Que a situação
econômica brasileira não anda boa, não há como negar. Estamos vivendo uma longa
crise que, nos últimos 4 anos, só fez nosso país patinar, e criar uma imensa
legião de desempregados que infelizmente tem de lutar muito para sobreviver. Mas
é um panorama que afeta também muitas empresas, pois sem vendas, não há como
sustentar projetos, lançar produtos, e principalmente, pagar empregados. E um
dos ramos que tem sido muito afetados é o mercado de entretenimento, que também
tem tido seus percalços, e não foram poucos. E um deles é o mercado de vídeo
nacional, que passa por um momento onde as grandes empresas do setor de home
vídeo não ajudam muito a empolgar, num misto de descaso e incompetência para
com o trato com o público consumidor. O que dá algum alento é que algumas
empresas vem colocando alguns materiais interessantes no mercado, em especial o
de filmes e seriados antigos, um nicho há muito abandonado pelas chamadas
“majors”, que tem focado mais em lançamentos de produções recentes, e até
colocado o mercado de blu-ray infelizmente em xeque com o modo como tem tratado
com descaso a mídia de alta definição.
Uma destas
distribuidoras que tem apostado em materiais antigos é a Vinyx Multimídia, que
no ano passado começou a anunciar diversos lançamentos que deixaram o público
consumidor deste tipo de material com água na boca, pela variedade, e por serem
séries que tinham seu público fã, mesmo que não fossem muito famosas. Bem, a
distribuidora lançou algumas das séries prometidas, mas boa parte delas ficou
na promessa, nunca chegando às lojas para serem vendidas. Passado mais de um
ano, onde muitos se perguntavam se a Vinyx havia sucumbido aos efeitos da crise
econômica, e deixando muitos a ver navios esperando pelos prometidos
lançamentos, eis que a distribuidora parece ter colocado a casa em ordem, e vem
finalmente lançando algumas das caixas prometidas ainda no início do ano
passado. Antes tarde do que nunca, pelo menos.
Uma das séries prometidas, para alegria
e saudosismo dos fãs que tiveram chance de assistir a essa produção há muitos e
muitos anos, é LANCELOT LINK, O AGENTE SECRETO – A SÉRIE COMPLETA, com todos os
17 episódios produzidos vindo em um box composto de 4 discos, trazendo esta
incomum série de humor que marcou época nos anos 1970 por ser toda estrelada
por chimpanzés! Isso mesmo, os primatas eram os astros do seriado. A caixa já
está à venda nas lojas e sites on-line, pelo preço de R$ 79,90, com o grande
barato de contar com a dublagem original em português, que tinha o artista
André Filho (primeira voz do ator Christopher Reeve nos filmes “Superman” e
antigo dublador do ator Sylvester Stallone) narrando os episódios. A produção,
criada por Stan Burns e Mike Marmer, era um seriado de agentes secretos
parodiando as famosas produções da TV do gênero na época, como Agente 86 e O
Agente da U.N.C.L.E., e até mesmo filmes do cinema, como o famoso agente James
Bond, o 007. Impossível também não se lembrar do filme “Planeta dos Macados”,
uma vez que era um filme “estrelado” por símios (ainda que aqui fossem atores
vestidos de macacos), mesmo que em um tom completamente diferente. Produzida em
1970 pela Sandler-Burns-Marmer Productions, “Lancelot Link, The Secret Chimp”
(seu título original, em inglês) mostrava as aventuras de Lancelot Link, um
agente secreto da APE (Agency to Prevent Evil, ou Agência para Prevenção do
Mal), e sua parceira Mata Hairi, enfrentando as forças da sinistra organização
CHUMP (Criminal Headquarters for the Underworld's Master Plan, ou
Quartel-General Criminal dos Planos Mestres do Submundo), que tencionava
dominar o mundo. Recebendo suas missões de seu chefe Darwin, Lancelot Link e
Mata Hairi tinham o dever de desbaratar os planos perversos dos malfeitores e
proteger a humanidade (ou deveria dizer, a macacada). A CHUMP era comandada
pelo perverso Barão Von Butcher, que estava sempre acompanhado por seu mordomo,
Creto. Contando com seu séquito de agentes, como Wang Fu, Ali Assa Sino, Dr.
Sinistro, e as igualmente perigosas Duquesa e Mulher Dragão, eles colocavam em
prática as mais variadas tramóias ameaçando o mundo. Pelo menos, até terem seus
planos frustrados pela intrépida dupla de agentes. Lancelot Link não era
exatamente um agente secreto infalível, mas sempre conseguia dar conta do
recado, graças à sua parceira Mata Hairi, muito mais inteligente e capaz do que
ele. E assim, mesmo aos trancos e barrancos, a APE frustrava os planos
perversos da CHUMP, salvando novamente o mundo e a humanidade (digo, a
macacada).
