Colecionar
seriados antigos no Brasil se tornou tarefa complicada nos últimos anos. As
distribuidoras diminuíram consideravelmente suas apostas no gênero, e quando
aparece algum lançamento, os fãs tem de torcer para que pelo menos saia feito
de maneira correta, o que nem sempre acontece. A série original de Galactica -
Astronave de Combate, lançada pela Universal no ano passado, é um exemplo: o
box nacional veio completamente sem os extras presentes na versão americana,
que ainda teve direito a lançamento em alta definição (blu-ray), e versões
remasterizadas dos episódios. Como desgraça pouca é bobagem, além do preço
exagerado do box, a autoração dos discos parece ter sido feita nestes programas
básicos de gravação de mídias que se tem em um computador doméstico, de tão
simples e insossa que é.
Ainda
assim, quando surge um novo lançamento na área, os fãs comemoram, pois é a
chance de verem ou reverem um material antigo que há muito tempo não passa mais
na TV. E é com essa esperança que se vê o mais novo lançamento no mercado
nacional, de uma famosa série de humor dos anos 1960 que tinha como pano de
fundo a 2ª Guerra Mundial: Guerra, Sombra e Água Fresca, que foi lançada no mês
passado, pela World Classic.
GUERRA, SOMBRA E ÁGUA FRESCA - PRIMEIRA TEMPORADA
COMPLETA traz todos os 32 episódios da primeira temporada do seriado, com opções
de áudio em inglês e português, além de legendas em ambos os idiomas, em 5
discos. O preço da caixa é de R$ 99,90, e apesar da apresentação básica de
conteúdo, sem trazer nenhum material extra, a embalagem é muito bem feita, com
os discos acomodados em um digistak transparente, envolto por uma luva com
reprodução da mesma arte do box americano. E pelo menos a imagem dos episódios,
se não está exatamente "remasterizada" como vem anunciado na
embalagem, não é também exatamente ruim, embora se recomende ver em um aparelho
sem o recurso de upscaling de imagem, já que a resolução é a padrão de TV. O
melhor de tudo mesmo é poder contar com a dublagem original em português da série, além de ver, pela primeira vez, o episódio piloto, que foi o único
produzido em preto e branco, intitulado "O Espião", nunca exibido no
Brasil, e por isso mesmo, o único sem possuir dublagem em nosso idioma.
Produzida
entre 1965 e 1971, com o título original de "Hogan's Heroes" (Os Heróis
de Hogan), a série tem como palco o Campo 13, uma prisão para prisioneiros de
guerra, durante a 2ª Guerra Mundial. O campo tem orgulho de nunca ter sofrido
uma fuga de prisioneiros sequer, mas as coisas não são bem o que parecem. O
campo é comandado pelo incompetente Coronel Klink (Werner Klemperer), que tem
como braço direito o Sargento Schultz (John Banner). Seus principais
prisioneiros são um grupo das forças aliadas comandadas pelo Coronel Hogan (Bob
Crane), o oficial mais graduado entre os prisioneiros. Mas o que os oficiais
alemães não sabem é que Hogan e seu grupo são agentes especiais das forças
aliadas, e de dentro do Campo 13, planejam e fazem as maiores artimanhas para
complicar a vida das forças nazistas. E tudo isso debaixo do nariz do Coronel
Klink, a quem Hogan sempre consegue levar na conversa fiada para saber de
alguma manobra ou estratégia militar que os alemães estejam tramando nas
imediações. E quando a barra aperta e Klink ameaça "investigar" o que
anda acontecendo em seu campo de prisioneiros, Hogan sempre consegue dissuadir
o Coronel de seu intento. Claro, a ficha de Klink como oficial do exército alemão
não é nenhuma maravilha, e com boatos de que militares incômodos são enviados
para a Frente Russa dos combates, o Coronel volta e meia sempre acaba
concordando com os pontos de vista de Hogan. Afinal, é preciso manter a fama do
local como um presídio sem fugas e sem confusões. E com isso eles tiravam o
maior deboche dos nazistas, fazendo e acontecendo a todo momento. Hogan e seus
homens chegaram a roubar um tanque e escondê-lo dentro do Campo 13, só para
mostrar o que eles eram capazes de aprontar. Quem ficava na saia justa era o Sargento
Schultz, que muitas vezes presenciava boa parte das confusões, mas preferia
ficar na sua, repetindo sempre "eu não ver nada, eu não saber de
nada", evitando encrencas para o seu lado, afinal, ele era o chefe dos
guardas do Campo 13...
O
grupo de Hogan conta com os serviços do sargento americano James Kinchloe (Ivan
Dixon), especialista em rádio e comunicações, e que consegue imitar e simular
com facilidade as vozes dos alemães no rádio ou telefone, sendo muito
requisitado na hora de enviar ou passar mensagens falsas. Também tem o sargento
americano Andrew J. Carter (Larry Hovis), que é o especialista em química e
explosivos, inventando o que for preciso quando é necessário mandar alguma coisa
pelos ares. Já o cabo francês Louis LeBeau (Robert Clary) quebra o galho como o
cozinheiro do grupo, e ainda dá seu ar da graça como mestre da camuflagem,
tendo treinado os cães do Campo 13 para seguirem suas ordens e deixarem os
guardas alemães desnorteados quando há alguma perseguição ou tarefa que envolve
os animais. Graças a isso, é ele quem lidera as entradas e saídas pelos túneis secretos
que existem no campo de prisioneiros, por onde Hogan e seus homens sempre dão
uma "saidinha" para dar um giro pelas proximidades no cumprimento de
alguma missão para sabotar os esforços nazistas na guerra. Outro membro
importante é o cabo inglês Peter Newkirk (Richard Dawson), que é um jogador e
especialista em lutas corpo-a-corpo, ficando sob sua responsabilidade provocar
as distrações nas missões de sabotagem realizadas pelo grupo.
O
seriado contou com 6 temporadas, com um total de 168 episódios, que foram
exibidos pela rede CBS nos Estads Unidos. No Brasil, o seriado foi exibido pelas
TVs Tupi (1968-72), Excelsior (1969), Bandeirantes (1976-79; 85-86; 88),
Multishow (1996-97), e Rede 21 (2004-06), onde teve sua última reprise, há
praticamente 10 anos, nunca mais tendo sido exibida por aqui.
Vale
lembrar que este lançamento, muito provavelmente, é "semi-oficial",
para não dizer paralelo, como costuma acontecer com os demais lançamentos da
World Classic, uma vez que os direitos de distribuição da série pertencem à
Paramount. Mas o fã destas séries antigas pouco vai se importar se o lançamento
é oficial ou não. Ele quer ter a série, e como as distribuidoras que geralmente
possuem os direitos ultimamente andam se lixando para o consumidor, deixando de
lançar este tipo de produção, não há outra opção além de adquirir este tipo de
material, que geralmente tem apresentado uma qualidade de apresentação que
praticamente nada deve a um lançamento "oficial", geralmente com
caixas muito bem feitas e com belo design de apresentação. Claro que há algumas
exceções, como foi o caso da série clássica do primeiro Ultraman, também lançada
pela World Classic, disponibilizada recentemente, que tinha qualidade de imagens
dos episódios abaixo de qualquer expectativa, revoltando vários compradores. Mas
não parece ser o caso de Guerra, Sombra e Água Fresca, que agora pode ser
comprado pelos fãs nas principais lojas do país.
Quem
sai perdendo neste caso são as distribuidoras "oficiais", por
continuarem ignorando o público consumidor, que quer ter estas séries. Depois,
que não venham reclamar de que a pirataria lhes prejudica, quando eles próprios
ajudam a fomentá-la, lançando apenas as séries mais recentes.
Concordo que as distribuidoras estão perdendo um filão. Essa é uma das séries que eu queria ter na minha prateleira.
ResponderExcluirTomara que as demais temporadas sejam lançadas também.
ResponderExcluirJá foram lançadas 4 temporadas, faltam só duas agora
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