segunda-feira, 14 de abril de 2014

SAILOR MOON ENFIM É LANÇADO PELA JBC



                O mercado nacional de mangás está perto de completar 15 anos de publicação contínua, desde que a Conrad iniciou, no começo da década passada, a publicação de Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball, satisfazendo a uma grande parcela de fãs nacionais das animações japonesas, que ansiavam pela possibilidade de lerem os quadrinhos originais das séries que curtiam na TV. Pouco tempo depois, a JBC Editora e Panini Comics também entraram na disputa, fazendo o número de títulos publicados em nosso país aumentar exponencialmente, com a vinda de séries há muito almejadas, como Sakura Card Captor, Yu Yu Hakusho, Rayearth, Naruto, Samurai X, Bleach, Love Hina, entre muitos outros.
                Mas havia um título que continuava sem dar as caras por aqui: Sailor Moon. Uma das séries mais famosas da animação nipônica dos anos 1990, com cerca de 5 fases e 200 episódios para TV, havia cativado inúmeros fãs nacionais com a exibição de sua primeira fase pela TV Manchete. No início da década passada, o canal pago Cartoon Network possibilitou aos fãs verem as fases restantes da série. Mas os quadrinhos originais das aventuras de Usagi Tsukino e suas colegas defensoras da justiça estava longe de dar as caras por aqui. Somente no ano passado a JBC anunciou que enfim, o mangá de Sailor Moon seria publicado no Brasil. Os fãs comemoraram, mas ainda seria preciso esperar mais um pouco. E a JBC, num esforço de tentar mostrar aos fãs o trabalho que dava para se produzir a versão nacional do título, lançou vídeos periódicos na internet mostrando como andava o processo de produção, tentando dar mais transparência e respeito para com os fãs.
                No dia 29 de março último, a espera finalmente chegou ao fim: no evento Henshin+, promovido pela JBC na Livraria Saraiva Mega Store do Shopping Center Norte, em São Paulo, capital, foi feito o lançamento oficial do mangá criado em 1992 por Naoko Takeuchi, com a participação de muitos fãs, com direito até a concurso de cosplay entre os presentes.
                No evento, a editora confirmou que foram mais de 10 anos de negociações para conseguir a liberação do mangá. Em meados da década passada, Naoko Takeuchi se desentendeu com a Toei Animation, produtora da versão animada, e com a Kodansha, editora que publicou o mangá no Japão, devido a direitos de licenciamento do série. Isso ajudou a complicar as tratativas para se lançar Sailor Moon no Brasil, mas a JBC não desistiu da série. Posteriormente, Naoko e as demais partes foram se acertando, e com a normalização das relações, as negociações puderam enfim andar efetivamente. Mesmo assim, não foi fácil. Naoko havia tido experiências ruins com a publicação de sua série em alguns países, e foi preciso muito esforço para fazê-la acreditar na seriedade da editora brasileira, mesmo com o currículo que a JBC havia acumulado desde que passou a publicar mangás no mercado nacional. Mas enfim, todos os obstáculos foram vencidos e o mangá já está nas bancas brasileiras.
                Publicado inicialmente em 18 volumes no Japão, em 2003 a obra sofreu uma "remasterização" por ocasião da produção da versão em live-action da série. Os volumes ganharam mais páginas, de forma que a obra foi reduzida para 12 volumes, que é a versão que está sendo lançada no Brasil. Com o título de PRETTY GUARDIAN SAILOR MOON, cada volume nacional custa R$ 16,50, e vem com cerca de 240 páginas, no formato 18 x 12 cm, com direito a algumas páginas coloridas, igual à versão japonesa. A periodicidade é mensal, e a editora já lançou opção de assinatura para quem quiser receber a série em casa, com direito a ganhar de brinde marcadores de páginas com artes da série, um mimo liberado apenas na publicação brasileira, e que será exclusivo dos assinantes da publicação.
                A série também traz as personagens com seus nomes originais japoneses, e não os nomes adaptados para uso ocidental, como aconteceu com a versão animada, de quando foi exibida no Brasil. E o mangá, aliás, é muito mais sério e dramático do que o anime, que focou bastante no humor, amenizando a violência das lutas e deixando a protagonista, Sailor Moon, até meio bobinha demais em certos momentos. Uma das razões para as diferenças de andamento na história da versão animada deve-se ao fato de que o anime estreou praticamente junto com o mangá no Japão, no início de 1992. Com a série em quadrinhos andando muito mais devagar, o anime sofreu várias alterações para "esticar" as aventuras vividas pelas Sailors, em que pese a essência da história permanecer intacta.
                Usagi Tsukino, nossa heroína na série, é uma jovem ginasial de 14 anos. Como muitas meninas de sua idade, ela é desastrada, distraída e um tanto preguiçosa, o que a leva a tirar nota baixa nas provas. Por um encontro, aparentemente, ao acaso, a jovem acaba conhecendo uma gatinha falante chamada Luna, e através dela, recebe a missão de defender nosso planeta das forças do mal, ganhando para isso incríveis poderes, tornando-se a heroína Sailor Moon. Além de enfrentar as forças do mal, ela também recebe uma grande missão: encontrar as demais guerreiras Sailors e também encontrar a Princesa da Lua, que está em nosso mundo. Desse dia em diante, a vida de Usagi vira de cabeça para baixo: ela será Sailor Moon, e fará a justiça em nome da Lua.
                Este ano, aliás, promete ser especial para os fãs nacionais de Sailor Moon: além de finalmente poderem ter o mangá original nas bancas, todos estão ansiosos com o anúncio do lançamento, para julho no Japão, da nova versão animada da criação de Naoko Takeuchi, que terá o nome de Sailor Moon Crystal, e que segundo as informações já divulgadas, promete ser uma adaptação mais fiel da história do mangá. E a esperança é que a publicação da série pela JBC ajude a nova série animada a vir para cá oficialmente. Infelizmente, a série original não deu muita sorte por aqui: apesar de ter sido exibida quase na íntegra na TV paga, no mercado de vídeo apenas volumes avulsos acabaram sendo lançados, para decepção dos fãs. A mudança de vozes na dublagem das fases da TV paga em relação à fase inicial exibida na TV aberta também desagradou muitos fãs. Quem sabe agora Sailor Moon tenha mais sorte de emplacar direito no Brasil. As dificuldades são muitas, mas os fãs não perdem a esperança. Enquanto isso, é aproveitar e curtir os quadrinhos originais das guerreiras lunares nas bancas nacionais, com o final feliz de uma longa novela de negociações entre a JBC e os japoneses, com a editora nacional nunca fraquejando em sua luta. Por este feito, a JBC merece os devidos cumprimentos do público leitor...

