Adriano de Avance Moreno
Quem curte animação japonesa certamente já ouviu o nome “Precure” (ou Pretty Cure, nome completo) no meio das várias produções que o Japão possui em sua história de produções animadas, mesmo que seja pouco conhecida no Ocidente. Composta por séries no estilo “mahou shoujo”, estreladas por garotas mágicas, na definição da franquia, Precures basicamente são chamadas de “guerreiras lendárias”, meninas dotadas de superpoderes, e defensoras do amor, dos sonhos, da paz e da justiça, que lutam contra seres perversos e outros tipos de vilões cujo propósito é causar mal ou destruir o mundo ou a humanidade.
Surgida em 2004, com a primeira série a levar o nome “Pretty Cure”, a produção do estúdio Toei Animation acumula outra característica impressionante: a de gerar altos lucros para a empresa, sendo um dos maiores sucessos da história de produções animadas não só da Toei, mas de todo o Japão, e que é renovada anualmente, sempre com o objetivo de gerar mais e mais produtos licenciados para se vender todo tipo de bugiganga ao público fã da série.
As heroínas da primeira série “Pretty Cure”, Nagisa Misumi (Cure Black) e Honoka Yukishiro (Cure White), de 2004, e alguns dos primeiros produtos da série à venda. Começava o fenômeno Pretty Cure/Precure na TV nipônica e no mercado de produtos licenciados, o terror das carteiras dos pais dos fãs infantis e dos demais fãs da produção.
Produtos como cadernos, bonecas, action figures, cards, brinquedos variados, além de objetos que fazem parte da história das séries, roupas, e até fantasias das super-heroínas... Tudo isso pode ser encontrado nas lojas do Japão, com alguns itens sendo muito disputados pelos fãs da franquia, que embora tenha como público-alvo as meninas japonesas pré-adolescentes, também ganharam um enorme número de fãs mais velhos, e também entre o público masculino, permitindo à franquia faturar alto todos os anos, e com isso garantir não apenas os lucros de todas as empresas que apostam na popularidade das personagens, como a continuidade da série. É um faturamento que, como toda empreitada comercial, tem seus momentos altos e baixos. Basta conferir a tabela a seguir, e ver o quanto cada série da franquia faturou até hoje, em dados consolidados até recentemente.
É preciso entender um pouco como funciona o esquema de produção das séries de anime no Japão. Normalmente, o que ocorre na maioria das vezes é quando uma determinada série de mangá obtém grande sucesso entre o público leitor. Isso, na grande maioria das vezes, motiva os estúdios a produzirem versões animadas destas séries de quadrinhos. Às vezes, isso ocorre com extrema rapidez, outras vezes nem tanto. Ocorre que animação é um produto caro, que possui um custo de produção que precisa ser coberto. Normalmente, a animação de TV varia tem cerca de 24 frames por segundo, o que significa que um segundo de animação possui em média 24 desenhos produzidos e exibidos em sequência, dando a ilusão do movimento. É verdade que hoje, com os recursos de computação, tornou-se um pouco mais prático animar, enquanto antigamente, o procedimento envolvia produzir as células de animação uma a uma, fotografá-las, e organizá-las então para se produzir a animação. Um processo dispendioso e demorado. Mas os custos de produzir tal material, apesar das facilidades proporcionadas pela tecnologia atual, ainda continuam altos.
Para séries de TV, o custo de produção de um episódio semanal, com cerca de aproximadamente 25 minutos, varia entre US$ 150 mil e US$ 200 mil. Isso depende do tipo de arte que a série utiliza, seus cenários, estilo de animação, e ação desenvolvida pela história em si, além claro dos procedimentos de mixagem, sonorização, dublagem, etc. Histórias com ritmo mais suave podem demandar menos custos na animação, enquanto roteiros mais arrojados, e situações com muitas cenas de ação, exigem muito mais recursos de produção. O valor de US$ 150 mil é mais ou menos uma base, enquanto o de US$ 200 mil é uma média de até onde episódios semanais podem custar, mas não são fixos. Pode haver casos em que séries custem menos, ou o valor de produção, no caso de séries mais famosas, vai até mesmo além dos estimados US$ 200 mil. E isso é para séries de TV, que possuem os menores orçamentos de produção no mercado de animação nipônico: nem estamos falando de séries produzidas diretamente para o mercado de vídeo, os chamados OVAs (Original Video Animation), que geralmente contam com orçamentos mais generosos, para não mencionar dos filmes criados para cinema, que têm orçamentos de produção muito mais altos, cujos custos precisam ser recuperados nas bilheterias, e posterior venda no mercado de vídeo.
