sexta-feira, 19 de outubro de 2018

COLEÇÃO CONAN DA SALVAT NOVAMENTE SUSPENSA


                Estava demorando para a crise econômica brasileira atingir com tudo o mercado nacional de quadrinhos, mas parece que enfim os efeitos começaram a ser sentidos. Aos poucos, os sinais foram se avolumando, em conjunto com outros acontecimentos, dos quais o mais contundente foi o cancelamento geral de todos os quadrinhos Disney publicados pela Editora Abril, pondo fim a uma linha editorial de 68 anos, desde a primeira edição da revista Pato Donald, lançada em 1950. E a entrada do Grupo Abril em recuperação judicial não apenas evidencia a crise editorial que se abate sobre noss o mercado de revistas, gibis inclusos, como também complica outras operações.
                Uma delas é o lançamento da coleção A ESPADA SELVAGEM DE CONAN, que seria feita pela Editora Salvat, nos mesmos moldes das demais coleções lançadas pela editora nos últimos anos, iniciadas pela série Graphics Marvel e seguida pela série Os Heróis Mais Poderosos da Marvel e a Coleção Definitiva Homem-Aranha. No segundo semestre do ano passado, seguindo seu procedimento padrão, a Salvat lançou em algumas cidades as primeiras 4 edições da coleção que republicaria em álbuns com capa dura as aventuras do famoso guerreiro bárbaro criadas e publicadas pela Marvel Comics. Com o bom desempenho obtido, a data de lançamento efetivo da coleção foi marcado para o mês de Março deste ano. Tudo seguia bem, a ponto de a editora começar a vender assinaturas, e a divulgar o lançamento da coleção por ocasião da CCXP 2017, no estande da empresa na grande convenção de quadrinhos realizada em dezembro na cidade de São Paulo, capital.
                Pelo planejamento feito pela Salvat, a coleção de Conan teria 75 edições, com periodicidade quinzenal, com os dois primeiros números sendo oferecidos a preços promocionais, e tendo o preço de R$ 44,90 a partir da terceira edição. Contudo, ao chegar ao mês de março, nada da coleção chegar nas bancas. Em comunicados posteriores, a Salvat informou que postergou o lançamento para o segundo semestre de 2018. Para alguns, a medida foi um sinal de que as vendas das coleções, em face da crise econômica que aflige nosso país há praticamente 3 anos, já não estariam tão positivas quanto foram em tempos recentes. E não podia ser de outro jeito, uma vez que Salvat já publicava três séries de Graphics da Marvel simultaneamente, além de uma coleção dedicada a Tex, fora a competição da Eaglemoss, que tem uma série de Graphics similar com os heróis da DC Comics. Contando ainda com os títulos de linha convencional publicados pelas editoras, e também as edições em capa dura lançadas por editoras como Panini e Mythos, nosso mercado de quadrinhos até que estava ostentando um número grande de publicações em tempos de crise econômica, com alto índice de desemprego. Adiar a coleção de Conan em alguns meses não parecia nada extraordinário, mas uma decisão sensata de evitar saturar um mercado que estava até então se mostrando muito positivo frente às circunstâncias da realidade.
                Mas, enfim, chegamos ao mês de outubro, e mais uma vez, a coleção do bárbaro cimeriano ainda não deu as caras nas bancas, nem nas livrarias, e até mesmo no site da Salvat. E não deve aparecer tão cedo. A editora comunicou aos clientes que fizeram a assinatura da coleção que a mesma não poderá mais ser lançada este ano. No informe divulgado, a editora relata que o problema se deve à recuperação judicial pela qual passa o Grupo Abril. Ocorre que uma das empresas do grupo é a Total Express, antiga Dinap, que faz a distribuição para as bancas de jornais de todo o país, e que com a recuperação judicial, teve parte de suas operações comprometida, e isso infelizmente afetou o atendimento de outras empresas que eram atendidas pela distribuidora do Grupo Abril.
                No seu comunicado, a Salvat informa que é justamente por causa desse problema com a distribuição em bancas que eles precisaram suspender, mais umavez, o lançamento da coleção, uma vez que não teriam condições de garantir sua distribuição às bancas. No início do mês de agosto, a editora já havia emitido um comunicado onde afirmava que estava interrompendo, temporariamente, o lançamento de suas coleções em publicação, por problemas alheios a seu controle, e que estariam trabalhando para tentar sanar o problema o mais cedo possível. Até mesmo no site da editora os lançamentos foram suspensos. E, de lá para cá, novos números das coleções da Salvat ainda não voltaram a aparecer nas bancas, indicando que o problema ainda não foi solucionado. E que demonstra ainda estar longe de uma saída, uma vez que acabou sendo necessário suspender novamente o lançamento da prometida coleção de A Espada Selvagem de Conan. Alguns já noticiaram o fato como sendo o cancelamento da coleção, mas a editora não afirmou nada neste sentido, pelo menos oficialmente. Nada impede que a série seja lançada no próximo ano, mas até o presente momento, eles mesmos afirmam que não podem dar uma data para o lançamento efetivo da coleção.
                Para todos aqueles que fizeram assinaturas da coleção, a Salvat informou que todos os valores pagos serão devolvidos nas próximas semanas. Aqueles que já receberam as 4 primeiras edições, que fizeram parte do lançamento de teste, também serão integralmente reembolsados, ficando as edições como cortesia, e pedido de desculpas pelo incômodo. Apesar dos títulos serem vendidos também em livrarias e no site da editora, como o carro-chefe das vendas se dava através das bancas, enquanto não for regularizada a situação da distribuição, a editora optou por suspender todas as coleções, assim como o lançamento desta nova. Para o público leitor, um misto de preocupação e alívio. Preocupação pela dúvida se o problema será resolvido em breve, ou se ele demandará muito mais tempo, o que poderia levar a Salvat a cancelar em definitivo a publicação das coleções. O alívio é pelo fato de não estarem gastando mais tanto dinheiro com as coleções, uma vez que cada edição estava sendo vendida ao preço de R$ 44,90, que no caso de dois números por mês, daria R$ 89,80, valor que muitos leitores poderiam estar tendo dificulades para dispender na manutenção de seu hobby de colecionar quadrinhos, em um momento de crise financeira que tem se mostrado extremamente persistente em nosso país, com consequências nefastas para muitas pessoas e famílias.
                Infelizmente, a única opção é aguardar, e esperar que tudo se normalize em breve, em especial a difícil situação econômica nacional, que poderá permitir então a regularização do mercado, e a consequente volta das publicações. Torçamos para a melhor das soluções, para que nosso mercado de quadrinhos possa ser capaz de superar essa terrível crise que se instalou não apenas no setor, mas que pode levar a complicações ainda maiores, se a situação persistir sem uma solução.


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