Nos
últimos tempos, os japoneses pegaram gosto de produzir versões com atores de
algumas de suas mais famosas séries de mangá que viraram anime e conquistaram
fama mundial. Depois de produzirem um filme com Death Note, eles produziram um
especial da série Ranma 1/2, de autoria de Rumiko Takahashi, antes de partirem
para a adaptação de uma das mais famosas séries de ficção científica da
animação nipônica, Patrulha Estelar (Uchuu Senkan Yamato, no original japonês).
E, em 2012, chegou às telas dos cinemas japoneses a adaptação da série Rurouni
Kenshin, de Nobuhiro Watsuki, que no Ocidente ficou conhecida como Samurai X.
E, para alegria dos fãs nacionais de produções japonesas, este último está
sendo finalmente lançado no mercado de vídeo nacional, pela Focus Filmes.
O
filme na verdade já está disponível desde o mês de novembro do ano passado nas
videolocadoras do país, mas a partir deste mês, a Focus passa a disponibilizar
o mesmo para venda direta ao consumidor, oferecendo tanto em versão DVD quanto
em Blu-Ray, ambos com o preço de R$ 29,90. Com o título de SAMURAI X - O FILME,
a produção adapta as primeiras aventuras do mangá, lançado em 1994 na mais
famosa revista semanal de mangás do mercado japonês, a Shonen Jump. Na segunda
metade do século XIX houve uma revolução no Japão, que acabou por encerrar a
era do xogunato Tokugawa, onde o poder era concentrado em uma única figura, o
xogun, e restaurar a posição do imperador, que nenhum poder detinha. Com o fim
da revolução, que encerrou um período conturbado chamado de Bakumatsu, teve
início a Era Meiji, que deu ao Japão feições mais modernas, e abriu o país às
demais nações do mundo.
Para
o êxito da revolução, foram utilizados guerreiros extremamente hábeis, que por
suas habilidades assassinas, foram chamados de "hitokiris"
(retalhadores, em português). Kenshin Himura, um jovem espadachim, mestre do
estilo Hiten-Mitsurugi, foi o mais notável deles, ganhando a alcunha de
"Battousai". Mas, ao fim da revolução, ele desapareceu. Cerca de 10
anos depois, um andarilho chega a Tóquio, onde uma onda de assassinatos está
ocorrendo, atribuída ao famoso retalhador da década anterior. Após algumas
confusões e confrontos, o andarilho se revela como sendo Kenshin, o verdadeiro
Battousai, e resolve tomar providências para impedir a onda de assassinatos.
Tendo feito a promessa de não mais tirar vidas, Kenshin agora usa uma sakabatou,
uma espada onde o fio da lâmina fica do outro lado da peça, atingindo seus
oponentes com o lado cego da espada. Ao lado da jovem Kaoru Kamiya, do lutador
de rua Sanosuke Sagara, e do jovem órfão Yahiko Myojin, o ex-retalhador se
depara com um lance de intrigas, corrupção e tráfico de drogas, envolvendo uma
jovem médica, e um antigo assassino que também atuou como retalhador na época
da revolução. Instado pelas autoridades a colaborar na solução das intrigas, e
para desvendar a verdade por trás da onda de assassinatos, Kenshin e seus novos
amigos se envolvem em lutas mortais, e para solucionar de vez a questão, Himura
poderá ter de repensar sua promessa de não mais matar, e voltar a ser um
assassino cruel. Ele conseguirá manter sua nova filosofia de vida, ou tornará a
ser novamente Battousai, o temível retalhador?
O
filme fez sucesso nos cinemas japoneses, faturando mais de US$ 70 milhões, o
que garantiu a continuidade da saga: estréia este ano, em agosto, a sequência,
intitulada "Rurouni Kenshin: The Kyoto Fire", baseada na principal
saga do mangá, onde Kenshin se junta novamente a seus amigos para enfrentar a
ameaça de Shishio Makoto, outro antigo retalhador que agora ameaça todo o Japão
com uma guerra que poderá destruir todo o país. E já está garantido o terceiro
filme da saga, que terá o título de "Rurouni Kenshin: The Legend's
Conclusion", ainda sem data de estréia. A produção foi anunciada em junho
de 2011, numa parceria da Warnr Brothers com o Studio Swan, e teve Takeru Satoh
como intérprete do personagem principal, Kenshin Himura. Para dar vida aos
demais personagens, tivemos Emi Takei no papel de Kamiya Kaoru, proprietária do
Dojo Kamiya e interesse romântico de Kenshin; Munetaka Aoki como Sanosuke
Sagara, um lutador de rua que se torna o melhor amigo de Himura; Teruyuki
Kagawa como Kanryū Takeda, um inescrupuloso homem de negócios que controla o
crime organizado; Yu Aoi é Megumi Takani, jovem médica forçada a trabalhar para
Kanryū; Koji Kikkawa como Udo Jin-e, assassino extremamente cruel; Taketo Tanaka
é Yahiko Myojin, aluno do Dojo Kamiya; Yosuke Eguchi como Hajime Saitoh, antigo
membro do grupo Shinsengumi que trabalha para o governo Meiji sob o nome de Fujita
Goro; e Eiji Okuda como Aritomo Yamagata, um alto funcionário do governo Meiji.
A maioria deles já está garantida em seus devidos papéis na sequência que
estréia este ano. Todos ficaram muito bem em seus respectivos papéis, e Takeru
Sato, por sua vez, soube representar muito bem o ex-retalhador. A adaptação cinematográfica
foi muito bem aceita pelos fãs da série, que a consideraram bem fiel ao mangá e
ao anime.
Sucesso
na Shonen Jump, não demorou para a série de Nobuhiro Watsuki ganhar versão em
anime, o que aconteceu em 1996, tendo estreado na Fuji TV, em produção dos
estúdios Gallop e Deen. No Brasil, a versão em anime de Rurouni Kenshin estreou
em setembro de 1999, pela Globo, que fez inúmeros cortes nos episódios,
chegando ao cúmulo de descaracterizar parte do andamento das histórias. A série
seria exibida de forma mais decente no Cartoon Network algum tempo depois, mas
o anime só seria exibido sem cortes no canal Animax, onde foi exibido
totalmente na íntegra. No início da década passada, a JBC Editora escolheu a
série do andarilho errante para iniciar sua publicação de mangás no mercado
nacional, tendo feito grande sucesso na época. Atualmente, o mangá está sendo
republicado pela editora, em uma versão mais bem-acabada. Além da série de TV
em anime, Rurouni Kenshin ganhou também um longa animado nos cinemas nipônicos
- já exibido no Cartoon Network, além de 3 séries especiais de vídeo - estas
inéditas no Brasil até hoje.
Os
fãs, aliás, tiveram de ter paciência para verem o lançamento deste longa de
Kenshin por aqui. A princípio, imaginava-se que a Warner, co-produtora do
filme, fosse lançá-lo no Brasil, e foi uma surpresa quando a Focus anunciou,
ainda no início do ano passado, que iria lançar a nova aventura cinematográfica
do ex-retalhador no mercado de vídeo nacional. Mas só no fim de 2013 o filme
saiu finalmente, primeiro para as locadoras. Um ponto a destacar é que foram
feitas duas dublagens: uma com os mesmos dubladores da versão em anime, para
agradar aos saudosistas; e uma nova, mais adequada às vozes dos atores do
filme, algo raro de se ver nas produções de outras adaptações de quadrinhos que
porventura são lançadas por aqui.
Agora
é esperar pela estréia do segundo longa-metragem no Japão, em agosto, e que ele
possa chegar aqui assim como aconteceu com este primeiro filme. Em se tratando
de produções nipônicas, ainda mais baseadas em séries de mangás, mesmo famosas,
chegar ao mercado nacional, ainda que apenas em vídeo, já é algo a ser
comemorado.
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