Demorou,
mas finalmente aconteceu, e os leitores brasileiros poderão ter a chance de
apreciarem um dos mais contundentes materiais do gênero super-herói já
produzidos: Miracleman está de volta!
Criado
pelo artista Mick Anglo em 1954 como um "sucessor" oficial para as
aventuras do Capitão Marvel da Fawcett Comics, cujas histórias haviam sido
canceladas, para a editora britânica Len Miller, o personagem, chamado
originalmente de Marvelman, fez sua fama por quase 10 anos, sendo publicado até
1963. No início da década de 1980, o herói voltou a ganhar novas aventuras em
uma série escrita por ninguém menos do que Alan Moore, que não só atualizou o
personagem como manteve o conhecimento das aventuras originais dos anos 1950 e
1960. Esta nova série era publicada dentro da revista "Warrior",
publicada pela Quality Communications, e mostrava Mick Moran, identidade
secreta do herói, já adulto, quando acaba redescobrindo sua identidade heróica,
esquecida há muitos anos, e tem de encarar a dura realidade dos dias atuais,
inclusive descobrindo que muita coisa de seu passado nunca foi como imaginava.
Esta série enterrou definitivamente o clima inocente das antigas aventuras, e foi
muito elogiada pelos leitores, pela maneira adulta e trágica como o personagem
foi mostrado, precisando lidar com acontecimentos dolorosos envolvendo seus
próprios amigos e aliados, e tendo de fazer escolhas das mais difíceis. Alan
Moore engrandeceu o personagem, e a série conquistou muitos fãs, o que não a
impediu de ter um encerramento prematuro, na edição N° 21 de Warrior, sem ter
uma conclusão adequada. Pouco tempo depois, a editora americana Eclipse Comics
adquiriu os direitos de publicação do personagem, e deu sequência à publicação
das aventuras lançadas pela editora inglesa, ainda com roteiros escritos por
Alan Moore. E, uma vez que a editora Marvel Comics havia feito o registro do
nome "Marvel", Marvelman teve seu nome mudado para Miracleman.
Alan
Moore escreveu as aventuras do herói até a edição 16 da Eclipse, sendo
substituído por por Neil Gaiman. A Eclipse, entretanto, faliu no início dos
anos 1990, encerrando a publicação da revista, com 24 edições, sendo que a
edição 25 já estava pronta. A partir daí, o personagem viveu uma longa e
complicada batalha de direitos autorais, que demandaram mais de uma década para
serem efetivamente solucionados, sendo seus direitos adquiridos pela Marvel
Comics em 2009, que logo de início anunciou planos de trazer o personagem de
volta. Isso só ocorreu no início deste ano, quando a editora americana lançou o
título "Miracleman", onde está republicando na íntegra as aventuras
do herói. E em 2015, promete começar a produzir novas aventuras, após concluir
a republicação do material clássico do personagem, inclusive trazendo aos
leitores a edição 25 finalizada pela Eclipse, mas nunca lançada.
A
edição nacional tem 68 páginas, em formato americano, com o preço de R$ 8,20,
com direito a 3 capas variantes, sendo uma delas metalizada. Além de uma
introdução do editor Fernando Lopes, a edição ainda traz alguns esboços da concepção
da série de Miracleman dos anos 1980, além de uma sinopse sobre a criação do
herói, por Mike Conroy. Completa o material extra um bate papo de Joe Quesada
com o próprio criador do personagem, Mick Anglo, que faleceu em 2011, antes de
poder presenciar o retorno efetivo do seu personagem. A edição traz as
aventuras publicadas em Miracleman N° 1, mostrando o herói ao lado de Young
Miracleman e Kid Miracleman detendo uma horda de invasores do futuro, além do
material publicado nas edições 1 e 2 da revista "Warrior", além das
aventuras das edições 25 e 32 de Marvelman, de 1954, estas com arte apenas em
preto e branco. O título brasileiro deve ter periodicidade mensal, assim como a
edição americana. O material lançado pela Warrior teve todas as histórias recolorizadas,
mantendo fidelidade à apresentação original. Devido à briga de Alan Moore com
as editoras americanas, o artista exigiu que seu nome não constasse da
republicação das aventuras, de modo que a edição não cita o seu nome.
É
a grande chance dos leitores nacionais, antigos e novos, conhecerem
efetivamente o herói, que teve teve raríssimas aparições em nosso mercado
editorial. Na década de 1950, Miracleman teve algumas de suas aventuras
publicadas pela RGE, que publicava a revista do Capitão Marvel, sendo chamado
de Jack Marvel. Em 1989 e 1990,
a pequena editora Tanos chegou a lançar 4 edições do
herói, com arte em preto e branco, mostrando as aventuras da revista Warrior
para o público brasileiro, mas ficou apenas nisso, e somente agora os leitores
terão a chance de acompanhar a continuação das aventuras do herói. E já não era
sem tempo, pois as histórias desenvolvidas por Alan Moore, e posteriormente por
Neil Gaiman, são muito boas, e mereciam ser lançadas de maneira decente em
nosso país. Afinal, com nomes do quilate de Moore e Gaiman no comando das
histórias, isso por si só já é garantia de qualidade nos roteiros. Quem curtiu
Watchmen e Sandman que o diga...
Mais
um ponto positivo para a Panini, pois não é todo dia que se tem um material de
renome sendo lançado nas bancas nacionais. Que Miracleman tenha enfim sua
grande e merecida chance de ser lido e apreciado pelos fãs de quadrinhos
nacionais...
"Dizem" que a editora Tanos publicou esse material sem autorização. Mas vai saber...
ResponderExcluirOlha, tb acho legal lançar esses HQs em banca. Mas, no final das contas, me pareceu mero oportunismo editorial lançar a fase Moore em revistas com acabamento canoa. Tanta porcaria por aí tem encadernado, por que não esse obra-prima? Me que fossem em TP, já valeria a pena. Acho que a maioria dos colecionadores pensa assim.
Gostei de seu espaço. Notei que não possui "botão" seguir. Se posteriormente usá-lo e topar parceria (seguimento recíproco, já que abordamos temas afins), é só me avisar.
Abraços,
Kleiton
kleitongoncalves.blogspot.com.br