pelo que se vê atualmente, ainda falta. E o Instituto Ayrton Senna, criado pelo piloto, que licencia vários tipos de produtos com a marca do tricampeão, aparentemente também não parece demonstrar interesse. Até o lançamento deste álbum, o mais próximo que tivemos no mercado editorial nacional foi a série de gibis do personagem Seninha, lançada entre 1994 e 2009 pelas editoras Abril Jovem, Brainstore, e HQM.

domingo, 20 de abril de 2014

FEST COMIX 2014 CHEGANDO



                O Fest Comix, tradicional evento de quadrinhos promovido anualmente pela livraria Comix Book Shop, já tem data e local marcados para a edição 2014. Será a 20ª edição do evento, que começou como um feirão de liquidação de revistas e brinquedos realizado na calçada em frente à Comix anos atrás, e de lá para cá se tornou não apenas a principal feira de revistas do país, como se tornou um evento próprio, com direito a concurso de cosplay, lançamentos especiais, e até convidados internacionais da área de quadrinhos.
                No ano passado, em virtude do local onde o evento era realizado nos últimos tempos estar passando por reformas, não houve edição do Fest Comix, uma vez que todos os demais locais contatados para sediar a edição 2013 não forneceram datas e/ou condições financeiras viáveis de acordo. E, neste ano, em virtude da expectativa dos novos eventos de quadrinhos que devem se realizar no segundo semestre na cidade de São Paulo, os organizadores preferiram adiantar o Fest Comix para o primeiro semestre.
Assim, o evento este ano ocorrerá nos próximos dias 1 a 4 de maio, no Centro de Convenções Imigrantes, próximo ao Terminal Rodoviário do Jabaquara, na Zona Sul da capital paulista. Apesar da proximidade em relação ao Terminal do Jabaquara, os visitantes terão à disposição ônibus gratuitos para percorrer o trajeto, em ambos os sentidos. Os fãs terão nada menos do que 15 mil metros quadrados de espaço para desfrutar da feira e atividades voltadas para quadrinhos e games, e terão ainda mais dois eventos no mesmo local, sendo realizados simultanamente junto com o Fest Comix: o X5 MEGA ARENA, o maior evento de games e E-Sports da América Latina, e o evento Mega Anime X! Na prática, o visitante estará tendo a chance de conferir três eventos em um.
                Contudo, nem tudo são flores: o novo local do evento, bem como a maior área utilizada em relação às edições anteriores, custaram bem mais caro, e em virtude disso, os ingressos sofreram um grande aumento: o valor inteiro do ingresso diário será de R$ 80,00 para quem for adquiri-lo no dia do evento, nas bilheterias do Centro Imigrantes. Para quem for estudante, terá direito a meia-entrada, no valor de R$ 40,00. Além do custo maior do próprio Centro Imigrantes para sediar eventos, outro fator que complicou a situação foi a ausência de patrocinadores, que nas edições anteriores sempre teve apoio de algumas empresas de porte, como o Banco do Brasil, o que ajudava a manter os ingressos a preços mais acessíveis. Já antevendo o impacto de tal aumento no valor dos ingressos junto aos tradicionais fãs do evento, a Comix disponibilizou um lote de ingressos para venda antecipada na sua loja física e no site (www.comix.com.br), com o preço promocional de R$ 15,00. Os ingressos, válidos apenas para um dia cada um, já estão disponíveis para venda há alguns dias, mas os fãs precisam correr, pois estes ingressos antecipados são limitados a 5 mil unidades. Dependendo da demanda, a Comix estudava a possibilidade de liberar um novo lote de ingressos antecipados, mas até o fechamento desta matéria isso não havia sido confirmado. Para tentar compensar, os organizadores afirmam que as promoções nos produtos à venda no feirão estarão com descontos maiores do que os habituais. Outra compensação é que o visitante terá acesso indistinto aos 3 eventos que estarão ocorrendo no local, não ficando restritos a apenas um deles.
                Como já é tradicional no Fest Comix, o evento terá a participação de alguns artistas de renome no mercado de quadrinhos. Até o fechamento desta matéria já estavam confirmados os seguintes nomes:
- Jim Krueger, roteirista das séries Terra X (Marvel), Justiça (DC Comics), e Projeto Superpowers (Dynamite Entertainment), realizadas em parceria com o artista Alex Ross, além de histórias para diversas séries para várias editoras. Krueger estará presente no evento para conversar com os fãs e autografar suas obras;
- Paul Chadwick, criador, roteirista, e desenhista, é um dos grandes nomes dos quadrinhos norte-americanos. Seu principal personagem, Concreto, ajudou a consolidar em definitivo a editora Dark Horse Comics como uma das principais empresas do setor no mercado americano. Suas histórias cheias de perspectivas humanistas ajudaram a conquistar uma legião de fãs e ganhar várias indicações aos principais prêmios do meio. Chadwick também ficou conhecido por suas histórias feitas exclusivamente para o site oficial dos filmes da trilogia Matrix. Na Marvel Comics, assinou o argumento de histórias para as séries Dazzler (Cristal), Deadpool, e Doctor Strange (Doutor Estranho), além de diversos outros trabalhos para a DC Comics e de outras séries publicadas pela Dark Horse. Assim como Jim Kruger, Chadwick estará conversando com os fãs e autografando suas obras no evento.
- Cary Nord, artista ganhador do Eisner por seu trabalho na série Conan para a Dark Horse, vem construindo uma grande trajetória nas editoras americanas, entre elas a Valiant Comics, onde ajudou a refundar todo um universo de aventuras a partir do título "X-O Manowar", obtendo grandes elogios de público e crítica. Assim como seus colegas Krueger e Chadwick, Nord também estará conversando com os fãs e autografando suas obras durante a Fest Comix.
- Para não dizer que não haverá artistas nacionais de renome, o Fest Comix 2014 contará com a presença de uma das maiores revelações dos últimos anos do mercado nacional, o quadrinista mineiro Vitor Cafaggi, que vem conquistando uma verdadeira legião de fãs com seu estilo de arte original e expressivo. Seja com seus próprios personagens, como Valente, ou colaborando em grandes projetos, como a linha Graphic MSP de Mauricio de Sousa, seu nome tem se tornado sinônimo de diversão garantida para os leitores de quadrinhos. Os fãs terão a oportunidade de trocar idéias com o artista durante o evento, onde Cafaggi também irá autografar suas obras.
- Outro artista nacional que estará presente no Fest Comix é Will Conrad. O desenhista mineiro tem se destacado como uma das grandes estrelas recentes do mercado americano de quadrinhos de super-heróis, graças ao seu traço dinâmico, e seu trabalho pode ser visto nos títulos Wolverine, X-Men, Vingadores (Marvel Comics), Asa Noturna, Tropa dos Lanternas Vermelhos, Stormwatch (DC Comics), Sonja (Dynamite Entertainment), Buffy (Dark Horse) e muitos outros. O artista terá seção de autógrafos durante o evento, além de travar um bom bate-papo com os fãs.
                Estarão presentes também no Fest Comix diversas outras lojas lojas oferecendo quadrinhos, como sebos, onde estarão à venda vários títulos de revistas usadas, além de produtos de memorablia sobre quadrinhos e similares. Só na área de quadrinhos de seu feirão, a Comix promete mais de 500 mil revistas à venda para os visitantes, além de vários outros produtos, como brinquedos, videos, etc. O visitante que prepare seu bolso para o impacto das compras. Além dos produtos em oferta, outra atração será o concurso de cosplay, onde os fãs se vestem como seus personagens, sejam de quadrinhos, mangás, filmes ou outra série qualquer, promovido pelo evento em parceria com o grupo Comics Cosplay Br. O concurso cosplay, aliás, será válido não apenas para a Fest Comix, mas também para os eventos X5 Mega Arena e Mega Anime X, com direito a vários prêmios para os vencedores, que serão julgados nas categorias Melhor Apresentação (de personagem) Ocidental (individual), Melhor Apresentação (de personagem) Oriental (individual), Melhor Traje (individual), (Apresentação) Mais cômica (individual), Cosplay Simpatia (individual), Destaque Cosplay (individual), e Melhor Grupo.
                Não faltarão atrações e produtos para fazer a cobiça dos fãs de quadrinhos nesta 20ª edição do Fest Comix. Agora é esperar que o alto valor do ingresso na porta do evento não espante demais os visitantes de última hora, pois a grana de muita gente, infelizmente, anda curta, e nos últimos meses a inflação não tem ajudado muito. Portanto, garantam seus ingressos antecipados o quanto antes. Depois, é se preparar para curtir o evento com tudo o que ele tiver a oferecer.

VERSÁTIL LANÇARÁ BOX COM FILMES DO ESTÚDIO GHIBLI



Os fãs da animação japonesa podem comemorar: por uma destas razões que até Deus duvida, mas que vez por outra costumam acontecer, agora em maio chega ao mercado de vídeo nacional um box especial trazendo nada menos do que 3 filmes do cultuado Estudio Ghibli, de Hayao Miyazaki, um dos diretores mais aclamados da história das produções animadas nipônicas, e cujas produções ganham fama em todo o mundo. E não são apenas os fãs de animes que podem comemorar, mas todos os fãs de uma boa produção em animação.
A iniciativa é da Versátil, uma pequena distribuidora de vídeo que costuma focar seus lançamentos em materiais mais "alternativos" para o mercado, tentando sempre primar pela qualidade, e que acerta em cheio neste lançamento, uma vez que as produções do renomado estúdio têm qualidade comparável às produções da Disney, tanto técnica quanto criativa, e são filmes que podem ser vistos por toda a família, com a vantagem dos títulos produzidos por Miyazaki não ficarem volta e meia piegas por causa do moralismo besta dos americanos em alguns assuntos. Os filmes serão lançados tanto em blu-ray quanto em DVD, e haverá a opção de adquirir tanto o box fechado com os 3 filmes, ou individualmente. O lançamento, que será agora no início de maio, terá venda exclusiva na Livraria Cultura, já estando em pré-venda no site da empresa (www.livrariacultura.com.br).
 Intitulada de COLEÇÃO STUDIO GHIBLI, o preço do box ficará em R$ 149,90 (Blu-ray) e 99,90 (DVD). Quem quiser comprar os filmes individualmente, os preços serão R$ 59,90 (Blu-ray) e R$ 39,90 (DVD). Os títulos que fazem parte do box são "Nausicaä do Vale do Vento", "Meu Amigo Totoro", e "Princesa Mononoke". E, para abrilhantar o pacote, cada disco irá trazer um bom número de extras. Na versão em alta definição, segundo o release, virão os seguintes materiais: Storyboards de Nausicaä, Storyboards de Totoro, O nascimento do Studio Ghibli, Trailers e spots de TV de Nausicaä, Criando Meu Amigo Totoro, Criando as personagens, A experiência Totoro, A perspectiva dos produtores, As locações de Totoro, Compondo a trilha de Miyazaki, Trailers japoneses de Totoro, Making of de Mononoke, Entrevistas de Miyazaki e Suzuki, Três especiais sobre a produção, Trailers e spots de TV. A versão em DVD trará os seguintes materiais: O nascimento do Studio Ghibli, Trailers e spots de TV de Nausicaä, Criando Meu Amigo Totoro, Criando as personagens, A experiência Totoro, A perspectiva dos produtores, As locações de Totoro, Compondo a trilha de Miyazaki, Trailers japoneses de Totoro, Making of de Mononoke, e Entrevistas de Miyazaki e Suzuki.
O único ponto negativo do pacote talvez seja a ausência de dublagem em português em dois dos filmes que compõe o box: apenas Princesa Mononoke, apesar de ser inédito no Brasil, terá áudio em português, além do som original em japonês. A versão em português foi feita há cerca de 15 anos atrás, quando a Disney possuía os direitos de lançamento do longa para o mercado nacional. Infelizmente, o filme acabou nunca sendo lançado por aqui pela Disney, e a dublagem em português feita para o lançamento brasileiro acabou indo parar na edição de colecionador lançada no Japão, e que só agora será vista em nosso país. Os demais filmes, infelizmente, só terão opção de áudio em japonês nos filmes. Meu Amigo Totoro, aliás, já teve lançamento no mercado de vídeo nacional, há quase 20 anos atrás, quando a Flashstar Home Video lançou o filme em VHS em nosso país, mas a dublagem não foi utilizada pela diferença de tempo entre as duas versões: a do VHS tinha 82 minutos, e a que está sendo lançada agora em DVD e Blu-ray tem 88 minutos, o que inviabilizou o uso da dublagem da época, segundo justificativa apresentada. Nausicaä, por sua vez, é inédito no Brasil, e por isso mesmo não terá áudio em português.
 Uma pena, pois os filmes de Hayao Miyazaki, pela fama e qualidade que possuem, ganhariam alcance muito maior se pudessem contar também com o som em português, que facilitaria especialmente para ser acompanhado pelas crianças, que muitas vezes não tem familiaridade para acompanhar produções legendadas. Por ser uma distribuidora pequena, a justificativa da Versátil para não encomendar uma dublagem para Nausicaä, que nunca foi lançado em nosso país anteriormente, é até compreensível. Já quanto à diferença de tempo entre as versões antigas e atual de Totoro, faltou maior vontade da empresa em usar o som da dublagem do VHS, pois seria apenas questão de sincronizar o áudio disponível, e avisar nas capas que nos minutos adicionais não haveria som em português, mas isso apenas se houvesse diálogos nestes minutos, podendo entrar legendas nestes momentos. É um procedimento simples e até corriqueiro em certos lançamentos do mercado de vídeo, quando o áudio em português apresenta falhas e/ou está sendo apresentado em uma versão estendida de alguma produção. Nos fóruns da internet, contudo, criou-se uma discussão entre ter e ou não ter dublagem, que em certos momentos descambou para a falta de respeito e tolerância para quem prefere um modo ou outro. Mas, sendo um lançamento oficial, e em mídia que permite o modo multilinguagem, o melhor é sempre apresentar o produto mais completo possível, oferecendo opções tanto de legendas quanto de áudio em português. Cabe depois ao consumidor, na hora de assistir, ver do modo que melhor lhe agrade. Isso agrega valor ao produto, que possui também melhor apresentação. Infelizmente, no Brasil, as distribuidoras muitas vezes preferem o caminho dos custos mínimos para tentar maximizar os lucros, e a dublagem, por ser um produto mais caro, é quase sempre a sacrificada no rol dos materiais oferecidos.
Mesmo assim, a iniciativa da Versátil é digna de elogios. As produções de Hayao Miyazaki são excelentes, mas até hoje alguns de seus filmes permanecem inéditos no Brasil. Na década de 1990, na febre provocada pelo fenômeno dos Cavaleiros do Zodíaco, as empresas de vídeo lançaram várias animações no mercado nacional. A Flashstar, empresa que mais apostou no segmento, trouxe na época duas produções do Ghibli: Meu Amigo Totoro, e Porco Rosso. Alguns anos depois, houve a expectativa da Disney lançar Princesa Mononoke, mas a distribuidora do Mickey simplesmente engavetou o filme para nunca lançá-lo por aqui. Já nos últimos tempos os fãs tiveram mais sorte, com algumas das mais recentes produções do estúdio sendo lançadas por outras empresas de vídeo, como "A Viagem de Chihiro" e "O Reino dos Gatos" (Europa Filmes), "O Castelo Animado" e "Ponyo - Uma Amizade que Veio do Mar" (Playarte), e "O Mundo dos Pequeninos" (Califórnia Filmes). Mas ainda há vários outros filmes produzidos pelo Studio Ghibli que continuam inéditas por aqui, como o clássico "Laputa, o Castelo dos Céus", e "O Túmulo dos Vagalumes". Em que pese a falta de dublagem em dois dos filmes, o trabalho artístico de confecção das capas tanto dos boxes quanto dos DVDs e Blu-rays ficou excelente, e o rol de extras contidos nos discos contém vários materiais interessantes não só para os fãs do Ghibli como de quem aprecia animações para cinema.
 Nascido em Tóquio em 1941, Hayao Miyazaki iniciou sua carreira profissional na Toei Animation na década de 1960, trabalhando em diversas funções no estúdio até o início da década seguinte, quando deixou a empresa para seguir novos caminhos. Ao fim da década, ele dirigiria sua primeira produção, Mirai Shonen Conan, para TV, e o longa animado "Lupin III: O Castelo de Cagliostro", que lhe deu fama na área de animações. Posteriormente, também dirigiu parte dos episódios da segunda série de TV de Lupin, ao mesmo tempo em que desenvolvia o mangá de Nausicaä, que em 1984 seria lançado nos cinemas japoneses como um longa animado dirigido pelo próprio Miyazaki, obtendo um sucesso estrondoso, e permitindo ao diretor criar seu próprio estúdio de animação: era a fundação do Studio Ghibli, em parceria com Isao Takahata, com quem já trabalhava desde o início dos anos 1970. Em 1986, era levado aos cinemas o primeiro longa criado após a fundação do Ghibli, Laputa, que também obteve um sucesso enorme nos cinemas nipônicos. E de lá para cá então, a fama de boas e excelentes produções do estúdio de Miyazaki não pararam de crescer. Totoro, personagem do filme lançado em 1988, passou a ser utilizado como símbolo do Studio Ghibli, que até hoje segue firme como sinônimo de animação de qualidade no Japão.
Profissional das antigas, não é difícil entender o porquê dos filmes do Ghibli serem tão bem-sucedidos: Miyazaki gosta de contar uma boa história, e procura desenvolver bem os roteiros das produções, dando-lhes profundidade e consistência. Ele condena o excesso de tecnologia empregado em algumas produções atuais, e a falta de criatividade das histórias de muitas animações recentes produzidas no Japão, vítimas do excesso de exploração econômica de editoras e estúdios em cima das séries desenvolvidas por muitos artistas, reclamando das muitas imposições que estes artistas costumam sofrer no meio, muitas vezes impedindo-os de desenvolverem boas histórias em prol da celeridade dos lucros. Apesar da grande fama já conquistada no Japão e em boa parte do Oriente, seu nome ainda luta para conquistar o merecido respeito em determinados locais do Ocidente
Depois do megassucesso de Princesa Mononoke, que bateu todos os recordes de bilheteria no Japão até ser destronado pelo filme "Titanic" de James Cameron, Miyazaki prometeu que iria se aposentar. Para a felicidade de todos os amantes da animação, até hoje ele nunca conseguiu manter a promessa, mantendo-se em plena atividade, apesar de já ter prometido várias vezes nos últimos anos que iria mesmo parar. Com cerca de 73 anos, sua aposentadoria de fato pode estar próxima, mas enquanto ele mantiver sua paixão pelo trabalho e sua integridade e criatividade intacta, podemos contar com sua participação em muitos projetos ainda.
A iniciativa da Versátil de trazer algumas das obras mais relevantes do Ghibli, e que ainda permaneciam inéditas no Brasil - à exceção de Totoro, credencia este feito a ser tratado como um dos lançamentos mais importantes do ano no mercado de vídeo nacional. Espera-se que o lançamento seja bem-sucedido, e que isso traga a esperança da distribuidora tentar repetir a dose trazendo mais alguns filmes de Miyazaki, pois vários deles ainda são totalmente desconhecidos por aqui, mas todos muito bem-feitos e de qualidade artística comprovada.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

SAILOR MOON ENFIM É LANÇADO PELA JBC



                O mercado nacional de mangás está perto de completar 15 anos de publicação contínua, desde que a Conrad iniciou, no começo da década passada, a publicação de Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball, satisfazendo a uma grande parcela de fãs nacionais das animações japonesas, que ansiavam pela possibilidade de lerem os quadrinhos originais das séries que curtiam na TV. Pouco tempo depois, a JBC Editora e Panini Comics também entraram na disputa, fazendo o número de títulos publicados em nosso país aumentar exponencialmente, com a vinda de séries há muito almejadas, como Sakura Card Captor, Yu Yu Hakusho, Rayearth, Naruto, Samurai X, Bleach, Love Hina, entre muitos outros.
                Mas havia um título que continuava sem dar as caras por aqui: Sailor Moon. Uma das séries mais famosas da animação nipônica dos anos 1990, com cerca de 5 fases e 200 episódios para TV, havia cativado inúmeros fãs nacionais com a exibição de sua primeira fase pela TV Manchete. No início da década passada, o canal pago Cartoon Network possibilitou aos fãs verem as fases restantes da série. Mas os quadrinhos originais das aventuras de Usagi Tsukino e suas colegas defensoras da justiça estava longe de dar as caras por aqui. Somente no ano passado a JBC anunciou que enfim, o mangá de Sailor Moon seria publicado no Brasil. Os fãs comemoraram, mas ainda seria preciso esperar mais um pouco. E a JBC, num esforço de tentar mostrar aos fãs o trabalho que dava para se produzir a versão nacional do título, lançou vídeos periódicos na internet mostrando como andava o processo de produção, tentando dar mais transparência e respeito para com os fãs.
                No dia 29 de março último, a espera finalmente chegou ao fim: no evento Henshin+, promovido pela JBC na Livraria Saraiva Mega Store do Shopping Center Norte, em São Paulo, capital, foi feito o lançamento oficial do mangá criado em 1992 por Naoko Takeuchi, com a participação de muitos fãs, com direito até a concurso de cosplay entre os presentes.
