sábado, 29 de outubro de 2016

PANINI TRAZ FASE CLÁSSICA DO LANTERNA E ARQUEIRO VERDE



       
Os anos 1970 foram uma época onde os quadrinhos apresentaram várias fases e histórias interessantes. Na Marvel, por exemplo, o Capitão América levou a ser desacreditado perante a opinião pública, e chegou até mesmo a pendurar seu uniforme durante algumas edições, criando uma nova identidade heroica, o Nômade. A editora também começou a fazer seus personagens interagirem uns com os outros mais do que nunca em várias aventuras, e por aí vai. Nas aventuras do Homem-Aranha, sua namorada Gwen Stacy acabou morta no meio do confronto do herói com o Duende Verde, e o melhor amigo de peter, Harry Osborn, acabou enveredando pelo mundo das drogas. Os quadrinhos começavam a mostrar uma realidade mais dura e menos colorida, como muitos sempre imaginavam. E, atenta a essa maturação das histórias, a DC Comics, maior rival da Marvel, não podia ficar para trás.
A editora começou a restaurar a imagem de herói “sério” e “sombrio” do Batman, que ficara estigmatizado pelo seriado dos anos 1960, através da bela arte de Neal Adams, com histórias onde o herói passou a atuar sozinho (Robin foi para a universidade), e fazendo maior uso de seus talentos de detetive, em histórias bem mais sérias e sombrias. E isso seria apenas o começo. Quando o editor Julius Schwartz convocou o roteirista Dennis O’Neil e o desenhista Neal Adams para revitalizar o título do Lanterna Verde, a revista do herói passou a apresentar, além da cada vez mais espetacular arte de Adams, conteúdos muito mais próximos das questões sociais prementes que permeavam a época. Tal abordagem, somada à presença fixa do rebelde Arqueiro Verde, fazendo contraponto à atitude mais “ordeira” de Hal Jordan, e promovendo um confronto de idéias entre as posições de Oliver Queen e seu amigo Lanterna Verde, catapultou as histórias a seu atual status de lenda absoluta. E essa lenda mais uma vez volta às bancas do país nestes meses de novembro e dezembro, pelas mãos da Panini Comics, que estará lançando suas próximas edições da coleção Lendas do Universo DC. Trata-se de um material de primeira linha, que vale a pena ser revisto e/ ou conhecido pela primeira vez para quem nunca leu estas histórias.
LENDAS DO UNIVERSO DC: LANTERNA VERDE/ARQUEIRO VERDE terá 3 edições, com cerca de 132 páginas cada uma, e republicará, na íntegra, uma fase que não só influencia os quadrinhos até hoje, como permanece uma leitura espetacular. Publicada no mesmo formato e acabamento das coleções Lendas do Cavaleiro das Trevas e Lendas do Homem de Aço, que inclui capa cartão e miolo offset, estas aventuras foram publicadas originalmente nas edições do título Green Lantern 76 a 87, e 89 e, também como histórias secundárias, nas edições da revista The Flash 217, 218, 219, e 226. Para os fãs dos dois personagens da DC Comics (ou simplesmente para aqueles que curtem narrativas gráficas de qualidade), trata-se de uma chance sem igual de ter um material que faz parte da história das HQs, sendo lembradas até hoje.
A abordagem da dupla amadureceu os perfis da dupla de heróis Lanterna Verde e Arqueiro. Oliver Queen, o herói arqueiro surgido na Era de Ouro como um playboy combatente do crime, tornou-se um homem muito mais maduro e de posições políticas bem mais radicais, que tenta influenciar o seu amigo Hal Jordan, o Lanterna Verde da Era de Prata, que possui uma postura mais liberal. Juntos, os dois embarcam em um aventura pelas estradas americanas. Dinah Lance, a Canário Negro, passa a acompanhar a dupla e a partir daí se torna o interesse amoroso do Arqueiro. Para sentir o impacto da abordagem, logo na primeira história desta fase, lançada em 1970 na revista Green Lantern/Green Arrow número 76, a dupla de heróis topa com um problema bem complicado de ser resolvido com suas habilidades: a questão racial. Em um momento em que conflitos entre brancos e negros ganhavam a rua ameaçando levar os Estados Unidos a uma espécie de guerra civil, ao mesmo tempo em que o Congresso americano preparava-se para aprovar o fim da segregação no país, uma história dos quadrinhos reproduzia as faces do líder negro Martin Luther King e do senador Robert Kennedy, ambos vítimas de atentados que marcaram época.
Outro momento de forte impacto foi a história em que Hal e Oliver enfrentam um traficante de drogas, e o Arqueiro ainda tem o dissabor de descobrir que Ricardito, seu jovem parceiro no combate ao crime, tornou-se um viciado em drogas. E esse foi apenas outra das inúmeras dificuldades que a dupla teve de enfrentar. O público leitor brasileiro já teve chance de ler parte deste material, primeiro na própria década de 1970, quando a Ebal publicava os títulos DC. Nos anos 1980, parte do material acabou saindo nos títulos de linha da Abril, que havia passado a publicar as aventuras dos heróis DC em nosso país.
Na década passada, a Opera Graphica lançou uma edição especial reunindo duas histórias desta fase que permaneciam inéditas no Brasil, intituladas “...E uma criança irá destruí-lo” e “Um mundo feito de plástico”. Esta edição foi bem cuidada, em formato americano, com capa cartonada e lombada quadrada, incluindo um artigo escrito por Roberto Guedes sobre os heróis e os autores, Dennis O’Neil e Neal Adams, com suas respectivas biografias.
                É a segunda vez em que boa parte deste material será apresentado em ordem e na íntegra no Brasil. Em 2006, a mesma Panini Comics lançou as edições Grandes Clássicos DC N°s 6 e 7, compilando as edições do título Green Lantern 76 a 87, e 89. Esta edição que sairá agora, contudo, é mais completa, com as histórias que foram publicadas no título do Flash, o que torna este lançamento da Panini Comics muito recomendável, tanto para os antigos leitores que já tiveram oportunidade de ver este material, como para a atual geração de leitores. Além da arte impecável de Neal Adams, os assuntos debatidos nas histórias permanecem mais do que atuais, mostrando que certos dilemas são muito mais complicados de se solucionar do que parecem, não importa se você é um super-herói com os mais variados poderes e habilidades. E socar um bandido poderá parecer um passo pífio na tentativa de trazer tudo de volta ao normal, salvando aqueles que se encontram em perigo.
                Serão edições para se ter na estante de qualquer fã de quadrinhos. Um ponto positivo para a Panini por republicar novamente esta fase desta icônica dupla de heróis da DC Comics em um de seus momentos mais relevantes.

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