Um dos heróis
mais clássicos dos quadrinhos está de volta às bancas brasileiras. O Fantasma,
herói criado por Lee Falk, e o primeiro justiceiro uniformizado dos quadrinhos,
acaba de ganhar uma edição especial com uma de suas mais clássicas e famosas
aventuras. O FANTASMA: PIRATAS DO CÉU - A SAGA COMPLETA, é um lançamento da
Pixel Media, com 132 páginas, totalmente em cores, no formato 17 x 24 cm, com capa cartonada e
miolo em papel couché, pelo preço de R$ 16,90. A aventura é uma das primeiras
criadas por Lee Falk, e foi lançada em forma de tiras de jornais de novembro de
1936 a
abril de 1937. A
arte é de Ray Moore. A edição da Pixel é muito bem acabada, e além de um preço
bem em conta, o encadernado traz a história completa do personagem contra os
Piratas do Céu (Sky Band, no original), aventura que ajudaria o Fantasma a
ganhar fama e popularidade no fim da década de 1930.
Criado por Lee
Falk em fevereiro de 1936, o Fantasma teve sua origem há mais de 400 anos,
quando um único sobrevivente de um ataque dos temíveis piratas Singh chegou às
praias da fictícia nação africana de Bangala. Sobre o crânio do assassino de
seu pai, este sobrevivente jurou devotar sua vida ao combate à pirataria e
qualquer outra forma de criminoso que vivesse sobre a terra, e que seus
descendentes seguiriam seu caminho. Passando a trajar um uniforme roxo, o novo
herói passava sua identidade para seu filho, e este para o seu filho, e assim
por diante, criando o mito do Fantasma, o "Espírito-Que-Anda", o
"Homem que não Morre". Nos dias atuais, o atual Fantasma é o 21° da
linhagem, e leva adiante a luta contra o mal iniciada por seu antepassado.
Nesta aventura, o herói combate a infame quadrilha dos Piratas do Céu, cuja
principal particularidade é ser formada unicamente por belíssimas, mas
terrivelmente mortais, mulheres. Lideradas pela Baronesa, o herói travará uma
luta sem tréguas para desmantelar o grupo criminoso. Mas, ao mesmo tempo em que
são terrivelmente implacáveis com seus inimigos, as integrantes dos Piratas do
Céu ainda são mulheres, e quando elas acabam se apaixonando pelo
Espírito-que-Anda, pode ser o passo em falso que arruinará toda a organização.
Mas o reverso também pode ser perigoso, e as estonteantes Baronesa, e Sala, ao
mesmo tempo em que se apaixonam pelo herói, também acabam mexendo fundo com os
sentimentos do Fantasma, algo que também pode ser fatal para o vigilante
mascarado.
Esta aventura
foi tão popular, que cerca de 4 anos depois o Fantasma voltou a se defrontar
com uma nova gangue das Piratas do Céu. E, quando o personagem fez parte do
desenho animado dos Defensores da Terra, na década de 1980, ganhou uma aventura
inspirada neste confronto, onde o Fantasma atual (da animação) relembrava a
aventura de seu antepassado (da HQ), quando surgia uma nova versão dos Piratas
do Céu atuando no mundo. No Brasil, sua primeira publicação foi ainda na década
de 1930, nas edições 243 a
258 da Gazeta, e 12 a
28 de O Globo Juvenil, ambas em 1937. No mesmo ano, a aventura também ganharia
uma publicação na Edição Maravilhosa do Correio Universal N°241A. Os leitores
nacionais só teriam nova chance de rever a aventura quase 40 anos depois, em
1975, na edição Gibi Especial N° 2, da RGE - Rio Gráfica e Editora, que editava
regularmente as aventuras do Fantasma. A editora L&PM republicaria a saga
em 1987 em um álbum. Na década de 1990, a Editora Globo faria a última
republicação da clássica aventura, em
Gibi N° 1 - Fantasma.
A iniciativa
da Pixel é muito bem-vinda, por trazer o Fantasma de volta às bancas, e ainda
por cima em uma de suas mais antigas e famosas aventuras, criada e desenhada
pela dupla que deu vida ao personagem. Esta foi praticamente a segunda aventura
publicada com o personagem. A primeira, "A Irmandade Singh", deu
início às aventuras do herói mascarado no início de 1936, tendo sido publicada
em tiras de jornal de fevereiro a novembro daquele ano. O personagem já foi
muito popular no Brasil, tendo sido publicado regularmente pela RGE, atual
Editora Globo, de 1950 até a primeira metade da década de 1990, quando
simplesmente cancelou toda a sua linha de quadrinhos - exceção às revistas de
Mauricio de Sousa. De lá para cá, ganhou edições esporádicas pela Saber,
Mythos, e Kalaco, que há pouco tempo atrás lançou um belo álbum reimprimindo o
casamento do 21° Fantasma.
Ainda é cedo
para dizer se esta edição irá reafirmar a presença do personagem nas bancas
nacionais. A edição é muito bem-feita, e seu formato serve bem ao propósito de
trazer uma aventura completa do personagem, de modo que o leitor não precise
adquirir nenhuma outra edição para terminar de ler a história. Se o resultado
das vendas for bom, é possível que saiam outras edições no mesmo estilo. Nos
últimos tempos, a Pixel vem se esforçando em resgatar nas bancas nacionais
personagens clássicos dos quadrinhos. Seu maior êxito até agora são as atuais
publicações de Luluzinha e Bolinha, que já estão há 2 anos nas bancas. Mais
recentemente, relançou nas bancas os personagens Recruta Zero e Popeye, em
edições que trazem histórias de outros personagens. Mas nem todas as
iniciativas da Pixel frutificaram: no último ano, pelo menos 3 novas revistas
estreladas por velhos personagens clássicos, Riquinho, Gasparzinho, e Brasinha,
acabaram lançadas e canceladas alguns meses depois, em virtude das baixas
vendas. Esperemos que o Fantasma tenha melhor sorte nesta nova iniciativa da
Pixel, e ao contrário das tentativas anteriores da Mythos, consiga voltar firme
e permanecer nas bancas nacionais. Há toda uma leva de boas aventuras do herói,
antigas e mais recentes, que merecem ser conhecidas pelos atuais leitores, para
não falar dos antigos fãs de HQs também.
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