Comemorando seus 20 anos de atuação no mercado
editorial brasileiro, a JBC Editora, que ao lado da Panini Comics tornou-se a
maior empresa a publicar mangás no Brasil, acaba de lançar sua primeira série
de quadrinhos orientais baseada nos famosos tokusatsus do Japão, as conhecidas
séries live-actions, que no fim dos anos 1980 e início dos anos 1990 viraram
febre nas TVs nacionais, deixando saudades em muitos fãs. Chegou às bancas
nacionais ULTRAMAN, um dos mangás baseados na famosa franquia criada por Eiji
Tsuburaya em 1966, com a criação do primeiro seriado do famoso herói da
nebulosa M-78. Ao lado das séries Kamen Rider e Super Sentai, Ultraman completa
a tríade das franquias mais famosas das produções tokusatsu do Japão, com fãs
espalhados pelo mundo inteiro, inclusive no Brasil.
O
anúncio do novo mangá foi feito pela editora em julho, dentro do evento Fest
Comix, em palestra ministrada pelo staff da editora nipo-brasileira que contou com
a presença de inúmeros fãs. O lançamento oficial ocorreu no início deste mês,
na Bienal do Livro realizada no Rio de Janeiro, sendo que em algumas gibiterias
tanto do Rio de Janeiro como de São Paulo a nova publicação já estava
disponível aos leitores alguns dias antes.
Um
dos grandes ícones da cultura pop japonesa ao lado do famoso monstro Godzilla,
o herói foi responsável por sedimentar o gênero tokusatsu mundo afora ainda nos
anos 1960 e 1970. A
fama atingida pelo seriado abriu caminho para novas séries dos demais
guerreiros espaciais oriundos da Nebulosa M-78. Após a conclusão do seriado
original, a Tsuburaya Productions lançaria o seu segundo guerreiro Ultra,
Ultraseven, em 1967, seguido posteriormente por Ultraman Jack, em 1971.
No
Brasil, Ultraman ganhou notoriedade ainda na década de 1970 e ao longo dos anos
1980. Além da série original, os brasileiros tiveram a chance de assistir às
séries Ultraseven e Ultraman Jack (que aqui ganhou o nome de "O Regresso
de Ultraman"), através dos programas infantis, primeiro pela TV Tupi, no
Programa do Capitão Aza, e posteriormente pela TV Record, e TVS/SBT. Enfrentando
monstros gigantes e combatendo alienígenas que queriam se apoderar da Terra, o
gigantesco herói espacial conquistou muitos fãs tupiniquins, o que não impediu
nosso país de deixar de receber as demais séries da franquia que estavam sendo
produzidas no Japão. Somente após mais de uma década longe das TVs brasileiras,
uma nova série seria lançada na TV nacional, no caso, Ultraman Tiga, uma das
produções mais recentes, à época, que foi exibido pela TV Record, conquistando
novas gerações de fãs dos Irmãos Ultra, ao passo que a primeira série também
foi reprisada pela TV Manchete e lançada parcialmente em vídeo também nos anos
1990.
Nos
últimos anos, a família Ultra voltou ao mercado de vídeo nacional, com diversos
filmes recentes da franquia sendo lançados em DVD e Blu-Ray pela distribuidora
Focus Filmes, que também lançou diversos outros seriados de tokusatsu em nosso
mercado. E, do ano passado para cá, através dos canais de streaming, foi a vez
das séries Ultraman Leo, Ultraman 80, Ultraman Mebius, Ultraman Max, além do
novíssimo Ultraman X, que acabou de estrear no Japão, serem exibidos via
Crunchyroll em nosso país.
Portanto,
nada mais natural para a JBC capitalizar essa imensa legião de fãs e trazer
para as bancas nacionais uma das séries de quadrinhos estrelada pela famosa
franquia dos defensores do espaço da nebulosa M-78. A versão que está sendo
trazida pela JBC é uma atualização (ou uma repaginada, para alguns) do Ultraman
clássico. A história é uma oportunidade dos fãs verem novas aventuras do seu herói,
contextualizadas para os dias de hoje, e deverá chamar atenção dos fãs da
franquia Ultra por “desmistificar” alguns mistérios da série clássica, além de
resgatar os queridos personagens da Família Ultra. Publicada na revista Monthly
Hero’s, da editora Shogakukan, esta série tem roteiros escritos por Eiichi
Shimizu, com desenhos de Tomohiro Shimoguchi. A série é publicada desde 2012 no
Japão, contando até o momento com sete volumes, estando ainda em andamento nas
terras nipônicas.