MYTHOS LANÇA LIVRO COM AS ARTES DE ALEX ROSS



Os amantes da arte do desenhista Alex Ross tem um motivo a mais para comemorar: a Mythos Editora, através do selo Mythos Books, lançou no mês passado no mercado editorial brasileiro uma edição especial dedicada aos belos trabalhos desenvolvidos pelo artista, que causou tremendo impacto no meio dos quadrinhos devido à sua bela arte pintada produzida para a minissérie "Marvels", lançada em 1994 nos Estados Unidos, e que se tornou um dos artistas mais requisitados do mercado de lá para cá, quando o assunto são minisséries e especiais, além de capas alternativas para diversos títulos.
A ARTE EXPLOSIVA DE ALEX ROSS é uma edição primorosa e bem-feita. Com capa dura, e miolo em papel de excelente gramatura, o livro possui nada menos do que 328 páginas, todas coloridas, no formato 23,5 x 31 cm, e traz as interpretações pintadas na exuberante arte realista que Alex Ross fez de diversos super-heróis icônicos, que o tornaram um superastro dentro e fora do mercado americano de quadrinhos, ganhando fãs no mundo inteiro. Na esteira de outros livros consagrados de Ross, como Mythologies e Rough Justice, a Dynamite Entertainment teve o orgulho de reunir inúmeras artes do desenhista com os vários personagens que trabalhou nos últimos 20 anos e apresentar o livro "The Dynamite Art of Alex Ross", título original da obra que agora está disponível aos leitores nacionais com o título "A Explosiva Arte de Alex Ross". O livro foi lançado no mercado americano em dezembro de 2.011, e nem é preciso dizer que deixou os fãs malucos com o material apresentado.
Reunindo todas as ilustrações de capas que o artista fez para a editora Dynamite Entertainment, o livro traz vários outros materiais, como esboços, designs, layouts, trabalhos internos e rascunhos a lápis de vários desenhos nunca publicados, e tudo com comentários do próprio Alex Ross sobre cada um destes trabalhos. Sem dúvida, é um livro que não pode faltar na estante de nenhum fã de quadrinhos que se preze!
Mas há um ponto negativo neste lançamento: o preço! Como já tem sido praxe nos lançamentos feitos no mercado nacional nos últimos anos, com relação a materiais deste quilate e qualidade gráfica apresentada, o valor deste livro infelizmente o tornam acessível a muitos poucos leitores: são R$ 149,90, um valor tremendamente elevado para muitos fãs, que lamentavelmente não terão condições de adquirir uma obra tão elaborada. O lançamento, obviamente, é voltado muito mais para livrarias e comic shops, mas tem aparecido também nas bancas de várias cidades. O lançamento deste tipo de material, que nos velhos tempos era apenas uma ilusão por parte de muitos fãs, que sabiam que o mercado nacional não dava importância a este tipo de material, hoje ficam entre a cruz e a espada: comemoram a mudança de postura das editoras nacionais, que passaram a ver os quadrinhos como algo mais do que entretenimento infantil e voltado apenas para "nerds", mas que por outro lado, ao praticarem preços desta magnitude, ao mesmo tempo que reforçam a gama de lançamentos, também ajudam a "elitizar" cada vez mais este mercado, com efeitos potencialmente danosos, ao restringir o alcance destas obras, e não permitir que mais leitores possam conhecer este belíssimo lançamento.
Nem mesmo o pôster/calendário duplo que vem de brinde ajuda a justificar o preço da edição, que é bem elevado se formos levar em consideração livros com tamanho equivalente e número de páginas similar, apresentando a mesma qualidade gráfica e até melhor. É uma obra ímpar para quem é fã de Ross, certamente, mas para muitos pode ser uma oportunidade perdida em razão do alto preço. Para alguns, o jeito será tentar a sorte em sebos futuramente, mas dificilmente alguém que comprar este livro irá se desfazer dele, o que torna a esperança de comprar em segunda mão algo difícil de ocorrer, embora não impossível.
Nascido em 1970, Nelson Alexander "Alex" Ross causou impacto no mundo dos quadrinhos com sua bela arte pintada e ultrarrealista na minissérie MARVELS, publicada em 1994, com roteiros de Kurt Busiek. O sucesso o levou em 1996 a mais um sucesso, a série KINGDON COME - O Reino do Amanhã, no Brasil, que ganhou há pouco tempo uma bela edição de luxo também no mercado nacional, com argumento de Mark Waid. De lá para cá, Ross se envolveu em vários projetos no mundo dos quadrinhos, como a minissérie TERRA X (Marvel). Nos últimos anos, o artista tem sido sempre requisitado para produzir capas alternativas de várias séries de quadrinhos, sempre mostrando sua arte ímpar, com maior frequência para a Dynamite Entertainment. Entre séries e projetos que ele já ilustrou capas e histórias nesta editora estão Red Sonja, Vampirella, Lone Ranger (Cavaleiro Solitário), Buck Rogers, Tarzan, Green Hornet (Besouro Verde), The Phantom (O Fantasma), e Project Superpowers, entre muitas outras séries. Project Superpowers, aliás, ocupa boa parte deste livro, mostrando diversas capas feitas para a série, além de contar com vários esboços de construção dos diversos personagens da saga, como a Mascarada, o Terror Negro, Demônio Desafiador, entre outros personagens, com capítulos dedicados a cada um deles para suas próprias séries solo. Há capítulos dedicados a Kirby - Genesis, ao crossover Vingadores Versus Invasores (parceria entre a Dynamite e a Marvel), à minissérie sobre o Tocha Humana, além da nova série regular do Homem de Seis Milhões de Dólares; Voltron, e também Flash Gordon.
Sem dúvida, um belíssimo material lançado pela Mythos. Uma pena que não tenha sido oferecida uma versão mais econômica para o público leitor menos abastado. Mesmo uma edição com menos qualidade gráfica ainda permitiria que a belíssima arte de Ross fosse apreciada por um número muito maior de leitores.

terça-feira, 1 de abril de 2014

ALTO ASTRAL ENTRA NO MERCADO NACIONAL DE QUADRINHOS



                Este ano os leitores nacionais de quadrinhos estão ganhando mais uma opção de publicação de novas séries e títulos. A Editora Alto Astral, com mais de 25 anos de experiência no ramo gráfico e editorial, resolveu encarar e tentar a sorte no mercado nacional de quadrinhos, e lançou o selo Astral Comics, sob o qual irá publicar suas HQs. De início, a editora fez uma associação com a editora americana Boom! Studios, e o resultado dessa parceria já está nas bancas.
                Uma delas são os novos quadrinhos de Robocop, lançados no mês de fevereiro no mercado americano pela Boom!. Baseados no novo longa-metragem dirigido pelo brasileiro José Padilha, são 4 edições mostrando o dia-a-dia de Alex Murphy em sua nova rotina como a arma definitiva contra o crima na Detroit do futuro próximo. E o melhor de tudo é que estes títulos chegaram ao Brasil em tempo recorde, praticamente apenas um mês depois de terem sido lançados lá fora.
                As edições de Robocop são "Homem e Máquina", "Viver e Morrer em Detroit", "Lembranças da Morte", e "Beta". Cada edição está sendo lançada idêntica à versão original americana: com 28 páginas ao preço de R$ 5,90, em formato americano, e miolo em papel couché. Duas destas edições já chegaram nas bancas, e as outras duas chegam agora em abril. Graficamente, as edições são bem cuidadas, e o único deslize talvez seja o expediente em inglês da Boom! Studios no verso da capa, que poderia ter sido traduzido para o português, mas não compromete a qualidade da edição. Para quem gostou da nova produção cinematográfica de Robocop, estas edições são uma boa pedida para se adentrar um pouco mais nos dilemas do personagem e suas aventuras no combate ao crime na Detroit do futuro. Já quem não curtiu a nova versão do policial cibernético certamente vai passar longe destes lançamentos.
                E, no próximo mês, a editora já anunciou mais um título que será lançado. Desta vez é a nada menos do que HELLRAISER - THE DARK WATCH, obra criada por ninguém menos do que Clive Barker, que chega em uma edição compilando os primeiros 4 números da nova série de Hellraiser que vem sendo publicada pela Boom! desde 2012 nos Estados Unidos, e que recria o mundo criado por Barker, que aliás, está envolvido na produção da nova série. Esta edição, em formato americano, terá 112 páginas, ao preço de R$ 22,90. O segundo número, com mais 4 histórias, deve sair em junho, e a terceira edição provavelmente sai ainda este ano, uma vez que a série ainda está em andamento no mercado americano. Um prato cheio para quem curtiu a saga criada por Barker nos anos 1980, que depois foi adaptada em um longa-metragem em 1987 que se tornou cult, e que andava há um bom tempo sumida por aqui, desde a última publicação, feita há anos atrás, pela Brainstore, em 2003. Antes disso, a Abril lançou uma minissérie em 4 edições no início da década de 1990. Já o filme ganhou várias continuações, dando início a uma bem-sucedida franquia que só cresceu lá fora. E agora pelo menos os leitores nacionais poderão curtir o novo material em quadrinhos que vem sendo lançado nos Estados Unidos.

               Sempre é bom quando surgem novas editoras que apostam no mercado nacional de quadrinhos. Geralmente são mais propensas a trazerem materiais mais "alternativos", leia-se fora do eixo dos comics das grandes editoras Marvel, DC, Dark Horse ou Image. Entre os exemplos mais recentes temos a HQM, que vem lançando regularmente a série de quadrinhos baseada em um dos mais populares seriados da atualidade, Walking Dead, além de ter trazido para o mercado nacional os personagens da Valiant Comics, como X-O Manowar, Shadowman, entre outros personagens. Quem ganha são os leitores, que encontram mais opções de títulos nas bancas e comic shops. A distribuição dos títulos da Astral Comics será para bancas e comic shops, e também poderão ser adquiridas na loja virtual da editora, no endereço www.editoraaltoastral.com.br/loja.
                Ainda é cedo para dizer se a Alto Astral vai fincar pé no mercado nacional de quadrinhos. São poucos títulos, que servem mais para testar a receptividade dos leitores e do mercado em geral, o que não é ruim, pois dá ao leitor a chance de experimentar o material sem gastar com muitas revistas. Embora as HQs do Robocop peguem mais carona no lançamento do novo filme, Hellraiser já mostra uma aposta mais ousada por parte da Alto Astral, que soube escolher um título que teve história na década de 1980, graças ao filme baseado na obra de Clive Barker, mas que andava praticamente sumido há tempos por aqui. Se a empreitada vingar, poderemos ver novos materiais serem lançados por aqui futuramente. No que tange à Boom! Studios, o material da editora é bem variado, mas é preciso analisar as opções do que se poderia lançar por aqui, uma vez que parte do seu leque de publicações são de títulos totalmente desconhecidos por estas bandas, e nem todos são viáveis de serem publicados, mas nada impede que a Alto Astral vá atrás de outros materiais de outras editoras. Tudo vai depender do retorno de seus primeiros passos.
                Nos fóruns da internet, a receptividade ao material lançado pela nova editora tem sido morno. As HQs do Robocop não têm despertado muita simpatia, em boa parte por muitos considerarem o filme dirigido por Padilha extremamente inferior ao original de 1987. Mas houve também quem considerou as edições caras para o formato da publicação. Já em relação à notícia da publicação de Hellraiser, os fãs ficaram mais animados, por ser um nome cult do gênero de terror, e por ainda ter Clive Barker coordenando as histórias, o que significa que, mesmo sendo uma nova série, o espírito original está sendo respeitado. Resta esperar, então, ver como será a qualidade da edição nacional.
                No ano passado a Alto Astral chegou a lançar uma revista em quadrinhos do Sonic, em formato americano, com 52 páginas, pelo preço de R$ 7,99. Infelizmente a publicação durou apenas o número de estréia, o que não é um retrospecto muito animador. Espera-se que a editora tenha melhor sorte desta vez, pois sempre é bom termos mais editoras apostando no mercado de quadrinhos nacional, ajudando a aumentar o leque de publicações e permitindo o lançamento de materiais variados para o público leitor que certamente merece ter as melhores opções de quadrinhos ao seu alcance. Resta esperar que o mercado, leia-se os leitores, também ajudem nessa empreitada, pois nem sempre os bons materiais conseguem emplacar, restando às editoras como única opção o cancelamento dos títulos.

