segunda-feira, 14 de setembro de 2015

JBC LANÇA ULTRAMAN EM MANGÁ



                Comemorando seus 20 anos de atuação no mercado editorial brasileiro, a JBC Editora, que ao lado da Panini Comics tornou-se a maior empresa a publicar mangás no Brasil, acaba de lançar sua primeira série de quadrinhos orientais baseada nos famosos tokusatsus do Japão, as conhecidas séries live-actions, que no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990 viraram febre nas TVs nacionais, deixando saudades em muitos fãs. Chegou às bancas nacionais ULTRAMAN, um dos mangás baseados na famosa franquia criada por Eiji Tsuburaya em 1966, com a criação do primeiro seriado do famoso herói da nebulosa M-78. Ao lado das séries Kamen Rider e Super Sentai, Ultraman completa a tríade das franquias mais famosas das produções tokusatsu do Japão, com fãs espalhados pelo mundo inteiro, inclusive no Brasil.
                O anúncio do novo mangá foi feito pela editora em julho, dentro do evento Fest Comix, em palestra ministrada pelo staff da editora nipo-brasileira que contou com a presença de inúmeros fãs. O lançamento oficial ocorreu no início deste mês, na Bienal do Livro realizada no Rio de Janeiro, sendo que em algumas gibiterias tanto do Rio de Janeiro como de São Paulo a nova publicação já estava disponível aos leitores alguns dias antes.
                Um dos grandes ícones da cultura pop japonesa ao lado do famoso monstro Godzilla, o herói foi responsável por sedimentar o gênero tokusatsu mundo afora ainda nos anos 1960 e 1970. A fama atingida pelo seriado abriu caminho para novas séries dos demais guerreiros espaciais oriundos da Nebulosa M-78. Após a conclusão do seriado original, a Tsuburaya Productions lançaria o seu segundo guerreiro Ultra, Ultraseven, em 1967, seguido posteriormente por Ultraman Jack, em 1971.
                No Brasil, Ultraman ganhou notoriedade ainda na década de 1970 e ao longo dos anos 1980. Além da série original, os brasileiros tiveram a chance de assistir às séries Ultraseven e Ultraman Jack (que aqui ganhou o nome de "O Regresso de Ultraman"), através dos programas infantis, primeiro pela TV Tupi, no Programa do Capitão Aza, e posteriormente pela TV Record, e TVS/SBT. Enfrentando monstros gigantes e combatendo alienígenas que queriam se apoderar da Terra, o gigantesco herói espacial conquistou muitos fãs tupiniquins, o que não impediu nosso país de deixar de receber as demais séries da franquia que estavam sendo produzidas no Japão. Somente após mais de uma década longe das TVs brasileiras, uma nova série seria lançada na TV nacional, no caso, Ultraman Tiga, uma das produções mais recentes, à época, que foi exibido pela TV Record, conquistando novas gerações de fãs dos Irmãos Ultra, ao passo que a primeira série também foi reprisada pela TV Manchete e lançada parcialmente em vídeo também nos anos 1990.
                Nos últimos anos, a família Ultra voltou ao mercado de vídeo nacional, com diversos filmes recentes da franquia sendo lançados em DVD e Blu-Ray pela distribuidora Focus Filmes, que também lançou diversos outros seriados de tokusatsu em nosso mercado. E, do ano passado para cá, através dos canais de streaming, foi a vez das séries Ultraman Leo, Ultraman 80, Ultraman Mebius, Ultraman Max, além do novíssimo Ultraman X, que acabou de estrear no Japão, serem exibidos via Crunchyroll em nosso país.
                Portanto, nada mais natural para a JBC capitalizar essa imensa legião de fãs e trazer para as bancas nacionais uma das séries de quadrinhos estrelada pela famosa franquia dos defensores do espaço da nebulosa M-78. A versão que está sendo trazida pela JBC é uma atualização (ou uma repaginada, para alguns) do Ultraman clássico. A história é uma oportunidade dos fãs verem novas aventuras do seu herói, contextualizadas para os dias de hoje, e deverá chamar atenção dos fãs da franquia Ultra por “desmistificar” alguns mistérios da série clássica, além de resgatar os queridos personagens da Família Ultra. Publicada na revista Monthly Hero’s, da editora Shogakukan, esta série tem roteiros escritos por Eiichi Shimizu, com desenhos de Tomohiro Shimoguchi. A série é publicada desde 2012 no Japão, contando até o momento com sete volumes, estando ainda em andamento nas terras nipônicas.