Nesta
série, passaram-se vários anos desde os eventos vistos na série original
Ultraman. Após inúmeras batalhas defendendo nosso mundo, entretanto, o herói
nunca mais foi visto. Muitos acreditavam que ele tinha voltado para seu planeta
natal, e com o tempo seu nome se tornou uma lenda, sendo que, nos dias atuais,
há quem até duvide que o herói tenha de fato existido, apesar de ter sido
criado até um museu em memória e homenagem a Ultraman, louvando os seus feitos
na defesa de nosso planeta. A Patrulha Científica (Science Special Search
Party), que empreendia a defesa da Terra contra os monstros alienígenas na
série, ainda existe, e é nesta força especial de defesa de nosso mundo que
vamos encontrar o jovem Shinjiro Hayata, ninguém menos do que o filho de Shin
Hayata – que foi o hospedeiro do Ultraman original. Aliás, a simbiose entre
Hayata e Ultraman provocou mudanças, que se manifestaram em seu filho, que desde
que era uma criança, já mostrava não ser um humano comum. Dotado de poderes
especiais, Shinjiro nunca soube que seu pai um dia compartilhou seu corpo com o
herói alienígena Ultraman. O próprio Hayata, hoje Ministro da Defesa, contudo, não
se lembra mais de que compartilhava seu corpo com o herói espacial. O que teria
provocado esse esquecimento em Hayata, para ele esquecer sua relação particular
com Ultraman, e o que isso pode significar? O destino, contudo, provocará uma mudança
brusca na situação, quando uma nova invasão alienígena tem início, ameaçando
nosso planeta, e que fará a vida do jovem patrulheiro Shinjiro Hayata mudar
drasticamente, descobrindo sua herança até então desconhecida, e provocando o
retorno à Terra de um dos heróis mais atuantes na defesa do espaço, que mais
uma vez se colocará como o defensor da Terra frente às ameaças.
Todo
o universo da Família Ultra estará devidamente atualizado para os dias atuais, o
que não impedirá os fãs mais antigos de reconhecer e vibrar com as
participações de velhos conhecidos na história, desde outros membros da
Patrulha Científica e até de antigos inimigos, como os monstros Bemular e Red
King e dos aliens Zetton, contando ainda com a presença de novas versões dos
demais Guerreiros Ultras, entre eles os já saudosos conhecidos do público
brasileiro, Ultraseven e Ultraman Jack.
A
edição da JBC é no formato tankohon, tamanho 12x18 cm, com cerca de 240 páginas,
miolo em papel off-set, ao preço de R$ 14,90, com periodicidade bimestral, e
distribuição nacional, segundo a editora. De positivo, a edição traz também
algumas páginas coloridas, presentes na edição original japonesa, um mimo que
os fãs nacionais do personagem não deixarão de apreciar. A editora promete para
breve a opção de assinaturas do título aos leitores.
Sem
dúvida a JBC merece os parabéns pela iniciativa de lançar no Brasil uma série
derivada das franquias de tokusatsu que marcaram época em nosso país. O único
temor de alguns leitores é o fato de ser a publicação mais recente baseada nas
aventuras de Ultraman, tendo até o momento poucos volumes lançados no Japão, o
que significa que, mesmo com a publicação bimestral, a série nacional alcançará
a edição nipônica em pouco tempo, tendo de aguardar por novos lançamentos por
lá para ter continuidade por aqui, sendo que havia outras séries de quadrinhos
dos Ultras, já finalizadas, que poderiam ter sido trazidas pela editora
nipo-brasileira. Mesmo assim, é um marco para a JBC trazer pela primeira vez às
bancas brasileiras este tipo de mangá baseado nos live-actions japoneses.
Vale
lembrar que esta não é a primeira publicação de aventuras em quadrinhos de um
herói dos tokusatsus em nosso país. Nos saudosos anos 1980, a Bloch Editores
lançou a revista SPECTREMEN, que durou 30 edições, de 1983 a 1986, mas com histórias
criadas por artistas nacionais, como Luiz Antonio Farah de Aguiar e Eduardo
Vetillo, baseadas no famoso seriado dos anos 1970 que fazia concorrência com
Ultraman no Japão, e seguia uma temática similar. Alguns anos depois, a Editora
Abril lançaria a terceira edição da revista "Heróis da TV" também com
histórias derivadas das demais séries live-actions exibidas em nosso país, como
Changeman, Spielvan, Flashman, além de Jaspion, este em título próprio,
produzidas também por artistas nacionais, aproveitando a fama dos seriados que
havia na época.
Agora,
através da JBC, é hora dos leitores não apenas matarem a saudade destes
quadrinhos baseados nos live-actions, como conferirem uma série produzida no
próprio Japão. E que brilhe com todas as forças a estrela de Ultra!
Poderiam criar um "Ultraman Brasil"
ResponderExcluirPoderiam criar um "Ultraman Brasil"
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