Então, peguemos por exemplo o lucro obtido pela série Heartcatch Precure, que foi de US$ 125 milhões, e utilizemos o valor de US$ 200 mil de custo de produção por episódio. Com 49 episódios da série de TV, temos um custo que, estimando o teto do valor normal de produção de um episódio de série TV, daria aproximadamente US$ 10 milhões. É um valor que podemos usar como base para todas as séries Precure da franquia, uma vez que são valores convertidos em dólar, e a moeda japonesa é extremamente estável. Se formos analisar por este parâmetro, nenhuma série da franquia Precure deu exatamente prejuízo para a Toei. Só que a conta dos gastos não se resume apenas à confecção dos episódios em si. Há também outros custos, que geralmente envolvem a divulgação do produto. É como ocorre com os orçamentos de produção dos filmes para cinema, onde costuma-se estabelecer que um filme só dá lucro efetivo, se ele puder faturar pelo menos o dobro de seu custo de produção propriamente dito. É que os estúdios gastam com divulgação, distribuição, burocracias legais, entre outras despesas, que encarecem ainda mais toda a operação.
Se usarmos o mesmo parâmetro, então cada série Precure teria de fato um “custo” de cerca de US$ 20 milhões, e reafirmando que estamos falando apenas da série de TV em si, e que este valor é uma estimativa bem básica, só da produção bruta dentro do estúdio, e sem contabilizar os filmes da franquia. Estes costumam ter um orçamento muito mais generoso do que o disponibilizado para uma série de TV, e como já foi dito, dependem basicamente da bilheteria para se pagarem, ganhando nova chance quando o mesmo é oferecido no mercado de home vídeo. Mas que também geram produtos licenciados específicos para venda, a fim de faturarem mais uns cobres, e ajudarem a elevar ainda mais os lucros. E claro, ajudarem a pagar todos os custos gerais.
Heartcatch Precure (acima) foi a série com o maior lucro gerado de produtos licenciados em toda a franquia até agora. Em compensação, Pretty Cure Splashstar (abaixo) teve o menor faturamento.
A exploração de produtos licenciados de séries surgiu com Go Nagai, o criador das famosas séries de super robôs como Mazinger Z e Getter Robo, quando este, lá no início dos anos 1970, criou uma companhia para explorar especificamente produtos licenciados de suas criações. Com o sucesso estrondoso de Mazinger na TV japonesa, não deu outra: os produtos da série, incluído bonequinhos do seu famoso robô de combate, venderam horrores, faturando alto, e tornando a exploração de merchandising das séries item obrigatório para as produções animadas dali em diante, com todas as vantagens e desvantagens do capitalismo, a bem ou mal. Isso ajudou o mercado de animação a se expandir, gerando mais e mais séries, é verdade, mas também criou uma disputa selvagem entre os produtos licenciados das séries, acirrando as disputas que sempre existiram desde sempre para ver qual série fazia mais sucesso na TV, e agora, também no merchandising.
Uma das principais razões para a Toei criar Pretty Cure, na primeira metade da década passada, era a necessidade de se ter uma série que permitisse ao estúdio explorar com afinco o mercado de produtos destinado ao público feminino. Desde o encerramento da série Sailor Moon, em 1997, o estúdio havia ficado órfão de uma série no segmento mahou shoujo que cativasse o público feminino com o mesmo sucesso obtido pelas guerreiras lunares. Algumas séries foram lançadas após o fim de Sailor Moon, como Cutey Honey Flash, explorando o mesmo filão, mas sem obter os mesmos resultados.
