Ele
é um dos maiores super-heróis dos quadrinhos, e está comemorando nada menos do
que 50 anos de criação. Mais rápido que uma bala, ele também é mais poderoso que
uma locomotiva. Parece familiar? Sim, parece, mas não estamos falando do
Super-Homem, o mais famoso de todos os "supers" dos quadrinhos, mas
de alguém que pode ser considerado o seu equivalente no Universo Disney: o
Superpateta, a identidade heróica do Pateta, o melhor amigo do Mickey. E, para
comemorar as 5 décadas de sua primeira aparição, a Editora Abril acaba de
lançar nas bancas a edição SUPERPATETA - 50 ANOS, com algumas das histórias
mais emblemáticas do poderoso defensor atrapalhado da lei de Patópolis.
A
edição, no tradicional formatinho, tem capa cartão envernizada, e traz nada
menos do que 308 páginas, ao preço de R$ 16,00. A idéia de
"transformar" o Pateta em super-herói surgiu no início dos anos 1960,
inspirada no grande sucesso que as revistas de super-heróis da Marvel Comics
estavam fazendo nos Estados Unidos, revigorando por completo o gênero, que
andava desgastado na década anterior. O mérito da criação da nova identidade do
Pateta foi de Dell Connel, editor da Western Publishing, que publicava as
revistas Disney na época. Connel criou a história onde pela primeira vez o
Pateta banca o super-herói, já se intitulando Superpateta, que foi publicada em
1965, na edição n° 2 da revista The Phantom Blot, com data de abril daquele
ano.
Nesta
primeira história, contudo, o personagem não adquire ainda seus superpoderes.
Ao ingerir um supercombustível inventado pelo Professor Pardal durante os
trabalhos de uma caçada de Mickey ao seu grande inimigo Mancha Negra, Pateta
acaba acreditando que ganhou poderes devido ao supercombustível, e protagoniza,
já vestido com um uniforme vermelho e capa azul improvisados, um festival de
confusões tentando ajudar Mickey a prender o Mancha Negra. Os desenhos ficaram
a cargo de Paul Murry, que se tornou o primeiro desenhista do Superpateta. Como
a idéia pareceu ter potencial, nada melhor do que dar superpoderes de verdade
ao Pateta para desempenhar sua nova "carreira" heróica, e assim,
alguns meses depois, eis que surgiu a primeira história do "Super"
Pateta, que graças a uma capa especial inventada pelo Professor Pardal, podia
exibir vários superfeitos, como voar, ter superforça, superaudição, além de
outros atributos, o que só aumentava ainda mais o seu potencial de criar
tremendas confusões tentando salvar a todos pela frente. Essa segunda história
também contou com roteiro de Dell Connel, assim como os desenhos continuaram
com Paul Murry, que estavam chegando perto daquela que seria a versão
definitiva do herói. Esta surgiu em outubro de 1965, e já com o início de um
título mensal próprio, "Super Goof" (Superpateta, em inglês, uma vez
que o nome original do Pateta é Goofy). Nesta história, criada por Bob Ogle,
com desenhos de Paul Murrym são introduzidos os famosos superamendoins, os
quais Pateta cultivava em seu quintal, até que descobriu que eles podiam lhe
dar superpoderes.
Agora
exibindo superhabilidades de verdade, o Pateta abraça sua nova identidade
heróica, dando ao povo de Patópolis um novo e grande defensor da justiça, ainda
que continue cometendo algumas trapalhadas de vez em quando, mesmo após ganhar
mais experiência no uso de seus superpoderes. Como o efeito dos superamendoins
é temporário, ele sempre leva um estoque extra no seu chapéu, para todas as
eventualidades, o que não o livra de passar por vários apertos quando seu poder
some nos momentos mais inoportunos. E o Pateta encara sua identidade secreta
com responsabilidade, pois nem mesmo seu melhor amigo Mickey sequer desconfia
que seu atrapalhado parceiro de aventuras é o paladino escarlate da justiça. Em
1966, seria a vez do Pateta ganhar a companhia de seu sobrinho Gilberto em suas
aventuras super-heróicas, ganhando a companhia do Supergilberto, alcunha que
seu sobrinho adota após também provar os superamendoins do tio, sendo que até
então até mesmo ele desconhecia o segredo do Pateta.