O grande charme da
série era ser estrelada inteiramente por chimpanzés, vestidos e caracterizados
como gente, dando o ar da graça. Graças a um bom orçamento para os padrões de
séries de TV na época, os produtores puderam caprichar nos cenários, no
figurino, e no treinamento dos chimpanzés, que aliado a uma boa dublagem, dava
até mesmo para acreditar que eram atores de verdade estrelando um seriado,
graças aos esforços do time de treinadores, que tiveram muito trabalho para
conseguir que os animais dessem conta do recado. Mas o resultado mais do que
valeu a pena. Criado para um público infantil, Lancelot Link acabou ganhando
muitos fãs até mesmo entre os adultos, que adoravam ver os animais fazendo as
mais variadas peripécias para dar andamento às histórias, que tinham roteiros
até com muitas referências, fossem dos mais variados lugares, além de várias
tiradas geniais. Exibida pela TV CBS, aprodução ficou no ar durante pouco mais
de dois anos, embora tenham sido produzidos apenas cerca de 17 episódios de
meia hora cada um, inicialmente exibidos em conjunto com desenhos animados, mas
depois sendo reprisada sem eles. Além das histórias dos episódios, havia também
clipes musicais com a banda formada por Lancelot Link e Mata Hairi, chamada “A
Revolução da Evolução”, com todo aquele estilo musical próprio dos anos 1970.
Infelizmente, a série durou pouco, mas quem a assistiu nunca mais a esqueceu,
por verem os chimpanzés fazendo as maisvariadas atividades, como se fossem
gente de verdade. Fosse produzida nos dias de hoje, os cretinos do
politicamente correto, para não falar dos “gaviões” das associações de proteção
aos animais, cairiam de pau em cima dos produtores da série, alegando todo tipo
de acusação contra a série, começando por maus tratos e exploração dos animais
coitadinhos... O mundo já foi muito menos cretino e hipócrita. E, finalmente,
os velhos fãs poderão ter esta série em DVD para matar enfim a saudade.
Outro
lançamento prometido, e também não lançado, é o box da série de TV de O HOMEM
DO FUNDO MAR, produzida entre 1977 e 1978 Solow Production Company. A idéia
original da produção era levar para a TV as aventuras do personagem Namor, o
Príncipe Submarino, da Marvel Comics. No mesmo ano, aUniversal havia produzido
um filme piloto para uma possível série de TV do Incrível Hulk, e os resultados
foram animadores, com a produção de um segundo episódio e a confirmação de que
o seriado seria realizado. Mas os produtores não conseguiram fazer a adaptação
do personagem anfíbio da Marvel como esperavam, e a série acabou recebendo
outro nome, “Man From Atlantis” (O Homem do Fundo do Mar, na versão em
português). Inicialmente, a rede NBC encomendou a produção de quatro
telefilmes, cuja aceitação foi razoável, levando então à produção da série de
TV, que infelizmente não rendeu a audiência desejada, tendo apenas 13 episódios
produzidos. A Vinyx anunciou no ano passado o lançamento de dois boxes, um
deles com os telefilmes, e outro com os episódios do seriado, e é este último
que já está disponível para venda, trazendo todos os 13 episódios em 4 discos
em uma caixa pelo preço de R$ 129,90. Infelizmente, os discos não trazem a
dublagem em português, oferecendo apenas o áudio original em inglês, com opção
de legendas em português. Na história criada para a série, um homem com amnésia
é encontrado em uma praia, inconsciente. Eleexibe estranhas características,
como membranas nas mãos e nos pés, além do que parece ser guelras. Após curar
seus ferimentos, seus salvadores descobrem que ele é capaz de respirar debaixo
d’água, possui uma grande força, e algumas outras habilidades especiais. Mas,
sua memória é um vazio. O estranho ganha o nome de Mark Harris, e passa a
ajudar aqueles que o salvaram como parte da equipe da Fundação para Pesquisa
Oceânica, enfrentando alguns casos e perigos relacionados ao mar, enquanto não
descobre quem ele realmente é, sendo especulado como sendo o último
sobrevivente da mítica Atlântida. Junto da equipe da Fundação, Mark passa a
viver aventuras com eles singrando os mares a bordo do submarino Cetáceo.
O personagem foi vivido pelo ator
Patrick Duffy, com Belinda Montgomery interpretando a Dra. Elizabeth Merrill,
que passa a ser um interesse romântico de Mark. O grande vilão da série era o
Senhor Schubert, interpretado pelo ator Victor Buono, que havia feito o hilário
vilão Rei Tut no seriado dos anos 1960 do Batman, e que volta e meia aparecia
com algum plano ameaçando a paz no mundo. Com o fim do seriado, Patrick Duffy
passaria a estrelar em 1978 a série Dallas, que o tornaria conhecido
mundialmente como o personagem Bobby Ewing, fazendo com que o Homem do Fundo do
Mar passasse a ser apenas uma pequena nota em sua carreira de ator. Durante a produção
do seriado, a Marvel Comics chegou a lançar um título em quadrinhos com o
personagem, que durou apenas 7 edições. Até o submarino da série, o Cetáceo,
acabou sendo lançado como brinquedo, devido ao seu formato peculiar. Apesar da
série não ter feito muito sucesso, ganhou alguns fãs no Brasil, que certamente
gostarão da oportunidade de rever o seriado. Ponto para a Vinyx, mas que para
ficar completo, falta agora lançar o box com os telefilmes que deram origem à
série, e cumprir mais uma promessa de lançamento não cumprida em 2018.
Por
último, outro lançamento que finalmente apareceu foi OS MONSTROS – PRIMEIRA
TEMPORADA COMPLETA, uma caixa com seis discos trazendo todos os 32 episódios da
primeira temporada do seriado da Família Monstro, pelo preço de R$ 149,90.
Produzida entre 1965 e 1966, pela Universal Studios, a série mostrava uma
família cujos integrantes eram inspirados em monstros clássicos da literatura,
tentando viver como uma família normal como as outras, mas envolvendo-se em
confusões devido a seus hábitos, e claro, suas aparências. A série era
concorrente da produção “A Família Adams”, produzida na mesma época, pela MGM,
e exibida pela ABC, rede de TV rival da CBS, que resolveu contra-atacar com “Os
Monstros” em sua programação. Com seus episódios produzidos em preto e branco,
o seriado durou apenas duas temporadas, com um total de 70 episódios, além de
um longa-metragem para cinema produzido a cores, exibido na mesma época, para
tentar alavancar a audiência do seriado de TV.
A
família monstro era composta de Herman (interpretado por Fred Gwynne), um
típico monstro de Frankenstein, que trabalhava numa funerária, dirigindo o
carro fúnebre e carregando o caixão dos falecidos. Ele era casado com Lily
(Yvonne De Carlo), uma típica vampira, que não cansava de adular seu maridão,
com ambos mostrando muito amor um pelo outro, como qualquer casal. Completava a
família o pai de Lily, o Vovô (Al Lewis), um Conde Drácula aposentado, que
vivia dando uma de inventor, e com isso, arrumando as mais diversas confusões
com seus esquemas; e Eddie (Butch Patrick), o filho do casal Monstro, com um
visual de lobisomem mirim. Além destes, vivia mais uma integrante da familía, a
jovem Marilyn (interpretada inicialmente por Beverley Owen e depois por Pat
Priest), uma adolescente completamente normal, em hábitos e visual. A família
ainda tinha o seu animal de estimação, um dragão chamado Carranca, que vivia
debaixo da escada, e vez por outra soltava seus jatos de fogo quando era
chamado pelos integrantes da família, que o tratavam como um cachorrinho.
No ano
passado, a Vinyx anunciou o box com a série completa da Família Adams,
lançamento que foi feito realmente, para alegria dos fãs que haviam tido
oportunidade de ver a primeira encarnação televisiva dos personagens do
cartunista Charles Adams, e permitindo à atual geração conhecer o seriado. E agora,
a distribuidora faz justiça lançando sua série concorrente, disponibilizando
sua primeira temporada, permitindo aos fãs conhecerem e/ou reverem a série. Mas
a distribuidora ainda está devendo várias outras produções e boxes anunciadas
em 2018 que até agora ainda não foram efetivamente lançadas. A Vinyx afirmou
que trocou sua equipe de trabalho, o que teria gerado os atrasos na produção e
lançamento das séries anunciadas, as quais muitos fãs ainda estão esperando
pacientemente. Com os eventuais problemas dentro da empresa sanados, é de
esperar que os lançamentos prometidos finalmente saiam do papel, e proporcionem
um alento aos fãs das velhas séries de TV, que aguardam com muita paciência a
oportunidade de reverem estas produções.
Afinal,
quem espera sempre alcança, não é? Mas tomara que a Vinyx consiga cumprir com
os lançamentos daqui para a frente, para não deixar os fãs mais melindrados do
que já estão atualmente com o descaso da maioria das distribuidoras de vídeo no
país.
e a segunda temporada da séria "Um Passo Além",vamos ficar esperando mais quantos anos?
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