terça-feira, 26 de janeiro de 2016

PANINI REPUBLICA O MOTOQUEIRO FANTASMA ORIGINAL




                Nos últimos tempos a Panini Comics tem conseguido lançar algumas edições bem elogiadas com materiais clássicos da Marvel, na série "Coleção Histórica Marvel", em que pese o mix "sortido" de algumas edições, onde as histórias são colocadas mais por temas do que pela ordem seguida de lançamento, como era feito na série "Biblioteca Histórica Marvel". Mesmo assim, graças a estes lançamentos, os leitores tem tido a chance de ver, ou rever, algumas histórias bem antigas da Casa das Idéias, que há muito tempo mereciam ser vistas novamente por estas bandas.
                E, mais recentemente, a editora acabou de lançar mais uma destas edições, na temática Marvel Terror, dedicada ao Motoqueiro Fantasma, personagem que nos últimos tempos ganhou o adjetivo de "Espírito da Vingança", mas que no seu início, não era bem assim. COLEÇÃO MARVEL TERROR - MOTOQUEIRO FANTASMA N° 1, traz as primeiras histórias do personagem, lançadas no início dos anos 1970. A edição, ao preço de R$ 22,90, compila as histórias publicadas na revista Marvel Spotlight do número 5 ao 11, além do primeiro número do título mensal Ghost Rider (Motoqueiro Fantasma), lançado em setembro de 1973.
                Na história, o motociclista Johnny Blaze descobre que seu pai de criação, Crash Simpson, está morrendo de uma doença incurável, e desesperado para salvá-lo, acaba fazendo um pacto com Satã, o demônio infernal, para que salve sua vida, em troca da sua própria. Mas como acordos com o diabo nunca oferecem garantias, Crash Simpson acaba falecendo, não da doença que o acometia, mas em um acidente em seu show de acrobacias. E, como parte da barganha, a alma de Blaze deveria pertencer a Satã. Porém, o amor puro de Roxanne Simpson, filha de Crash, por Johnny, impede que o diabo se apodere de sua alma. Mas, em compensação, Blaze se vê acometido pela maldição de se tornar um ser sobrenatural todas as noites, quando vira praticamente um esqueleto vivo em chamas, chamado de Motoqueiro Fantasma. E começa o seu calvário em vida, vivendo diversas aventuras enfrentando outros seres sobrenaturais que desejam subjugá-lo para entregar sua alma definitivamente a Satã, ou trombando com algum vilão que acaba forçando-o o agir como um herói relutante.
                O personagem foi criado por Roy Thomas e Gary Friedrich, e suas primeiras histórias foram desenhadas por Mike Ploog, substituído por Tom Sutton pouco depois. Johnny Blaze foi o segundo personagem a usar o nome de "Ghost Rider", pois em 1967 a Marvel já havia publicado um herói com esse título, mas se tratava de outro personagem, chamado Carter Slade, que vivia suas aventuras nos tempos do velho oeste americano. Por aqui, o personagem ganhou o nome de "Cavaleiro Fantasma", nas poucas aparições que fez nos títulos de outros personagens da Marvel. A série durou apenas 7 edições, quando seu título foi cancelado.
                Iniciada em setembro de 1973, a série do Motoqueiro Fantasma durou até 1983, com 81 edições lançadas de forma meio irregular durante a década. Durante esse período, Blaze chegou a fazer parte até mesmo de um grupo de super-heróis, os Campeões, que contava, entre outros integrantes, com Hércules, Viúva-Negra, Homem de Gelo e Anjo. O grupo teve vida curta. Ao fim da série, Blaze finalmente ficava livre da maldição do Motoqueiro Fantasma, e partiu para viver sua vida ao lado de seu grande amor, Roxanne.
                Na década de 1990, a Marvel trouxe o personagem de volta em uma nova série, mas com outra pessoa, o jovem Daniel Ketch, que passava a se transformar no ser sobrenatural, embora não do mesmo modo como Johnny Blaze. A partir desta série, o Motoqueiro Fantasma se apresentava como o "Espírito da Vingança" destinado a vingar os inocentes que fossem agredidos pelos perversos, com poderes bem originais, como o "olhar de penitência", que infligia em que o recebesse todo o sofrimento que ele causara às suas vítimas. Essa nova série durou 8 anos, com 95 edições, publicadas entre 1990 e 1998, e contou com a participação do motoqueiro original, Johnny Blaze, como personagem coadjuvante.
                Mais recentemente, contudo, a Marvel fez Blaze voltar a ser o Motoqueiro Fantasma, fazendo o personagem voltar a viver um calvário, até que ele acabou substituído por uma mulher, e mais recentemente por outro jovem, chamado Robbie Reyes, que é o atual "Ghost Rider", que anda em um carro, e não em uma motocicleta. O personagem chegou a ganhar duas produções cinematográficas, com Nicolas Cage interpretando Johnny Blaze, que foram consideradas de ruim a sofrível pelos fãs, que não foram muito com a cara com que o personagem foi retratado.
                Nenhuma das séries antigas do Motoqueiro Fantasma foi publicada completa no Brasil. As aventuras de Johnny Blaze chegaram a ser lançadas pela Editora Abril em sua linha de revistas Marvel no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980, e na década de 1990, a nova série, estrelada por Daniel Ketch, também não teve todas as suas aventuras lançadas por aqui. Esta edição que a Panini está lançando, por incrível que pareça, já publica boa parte das histórias lançadas pela Abril nas edições antigas dos títulos Heróis da TV e Capitão América, antes que a editora decidisse esquecer o personagem, uma vez que suas histórias estavam muito defasadas em relação à cronologia dos demais personagens. Se a Panini der sequência à coleção, com a publicação de novas edições, então os leitores poderão ver aventuras inéditas de Johnny Blaze, nunca lançadas por aqui.
                Assim como vem fazendo com os volumes do título "Tumba do Drácula", que também acaba de ganhar mais um volume, o material compilado nesta edição é muito mais do que bem-vindo, pois tratam-se de histórias que foram publicadas pela última vez há mais de 30 anos, e que merecem ser conhecidas pelos leitores atuais, e revistas pelos antigos fãs. A Panini agora precisa mesmo é acertar a distribuição de suas revistas, pois os seus títulos estão saindo todos atrasados. É o caso desta edição dedicada ao Motoqueiro Fantasma, que está datada de outubro de 2015, mas que só chegou a algumas bancas no final de dezembro, e em várias outras cidades, só neste mês de janeiro. E quanto aos títulos mensais, só agora, quase às vésperas de fevereiro, as bancas estão começando a receber as edições de dezembro último. Mesmo assim, a Panini merece os cumprimentos por desencavar alguns materiais bem antigos da Marvel, de tempos em que as histórias da editora conseguiam divertir leitores e fãs de quadrinhos com uma criatividade e originalidade que divertiam, apesar de mais simples, se comparadas às tramas atuais. Que continue assim. Os leitores certamente sairão ganhando podendo rever estes materiais clássicos que fizeram boa parte da merecida fama de "Casa das Idéias" pela qual a Marvel se tornou conhecida por todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário