Nos
últimos tempos a Panini Comics tem conseguido lançar algumas edições bem
elogiadas com materiais clássicos da Marvel, na série "Coleção Histórica
Marvel", em que pese o mix "sortido" de algumas edições, onde as
histórias são colocadas mais por temas do que pela ordem seguida de lançamento,
como era feito na série "Biblioteca Histórica Marvel". Mesmo assim,
graças a estes lançamentos, os leitores tem tido a chance de ver, ou rever,
algumas histórias bem antigas da Casa das Idéias, que há muito tempo mereciam
ser vistas novamente por estas bandas.
E,
mais recentemente, a editora acabou de lançar mais uma destas edições, na
temática Marvel Terror, dedicada ao Motoqueiro Fantasma, personagem que nos
últimos tempos ganhou o adjetivo de "Espírito da Vingança", mas que
no seu início, não era bem assim. COLEÇÃO MARVEL TERROR - MOTOQUEIRO FANTASMA
N° 1, traz as primeiras histórias do personagem, lançadas no início dos anos 1970. A edição, ao preço de
R$ 22,90, compila as histórias publicadas na revista Marvel Spotlight do número
5 ao 11, além do primeiro número do título mensal Ghost Rider (Motoqueiro
Fantasma), lançado em setembro de 1973.
Na
história, o motociclista Johnny Blaze descobre que seu pai de criação, Crash
Simpson, está morrendo de uma doença incurável, e desesperado para salvá-lo,
acaba fazendo um pacto com Satã, o demônio infernal, para que salve sua vida,
em troca da sua própria. Mas como acordos com o diabo nunca oferecem garantias,
Crash Simpson acaba falecendo, não da doença que o acometia, mas em um acidente
em seu show de acrobacias. E, como parte da barganha, a alma de Blaze deveria
pertencer a Satã. Porém, o amor puro de Roxanne Simpson, filha de Crash, por
Johnny, impede que o diabo se apodere de sua alma. Mas, em compensação, Blaze
se vê acometido pela maldição de se tornar um ser sobrenatural todas as noites,
quando vira praticamente um esqueleto vivo em chamas, chamado de Motoqueiro
Fantasma. E começa o seu calvário em vida, vivendo diversas aventuras
enfrentando outros seres sobrenaturais que desejam subjugá-lo para entregar sua
alma definitivamente a Satã, ou trombando com algum vilão que acaba forçando-o
o agir como um herói relutante.
O
personagem foi criado por Roy Thomas e Gary Friedrich, e suas primeiras
histórias foram desenhadas por Mike Ploog, substituído por Tom Sutton pouco
depois. Johnny Blaze foi o segundo personagem a usar o nome de "Ghost
Rider", pois em 1967 a
Marvel já havia publicado um herói com esse título, mas se tratava de outro
personagem, chamado Carter Slade, que vivia suas aventuras nos tempos do velho
oeste americano. Por aqui, o personagem ganhou o nome de "Cavaleiro
Fantasma", nas poucas aparições que fez nos títulos de outros personagens
da Marvel. A série durou apenas 7 edições, quando seu título foi cancelado.
Iniciada
em setembro de 1973, a
série do Motoqueiro Fantasma durou até 1983, com 81 edições lançadas de forma
meio irregular durante a década. Durante esse período, Blaze chegou a fazer
parte até mesmo de um grupo de super-heróis, os Campeões, que contava, entre
outros integrantes, com Hércules, Viúva-Negra, Homem de Gelo e Anjo. O grupo
teve vida curta. Ao fim da série, Blaze finalmente ficava livre da maldição do
Motoqueiro Fantasma, e partiu para viver sua vida ao lado de seu grande amor,
Roxanne.
Na
década de 1990, a
Marvel trouxe o personagem de volta em uma nova série, mas com outra pessoa, o
jovem Daniel Ketch, que passava a se transformar no ser sobrenatural, embora
não do mesmo modo como Johnny Blaze. A partir desta série, o Motoqueiro
Fantasma se apresentava como o "Espírito da Vingança" destinado a
vingar os inocentes que fossem agredidos pelos perversos, com poderes bem
originais, como o "olhar de penitência", que infligia em que o
recebesse todo o sofrimento que ele causara às suas vítimas. Essa nova série
durou 8 anos, com 95 edições, publicadas entre 1990 e 1998, e contou com a
participação do motoqueiro original, Johnny Blaze, como personagem coadjuvante.
Mais
recentemente, contudo, a Marvel fez Blaze voltar a ser o Motoqueiro Fantasma,
fazendo o personagem voltar a viver um calvário, até que ele acabou substituído
por uma mulher, e mais recentemente por outro jovem, chamado Robbie Reyes, que
é o atual "Ghost Rider", que anda em um carro, e não em uma
motocicleta. O personagem chegou a ganhar duas produções cinematográficas, com
Nicolas Cage interpretando Johnny Blaze, que foram consideradas de ruim a
sofrível pelos fãs, que não foram muito com a cara com que o personagem foi
retratado.
Nenhuma
das séries antigas do Motoqueiro Fantasma foi publicada completa no Brasil. As
aventuras de Johnny Blaze chegaram a ser lançadas pela Editora Abril em sua
linha de revistas Marvel no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980, e na
década de 1990, a
nova série, estrelada por Daniel Ketch, também não teve todas as suas aventuras
lançadas por aqui. Esta edição que a Panini está lançando, por incrível que
pareça, já publica boa parte das histórias lançadas pela Abril nas edições
antigas dos títulos Heróis da TV e Capitão América, antes que a editora decidisse
esquecer o personagem, uma vez que suas histórias estavam muito defasadas em
relação à cronologia dos demais personagens. Se a Panini der sequência à
coleção, com a publicação de novas edições, então os leitores poderão ver
aventuras inéditas de Johnny Blaze, nunca lançadas por aqui.
Assim
como vem fazendo com os volumes do título "Tumba do Drácula", que
também acaba de ganhar mais um volume, o material compilado nesta edição é
muito mais do que bem-vindo, pois tratam-se de histórias que foram publicadas pela
última vez há mais de 30 anos, e que merecem ser conhecidas pelos leitores
atuais, e revistas pelos antigos fãs. A Panini agora precisa mesmo é acertar a
distribuição de suas revistas, pois os seus títulos estão saindo todos
atrasados. É o caso desta edição dedicada ao Motoqueiro Fantasma, que está
datada de outubro de 2015, mas que só chegou a algumas bancas no final de
dezembro, e em várias outras cidades, só neste mês de janeiro. E quanto aos
títulos mensais, só agora, quase às vésperas de fevereiro, as bancas estão
começando a receber as edições de dezembro último. Mesmo assim, a Panini merece
os cumprimentos por desencavar alguns materiais bem antigos da Marvel, de
tempos em que as histórias da editora conseguiam divertir leitores e fãs de
quadrinhos com uma criatividade e originalidade que divertiam, apesar de mais
simples, se comparadas às tramas atuais. Que continue assim. Os leitores
certamente sairão ganhando podendo rever estes materiais clássicos que fizeram
boa parte da merecida fama de "Casa das Idéias" pela qual a Marvel se
tornou conhecida por todos.
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