ABRIL CELEBRA 50 ANOS DO URTIGÃO COM EDIÇÃO ESPECIAL



O matuto mais famoso dos quadrinhos Disney, o Urtigão, está completando 50 anos, e para comemorar o feito, acaba de ganhar uma edição especial da Editora Abril. URTIGÃO - 50 ANOS chegou às bancas neste mês, ao preço de R$ 16,00, e com 308 páginas trazendo várias aventuras do caipira mais turrão de Patópolis, várias delas inéditas no Brasil.
Com capa envernizada com detalhes em alto relevo, a edição ainda traz 3 textos de Marcelo Alencar, explicando a origem do personagem, e a sua trajetória tanto no exterior quanto no Brasil, onde fez grande sucesso e ganhou inúmeras aventuras, boa parte delas produzida em nosso país, que tratou de dar contornos mais tupiniquins ao enfezado sitiante, que surgiu pela primeira vez em uma aventura do Donald e do Peninha, em 1964. Esta história demorou dois anos para sair no Brasil, tendo sido publicada na edição 166 da revista do Mickey, e sendo republicada apenas agora, nesta edição especial.
Mas demorou até 1969, após algumas aventuras, para seu nome finalmente surgir: Hard Haid Moe, que virou Urtigão na versão nacional. Com a criação de um estúdio na Editora Abril para produzir histórias dos personagens Disney para as revistas de linha nacionais, o matuto e seu inseparável companheiro, o Cão, pra não falar de sua espingarda de dois canos, começou a ganhar as primeiras aventuras produzidas por aqui com roteiros que eram enviados pelos próprios americanos, a fim de abastecer as editoras licenciadas, mas não demorou muito para os próprios brasileiros começarem a criar as histórias também, ampliando o leque de opções em que podiam contar com o caipira. Enfezado, anti-social, e detestando as "visitas" indesejáveis do pessoal da cidade, que só sabem perturbar seu sossego e tranquilidade, pouco a pouco o Urtigão foi conquistando a simpatia dos leitores, ao mesmo tempo em que rechaçava os chatos com sua espingarda, disparando tiros de sal grosso em quem quer que teimasse em perturbar o seu sossego. E, também aos poucos, os roteiristas nacionais foram dando ares de brasilidade ao camponês, deixando-o bem familiar aos leitores.
A fama do Urtigão foi crescendo, e apesar da produção de histórias com o personagem ser meio irregular em termos de periodicidade, ele chegou a ganhar algumas edições compilando suas aventuras lançadas. Mas o ponto alto do personagem foi mesmo na década de 1980, quando ganhou um título próprio, Urtigão, revista quinzenal que passou a expandir o universo rural do matuto, apresentando novos personagens, a partir de 1987. Até então, na maioria das aventuras lançadas até então, ele era apenas um coadjuvante, ao lado de Donald, Peninha, Huguinho, Zezinho e Luisinho, e até do Tio Patinhas. Agora era a vez do Urtigão alçar vôo próprio, e graças aos talentos do estúdio da Abril, ele foi longe: o título do personagem durou quase 170 edições, sendo cancelado em 1994 mais pela crise de mercado do que pela falta de sucesso do personagem.
Nesse meio tempo, o Urtigão participou de muita coisa: desde aturar as visitas "indesejáveis" da turma da cidade, com destaque especial para o Peninha, que raras vezes saiu das histórias sem levar um belo tiro de sal grosso do trabuco do enfezado caipira, passando por invasões de índios, ladrões de terras, negociatas com o Tio Patinhas, chegando até a fazer viagens internacionais, tendo ido parar no Rio de Janeiro, onde viveu várias aventuras com o Zé Carioca e o resta da turma da Vila Xurupita. Com o fim da revista própria, o ritmo de produção das aventuras diminuiu, mas o Urtigão só deixaria de ganhar novas aventuras mesmo no início da década passada, quando a Abril desativou seu estúdio de produção de histórias em quadrinhos, situação que lentamente parece estar sendo revertida, com o lançamento de algumas novas histórias do Zé Carioca nos últimos meses.
Mas por enquanto não há expectativa da produção de novas histórias do Urtigão por aqui. Aventuras inéditas, só as produzidas na Europa, porque nos Estados Unidos mesmo, ele só teve poucas, e hoje é praticamente desconhecido por lá. Uma das razões, como é explicado nos textos que acompanham esta edição, é que alguns personagens Disney foram criados mais para serem usados no mercado externo de quadrinhos, como por exemplo, o agente secreto 00-Zéro, e o detetive Sir Lock Holmes. Como consequência, depois das primeiras aventuras criadas pelos americanos para lançar o Urtigão, os europeus e brasileiros ficaram encarregados de produzirem material com o personagem para seus próprios mercados, de modo que nem mesmo os leitores americanos viram mais aventuras do personagem, salvo raras exceções, quando o material criado no exterior acabou sendo lançado no mercado americano de forma ocasional ao longo dos anos.
Mesmo sem muitas histórias inéditas lançadas nos últimos anos, o personagem tem mantido sua fama viva graças às republicações do material produzido no Brasil, e esta edição comemorando seus 50 anos é mais do que bem-vinda, ajudando a apresentar o personagem a vários leitores atuais, e recordando aos mais antigos as peripécias já vividas. Que o Urtigão possa continuar tendo suas aventuras ainda por um bom longo tempo, para azar de quem resolver atrapalhar o seu sossego, pois ele está sempre com sua espingarda à mão, e pronto para atirar...