No início dos anos 2000, Sailor Moon voltaria a ganhar uma nova produção, agora em live-action, que reacendeu o mercado de produtos da série animada, e ainda ganhou novos licenciamentos com os produtos derivados da nova produção com atrizes. Mas esta nova série foi encerrada, e a Toei, além de se ver sem ter uma outra produção que desencadeasse o mesmo fervor consumista do público feminino, viu-se também com outro problema, quando Naoko Takeuchi se desentendeu com o estúdio, e com isso, acabou complicando os negócios de licenciamento das produções de Sailor Moon, que ficaram travadas por um bom tempo. Sem o consentimento da autora, a Toei não podia comercializar a série, ou tratar do licenciamento de produtos, o que diminuiu drasticamente os lucros da marca. Um problema que, se não colocava em risco o balanço comercial da Toei, certamente impactava, e que precisava ser resolvido. Como? Encontrando uma nova série do gênero para explorar, é claro.
Ávida por encontrar um novo sucesso no estilo garotas mágicas, e poder explorar comercialmente uma nova produção livre dos problemas que acometeram Sailor Moon, eis que a Toei resolveu criar sua própria série de garotas mágicas. E com base nesse esforço, surgia em 2004, a série “Futari Wa Pretty Cure” (Nós somos Pretty Cures, numa tradução livre). Foi uma experiência, juntando algumas idéias já vistas em outras produções do estilo, para ver se conseguiam encontrar o novo sucesso que procuravam. E, para sorte da Toei, deu muito, muito certo. Não demorou para o público-alvo ficar vidrado nas aventuras da nova dupla de heroínas Nagisa Misumi e Honoka Yukishiro, até então duas jovens comuns que, transformadas nas “guerreiras lendárias” Pretty Cure como Cure Black e Cure White, enfrentavam os vilões da Dusk Zone com um grande diferencial sobre as séries de garotas mágicas antecessoras: elas desciam porrada nos inimigos sem a menor cerimônia, uma mudança e tanto em relação à figura tradicional das “mahou shoujo” como se conhecia até então.
Foi um grande sucesso, tanto em audiência, quanto comercialmente, a ponto da Toei registrar um lucro de mais de US$ 100 milhões só em produtos licenciados. E claro que o estúdio não ficaria parado: já no ano seguinte a série ganhava sua segunda temporada, além dos primeiros filmes para cinema, com aventuras especiais, não apenas para saciar os fãs mais ávidos das novas defensoras da justiça, que ganhavam uma nova integrante, tornando-se um trio de heroínas, mas aumentar ainda mais o faturamento, com mais produtos, estes exclusivos dos filmes. E tome tilintar da máquina registradora, para deixar os executivos do estúdio rindo à toa.
Tanto rindo à toa, que resolveram mudar Pretty Cure, de uma simples série, para uma franquia. O objetivo era renovar todo ano os personagens e as tramas, e com isso, criar ainda mais produtos para vender. E faturar cada vez mais também. O esquema é simples, e vem sendo repetido quase à exaustão desde a primeira série de TV: algumas garotas ganham poderes de seres fofinhos vindos de outra dimensão, ou reino secreto, e passam a enfrentar os vilões da vez, que criam monstros medonhos que vão sendo exterminados pelas novas heroínas. Durante os combates, os vilões evoluem suas táticas, criando monstros mais fortes, ou também desenvolvendo novos poderes, o que obriga as heroínas a ganharem “upgrades” que ampliam seus poderes, e reequilibram as lutas. Só dos personagens já se rende várias bonecas ou figures, e os upgrades são variados, mas sempre criados para virarem brinquedos, e causarem o terror nos bolsos dos fãs, ou dos pais dos fãs. E, perto do fim da série, costumam ainda inventar novos upgrades tanto para os vilões quanto para as guerreiras, e tome outra leva de bugigangas à venda. Mais do que vencer as forças do mal, faturar é preciso...
