Neste
mês de julho, o título de quadrinhos mais antigo ainda em publicação no Brasil
está completando nada menos do que 65 anos. É a revista PATO DONALD, publicada
pela Editora Abril, cujo primeiro número foi lançado no dia 12 de julho de 1950. A publicação da
revista daria início ao império editorial construído por Victor Civita,
fundador da Abril, que hoje é o maior grupo editorial da América Latina, com
dezenas de publicações, nos mais variados gêneros e formatos.
A
edição comemorativa é a de número 2.445, que chegou às bancas praticamente na
mesma data em que estreou há 65 anos atrás. Como principal destaque, a capa da
edição é uma arte atualizada do desenho da primeira capa da revista, assinada
originalmente pelo argentino Luis Destuet, que na época fora contratado por
Victor Civita para ensinar os desenhistas brasileiros a fazer as histórias em
quadrinhos com os personagens da Disney. A capa atual, feita em homenagem à
antiga, é do artista Napoleão Figueiredo, desenhista veterano que já produziu
capas para as mais variadas publicações de quadrinhos editadas pela Abril ao
longo de sua história.
Lançada inicialmente em formato americano em julho de
1950, com 52 páginas, a revista do pato mais irascível dos quadrinhos estreou
com uma tiragem de mais de 80 mil exemplares, número expressivo para uma
publicação na época. Curiosamente, a revista tinha a maior parte de seu miolo
trazendo as histórias apenas em preto-e-branco, com poucas páginas coloridas. Uma
das atrações da edição de estréia de "O Pato Donald" era a história
"O Segredo do Castelo", produzida por ninguém menos do que Carl
Barks, o mais famoso desenhista de quadrinhos Disney até hoje, que teria suas
primeiras páginas lançadas no novo título de quadrinhos nacional. A história só
seria concluída nos números seguintes. Outro detalhe curioso é a primeira história
do Mickey publicada na revista, onde seu melhor amigo, o Pateta, era chamado
inicialmente de "Dippy", nome que felizmente foi abandonado pouco
tempo depois.
O
sucesso estrondoso da revista logo fez surgir outros títulos de quadrinhos
Disney, como Mickey, Zé Carioca, Tio Patinhas, entre vários outros. Com o
incremento do número de revistas, cujas vendas cresciam sempre, criou-se o estúdio
de quadrinhos Disney dentro da Abril, que por muitos anos criou incontáveis histórias,
que foram também exportadas para vários outros países que publicavam histórias
da Disney.
E
a revista do Pato Donald, cujo título segue firme até hoje, a coloca como uma
das mais longevas revistas do mundo dos quadrinhos mundiais. Só para se ter uma
idéia, a revista é mais antiga que todos os títulos dos heróis atualmente
publicados pela Marvel Comics, cujo universo de quadrinhos "moderno"
começou com a primeira edição de "Fantastic Four", em 1961, mais de
uma década depois do lançamento da revista do Donald em terras tupiniquins. A
numeração da revista, com 2.445, é explicada pelo fato do título ter tido
mudanças na sua periodicidade ao longo destes 65 anos de existência.
Da
edição N° 1, lançada em julho de 1950, a revista foi publicada mensalmente até a
edição 21, em março de 1952.
A partir da edição 22, de abril de 1952, até a edição 477,
de dezembro de 1960, o título foi semanal. Da edição 478, de janeiro de 1961,
em diante, o título assumiria a periodicidade bi-semanal, saindo a cada 14
dias, o que dava praticamente 26 edições por ano. Esta foi a periodicidade de
maior duração da história da revista, sendo mantida até a edição 1.858, lançada
em janeiro de 1990. A
revista voltaria à periodicidade semanal durante as edições 1.859 (fevereiro de
1990) a 1.984 (junho de 1992), quando novamente voltaria a ter lançamento
bi-semanal, da edição 1.985 (julho de 1992) à edição 2.325 (agosto de 2005). A
partir da edição 2.326, lançada em setembro de 2005, o título passou a ser
mensal, e mantém-se assim até os dias atuais.