segunda-feira, 17 de março de 2014

IDW LANÇARÁ EDIÇÃO COMEMORATIVA ESPECIAL DOS 30 ANOS DAS TARTARUGAS NINJAS



                O grupo de tartarugas mutantes ninja mais cultuado do universo pop está comemorando um aniversário especial este ano: trata-se dos 30 anos de criação do grupo, que ganhou as páginas dos quadrinhos pela primeira vez em 1984, num esforço conjunto dos norte-americanos Kevin Eastman e Peter Laird. E de lá para cá estes heróis incomuns ganharam o mundo, ganhando adaptações no cinema, TV, games e o que mais fosse possível. E para comemorar este aniversário em grande estilo, a IDW Publishing, atual editora dos personagens nos Estados Unidos, estará lançando uma edição especial em maio, intitulada TEENAGE MUTANT NINJA TURTLES - 30TH ANNIVERSARY SPECIAL. Raphael, Leonardo, Donatello e Michelangelo podem ser ainda tartarugas mutantes ninja adolescentes nos quadrinhos, mas suas aventuras há muito tempo já ganharam maioridade no universo da arte sequencial, e esta edição especial que a IDW está lançando é apenas uma pequena homenagem frente ao sucesso que os personagens fazem há 3 décadas.
                Com o preço de US$ 7,99, a edição será uma antologia, com cerca de 48 páginas, trazendo inúmeras histórias curtas dos personagens criadas por ninguém menos do que a dupla criadora original. Isso mesmo: depois de anos apenas gerenciando o império comercial criado em torno dos personagens, Kevin Eastman e Peter Laird voltaram à prancheta para criar um pacote de histórias para esta ocasião especial, que deverá trazer inúmeros personagens "convidados" para o acontecimento. É a primeira vez, em mais de 20 anos, que a dupla cria novas histórias de seus próprios personagens. E, além das histórias, a dupla também assina a arte da capa, para fã nenhum botar defeito.
                "As Tartarugas Ninjas têm sido uma parte importante da vida de inúmeros fãs, inclusive eu", declarou o editor responsável pela série na IDW, Bobby Curnow. "Ter a oportunidade de comemorar esta rica história é uma oportunidade incrível. Quase tão incrível como apreciar o novo material criado pela nova equipe criativa.", finalizou.
                "Trabalhar com a equipe maravilhosa e surpreendente dos quadrinhos das Tartarugas dos últimos três anos me lembrou o quanto eu perdi e adoro nestes quatro caras verdes", disse Kevin Eastman. "Trabalhar novamente com o com o meu co-criador Peter Laird é a cereja no topo do bolo - e mais um pouco. Isso realmente me levou de volta 30 anos atrás, para os primeiros dias, com as melhores lembranças, e de por que resolvemos entrar neste negócio em primeiro lugar", completa.
                Segundo a IDW, o especial de 30º aniversário será uma edição com histórias inspiradas cada uma em uma época diferente da rica história das Tartarugas Ninjas, e apresentará um olhar único, de modo a sentir a voz daquele período de tempo. Considerado um dos programas de televisão das crianças mais populares criados na década de 1980, as Tartarugas Ninjas se tornou um clássico desde o princípio, quando foram criados em 1984 por Kevin Eastman e Peter Laird, após tentativas fracassadas de conseguirem emplacar alguns personagens criados por eles no mercado de quadrinhos. A dupla, aliás, diante da negativa das editoras, resolveu produzir e lançar a edição de estréia dos personagens bancando tudo do próprio bolso, em uma tiragem pequena que logo precisou ganhar o reforço de novas impressões, tamanho o sucesso que a história havia feito entre o público que adquiriu a edição. Dali em diante para ganharem o mundo, foi praticamente um pulo. Da estréia como uma série de quadrinhos cujos personagens e histórias cativaram o público tão rapidamente, não demorou para ganharem um filme nos cinemas, além de uma série de desenho animado que fez enorme sucesso em todo o mundo, o que os fez ganharem novas aventuras, tanto no cinema quanto na TV ao longo destes 30 anos.
                No Brasil, os personagens ficaram conhecidos pelo lançamento do primeiro filme nos cinemas, seguidos pela série animada, que se tornou mais um sucesso na TV brasileira ao lado de outras produções animadas exibidas naqueles tempos. Os quadrinhos dos personagens, contudo, já tiveram mais problemas para emplacar por aqui. Ganharam uma única edição pela Nova Sampa em 1990, mas só há alguns anos atrás ganharam uma edição realmente caprichada, publicada pela Devir Livraria, relançando parte do material publicado pela Sampa, que havia ficado incompleto na época, e que agora podia ser lido na íntegra. Mas ficou apenas nisso, em um único álbum, com cerca de 264 páginas. De lá para cá, as Tartarugas sumiram do mercado editorial nacional por um tempo, retornando em uma série mensal pela pela Panini Comics em 2012, que lançou o material publicado pela IDW, tendo 9 edições lançadas entre setembro de 2012 e maio de 2013, quando a editora deu uma pausa no título, com a edição 10 chegando às bancas apenas neste mês de março de 2014, quase 1 anos depois do último número. Pelo menos no que tange às produções do cinema e TV, os fãs tiveram mais sorte, pois todas as produções dos personagens chegaram a ser exibidas no Brasil, desde a TV Globo na década de 1980, aos dias atuais, na TV por assinatura.
                Resta esperar que a retomada do título pela Panini seja efetiva, e não efêmera, dando aos leitores brasileiros a chance de acompanhar com assiduidade o material produzido pela IDW, trazendo as novas aventuras do quarteto comedor de pizza mais famoso dos esgotos de Nova Iorque. Resta aos fãs nacionais torcer para que o lançamento do novo filme anunciado com os personagens, que estreará nos cinemas no segundo semestre, produzido em uma combinação de animação em CG e com atores, ajude o título a se firmar de vez nas bancas nacionais. E, no que depender dos personagens, eles ainda devem ter vida longa pela frente, vivendo as mais variadas e loucas aventuras, combatendo malfeitores de todos os tipos, curtindo uma boa música, e correndo para chegar em casa a tempo de receber o entregador de pizza para saborearem sua iguaria preferida...