                No evento, a editora confirmou que foram mais de 10 anos de negociações para conseguir a liberação do mangá. Em meados da década passada, Naoko Takeuchi se desentendeu com a Toei Animation, produtora da versão animada, e com a Kodansha, editora que publicou o mangá no Japão, devido a direitos de licenciamento do série. Isso ajudou a complicar as tratativas para se lançar Sailor Moon no Brasil, mas a JBC não desistiu da série. Posteriormente, Naoko e as demais partes foram se acertando, e com a normalização das relações, as negociações puderam enfim andar efetivamente. Mesmo assim, não foi fácil. Naoko havia tido experiências ruins com a publicação de sua série em alguns países, e foi preciso muito esforço para fazê-la acreditar na seriedade da editora brasileira, mesmo com o currículo que a JBC havia acumulado desde que passou a publicar mangás no mercado nacional. Mas enfim, todos os obstáculos foram vencidos e o mangá já está nas bancas brasileiras.
                Publicado inicialmente em 18 volumes no Japão, em 2003 a obra sofreu uma "remasterização" por ocasião da produção da versão em live-action da série. Os volumes ganharam mais páginas, de forma que a obra foi reduzida para 12 volumes, que é a versão que está sendo lançada no Brasil. Com o título de PRETTY GUARDIAN SAILOR MOON, cada volume nacional custa R$ 16,50, e vem com cerca de 240 páginas, no formato 18 x 12 cm, com direito a algumas páginas coloridas, igual à versão japonesa. A periodicidade é mensal, e a editora já lançou opção de assinatura para quem quiser receber a série em casa, com direito a ganhar de brinde marcadores de páginas com artes da série, um mimo liberado apenas na publicação brasileira, e que será exclusivo dos assinantes da publicação.
                A série também traz as personagens com seus nomes originais japoneses, e não os nomes adaptados para uso ocidental, como aconteceu com a versão animada, de quando foi exibida no Brasil. E o mangá, aliás, é muito mais sério e dramático do que o anime, que focou bastante no humor, amenizando a violência das lutas e deixando a protagonista, Sailor Moon, até meio bobinha demais em certos momentos. Uma das razões para as diferenças de andamento na história da versão animada deve-se ao fato de que o anime estreou praticamente junto com o mangá no Japão, no início de 1992. Com a série em quadrinhos andando muito mais devagar, o anime sofreu várias alterações para "esticar" as aventuras vividas pelas Sailors, em que pese a essência da história permanecer intacta.
                Usagi Tsukino, nossa heroína na série, é uma jovem ginasial de 14 anos. Como muitas meninas de sua idade, ela é desastrada, distraída e um tanto preguiçosa, o que a leva a tirar nota baixa nas provas. Por um encontro, aparentemente, ao acaso, a jovem acaba conhecendo uma gatinha falante chamada Luna, e através dela, recebe a missão de defender nosso planeta das forças do mal, ganhando para isso incríveis poderes, tornando-se a heroína Sailor Moon. Além de enfrentar as forças do mal, ela também recebe uma grande missão: encontrar as demais guerreiras Sailors e também encontrar a Princesa da Lua, que está em nosso mundo. Desse dia em diante, a vida de Usagi vira de cabeça para baixo: ela será Sailor Moon, e fará a justiça em nome da Lua.
                Este ano, aliás, promete ser especial para os fãs nacionais de Sailor Moon: além de finalmente poderem ter o mangá original nas bancas, todos estão ansiosos com o anúncio do lançamento, para julho no Japão, da nova versão animada da criação de Naoko Takeuchi, que terá o nome de Sailor Moon Crystal, e que segundo as informações já divulgadas, promete ser uma adaptação mais fiel da história do mangá. E a esperança é que a publicação da série pela JBC ajude a nova série animada a vir para cá oficialmente. Infelizmente, a série original não deu muita sorte por aqui: apesar de ter sido exibida quase na íntegra na TV paga, no mercado de vídeo apenas volumes avulsos acabaram sendo lançados, para decepção dos fãs. A mudança de vozes na dublagem das fases da TV paga em relação à fase inicial exibida na TV aberta também desagradou muitos fãs. Quem sabe agora Sailor Moon tenha mais sorte de emplacar direito no Brasil. As dificuldades são muitas, mas os fãs não perdem a esperança. Enquanto isso, é aproveitar e curtir os quadrinhos originais das guerreiras lunares nas bancas nacionais, com o final feliz de uma longa novela de negociações entre a JBC e os japoneses, com a editora nacional nunca fraquejando em sua luta. Por este feito, a JBC merece os devidos cumprimentos do público leitor...