Depois que a revista Mônica comemorou
o lançamento de sua edição 600 este mês, outro título de quadrinhos publicado
regularmente no Brasil também atingiu a impressionante marca de 600 números
publicados por aqui. Trata-se de Tex, a mais famosa e longeva série de faroeste
do mundo. A revista do intrépido Ranger iniciou sua publicação regular em nosso
país em 1971, e de lá para cá, nunca mais parou, reafirmando em terras
tupiniquins o mesmo sucesso alcançado em outros países do mundo onde foi
publicado.
A Mythos Editora é
a atual casa do personagem no Brasil, e a nova edição centenária, por motivos
óbvios da comemoração das 600 edições lançadas, vem integralmente colorida, brindando
os leitores com a história “O Ouro dos Pawness”, em suas tradicionais 116
páginas, ao preço de R$ 15,90, em formato 13,5 x 17,5 cm, com lombada quadrada.
A história é escrita por Mauro Boselli, com desenhos de Fabio Civitelli. Na
sinopse da aventura, muitos anos atrás, nas Grandes Pastagens atravessadas por ferozes
hordas de Sioux, quatro garotos vagabundos a caminho de casa corriam para uma
princesa Pawnee em estava perigo… A partir daquele momento, o destino de Tex e
dos peles-vermelhas se uniu inexplicavelmente na pessoa de Tesah e no segredo
do tesouro sagrado da Tribo Pawnee. Muitos anos depois, o Ranger, também
conhecido como Águia da Noite entre o povo indígena, recebe uma mensagem de pedido
de ajuda de um velho amigo e vai para o resgate juntamente com Kit Carson, seu
filho Kit e, claro, Jack Tigre!
O título mensal do
personagem, criado em 1948 na Itália por Giovanni Luigi Bonelli e Aurelio
Gallepini, estreou nas bancas nacionais em fevereiro de 1971, publicado pela
Editora Vecchi, tornando-se desde logo um grande sucesso entre os leitores, que
passaram a acompanhar as aventuras de Tex Willer, seu filho Kit, e seus
inseparáveis amigos Kit Carson e Jack Tigre, na época do velho oeste americano.
O título foi publicado até a edição 164, em agosto de 1983, quando foi
cancelado, devido à falência da Vecchi. A ausência das bancas, contudo, durou
apenas um mês: em outubro daquele ano, a RGE – Rio Gráfica e Editora, assumiu a
publicação do título, dando sequência à numeração iniciada pela Vecchi, com a
edição Nº 165, de modo que os “pards” (os fãs de Tex) puderam continuar
acompanhando as aventuras do herói e seus companheiros.
Com o logo da RGE,
a revista durou mais 42 edições, até dezembro de 1986, mas desta vez, nada a
temer pela continuidade da publicação da revista. A RGE apenas mudaria de nome,
para Editora Globo, e Tex seguiria firme nas publicações da editora sob o novo
logo, iniciado em janeiro de 1987, e durando até dezembro de 1998, quando o
título chegou ao seu fim na editora da Família Marinho, alcançando a edição
350. Na época, a Globo resolveu desistir de boa parte dos seus títulos de
quadrinhos publicados, de modo que o cancelamento de Tex não se deveu por
motivos de baixas vendas. A Globo simplesmente mudou seu planejamento
editorial, ficando apenas com as revistas da Turma da Mônica. Nesta fase, então,
o título regular de Tex contou com 144 edições.
Mas novamente os
malfeitores do velho oeste não puderam comemorar: em janeiro de 1999, Tex
Willer & Cia. iniciariam sua passagem nas bancas brasileiras agora pela
Mythos Editora, onde permanecem até hoje, para felicidade dos pards e amantes
dos quadrinhos. E uma marca que reforça o sucesso editorial do ranger no Brasil
é que há tempos ele tem mais de um título publicado regularmente nas bancas.