CULT CLASSIC LANÇA "PIRATA DO ESPAÇO" EM DVD



A distribuidora Cult Classic continua investindo em séries nipônicas clássicas no mercado nacional de vídeo, para alegria dos fãs e saudosistas destas produções. Neste mês de março, chegou às lojas e distribuidoras o seu mais novo lançamento: O PIRATA DO ESPAÇO.
Produzida em 1976 pela Knack Animation, a série foi mais uma dentre as inúmeras animações daquela década no gênero "mecha", em especial no estilo dos super robôs, que teve início em 1972 com a estréia de Mazinger Z, e que virou febre na animação nipônica pelo restante da década. Concebida por Gosaku Ota, Pirata do Espaço (Groizer X, no original em japonês) teve supervisão de ninguém menos do que Go Nagai, o criador de Mazinger e da febre dos super robôs. A produção contou com 36 episódios, que foram exibidos na TV japonesa entre julho de 1976 e março de 1977.
Na história, nosso mundo passa a sofrer ataques do povo alienígena de Gailar. Exploradores do espaço, um defeito os forçou a pousar na Terra há mais de 300 anos atrás. Entrando em animação suspensa, os gailarianos ficaram à espera de um salvamento enviado por seu mundo. Nos dias atuais, os testes atômicos empreendidos pela humanidade despertam os alienígenas. Cientes de que foram esquecidos por seu povo, resolvem viver na Terra, e para isso, resolvem conquistá-la, a fim de tomar posse de nosso mundo e não dividi-la com mais ninguém. Os ataques começam pelo Japão, e utilizando seus monstros bomba, eles levam pânico à população, causando muita destruição. Enquanto isso, na ilha Akane, acontece a queda de um objeto voador não identificado. O comandante da base aérea da ilha, o Professor Hideki Tobishima, e Joe Kaizaka, um exímio piloto de acrobacias aéreas, vão ao local da queda para investigar e encontram uma jovem muito ferida dentro de uma espécie de nave de combate superavançada.
Socorrida por eles, a jovem conta que pertence ao povo invasor. A nave, o Pirata do Espaço, foi desenvolvida por seu pai para ser a arma suprema de conquista da Terra, mas ele e sua filha tentaram fugir em segredo para alertar os terráqueos da iminente invasão. Mas apenas a jovem, chamada Rita, consegue escapar, conseguindo chegar ao Japão. Socorrida por Tobishima e Joe, ela agora conta com a ajuda do piloto para comandar o Pirata do Espaço na luta para defender nosso mundo das forças invasoras de seu próprio povo. Incapaz de fazer frente à tecnologia superior dos gailarianos, a única esperança da Terra reside agora na maior arma construída pelos próprios invasores.
Dotado de um arsenal de armas surpreendente, o Pirata do Espaço ainda tem a capacidade de se transformar em um poderoso robô de combate, com o qual Joe e Rita passam a frustrar os planos de invasão dos alienígenas, em aventuras que costumavam ser cheias de dramas e reviravoltas, como era hábito em séries deste tipo na época. A série foi a única produção do estilo dos super robôs a ser exibida no Brasil, em meados dos anos 1980, na extinta TV Manchete, que na época também exibiu outra produção clássica da animação japonesa, Patrulha Estelar, que cativou inúmeros fãs, assim como Pirata do Espaço. Como as demais séries do estilo dos super robôs, Pirata do Espaço possuía uma trilha sonora cativante, e o robô tinha um arsenal de golpes especiais que faziam a alegria dos fãs nas cenas de combate, as quais sempre contavam com efeitos de explosão pra lá de exagerados das naves inimigas, ao serem derrotadas pelo poderoso robô guerreiro.
A série foi exibida na íntegra pela emissora carioca, tendo sua última reprise acontecido há cerca de 20 anos atrás na emissora CNT. Desde então, nunca mais foi reprisada na tv nacional, restando aos fãs como única opção para rever os episódios recorrer às gravações em fitas VHS comercializadas por colecionadores que conseguiram gravar os episódios. Na década passada, a série acabou ganhando uma versão pirata comercializada em DVD com a dublagem em português mixada nos episódios.
Agora, os fãs terão a opção de rever e/ou conhecer a série neste lançamento da Cult Classic. Todos os 36 episódios vem disponibilizados em uma caixa de 4 discos, com opção de áudio no original em japonês e com a dublagem em português original da Herbert Richers, além de legendas em nosso idioma, pelo preço anunciado de R$ 79,90. De todos os episódios, apenas o 31 não conta com áudio em português, uma vez que não pode ser recuperado o seu áudio, em informação prestada pela empresa. Coincidência ou não, a versão pirata montada em DVD por um colecionador também não possuia este áudio em questão, o que levou vários fãs a comentar que a empresa estaria apenas "reapresentando" o material pirata que já circulava por aí nos últimos tempos, tal como a empresa vem fazendo com a série Fantomas, que também vem sendo lançada em DVD pela Cult Classic em boxes, que dos 52 episódios no total, existem apenas 36 episódios dublados que circulavam em cópias piratas no mercado. E, por coincidência, os episódios que não estavam disponíveis são trazidos apenas com o áudio em japonês.
Empenho legítimo ou não, o lançamento é certamente bem-vindo em um nicho de mercado que nos últimos tempos anda carente de produções deste tipo, que andam negligenciadas pela maioria das demais distribuidoras de vídeo de nosso país, ainda que muitos fãs de animes atualmente mais chiam do que comemoram quando alguma série nipônica chega oficialmente ao mercado de vídeo nacional, mostrando existir uma relação complicada que só torna ainda mais difícil ver lançamentos decentes em nosso país. Mesmo com tudo isso, a Cult Classic vem conquistando um espaço razoável com seus lançamentos, e se não são os melhores do gênero, pelo menos estão lançando alguma coisa, e de forma satisfatória. Que possam trazer mais raridades para os fãs e o mercado nacional de vídeo.

sábado, 8 de março de 2014

TÚNEL DO TEMPO - AGOSTO DE 1996 - I



            De volta com a sessão "Túnel do Tempo", trago esta matéria que foi publicada em agosto de 1996. O assunto eram as revistas informativas que haviam inundado o mercado nacional a partir de 1995, trazendo informações sobre animação, quadrinhos, seriados e afins, um nicho de mercado que há muito necessitava de veículos de informação e até então era ignorado em nosso país, até que em dezembro de 1994 surgiu a revista HERÓI, e que foi um sucesso tão avassalador que não demorou para surgirem outras revistas apostando no mesmo mercado consumidor. Eram tempos pré-internet, então, estas revistas, por mais fracas que fossem, já eram um oásis para os fãs e leitores, uma vez que a informação sobre estes segmentos eram raras, ignoradas pelas demais revistas de notícias, e pouco publicadas até mesmo em jornais, salvo quando havia algum evento relevante. Fiquem agora com o texto, e boa leitura...


