O
mundo dos quadrinhos acaba de perder mais um de seus antigos talentos. Faleceu no
último dia 29 de agosto, aos 75 anos de idade, Gary Friedrich, escritor de
histórias em quadrinhos que, em parceria com o desenhista Mike Ploog, criou o
Motoqueiro Fantasma (Ghost Rider, no original em inglês) para a Marvel Comics
em 1972. Friedrich sofria do Mal de Parkinson há alguns anos, e o veterano
artista também já estava quase totalmente surdo, o que o levou a se isolar nos
últimos anos, após parar de trabalhar devido aos problemas da idade avançada.
Nascido em Jackson, Estado do
Missouri, em 21 de agosto de 1943, Gary começou a trabalhar com quadrinhos na
segunda metade dos anos 1960, quando Roy Thomas, um velho amigo dos tempos de
adolescência em Jakson, e na época trabalhando como roteirista na Marvel
Comics, o chamou para tentar fazer alguns trabalhos em esquema free-lancer para
algumas publicações em editoras novaiorquinas. Thomas o apresentou a Dick
Giordano, então editor da Charlton Comics, e ele passou a escrever histórias de
romance para a editora, passando depois a escrever as aventuras do herói
Besouro Azul. Depois, Gary começou a escrever histórias também para a Marvel
Comics, especialmente nos seus títulos de faroeste, como Kid Colt e Rawhide
Kid. Curiosamente, ele teria como seu primeiro título regular na Casa das
Idéias a série do Cavaleiro Fantasma, cujo nome original em inglês era
justamente “Ghost Rider”, que na época era mais uma das séries de faroeste
lançadas pela editora.
Friedrich também passou a
escrever aventuras para a série “Sargento Fury e o Comando Selvagem”, com
histórias do atual diretor da Shield em seus tempos na Segunda Guerra Mundial.
Seu primeiro título regular de super-heróis naMarvel foi na segunda série do
Incrível Hulk, em 1968. O artista acabou passando por uma míriade de títulos na
Marvel, especialmente em séries que ou passavam por momentos de transição, ou
se encontravam próximas de serem canceladas. Então, no início dos anos 1970, o
roteirista concebeu a nova “versão” do Ghost Rider, agora nos tempos atuais, e
em bases completamente diferentes do personagem dos tempos do faroeste, ainda
que tenha mantido o personagem como um ser sobrenatural.
Começava
a saga de Johnny Blaze, um exímio motociclista que, para salvar a vida do pai
de seu grande amor, Roxxane, fez um pacto com Satan para que este salvasse a
vida de Crash Simpson, em troca de sua alma. Mas, traiçoeiro como sempre, Satan
não cumpriu com sua parte. Crash ia morrer de uma doença incurável, mas acabou
falecendo em um acidente ao realizar um salto acrobático. “Cumprida” sua parte,
Satan foi atrás de Blaze, que só não perdeu a alma pelo amor puro de Roxxane
por ele, mas acabou amaldiçoado pelo demônio a se tornar um se flamejante todas
as noites. Estreando na revista Marvel Spotlight Nº 5 em 1972, não demorou até
o anti-herói infernal ganhar sua própria série, que durou 81edições,
encerrando-se em 1983. Gary trabalhou nas primeiras aventuras do personagem,
passando depois, como de costume, para escrever outros títulos, como Filho de
Satã, personagem também co-criado por ele em parceria com Mike Ploog, que
surgiu logo no início da série original de Motoqueiro Fantasma.
O artista também roteirizou
várias histórias no título “Monstro de Frankenstein”, publicado pela Marvel nos
anos 1970. Muitos anos depois, Friedrich entrou em atrito com a Marvel, movendo
um processo judicial contra a editora pela propriedade do Motoqueiro Fantasma,
com relação aos direitos dos filmes de cinema com o personagem, estrelado por
Nicolas Cage. A justiça deu inicialmente ganho de causa à Marvel, mas o caso
acabou sendo reaberto anos depois, quando Gary e a editora anunciaram terem
resolvido o assunto de comum acordo. Gary também trabalhou para várias outras
editoras, como a Topps, e Atlas / Seaboard. Em 2010, ele foi homenageado com o
prêmio Will Eisner Comic Industry Bill Finger por Excelência em Escrita em
Quadrinhos, em reconhecimento às inúmeras aventuras que criou para os mais
diversos títulos de quadrinhos com os quais trabalhou durante sua carreira.
Friedrich não foi um “gigante” como
alguns de seus colegas no meio, mas à sua maneira, conseguiu marcar sua
presença no universo dos quadrinhos, tendo uma carreira decente no meio, e sua concepção
do primeiro Motoqueiro Fantasma ainda é considerada por muitos a melhor de
todas, já que a Marvel resolveu criar outros personagens com o mesmo nome e estilo
ao longo dos anos, inclusive trazendo o Ghost Rider original, Johnny Blaze,
como participante destas novas séries, ou estrelando novas, ao longo das
décadas seguintes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário