Quem curte as
chamadas "Edições Definitivas" que a Panini Comics tem lançado no
mercado nacional de quadrinhos certamente terá motivos para comemorar neste mês
de novembro. A multinacional italiana anunciou o lançamento de pelo menos duas
grandes aventuras dos quadrinhos para este mês, que farão a alegria de marvetes
e decenautas. Para quem é fã da Marvel, a boa nova é o lançamento de ARMA X -
EDIÇÃO DEFINITIVA, aventura estrelada pelo mutante favorito dos fãs, Wolverine,
e que para muitos é a verdadeira "origem" do personagem. Em formato
americano, com capa dura, e cerca de 156 páginas, com miolo em papel couché, a
edição compila a minissérie "Weapon X", roteirizada e desenhada por
ninguém menos do que Barry Windsor-Smith. O preço da edição é R$ 48,00, e o
lançamento é voltado para livrarias e gibiterias.
Publicada em
1991 em 12 partes dentro do título Marvel Comics Presents, a história mostra
como Logan adquiriu seu esqueleto inquebrável e suas mortais garras metálicas.
Aprisionado por um grupo com propósitos escusos, o mutante é transformado em
uma máquina de matar, tendo suas memórias e vontade completamente destroçadas,
ao mesmo tempo em que seu esqueleto é recoberto pelo metal indestrutível
chamado adamantium, ganhando também suas mortíferas garras feitas do mesmo
metal. Com sua consciência aniquilada, e doutrinado para se tornar o primeiro
de uma geração de armas mortais, Logan empreende uma luta para conseguir recuperar
a si próprio, e voltar a ser uma pessoa, ao invés de ficar reduzido ao estágio
animal de sua mente. As consequências da manipulação de sua mente, e do
processo de implantação do adamantium em seu corpo foram sentidas por muitos
anos, e para os fãs do personagem, esta história foi durante muito tempo o que
mais se aproximou da origem do herói que seria conhecido como Wolverine.
Decisões editoriais posteriores da Marvel, contudo, reviraram por completo o
passado de Logan, com histórias muito fracas, e até mesmo introduzindo garras
de osso como parte dos poderes mutantes do personagem, numa exploração
exagerada em cima do mutante mais popular do Universo Marvel.
Com histórias
mais recentes colocando até suas manipulações de memória oriundas do programa
Arma X em xeque, não é de estranhar que a grande maioria dos fãs tenha
preferência em ver esta história como a melhor origem do personagem. E uma
prova disso é que até hoje a Marvel fica inserindo retcons no passado de Logan,
adicionando informações por vezes a torto e a direito, com resultados de
qualidade discutível, como a história recentemente publicada na edição nacional
do título do personagem no mês passado (Wolverine N° 107), quando o vilão
Romulus revela a Wolverine que o programa Arma X foi idéia do próprio Logan,
com a intenção de criarem uma raça de mutantes mais evoluída com o objetivo de
criar um império de dominação por uma raça superior não só sobre os humanos,
mas também sobre os outros mutantes. Mais loucura que isso, impossível.
Arma
X já foi publicado duas vezes pela Editora Abril na década de 1990, e uma vez
pela Panini, há cerca de 10 anos. E quem não teve chance de conferir a história
naquelas ocasiões tem agora uma excelente chance de conferir novamente trama,
que se não é uma obra-prima, certamente é superior a muita coisa que a Marvel
andou publicando sobre o mais invocado dos X-Men nas últimas duas décadas. E
com direito a vários extras, que infelizmente não foram divulgados pela editora
até o fechamento desta matéria, mas que certamente devem garantir um brilho
adicional à edição.
O outro
lançamento é O REINO DO AMANHÃ - EDIÇÃO DEFINITIVA, para alegria dos fãs do
Universo DC. Com roteiros de Mark Waid, e a estonteante arte pintada de Alex
Ross, esta é uma das histórias mais cultuadas pelos decenautas. Depois de
impressionar os fãs dos quadrinhos com sua bela arte na minissérie Marvels,
Alex Ross conseguiu repetir a dose para alegria dos fãs dos heróis da DC
Comics, em uma história que nada fica a dever em qualidade ao trabalho visto em Marvels. Lançada
nos Estados Unidos em 1996, esta obra foi publicada pela Editora Abril no ano
seguinte no mercado nacional, como minissérie, ganhando algum tempo depois uma
versão encadernada. Na década passada, a Panini, que já havia passado a publicar
também os heróis DC, lançou uma nova edição da história, com direito a alguns
sketches de Alex Ross na criação das versões dos heróis DC para a história como
extras. A nova edição de O Reino do Amanhã terá, além da tradicional capa dura,
nada menos do que 336 páginas, com miolo em papel couché, no formato 19,5 x 30,0 cm, pelo preço de R$
89,00. Assim como a versão definitiva de Arma X, esta também terá distribuição
voltada para as gibiterias e livrarias, um mercado que a Panini tem conseguido
explorar de maneira bastante satisfatória nos últimos anos, ajudando a
compensar parcialmente a queda de vendagem nas bancas tradicionais.
