Uma
das séries de quadrinhos e desenhos animados mais famosos dos anos 1980,
Comandos em Ação (G.I. Joe, no original) vai ganhar uma nova série de longa
duração em setembro, nas mãos da IDW Publishing, atual editora de quadrinhos
dos personagens, e promete colocar o famoso grupo militar antiterrorista
americano de pernas para o ar. Entre as novidades do novo título está no
anúncio de que a nova série terá uma mulher como roteirista, situação
praticamente incomum para o título, apesar das várias séries que já teve desde
sua primeira publicação, ainda nos anos 1980, pela Marvel Comics. As histórias
ficarão a cargo de Karen Travis, que tem no currículo histórias criadas para as
séries "Star Wars," "Gears of War", e "Halo". Os
desenhos da série ficarão a cargo de Steve Kurth. O título será mensal, com 32
páginas, e preço de US$ 3,99, e a primeira edição da nova série terá 3 opções
de capas.
"Ficção militar é minha praia, e G.I. Joe é um
ícone cultural genuíno. Como eu poderia recusar?", declarou Travis, sobre
o convite da editora para que assumisse a criação das aventuras do novo título
do supergrupo militar antiterrorista americano, que desde a primeira aventura
de quadrinhos nos anos 1980, enfrenta as forças maléficas da organização
terrorista Cobra. "Há uma grande possibilidade de explorar as histórias, e
estou gostando muito disso", completa. A nova série se passará 5 anos após
os eventos finais do título anterior, e o primeiro arco de histórias será
centrado na "queda" da equipe G.I. Joe. Afinal, para que manter um
supertime militar antiterrorista se não há mais ninguém para enfrentar? A
organização Cobra, por incrível que pareça, converteu-se numa força
internacional mantenedora da paz, e o restante do time G.I. Joe, liderado agora
por Scarlett, tem de lidar com a nova situação política, e ela não é nem um
pouco agradável, uma vez que se o Cobra aparentemente não é mais uma ameaça,
isso não garante que o mundo esteja mais seguro do que antes, muito pelo
contrário.
"Há
um forte tema geopolítico e diplomático que permeia a série, mas como acontece
com todas as minhas coisas, ele é visto a partir da perspectiva dos indivíduos,
e de como o conflito irá afetá-los pessoalmente", diz Traviss. "As
maiores batalhas da história da humanidade sempre foram vistas através dos
olhos de quem está na linha de frente, e isso é, por definição, uma visão muito
focada, e que vai variar de indivíduo para indivíduo." Os demais membros
da equipe, como Flint, Mainframe, Roadblock e outros, estão lutando por suas
vidas, mas o pior é não saberem mais onde está realmente o inimigo, e a maior
ameaça à eles poderá estar em seu próprio lado. E Scarlett, como líder do
grupo, vai ter de encarar esta ameaça da melhor forma possível, e de uma
maneira que ela não está acostumada a lutar, como nas frentes de combate. E
velhos personagens conhecidos estarão em posições diferentes do que todos
imaginavam, tornando a compreensão da situação e seu grau de perigo mais
complicados de serem determinados.
Tendo
atuado nas forças militares inglesas, Travis tem uma visão mais acurada do
ambiente militar. "Karen vive e respira o mundo dos homens e mulheres de
uniforme", declara o editor John Barber. "Ela respeita o uniforme e
entende a realidade da vida militar", completa. Para Traviss, a sociedade
hoje em dia não tem mais a mesma estreita ligação e simpatia com os militares
que havia antigamente, quando as crianças adoravam ganhar os seus primeiros
brinquedos das figuras de ação dos G.I. Joes. Ela quer dar aos soldados a
chance de se manifestarem, pois eles fazem um trabalho excepcionalmente duro, por
vezes indesejável, mas necessário, e a sociedade lhes deve muito por isso. E
ela espera ajudar a pagar essa dívida para com os soldados escrevendo esta nova
série de G.I. Joe.
Entre
os trunfos que pretende colocar na história está o retorno de alguns
personagens do universo dos Joes que há muito tempo andavam sumidos, além de
introduzir um personagem com uma temática e motivação mais ambígua. Ela afirma
que pretende dar um ar mais "cinza" aos personagens, e não rotulá-los
simplesmente como "heróis" e "vilões", e tem planos de
mostrar como a velha dicotomia Joes/Cobras podem ser trabalhados de uma forma
mais funcional e crível, como um drama real. E, do mesmo modo, mostrar como a
nova visão sobre a organização Cobra, que agora age em nome da paz, terá uma
explicação e motivação lógica e envolvente, fazendo muito sentido. Mas velhos
rótulos e preconceitos ainda são difíceis de se livrar, e esse será um desafio,
tanto para os leitores, quanto para os personagens.
No
Brasil, a série G.I. Joe fez muito sucesso quando foi exibida na TV Globo nos
anos 1980, com o nome "Comandos em Ação", sendo reprisada por vários
anos. Nos quadrinhos, entretanto, a série não teve muita sorte. A Editora Globo
lançou pouco mais de 10 edições da série ainda nos anos 1980, antes de cancelar
a publicação, procedimento que também haviam feito com os quadrinhos de
Transformers, sendo que já haviam até planos de publicar a minissérie onde
ambos os grupos de personagens se encontravam. Nos anos 1990, a Editora Abril
chegou a lançar aventuras mais recentes, mas o título também não durou muito,
sendo também cancelado. Tanto a Abril quanto a Globo publicaram histórias da
primeira edição, produzida pela Marvel Comics, que descontinuou a série nos
Estados Unidos em meados da década de 1990. A série ficou um bom tempo longe dos
quadrinhos, até ser retomada, sendo atualmente a IDW a editora com os direitos
de produzir novas histórias, tendo até lançado um título continuando a série
interrompida pela Marvel. Mas todo o material recente produzido com os
personagens continua praticamente inédito no Brasil, para tristeza dos fãs,
situação que não parece propensa a mudar no momento.
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