HERÓIS, QUADRINHOS & CIA.

Publicações sobre heróis, quadrinhos, TV, cinema e similares invadem as bancas de todo o país.

Adriano de Avance Moreno

            Se você curte super-heróis e demais tipos de personagens, sejam dos quadrinhos, da TV, do cinema, ou de áreas afins, já deve ter notado que, de uns tempos para cá, surgiram no mercado editorial brasileiro diversas publicações destinadas a esta área da indústria do entretenimento. Se está pensando em gibis com histórias em quadrinhos, enganou-se. Estas novas revistas são sobre o gênero dos quadrinhos, além de TV e cinema, e todas as suas ramificações, não gibis.

            Como é do conhecimento geral, muita coisa no Brasil deixa a desejar em relação aos países do Primeiro Mundo. O mercado editorial, por exemplo, é uma delas. Nos Estados Unidos, a indústria geral do entretenimento é muito forte e diversificada, especialmente no quesito dos quadrinhos e áreas de atividade correlacionadas, como filmes, seriados, animação, jogos, etc. Este segmento movimenta cifras enormes, sem falar que os acontecimentos do setor são devidamente noticiados e divulgados em larga escala, junto ao público consumidor.

            Como não poderia deixar de ser, existem publicações especializadas que falam apenas deste setor da indústria de entretenimento, como quadrinhos, TV, cinema, etc. No Brasil, este tipo de mercado editorial sempre foi quase inexistente, até que começou recentemente a ser explorado.

O lançamento da Herói N° 1 em dezembro de 1994 deu início à febre das revistas informativas no mercado editorial nacional.
            Tudo começou em dezembro de 1994, quando, na onda da popularidade da série japonesa CAVALEIROS DO ZODÍACO, surgiu uma revista que destinava-se exclusivamente a tratar do gênero super-heróis & cia., fossem eles de qualquer origem. Nascia assim a revista HERÓI. Publicada pela recém-fundada Editora ACME, em parceria com a Nova Sampa Diretriz Editorial, a nova publicação trazia reportagens sobre os desenhos animados na TV, sagas de super-heróis dos quadrinhos, projetos de cinema, etc, toda uma infinidade de matérias ligada ao tema dos heróis da ficção. A empreitada deu mais do que certo, e a revista, com periodicidade semanal, já ultrapassava a marca de 100 mil exemplares vendidos por edição, um número impressionante para uma publicação tão nova, ainda mais explorando um mercado até então praticamente inexistente no país.

            Como não poderia deixar de ser, logo surgiram outras publicações similares, tendo como base o universo dos super-heróis e afins. A primeira publicação a surgir após a "Herói", então, foi a revista ANIMAÇÃO, especializada, como diz o nome, em animações, e tudo ligado a este ramo em particular da indústria de entretenimento. Publicada mensalmente pela Ediouro, a revista tinha periodicidade mensal, mas com a virtude de ser publicada em formato grande, ao contrário das demais publicações concorrentes, que foram lançadas em "formatinho". Com matérias fracas de início, a revista progrediu bastante, apresentando matérias mais elaboradas e com boa diagramação.

            Em junho de 1995, veio a surgir outra publicação, a revista HERÓIS DO FUTURO, editada pela Editora Press Talent. Com periodicidade semanal, era a mais elaborada graficamente, sendo impressa em papel de excelente qualidade, e um design de primeira, caprichando no uso da diagramação e das cores. O tema, assim como o da revista "Herói", não poderia ser outro: trazer matérias sobre os heróis e similares, abordando tudo sobre o assunto.

            Junto com a "Heróis do Futuro" surgiu também outra revista, editada pela Nova Sampa, JAPAN FURY, produzida pelo Estúdio PPA, especializada em produções japonesas. Diferente das concorrentes, esta revista destacou-se por trazer matérias exclusivamente sobre personagens japoneses, fossem dos animes, ou dos mangás, ou da TV e cinema nipônicos. Outro destaque da revista eram seus textos, todos escritos com um estilo próprio e cativante, criticando abertamente os defeitos de alguma série, elogiando seus pontos bons, e até fazendo algumas piadas no meio das matérias. Como a "Animação", a "Japan Fury" também era uma publicação mensal.

            Em agosto de 1995, mais uma publicação surgiu: a GERAÇÃO TEEN/ZIG & ZAG, de publicação mensal, pela Editora Escala. Publicada em formato americano, a revista mesclava reportagens sobre heróis com matérias sobre esportes radicais, como skate, jiu-jitsu, etc. Música também estava na parada. Mas a Editora Escala foi ainda mais longe, e lançou mais revistas informativas. A primeira, batizada de MASTER COMICS, inovava no formato: além de matérias sobre super-heróis, trazia também histórias em quadrinhos, todas de autoria nacional, mesclando o formato "gibi" com revista especializada. Destaque para a chance que era dada aos artistas nacionais de quadrinhos, algo muito raro no mercado editorial brasileiro. A outra publicação foi a COMICS GENERATION, destinada exclusivamente a trazer matérias sobre quadrinhos. Ambas as publicações têm periodicidade mensal.

            A última investida neste setor foi da Nova Sampa, que lançou em julho último a revista MANGÁ MANIA. Como o nome diz, destina-se a trazer matérias exclusivas dos heróis japoneses e tudo o que houver sobre o gênero, em anime e mangá. A revista é mensal, e possui uma boa diagramação.

            O mercado explorado mostrou o potencial das novas revistas. Só a revista "Herói", pioneira no gênero, alçou vôo baseada quase que exclusivamente baseada no sucesso dos Cavaleiros do Zodíaco, mas desde que a série terminou e entrou em reprise, a revista ainda mantém sua força e público leitor, mesmo sem trazer mais novidades dos defensores de Athena & cia. Cada edição tem venda estimada de cerca de 200 mil exemplares, um número excelente para o mercado editorial nacional.

            Algumas tentativas, entretanto, não deram certo. Com o sucesso da revista "Animação", a Ediouro tentou lançar outra revista, CAVALEIROS DO ZODÍACO, q     ue se propunha a trazer sinopses dos capítulos da série animada japonesa, aproveitando sua imensa popularidade, além de trazer pequenas matérias sobre outros desenhos. Nem a fama avassaladora da série dos defensores de Athena impediu que a nova públicação ficasse restrita à edição de estréia. Outra publicação a naufragar foi da Nova Sampa, que numa jogada temática original, lançou a revista VILÕES, destinada a falar somente dos bandidos enfrentados pelos heróis. Com ênfase, a publicação até enaltecia as "atitudes" e "qualidades" dos vilões, afirmando que "sem eles, os heróis não teriam todo o cartaz que sempre tiveram". Nada mais lógico. Mas a revista durou apenas 2 números, em mais uma derrota no currículo dos vilões para os heróis, agora no quesito publicação especializada.

Cavaleiros do Zodíaco: Publicação só durou um único número. Tentativa malsucedida da Ediouro.
            Enquanto isso, as demais publicações lançaram-se no desafio da concorrência. A pioneira "Herói" a partir da edição 76 mudou totalmente a sua diagramação, ficando com um visual mais moderno e arrojado, além de ganhar edições especiais em formato grande (denominada HERÓI SUPER), sem falar em novas publicações exclusivas para o mercado de games e músicas. A publicação, agora saindo exclusivamente pela Editora ACME, sem a parceria dos primeiros números com a Nova Sampa, já se aproxima de 90 edições, e mostra fôlego invejável, sendo até o momento a mais versátil das publicações do gênero.

            A "Heróis do Futuro" enfrentou uma total reformulação na sua redação e mudou sua periodicidae, de semanal, para quinzenal, mantendo, contudo, o mesmo nível de qualidade gráfica e editorial, e lançando até um fanzine para seus associados leitores.

            A "Japan Fury" acabou cancelada pela Nova Sampa, mas o Estúdio PPA, que produzia a revista, retornou em grande estilo ao mercado, agora na revista ANIMAX, publicada pela Editora Magnum. Para delírio dos leitores amantes das produções japonesas, a revista manteve as mesmas características da antiga "Japan Fury", mas melhorou muito no visual e na diagramação. A antiga editora, Nova Sampa, sentiu a perda por cancelar a "Japan Fury", e agora tenta manter sua fatia no mercado com a nova revista MANGÁ MANIA, de produção própria.

            Todas as demais publicações continuam a ser lançadas nos mesmos moldes originais, mas melhorando sempre a cada edição, pois a concorrência deste novo mercado, assim como a das revistas em quadrinhos propriamente ditas, é bem forte, obrigando os títulos a melhorarem sempre para continuarem atraindo a atenção do público leitor. HERÓI, ANIMAÇÃO, HERÓIS DO FUTURO, ANIMAX, COMICS GENERATION, MANGÁ MANIA, MASTER COMICS, etc... Se você é fã dos super-heróis e produções de quadrinhos, TV, cinema, etc, escolha a sua publicação e comece sua leitura!



AS REVISTAS DO MERCADO


Herói: A pioneira do gênero, desencadeou o lançamento de inúmeras outras publicações similares no mercado editorial brasileiro.

 Título: Herói

Editora: Editora ACME

Formato: Formatinho

Periodicidade: semanal

Número de páginas: 32

Preço: R$ 1,95

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Animação, da Ediouro: Segunda publicação a surgir. Voltada em especial para os desenhos e animes. Única publicação em formato grande.
Título: Animação

Editora: Ediouro

Formato:  formatão

Periodicidade: mensal

Número de páginas:  32

Preço: R$ 3,50

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Heróis do Futuro, da Press Editora: A mais elaborada a nível de qualidade gráfica.
Título: Heróis do Futuro

Editora: Editora Press Talent

Formato: formatinho

Periodicidade: quinzenal

Número de páginas: 32

Preço: R$ 1,95

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Animax: Especializada em animação e quadrinhos japoneses, é uma das melhores publicações.
Título: Animax

Editora: Editora Magnum

Formato: formatinho

Periodicidade: quinzenal

Número de páginas: 32

Preço: R$ 1,95

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Título: Geração Teen/Zig & Zag

Editora: Editora Escala

Formato: formatinho

Periodicidade:  mensal

Número de páginas: 32

Preço: R$ 1,95

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Comics Generation: Voltada exclusivamente para os quadrinhos.
 Título: Comics Generation

Editora: Editora Escala

Formato: formatinho

Periodicidade: mensal

Número de páginas: 32

Preço: R$ 1,90

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Título: Master Comics

Editora: Editora Escala

Formato: formato americano

Periodicidade: mensal

Número de páginas: 52

Preço: R$ 2,90

------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------


Mangá Mania: O mais recente lançamento, também voltado para os heróis japoneses.
Título: Mangá Mania

Editora: Nova Sampa

Formato: formatinho

Periodicidade: mensal

Número de páginas: 32

Preço: R$ 1,95

Vilões, da Nova Sampa, outra publicação de vida curta, mas com o mérito de dar uma "chance" aos vilões.

 


ATUALIZANDO: As revistas informativas manteriam sua popularidade por vários anos. Além daquelas mencionadas na matéria, surgiram várias outras algum tempo depois. Hoje, infelizmente todos aqueles títulos há muito sumiram das bancas. A crise de mercado surgida em 2003 ceifou a grande maioria, com a queda das vendas, enquanto outras foram devastadas por decisões editoriais de caráter duvidoso. O advento da internet e sua consequente popularização só pioraram o panorama, uma vez que o público alvo, cada vez mais sedento e impaciente por informação, passou a procurar as notícias na net, ao invés de esperar as revistas serem lançadas, dilema que até hoje é um desafio para as publicações atuais que ainda investem neste mercado consumidor, e que surgiram muito tempo depois daquela matéria. Por mais que a internet hoje realmente facilite, as revistas daqueles tempos deixaram saudades para muitos, e são guardadas com carinho por muitos que as compraram, como lembrança de seus tempos mais jovens, e de uma época onde era preciso buscar revistas para se informar, e não apenas sentar em frente a uma tela e digitar o que se procura...