No
Brasil, as histórias que mostram as diferentes "origens" do
Superpateta foram publicadas em 1966, e de lá para cá o personagem sempre
esteve presente nas edições publicadas pela Editora Abril, ganhando ainda nos
anos 1960, suas primeiras aventuras criadas por artistas nacionais. Com a
criação do estúdio de quadrinhos Disney dentro da editora, a partir dos anos
1970, o herói ganhou inúmeras aventuras produzidas por aqui, chegando a
contracenar com outros heróis de Patópolis, como o Morcego Vermelho. E não
ficou apenas nisso, tendo encontros também com o Zé Carioca, e seu alter ego
heróico, o Morcego Verde, provocando estripulias em pleno Rio de Janeiro, em
histórias bem inspiradas de nossos profissionais da arte sequencial. E nosso
herói enfrentou todo tipo de problemas, desde salvar gatinhos perdidos em cima
de árvores, a criminosos como os Metralhas, João Bafo-de-Onça, cientistas
perversos como o Dr. Estigma e o Professor Gavião, além de ameaças alienígenas,
conseguindo sempre sair vitorioso, mesmo que às custas de várias confusões, mas
mostrando que o bem sempre vence o mal. Mesmo com a fama adquirida entre os
leitores nacionais, o Superpateta nunca estrelou um título regular no Brasil,
ficando restrito a alguns almanaques e edições especiais, compilando histórias
publicadas nos títulos de linha da editora, como Mickey, Almanaque Disney, Tio
Patinhas, Pateta, entre outros. Mas é claro que isso nunca deteve nosso herói
na sua missão de divertir o público leitor. E esta edição comemorativa de 50
anos é mais do que bem-vinda e merecida pelo personagem.
A
edição lançada pela Abril traz 18 histórias do herói de ceroula vermelha,
divididas em 3 "fases", começando pela americana, com as primeiras
histórias do personagem. E, pela primeira vez, as histórias de suas três
"origens" são publicadas em uma mesma edição, o que não confunde o
público leitor, que já conhece há tempos a fama de atrapalhado do Pateta, e que
não precisaria ter uma origem certinha ao estilo Marvel ou DC. A edição também
traz a história de estréia do Supergilberto. A segunda "fase" é a
brasileira, com algumas das histórias criadas com o personagem em nosso país. A
terceira e última "fase" é a italiana, uma vez que atualmente o país
europeu é o responsável pela criação das últimas aventuras do personagem, uma
vez que o estúdio de quadrinhos da Abril foi desativado há vários anos. Cada
fase vem com um texto de introdução de Marcelo Alencar, explicando todos os
pormenores de cada uma destas fases, situando o leitor, seja ele um velho fã do
herói ou um novo leitor. Tirando as fases americana e brasileira, compostas por
republicações de aventuras já lançadas no Brasil, todas as 3 histórias da fase
italiana são inéditas em nosso país, e segundo Paulo Maffia, da redação Disney
da Abril, as novas aventuras produzidas pela sucursal Disney da Itália passarão
a ser publicadas regularmente na revista do Pateta, trazendo material inédito
para os fãs.
Mesmo
após 50 anos de inúmeras aventuras, o Superpateta mostra fôlego para continuar
por muito tempo ainda, a exemplo de vários de seus "colegas" das
outras editoras americanas. E quem ganha é o leitor, que sempre poderá contar
com o renomado herói de Patópolis para renovar seu bom humor e disposição com
as estripulias e trapalhadas do intrépido paladino da justiça. E congratulações
à Abril por mais uma edição caprichada de um dos mais queridos personagens
Disney entre o público leitor nacional, que merece sempre ter este tipo de
edição em suas coleções de quadrinhos.
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