quarta-feira, 13 de maio de 2015

"ERA DE ULTRON - PRELÚDIO" CHEGA ÀS BANCAS DEPOIS DO FILME



                Que Vingadores - A Era de Ultron seria o grande filme do ano para os fãs de quadrinhos, já era assunto mais do que óbvio. Portanto, nada mais natural do que aproveitar a estréia da segunda aventura cinematográfica do mais poderoso grupo de heróis da Marvel para soltar nas bancas algumas edições especiais dedicadas ao grupo, não?
                Infelizmente, a Panini Comics não soube aproveitar o bom momento que surgiu, e a única edição especial lançada para capitalizar com o novo filme, que tinha até o nome sugestivo de ERA DE ULTRON - PRELÚDIO, infelizmente não foi a melhor jogada da editora multinacional italiana, muito pelo contrário. Em formato americano, a edição tem 188 páginas, com a capa trazendo uma foto do filme, ao preço de R$ 21,90. O ponto positivo é trazer o álbum de figurinhas do filme de brinde, junto com 4 cromos autocolantes, numa boa estratégia para incentivar os fãs a colecionar as imagens.
                Só que, de prelúdio mesmo, há muito pouca coisa na edição, que é a história publicada na edição americana "Avengers: Age of Ultron Prelude - This Scepter'd Isle", que mostra como o Cetro de Loki, visto no primeiro filme, estava em poder da Shield após a derrota do deus asgardiano, e de como o artefato, em virtude da infiltração da Hidra na organização de vigilância internacional, como foi visto em Capitão América - O Soldado Invernal, acabou indo parar nas mãos da organização terrorista, e que serve de mote para o início do filme e parte das consequências da trama. De resto, a edição traz logo de início a adaptação em quadrinhos do primeiro filme dos Vingadores, o que não é de todo ruim, em que pese o ritmo aparentemente apressado de várias cenas da história em quadrinhos, com algumas cenas mudando drasticamente para outras sem meio-termo na narrativa, o que pode causar alguns incômodos em quem assistiu o filme, pelos buracos que apresenta. Até aí, pelo menos é um material inédito nos quadrinhos nacionais. O problema ficou mesmo para o resto da edição, especialmente nas últimas histórias.
                Em seguida, temos a origem do Visão, compilando as edições 57 e 58 de "Avengers", de 1968, e de como a primeira aparição do sintozóide acabou levando à descoberta da origem de Ultron, e de como ele foi criado por Hank Pyn, o vingador conhecido inicialmente como Homem-Formiga, e depois Golias e Gigante, na época. Como o Visão é um dos novos personagens introduzidos em "Era de Ultron" nos cinemas, nada contra rever a primeira aparição do personagem, e de como ele, inicialmente um instrumento de vingança de Ultron, acaba por se rebelar contra seu mestre e ingressar nos Vingadores. É um material clássico que pode ser desconhecido para muitos fãs que só conhecem os Vingadores pelos cinemas.
                O problema começa nas histórias seguintes, como "A Vingança de Ultron", que nem começa pelo seu início, mas pela segunda metade da história, com as partes 3 e 4 publicadas nas edições 21 e 22 do segundo volume de "Avengers", de 1999, ou seja, o leitor recebe uma história pela metade, onde os heróis já partem para o confronto decisivo contra o perverso robô, que lança um verdadeiro exército de cópias de si mesmo contra o supergrupo, sem entender como a história começou e como eles chegaram lá, se nunca leu a aventura antes. Neste caso, uma falha até dupla da Panini, porque esta história acabou de ser republicada recentemente, no mês de fevereiro, estrelando o volume 1 da nova coleção "Os Heróis Mais Poderosos da Marvel", da editora Salvat, tendo sido publicada completa em edição de luxo com capa dura, inclusive com textos explicativos, o que faltou na edição da Panini, que poderia ter situado melhor o leitor que nunca viu a aventura antes, para não mencionar que ela não terminava exatamente ali, tendo consequências futuras que também não foram contempladas nesta edição.
                A edição fecha com uma história publicada no terceiro volume de "Avengers", número 12.1, de 2011, onde uma missão de resgate aparentemente sem maiores preocupações com a segurança do mundo acaba conduzindo ao retorno de Ultron, novamente uma história incompleta, pois o robô é mostrado muito pouco, e ele se retira para confrontar os heróis em seu devido momento, quando estará totalmente preparado para aniquilá-los. E, novamente, nenhum texto explicativo para o contexto geral da história, que termina sem que o leitor saiba o que ocorreu depois exatamente.
                Outra "mancada" da Panini foi que esta edição, embora esteja datada do mês de abril deste ano, só chegou às bancas no fim da primeira semana de maio, praticamente duas semanas após a estréia do segundo filme dos Vingadores nos cinemas nacionais, ocorrida no dia 23 de abril. Por mais que se possa dizer que a culpa é da distribuidora, o fato de todos os títulos de quadrinhos da Panini estarem sendo distribuídos com atraso nos últimos meses já deveria servir de alerta para a editora antecipar o seu lançamento, e garantir que chegasse às bancas antes do filme estrear.
                Por fim, a editora também deveria ter planejado melhor a edição, de modo que as histórias mais recentes fossem mostradas completas, ou pelo menos, mostrasse outros confrontos dos Vingadores contra Ultron que coubessem no número de páginas planejado para a edição, uma vez que existem outras aventuras que há tempos não são republicadas, ao passo que as histórias mostradas na parte final da edição já foram lançadas por aqui mais recentemente. Material era o que não faltava para isso. E a ausência de textos explicativos para situar o leitor bem como não fazer um pequeno apanhado do histórico de confrontos entre Ultron e os heróis, mostrando todas as encrencas que o robô já causou até hoje, mesmo que de forma resumido, foi outro ponto negativo. Os leitores e fãs mereciam mais.
                A Panini tem lançado muitos materiais bons nos últimos tempos no mercado nacional de quadrinhos, mas de vez em quando, acaba cometendo algumas gafes e desperdiçando chances em potencial de incrementar e ampliar base de leitores dos personagens que publica. E, com a crise da economia brasileira, lançamentos mal planejados não ajudam a melhorar as vendas dos títulos no mercado, muito pelo contrário.

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