E Pretty Cure/Precure vem cumprindo a este fim para o qual foi criada. Mas não sem sobressaltos, e alguns altos e baixos, algo que não era necessariamente novidade para a Toei, que há anos já explorava outras duas franquias muito conhecidas no Japão, mas em produções live-actions: Kamen Rider e Super Sentai, que desde os anos 1970 já tiveram inúmeras séries, rendendo os mais diversos produtos que são sempre lançados paralelamente às produções, sendo sempre ameaças implacáveis ao bolso dos fãs. E tome faturamento atrás do outro, em um ciclo que se reinventa e se renova a cada temporada, ou pelo menos tenta, com resultados variados. E não seria diferente com Pretty Cure.
A primeira “nova série” (na verdade a terceira temporada) de Pretty Cure, intitulada “Futari Wa Pretty Cure Splashstar”, contudo, fez os lucros da série despencarem. Muito provavelmente por ser vista por muitos como uma “cópia” da primeira série, apenas com um visual ligeiramente diferente, e apostando novamente em uma dupla de heroínas, a exemplo da primeira produção, a franquia levava ali seu primeiro revés em termos financeiros, lucrando “apenas” cerca de US$ 60 milhões, menos da metade que a série anterior, que atingiu a cifra de US$ 123 milhões em produtos vendidos. Podia ter sido o fim da franquia, mas a Toei, depois de todo o esforço para achar sua nova galinha dos ovos de ouro, não iria desistir assim tão fácil. Era preciso mudar, e a série seguinte, Pretty Cure Five, estabeleceria as novas bases da franquia, que são seguidas até hoje: ao invés de uma dupla, são grupos de garotas que viram heroínas, e lutam contra o mal.
Pretty Cure Five (acima) redefiniu as características da franquia Pretty Cure/Precure. De uma dupla, passamos a ter um grupo de super-heroínas, inspirado no estilo das séries Super Sentai, que também serviam de base para as heroínas de Sailor Moon. A série foi a última a ganhar uma sequência, Pretty Cure Five GoGo, com as heroínas ganhando um novo visual (abaixo), antes da Toei determinar rebotar a série todos os anos dali em diante.
Com inspiração em Sailor Moon, que por sua vez, já tinha traços dos esquadrões dos Super Sentai, Pretty Cure Five trazia, como o nome já dizia, cinco heroínas, com uniformes padronizados (com algumas diferenças pontuais), e personalidades diferentes, mostrando a união com o poder da amizade, que as levavam a superar todos os desafios na luta contra os vilões. E claro, despejando uma nova leva de produtos no mercado para faturar. E a mudança de conceito deu certo, com o novo quinteto de super-heroínas a catapultarem os lucros para US$ 105 milhões, recuperando a lucratividade da franquia, e garantindo a Pretty Cure Five uma segunda temporada, Pretty Cure Five GoGo. A continuação, contudo, lucrou “apenas” US$ 110 milhões, e se não decaiu em relação à série do ano anterior, despertou certo inconformismo na Toei, que queria lucros ainda maiores. E, a partir dali em diante, Pretty Cure seria renovada anualmente, com nenhuma nova série ganhando uma segunda temporada. Suspeitava-se que, sendo uma continuação da série anterior, Pretty Cure Five GoGo limitava as possibilidades de lançamento de novos produtos, por serem as mesmas personagens.
Verdade ou não, a série seguinte, Fresh Pretty Cure, de 2009, faturaria US$ 120 milhões, e aplacaria um pouco a sanha de ganhos dos executivos do estúdio, reforçando de vez a decisão de rebotar a franquia todos os anos. Heartcatch Precure, de 2010 (agora usando a expressão “Precure”, ao invés de “Pretty Cure”), confirmaria as expectativas, ao atingir US$ 125 milhões, tornando-se a série mais lucrativa da franquia até hoje, em faturamento bruto de produtos vendidos, e um dos maiores destaques comerciais da história da Toei. O céu seria o limite para as guerreiras lendárias, que poderia levar os lucros da empresa a patamares cada vez mais altos...
Mesmo com o empenho em criar uma história melhor, Go! Princess Precure (2015) patinou com ganhos de US$ 66 milhões, o suficiente para os executivos começarem a encher o saco, e boatos de que a franquia seria encerrada, começarem a circular. A aposta seguinte, Mahoutsukai Precure, em 2016, aliviaria um pouco as pressões, ao registrar ganhos de US$ 75 milhões, mas as cobranças por melhores resultados continuavam. Kira Kira Precure (2017), apesar de dividir opiniões, tendo se afastado um pouco do conceito de “guerreiras lendárias” (agora eram doceiras lendárias) usado para definir as heroínas, ao menos serviu para adoçar um pouco o mau humor dos executivos, ao atingir o patamar de US$ 81 milhões em faturamento.
Hugtto! Precure fez a franquia voltar a faturar alto, depois de algumas temporadas menos lucrativas com a venda de produtos.
Com a franquia chegando à sua 15ª produção, em 2018, Hugtto! Precure cumpriu com seu dever, vendendo cerca de US$ 101 milhões, e ao menos comemorando uma década e meia de existência das séries Pretty Cure/Precure com respeito, voltando a lucrar acima de US$ 100 milhões. Star Twinkle Precure, a série de 2019, não manteria o nível, mas ainda faturaria US$ 83 milhões, resultado superior a Kira Kira. E chegamos então a Healin’ Good Precure, a série de 2020, que em números absolutos, até o fechamento desta matéria, não ia bem das pernas, com apenas US$ 58 milhões em produtos vendidos.
Mas é errado afirmar que Healin’ Good Precure é um fracasso comercial, lembrando que 2020 foi um ano bem diferente de todos os outros, devido à pandemia mundial da Covid-19, que virou o dia-a-dia de muita gente de cabeça para baixo. Mesmo sendo um país onde o surto da doença foi mais bem controlado do que em muitos outros, o Japão sofreu impactos em sua economia, em vários setores, entre eles o do entretenimento, com queda nos cronogramas de produção, e claro, também nos lucros advindos de produtos licenciados. Outro fator a considerar é que a atual série ainda está em exibição, ou seja, seu balanço geral não foi fechado ainda, e os números de faturamento ainda podem melhorar, permitindo que a série tenha um desempenho mais positivo nos lucros da venda de produtos.
Devido à pandemia, as produções animadas da Toei sofreram um atraso no cronograma operacional de cerca de dois meses, no início da pandemia, no primeiro semestre deste ano, até que fossem estabelecidas normas de retomada dos trabalhos que garantissem um mínimo de segurança às equipes dos estúdios. Devido a isso, Healin’ Good, cujo término era previsto para o fim de janeiro, será encerrada apenas em março de 2021, quando também terá seu filme, programado inicialmente para outubro último, exibido nos cinemas nipônicos, o que ajudará a fechar seu balancete com cifras bem mais favoráveis. Por isso, os fãs podem ficar tranquilos de que os baixos números exibidos até recentemente não comprometem a continuidade da franquia, que já teve o nome da nova série de 2021 divulgado recentemente, Tropical Rouge Precure, e que já se encontra em pré-produção para estrear em março do ano que vem. E, mais uma vez, com a expectativa por parte da Toei, de continuar gerando muitos mais lucros para o estúdio. Houve também o temor de que, por ter como temática a “cura da Terra”, onde as heroínas da série atual agem como um tipo de “enfermeiras” e/ou “médicas”, tratando a natureza das infecções provocadas pelos inimigos da história, pudesse fazer com que os fãs ficassem ressabiados com a produção, devido à eclosão da pandemia do novo coronavírus, fazendo-os lembrar da difícil situação real pela qual todo o mundo está passando, e que isso se refletisse negativamente na aceitação, e claro, na venda de produtos licenciados.
Healin’ Good Precure: menor faturamento até agora na franquia, mas a série ainda está em andamento, e tem tempo para melhorar seus números de vendas de produtos.
Pode-se até criticar as cobranças de lucros por parte dos executivos da Toei, mas como já foi dito, o objetivo da franquia Pretty Cure/Precure é gerar lucros, e isso vale para todas as demais produções animadas, não apenas no Japão, mas em todo o mundo. Até as produções animadas feitas nos Estados Unidos são voltadas para a geração de lucros, da mesma maneira, sejam em produtos licenciados, sejam em brinquedos, em maior ou menor grau. Mas sempre com a meta de obter lucro, especialmente diante de seus altos custos de produção envolvidos.
Algo que pode atrapalhar são as expectativas e exigências muito altas de geração de lucros, o que pode comprometer o andamento de várias produções, caso certos números de faturamento não sejam atingidos, e aqui é onde mora o maior perigo: se em caso de prejuízo é mais do que óbvio tal produção ser interrompida, pelo motivo simples de não se pagar, no caso das séries que geram lucro, mas não atingem os números exigidos pelos executivos, podem ser sacrificadas mesmo assim, por insatisfação de não ter correspondido ao que se esperava, mesmo tendo gerado bons lucros.
Diversas lojas vendem os produtos relacionados à franquia Pretty Cure/Precure por todo o Japão, muitas vezes contando com espaços personalizados exclusivos, uma tentação enorme para desgraça dos bolsos dos fãs, que podem sucumbir completamente.
No caso do Japão, eles possuem um mercado de animação extremamente concorrido, com inúmeras séries sendo produzidas todos os anos. É uma disputa feroz, e por isso mesmo, os executivos podem não se contentar apenas se a série não deu prejuízo. É uma questão de critérios, também: exigir lucros muito altos pode queimar várias séries, mesmo que estas tenham dado lucros satisfatórios. Por isso mesmo, os números de faturamento das séries são acompanhados com muita atenção, especialmente aquelas que criam maiores expectativas, por serem geradoras de um número potencialmente maior de produtos, como Pretty Cure/Precure. A cada nova temporada, inúmeros produtos são lançados, e é óbvio que nem todos podem vender como se esperam, o que gera a preocupação com a continuidade ou não da franquia por parte da Toei Animation, caso a direção do estúdio não se dê por satisfeita.
Felizmente, até aqui, apesar de alguns momentos de tensão, em termos de balanços financeiros, devido aos altos e baixos, a franquia tem conseguido cumprir com seu objetivo de gerar grandes lucros para a Toei, que por sua vez, parece ter tido certa dose de paciência para não ficar obcecada radicalmente apenas com o relatório geral de vendas. E também para as empresas que usam a imagem das heroínas para promover seus produtos, mantendo sempre o interesse por lançarem novos produtos licenciados regularmente. Isso significa que as guerreiras lendárias defensoras do amor e da justiça prosseguirão em suas aventuras, lutando contra as forças do mal, entretendo seu público-alvo, garantindo sempre a vitória das forças do bem, e mantendo o tilintar da máquina registradora da Toei Animation. Afinal, salvar o mundo custa caro, e se as contas não forem pagas, até mesmo as famosas super-heroínas Precures podem acabar sofrendo uma derrota fragorosa que nenhum vilão conseguiu até hoje, que foi dar cabo das valorosas guerreiras adolescentes.
Vida longa às Pretty Cures/Precures, portanto. E aos seus lucros anuais.
Alguns dos vários produtos de Pretty Cure/Precure lançados para venda nas lojas do Japão (acima). Tem para todos os gostos e preços. E redes de lojas, como McDonalds também ofereceram produtos da franquia, muitas vezes de venda exclusiva em suas lojas, assim como de outras séries animadas, como foi feito com Bakugan (abaixo).
Alguns dos brinquedos lançados da primeira série Pretty Cure (acima e abaixo), em 2004. Nova mina de ouro para a Toei Animation turbinar seus lucros.
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