                Nesta série, passaram-se vários anos desde os eventos vistos na série original Ultraman. Após inúmeras batalhas defendendo nosso mundo, entretanto, o herói nunca mais foi visto. Muitos acreditavam que ele tinha voltado para seu planeta natal, e com o tempo seu nome se tornou uma lenda, sendo que, nos dias atuais, há quem até duvide que o herói tenha de fato existido, apesar de ter sido criado até um museu em memória e homenagem a Ultraman, louvando os seus feitos na defesa de nosso planeta. A Patrulha Científica (Science Special Search Party), que empreendia a defesa da Terra contra os monstros alienígenas na série, ainda existe, e é nesta força especial de defesa de nosso mundo que vamos encontrar o jovem Shinjiro Hayata, ninguém menos do que o filho de Shin Hayata – que foi o hospedeiro do Ultraman original. Aliás, a simbiose entre Hayata e Ultraman provocou mudanças, que se manifestaram em seu filho, que desde que era uma criança, já mostrava não ser um humano comum. Dotado de poderes especiais, Shinjiro nunca soube que seu pai um dia compartilhou seu corpo com o herói alienígena Ultraman. O próprio Hayata, hoje Ministro da Defesa, contudo, não se lembra mais de que compartilhava seu corpo com o herói espacial. O que teria provocado esse esquecimento em Hayata, para ele esquecer sua relação particular com Ultraman, e o que isso pode significar? O destino, contudo, provocará uma mudança brusca na situação, quando uma nova invasão alienígena tem início, ameaçando nosso planeta, e que fará a vida do jovem patrulheiro Shinjiro Hayata mudar drasticamente, descobrindo sua herança até então desconhecida, e provocando o retorno à Terra de um dos heróis mais atuantes na defesa do espaço, que mais uma vez se colocará como o defensor da Terra frente às ameaças.
                Todo o universo da Família Ultra estará devidamente atualizado para os dias atuais, o que não impedirá os fãs mais antigos de reconhecer e vibrar com as participações de velhos conhecidos na história, desde outros membros da Patrulha Científica e até de antigos inimigos, como os monstros Bemular e Red King e dos aliens Zetton, contando ainda com a presença de novas versões dos demais Guerreiros Ultras, entre eles os já saudosos conhecidos do público brasileiro, Ultraseven e Ultraman Jack.
                A edição da JBC é no formato tankohon, tamanho 12x18 cm, com cerca de 240 páginas, miolo em papel off-set, ao preço de R$ 14,90, com periodicidade bimestral, e distribuição nacional, segundo a editora. De positivo, a edição traz também algumas páginas coloridas, presentes na edição original japonesa, um mimo que os fãs nacionais do personagem não deixarão de apreciar. A editora promete para breve a opção de assinaturas do título aos leitores.
                Sem dúvida a JBC merece os parabéns pela iniciativa de lançar no Brasil uma série derivada das franquias de tokusatsu que marcaram época em nosso país. O único temor de alguns leitores é o fato de ser a publicação mais recente baseada nas aventuras de Ultraman, tendo até o momento poucos volumes lançados no Japão, o que significa que, mesmo com a publicação bimestral, a série nacional alcançará a edição nipônica em pouco tempo, tendo de aguardar por novos lançamentos por lá para ter continuidade por aqui, sendo que havia outras séries de quadrinhos dos Ultras, já finalizadas, que poderiam ter sido trazidas pela editora nipo-brasileira. Mesmo assim, é um marco para a JBC trazer pela primeira vez às bancas brasileiras este tipo de mangá baseado nos live-actions japoneses.
                Vale lembrar que esta não é a primeira publicação de aventuras em quadrinhos de um herói dos tokusatsus em nosso país. Nos saudosos anos 1980, a Bloch Editores lançou a revista SPECTREMEN, que durou 30 edições, de 1983 a 1986, mas com histórias criadas por artistas nacionais, como Luiz Antonio Farah de Aguiar e Eduardo Vetillo, baseadas no famoso seriado dos anos 1970 que fazia concorrência com Ultraman no Japão, e seguia uma temática similar. Alguns anos depois, a Editora Abril lançaria a terceira edição da revista "Heróis da TV" também com histórias derivadas das demais séries live-actions exibidas em nosso país, como Changeman, Spielvan, Flashman, além de Jaspion, este em título próprio, produzidas também por artistas nacionais, aproveitando a fama dos seriados que havia na época.
                Agora, através da JBC, é hora dos leitores não apenas matarem a saudade destes quadrinhos baseados nos live-actions, como conferirem uma série produzida no próprio Japão. E que brilhe com todas as forças a estrela de Ultra!

2 comentários: