O mercado nacional de mangás está perto de completar
15 anos de publicação contínua, desde que a Conrad iniciou, no começo da década
passada, a publicação de Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball, satisfazendo a
uma grande parcela de fãs nacionais das animações japonesas, que ansiavam pela
possibilidade de lerem os quadrinhos originais das séries que curtiam na TV.
Pouco tempo depois, a JBC Editora e Panini Comics também entraram na disputa,
fazendo o número de títulos publicados em nosso país aumentar exponencialmente,
com a vinda de séries há muito almejadas, como Sakura Card Captor, Yu Yu
Hakusho, Rayearth, Naruto, Samurai X, Bleach, Love Hina, entre muitos outros.
Mas
havia um título que continuava sem dar as caras por aqui: Sailor Moon. Uma das
séries mais famosas da animação nipônica dos anos 1990, com cerca de 5 fases e
200 episódios para TV, havia cativado inúmeros fãs nacionais com a exibição de
sua primeira fase pela TV Manchete. No início da década passada, o canal pago
Cartoon Network possibilitou aos fãs verem as fases restantes da série. Mas os
quadrinhos originais das aventuras de Usagi Tsukino e suas colegas defensoras
da justiça estava longe de dar as caras por aqui. Somente no ano passado a JBC
anunciou que enfim, o mangá de Sailor Moon seria publicado no Brasil. Os fãs
comemoraram, mas ainda seria preciso esperar mais um pouco. E a JBC, num
esforço de tentar mostrar aos fãs o trabalho que dava para se produzir a versão
nacional do título, lançou vídeos periódicos na internet mostrando como andava
o processo de produção, tentando dar mais transparência e respeito para com os
fãs.
No
dia 29 de março último, a espera finalmente chegou ao fim: no evento Henshin+,
promovido pela JBC na Livraria Saraiva Mega Store do Shopping Center Norte, em
São Paulo, capital, foi feito o lançamento oficial do mangá criado em 1992 por
Naoko Takeuchi, com a participação de muitos fãs, com direito até a concurso de
cosplay entre os presentes.
No
evento, a editora confirmou que foram mais de 10 anos de negociações para
conseguir a liberação do mangá. Em meados da década passada, Naoko Takeuchi se
desentendeu com a Toei Animation, produtora da versão animada, e com a
Kodansha, editora que publicou o mangá no Japão, devido a direitos de
licenciamento do série. Isso ajudou a complicar as tratativas para se lançar
Sailor Moon no Brasil, mas a JBC não desistiu da série. Posteriormente, Naoko e
as demais partes foram se acertando, e com a normalização das relações, as
negociações puderam enfim andar efetivamente. Mesmo assim, não foi fácil. Naoko
havia tido experiências ruins com a publicação de sua série em alguns países, e
foi preciso muito esforço para fazê-la acreditar na seriedade da editora
brasileira, mesmo com o currículo que a JBC havia acumulado desde que passou a
publicar mangás no mercado nacional. Mas enfim, todos os obstáculos foram
vencidos e o mangá já está nas bancas brasileiras.
Publicado
inicialmente em 18 volumes no Japão, em 2003 a obra sofreu uma
"remasterização" por ocasião da produção da versão em live-action da
série. Os volumes ganharam mais páginas, de forma que a obra foi reduzida para
12 volumes, que é a versão que está sendo lançada no Brasil. Com o título de
PRETTY GUARDIAN SAILOR MOON, cada volume nacional custa R$ 16,50, e vem com
cerca de 240 páginas, no formato 18 x 12 cm, com direito a algumas páginas coloridas,
igual à versão japonesa. A periodicidade é mensal, e a editora já lançou opção
de assinatura para quem quiser receber a série em casa, com direito a ganhar de
brinde marcadores de páginas com artes da série, um mimo liberado apenas na
publicação brasileira, e que será exclusivo dos assinantes da publicação.
A
série também traz as personagens com seus nomes originais japoneses, e não os
nomes adaptados para uso ocidental, como aconteceu com a versão animada, de
quando foi exibida no Brasil. E o mangá, aliás, é muito mais sério e dramático
do que o anime, que focou bastante no humor, amenizando a violência das lutas e
deixando a protagonista, Sailor Moon, até meio bobinha demais em certos
momentos. Uma das razões para as diferenças de andamento na história da versão
animada deve-se ao fato de que o anime estreou praticamente junto com o mangá
no Japão, no início de 1992. Com a série em quadrinhos andando muito mais
devagar, o anime sofreu várias alterações para "esticar" as aventuras
vividas pelas Sailors, em que pese a essência da história permanecer intacta.
Usagi
Tsukino, nossa heroína na série, é uma jovem ginasial de 14 anos. Como muitas
meninas de sua idade, ela é desastrada, distraída e um tanto preguiçosa, o que
a leva a tirar nota baixa nas provas. Por um encontro, aparentemente, ao acaso,
a jovem acaba conhecendo uma gatinha falante chamada Luna, e através dela, recebe
a missão de defender nosso planeta das forças do mal, ganhando para isso
incríveis poderes, tornando-se a heroína Sailor Moon. Além de enfrentar as
forças do mal, ela também recebe uma grande missão: encontrar as demais
guerreiras Sailors e também encontrar a Princesa da Lua, que está em nosso
mundo. Desse dia em diante, a vida de Usagi vira de cabeça para baixo: ela será
Sailor Moon, e fará a justiça em nome da Lua.
Este
ano, aliás, promete ser especial para os fãs nacionais de Sailor Moon: além de
finalmente poderem ter o mangá original nas bancas, todos estão ansiosos com o
anúncio do lançamento, para julho no Japão, da nova versão animada da criação
de Naoko Takeuchi, que terá o nome de Sailor Moon Crystal, e que segundo as
informações já divulgadas, promete ser uma adaptação mais fiel da história do
mangá. E a esperança é que a publicação da série pela JBC ajude a nova série
animada a vir para cá oficialmente. Infelizmente, a série original não deu
muita sorte por aqui: apesar de ter sido exibida quase na íntegra na TV paga,
no mercado de vídeo apenas volumes avulsos acabaram sendo lançados, para decepção
dos fãs. A mudança de vozes na dublagem das fases da TV paga em relação à fase
inicial exibida na TV aberta também desagradou muitos fãs. Quem sabe agora
Sailor Moon tenha mais sorte de emplacar direito no Brasil. As dificuldades são
muitas, mas os fãs não perdem a esperança. Enquanto isso, é aproveitar e curtir
os quadrinhos originais das guerreiras lunares nas bancas nacionais, com o
final feliz de uma longa novela de negociações entre a JBC e os japoneses, com
a editora nacional nunca fraquejando em sua luta. Por este feito, a JBC merece
os devidos cumprimentos do público leitor...
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