Em O Reino do Amanhã, somos
apresentados a um futuro próximo do Universo DC. A Terra assiste à ação de uma
nova geração de super-heróis que, infelizmente, não hesita em abusar da
violência para deter os criminosos. A velha geração de superseres retirou-se da
ativa, com o Super-Homem tendo se recolhido ao isolamento de sua Fortaleza da
Solidão após ver o Coringa matar sua amada Lois Lane. Sem o exemplo edificador
do Homem de Aço, surgiu um novo herói de métodos questionáveis, Magog, e sob
sua influência, os novos super-heróis passaram a abusar de suas forças. Quando
uma tentativa de cercar um vilão transforma o Estado americano do Kansas em um
deserto radioativo, a Mulher-Maravilha interrompe o isolamento de Kal-El para
lhe mostrar que ele e os antigos heróis são mais necessários do que nunca para
restabelecer o equilíbrio do planeta. Conseguindo tirar o último Filho de
Krypton de seu exílio auto-imposto, a reaparição do Super-Homem causa um tremendo
impacto, e junto dos velhos heróis, que retornam à ativa, inicia um confronto
de ideais e ações com a nova geração de superseres, que pode se mostrar tão
prejudicial quanto as atitudes irresponsáveis dos atuais heróis. À espreita dos
acontecimentos, o antigo herói e espírito vingador conhecido como Espectro, tendo
visões e prenúncios de que o cataclisma total se aproxima com os eventos em
curso, associa-se ao reverendo Norman McCay, para tentar recuperar a percepção
e os sentimentos humanos que já teve em vida, e com isso encontrar a resposta
para evitar a destruição de nosso mundo. E os vilões, coordenados por Lex
Luthor, sempre à espreita, observam a situação, esperando pela primeira oportunidade
de se livrarem tanto dos novos quanto dos antigos heróis, e assumirem o
controle de tudo, ajudando a complicar ainda mais as chances de um desfecho
pacífico. E que papel escuso nesta trama tem um dos mais poderosos heróis já
conhecidos, que tinha no trovão sua marca característica, e que parece estar ao
lado dos vilões. E o Batman, que reuniu um verdadeiro exército de robôs
vigilantes para impôr a ordem, e tem seus próprios motivos para discordar dos
planos do Super-Homem e seus aliados de "disciplinar" a ferro e fogo,
se necessário, a nova geração de heróis, como poderá ser o fiel da balança na
batalha que poderá decidir o futuro de tudo?
Sem dúvida,
uma história para agradar não apenas àqueles que curtem as batalhas épicas dos
heróis contra os vilões, mas que apreciam uma boa história, onde nem tudo é o
que parece ser, e as nuances dos acontecimentos desencadeados podem tanto ser
positivos quanto negativos. É uma história que todo fã apreciador de quadrinhos
deve ter em sua estante. Obviamente, o preço de capa desta edição não é
exatamente popular, mas o título de "Edição Definitiva" dificilmente
seria de uma opção com acabamento mais em conta. O preço é justo, mas poucos leitores em
nosso país podem adquirir este tipo de edição. Não dá para culpar a Panini
pelos preços não serem os mais aceitáveis, mostrando que a realidade do mercado
de quadrinhos em nosso país, assim como a complexidade de várias boas histórias
que tem sido trazidas por estas edições de luxo, é igualmente complicada de se
lidar, estando muito além do controle da editora.
Tanto Arma X
quanto O Reino do Amanhã são boas histórias, e seus relançamentos em edições de
luxo são mais do que bem-vindas, uma vez que as mais recentes histórias que são
publicadas tanto da Marvel quanto da DC andam apresentando um nível bem
insatisfatório em sua maioria, para azar dos apreciadores de quadrinhos.
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