Ainda nos tempos da saudosa Vecchi, a editora começou a republicar as edições
antigas do herói, proporcionando a leitores mais novos conseguirem as antigas
aventuras de Tex. Essa prática foi mantida na RGE, e depois na Globo, e até os
tempos atuais, na Mythos, primeiro com o título “Tex – 2ª Edição”, e
atualmente, “Tex Coleção”. Isso sem mencionar as várias edições especiais que
Tex teve ao longo dos anos, ganhando até uma série de edições de luxo na
Mythos, e mais recentemente, uma coleção de Graphics publicada pela Salvat
Editora, nos mesmos moldes das coleções de Graphic Novels publicadas com os
heróis da Marvel Comics. Definitivamente, Tex fincou raízes bem duradouras em
nosso país, sendo até hoje um caso raro de sucesso no mercado nacional de
quadrinhos, mesmo nos tempos difíceis da economia que nosso país vivenciou.
E
a edição 600 do herói traz um brinde para lá de especial: Uma reprodução
fac-simile da revista Júnior Nº 28, publicada em fevereiro de 1951, que foi a
primeira aparição de Tex no mercado brasileiro de quadrinhos, praticamente duas
décadas antes do ranger ganhar o seu título atual que conhecemos. A revista
Junior era uma publicação semanal da Rio Gráfica e Editora, e trazia aventuras
de vários personagens. Era uma publicação simples, no formato 16 cm de largura
por 7 cm de altura, com 36 páginas, que publicava tiras de quadrinhos. E na
citada edição 28, a revista trazia em sua capa a estréia de um novo personagem,
com o título “As Aventuras de Texas Kid”, e a primeira história do cowboy
italiano a ser vista pelos leitores nacionais de quadrinhos, cujo título era “O
Totem Misterioso”. Trata-se de uma reimpressão muito bem-vinda, não apenas por
marcar a estréia do ranger em terras brasilis, mas também por resgatar um
pequeno pedaço de um publicação que, apesar de simples, até para os padrões da
época, fez a alegria de muitos leitores, que puderam apreciar diversas
aventuras em suas páginas.
E Tex, mostrando sua força,
praticamente tomaria conta da Junior, marcando presença ininterrupta em suas
páginas dali em diante, interrompida apenas na edição 263, de julho de 1957,
quando teve sua última tira publicada no título. A partir da edição 264, a
revista passou a ter outra direção editorial, trazendo ainda histórias de
faroeste, mas de outros personagens. Texas Kid, como ficou conhecido na época,
só voltaria muitos anos depois, já na publicação de seu título mensal de
estréia, pela Vecchi, e agora com seu nome original, Tex. Uma saga que nunca
mais ficaria longe das bancas brasileiras, como confirma a edição comemorativa
de seus 600 números lançados desde então.
Em mundo
atual onde o mercado editorial está atulhado de títulos de super-heróis de um
lado, e do outro, os quadrinhos japoneses, os chamados mangás, a trajetória de sucesso
Tex Willer no mercado nacional é digna de elogios, mantendo uma vendagem que,
se não é a mesma dos velhos tempos, ainda faz inveja a muitas outras revistas
atualmente em publicação. O personagem, um ranger do Texas, vive suas aventuras
na penúltima década do Século XIX. Conhecido como Águia da Noite, ele também é
chefe da tribo dos Navajos, intermediando os assuntos oficiais entre os
peles-vermelhas e as autoridades locais. Como oficial da lei, já viveu as mais
variadas aventuras, até em locais distantes do Texas, muitas vezes cumprindo
variadas missões confiadas a ele pelas autoridades do governo dos Estados
Unidos, devido às suas aptidões e bravura, sempre junto de seus companheiros
Carson, Kit, e Tigre.
Cativando
leitores desde que foi criado, há 71 anos na Itália, e nos últimos 48 anos no
Brasil com seu título regular em bancas, Tex chega com muitos méritos a este
número incrível de longevidade. E tudo indica que seu fôlego para novas
aventuras tão cedo não irá se esgotar. Portanto, vida longa a Tex, o Águia da
Noite, e mais destemido ranger dos quadrinhos! Que venham outras 600 edições,
com muitas aventuras para desfrute não apenas dos pards, mas dos amantes dos
quadrinhos...
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