O formato da revista também teve algumas variações ao
longo destas mais de seis décadas de publicação. O formato americano adotado
inicialmente logo deu lugar ao famoso "formatinho", que se mantém
firme até os dias atuais, com poucos momentos em que a revista foi lançada em outros
tamanhos. Das 52 páginas iniciais, o título encolheu para 32 páginas em boa
parte de sua história, tendo momentos com um pouco mais de páginas. Atualmente,
a revista mantém 52 páginas, e é um dos títulos mais acessíveis do mercado
nacional de quadrinhos, com o preço de R$ 3,90.
Os
atrativos especiais da edição que comemora os 65 anos de "Pato
Donald", contudo, são mínimos, reduzindo-se apenas a uma página no início
da revista, anunciando o grande feito, explicando sobre a longevidade da
revista, e sobre a homenagem feita na capa da edição em relação à capa da
revista de estréia, lançada há 65 anos, num texto singelo e curto. A própria
edição, em si, traz apenas as 52 páginas habituais, muito pouco para uma comemoração
que a Abril tinha tudo para fazer melhor, tendo em vista o currículo de edições
especiais lançadas pela editora nos últimos anos.
Definitivamente,
os tempos são outros. Em 1980, quando se fez a comemoração dos 30 anos da revista,
a edição, que atingiu em agosto daquele ano a marca invejável de 1.500 números
publicados no Brasil, apresentou alguns mimos especiais para os leitores: alem
da edição ter 132 páginas, justamente pela comemoração não apenas dos 30 anos
de publicação do título, mas da própria numeração de 1.500 edições atingidas,
trazia nada menos do que uma visita do próprio Pato Donald a Victor Civita,
fundados e presidente do Grupo Abril em seu próprio escritório na editora, em
uma história criada por Gérson Luiz B. Teixeira, com desenhos de Carlos Edgard
Herrero, com direito a algumas fotos da trajetória da Abril nos 30 anos
decorridos até então. A edição também trouxe uma reimpressão da história
"O Segredo do Castelo", publicada originalmente em partes nas
primeiras edições do título. Outro presente para os fãs foi a história "A
Galinha Sábia", compilação das páginas dominicais lançadas em 1934, com a
primeira aparição do Donald nos quadrinhos, ainda com um visual diferente do
qual todos conhecemos. A edição também republicou várias outras histórias clássicas
de Donald. A edição comemorativa atual, por outro lado, traz apenas material inédito,
o que não é algo ruim, mas faltou um destaque maior para a comemoração dos 65
anos da revista, que não apresenta tal informação nem na capa da edição, de
modo que quem apenas olha a revista na banca nem está sabendo da data festiva,
o que poderia ser um incentivo para se adquirir a edição e tentar conhecer um
pouco de sua história por parte do leitor menos informado.
Mesmo
assim, é de se comemorar efetivamente a longevidade do título, uma vez que,
durante todos esses anos, vários outros títulos Disney lançados pela Abril
acabaram cancelados, para não mencionar que a empresa, durante os anos 1980 e
1990, era a maior editora de quadrinhos do país, publicando séries de títulos
de super-heróis da Marvel e DC, além de outros títulos infanto-juvenis, como a
Turma da Mônica, e revistas com personagens da Hanna-Barbera, entre muitos
outros. Hoje, apenas os títulos Disney permanecem firmes no rol de publicações
da editora, que tem feito um trabalho bastante competente nos últimos anos,
para felicidade dos leitores nacionais, que tiveram acesso a vários materiais
de excelente qualidade.
E
tudo começou com um pato, em 1950, que transformou um pequeno empreendimento
num dos maiores grupos empresariais do Brasil e da América Latina. Palmas para
o Pato Donald, que ele bem que merece. E que possam vir outros 65 anos de
publicação para sua revista...
que saudades!
ResponderExcluirquem me dera ver meus filhos e meus netos lendo estas revistas.
o mundo cultural de mestre Walt Disney foi simplesmente o melhor, na minha ótica.