Para quem
curte edições legais dos personagens Disney, a Editora Abril acaba de soltar
nas bancas mais um lançamento imperdível: PENINHA - 50 ANOS, e como o título já
diz, comemora nada menos do que 50 anos de criação do pato mais atrapalhado que
Patópolis já viu. Com 308 páginas, em formatinho, com direito a capa com brilho
e detalhes em alto relevo, ao preço de R$ 16,00, a edição traz mais de 30
histórias com o famoso primo do Pato Donald, divididas em 3 fases: a americana,
onde o personagem foi criado; a italiana, com o seu amadurecimento; e claro, a
brasileira, onde o Peninha alcançou fama e popularidade ímpares que nem mesmo
seus criadores imaginavam ser possível. Tudo com bons textos introdutórios de
Marcelo Alencar, que explica aos leitores todos os detalhes pertinentes a cada
uma destas fases.
Como aconteceu
com outro personagem Disney que recentemente também completou 50 anos, o
Urtigão, Peninha foi criado pelos artistas americanos como parte de uma leva de
personagens destinados ao mercado exterior, tendo sua primeira história sido
criada em 1964, "Fome para Fortalecer", pelas mãos do roteirista Dick
Kinney, com arte do desenhista Al Hubbard. Essa história seria publicada no
Brasil no ano seguinte, marcando a estréia do personagem em terras tupiniquins.
O Peninha, cujo nome original em inglês é Fethry Duck, somente seria
apresentado aos leitores americanos em 1966, com a história "O Primo
Dinamite", que pode ser considerada oficialmente a "primeira"
aparição cronológica do personagem, pois na história, Donald menciona que ele
não vê o primo há anos, de modo que pode-se afirmar que os eventos dessa
aventura precedem os mostrados em "Fome para Fortalecer". Portanto, o
personagem já surgiu criando certa confusão quanto à sua primeira história. E
não iria parar por aí.
Entusiasmado
por natureza, o personagem sempre embarcava em alguma moda, ou inventava um
empreendimento, ou iniciava alguma confusão com seus gestos. E quase sempre
quem entrava bem com toda essa disposição do personagem em experimentar coisas
novas era seu primo Donald, e em outras ocasiões, também entravam na roda os
seus sobrinhos e até o Tio Patinhas. Quem também se tornaria "vítima"
do Peninha seria o caipira Urtigão, que sempre mantinha sua espingarda azeitada
para passar fogo no primo de Donald se o visse chegando perto de sua
propriedade, sabendo a encrenca que estava por vir. A edição também traz outra
HQ especial, "Pato Enlatado não Faz Fita", onde havia a estréia do
jornal "A Patada", de propriedade do Tio Patinhas, que empregava
tanto Donald quanto Peninha na função de repórteres, com os resultados mais
variados e que durou bastante tempo.
O personagem
ganharia a simpatia dos leitores italianos, que ganharam histórias produzidas
na Itália ainda nos anos 1960, mas foi na década seguinte, a partir de 1972,
que Peninha ganharia suas histórias nacionais, produzidas pela Editora Abril,
que na época montou um estúdio para suprir as edições nacionais das revistas
Disney. E, pelas mãos talentosas de nossos artistas, com destaque para os
roteiros de Ivan Saidenberg, nosso pato descompromissado, alegre, aventureiro e
trapalhão assumiria dos mais diversos papéis e aventuras. Ao lado de seu primo
Donald, ele continuaria sua carreira de repórter de "A Patada", mas
também viraria super-herói, o intrépido Morcego Vermelho, terror dos criminosos
de Patópolis, e também do Coronel Cintra, que tinha de aturar as estripulias do
amalucado herói embuçado em seus confrontos com os grandes vilões da cidade,
como Mancha Negra, Metralhas, etc. Peninha viraria também um cowboy destemido,
Pena Kid, que galopava pelo velho oeste em seu fiel Alazão de Pau (um cavalo de
pau, literalmente, substituído tempos depois pelo Torniquete, um cavalo de
verdade, e que sabia muito bem a fria que era ter seu dono); teria aventuras no
fundo do mar, como Pena Submarino (uma alusão a Namor, o Príncipe Submarino, da
Marvel Comics); ganharia uma namorada, Glória, a princípio tão amalucada ou até
mais do que ele, cuja primeira aparição é reapresentada nesta edição
comemorativa; defenderia as florestas como o Pena das Selvas; singraria o cosmo
espacial como Pena Gordon; ou simplesmente participaria de inúmeras hilárias
adaptações de outros conhecidos personagens, como Indiana Pena, Sancho Pena,
Sir Peninhoé, entre várias outros. E, nos anos 1980, o personagem ganhou um
sobrinho, o Biquinho, criação nacional, e a partir dali, o Peninha sentiria
também o impacto das confusões que ele próprio causava, com um sobrinho que
criava ainda mais encrenca do que ele, e sendo potencialmente até mais maluco e
enrolado que o próprio tio. A origem do Biquinho é outra história que é
republicada nesta edição, assim como a origem do Morcego Vermelho, para deleite
dos leitores fãs do personagem.
O personagem
já havia ganhado algumas edições especiais dedicadas a ele quando ganhou um
título mensal próprio pela Editora Abril na década de 1980, que teve cerca de
56 edições, publicadas de 1982
a 1984, antes de ser cancelado. Na década passada, a
Abril relançaria o título mensal do Peninha, mas que durou apenas 19 números,
entre 2004 e 2006. Também foram lançados vários almanaques estrelados pelo
atrapalhado primo do Donald, com 2 edições entre 1981 e 1982, seguidas por mais
9, lançadas de 1986 a
1993, e depois de uma longa ausência, outras 4 edições publicadas de 2010 a 2012.
Atualmente, a
Abril não produz mais histórias com o personagem, que vive da reimpressão das
aventuras já publicadas ao longo das suas 5 décadas de existência, e do
material produzido em outros países, onde mais recentemente Peninha ganhou até
papel da agente secreto, como operativo, ao lado de seu primo Donald, da PAI
(Patinhas Agência de Inteligência), cuja principal missão é defender a fortuna
do Tio Patinhas de qualquer ameaça. E como sempre, não demora para o personagem
se envolver em confusão, arrastando Donald junto com ele. Mesmo assim, apesar
de trazerem novas aventuras do Peninha, a quantidade de histórias que eram
produzidas pelo antigo estúdio de desenho da Abril era muito maior, dando
chance aos artistas de explorarem a versatilidade do personagem nos mais
diversos temas e papéis. Recentemente, a editora passou a criar algumas novas
histórias, por enquanto centradas mais no personagem Zé Carioca. Quem sabe com
o tempo, e principalmente com um momento melhor da economia, e do mercado de
quadrinhos, a editora resolva investir na produção de novas aventuras do
tresloucado primo do Donald. Por enquanto, a editora faz bem em não deixar os
50 anos de criação do personagem passarem batido, e com esta bela edição,
consegue não apenas oferecer um lançamento condizente com o momento festivo do
personagem, como fazer uma ampla apresentação do mesmo à nova geração de
leitores, despertando a curiosidade de conhecer a grande miríade de histórias
já lançadas.
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