Os
fãs da animação japonesa parecem ter encontrado parcialmente sua redenção na
distribuidora Cult Classic. Depois de lançar nos últimos meses várias séries
antigas do Japão, tanto em anime quanto em live-action, este mês está lançando
no mercado nacional mais um título dos bons e antigos tempos: Oitavo Homem,
nada menos do que o primeiro ciborgue da animação japonesa.
Baseado
na série de mangá publicada na revista Weekly Shonen Magazine criada por
Kazumasa Hirai, ainda em 1963 ganhou uma versão em anime, produzida pelo estúdio
TCJ, e contou com 56 episódios, exibidos na rede TBS do Japão até o fim de 1964. A publicação do mangá
encerrou-se em 1966. Na série, o detetive Azuma é assassinado por uma gangue de
criminosos, mas o Doutor Tani, um cientista para o qual trabalhava, transfere
seu cérebro para um corpo andróide que ele vinha desenvolvendo, tendo acumulado
7 fracassos até aquele momento. A transferência, contudo, dá certo, e agora
Azuma possui um poderoso corpo andróide, possuindo diversas habilidades que
passa a utilizar no combate aos criminosos, adotando a alcunha de "Oitavo
Homem". Contando com a ajuda do Doutor Tani, o único que sabe de sua nova
condição, ao lado do chefe de polícia Tanaka, Azuma retoma sua vida, escondendo
de todos a sua nova identidade de super-herói, até mesmo de sua namorada. Muitos
anos depois, em 1987, o cineasta Paul Verhoeven criaria Robocop, utilizando um
enredo com muitas semelhanças à da história do primeiro ciborgue da animação
japonesa. Entre os bandidos enfrentados pelo Oitavo Homem, o principal era o Dr.
Demon, um cientista perverso pertencente à organização Intercrime, um grupo
criminoso que desenvolvia novas maneiras de cometer roubos e impôr seu domínio
do crime organizado onde quer que estivesse. Com os sucessivos planos frustrados
pelo herói, o Dr. Demon passa a ter fixação em eliminar o Oitavo Homem, que
passa a ter no cientista perverso seu maior inimigo. Entre os poderes do herói
estão a capacidade de correr em alta velocidade, usar visão de raios
infra-vermelhos (permitindo enxergar no escuro), superforça, além de poder se
disfarçar em qualquer outra pessoal, assumindo sua aparência.
Na
década de 1990, surgiu no Japão uma continuação da série, com o surgimento de
um novo e atualizado Oitavo Homem, enfrentando gangues de marginais com
implantes cibernéticos, abusando da pancadaria e violência extremas. "Eight
Man After", como ficou conhecida, teve 4 episódios produzidos diretamente
para o mercado de vídeo nipônico, e acabou sendo lançada também no mercado brasileiro
de vídeo, através da Mundial Filmes, na febre de animações nipônicas
desencadeada em nosso país pela série "Cavaleiros do Zodíaco". Posteriormente,
foi relançado em DVD pela distribuidora Mundo Mágico. A série original,
contudo, depois de algumas reprises na década de 1970, desapareceu do mapa da
TV nacional, ficando apenas na memória daqueles que a assistiram, e que agora
terão a chance de rever o material, graças à Cult Classic. A série original,
entretanto, tem um ponto ótimo para gerar polêmica nos dias atuais: o herói
recarregava suas energias fumando um "cigarro" especial, para
recompor suas forças enquanto combatia os meliantes. Eram outros tempos, onde o
hábito de fumar era visto de forma diferente dos dias de hoje, conferindo
glamour a seus praticantes, enquanto hoje em dia o cigarro cada vez mais sofre
o preconceito da sociedade, que vê no produto o que ele sempre foi, uma droga
legalizada, diferente de outras como a maconha.
OITAVO
HOMEM - O POLICIAL DO FUTURO - Volume 1, traz os primeiros 28 episódios da série,
em preto-e-branco, em 4 discos, com o áudio original em japonês, e opção de
legendas em português somente. Exibido na TV Globo no fim dos anos 1960 e início
dos anos 1970, sua dublagem em português há muito se perdeu, restando somente
alguns trechos em mãos de colecionadores, razão pela qual a distribuidora não
providenciou áudio em nosso idioma. O preço desta caixa é o padrão adotado para
os lançamentos da distribuidora: R$ 79,90. O restante da série será lançado
mais à frente, possivelmente ainda este ano, mas sem data ainda definida pela
distribuidora. Uma pena a Cult Classic não investir em uma redublagem, pois
aumentaria o alcance da série, restrita ao nicho dos saudosistas e fãs mais
ferrenhos da animação japonesa. De qualquer maneira, é um lançamento a ser
valorizado pelo público que pede pelo lançamento de séries antigas, sejam elas
de que país forem, e que conquistaram seu público nas exibições décadas atrás
na TV nacional, em épocas onde nossas emissoras tinham mais critério com suas
grades de programação, atualmente entupidas com programas de qualidade pra lá
de duvidosa, além de um código hipócrita e cretino chamado "classificação
indicativa", onde os moralistas atuais definem o que pode ou não ser
exibido no famigerado "horário de proteção à criança", entre outras
atitudes que ajudaram a acabar com um monte de programas legais.
Nos
últimos meses, a distribuidora tem feito um bom trabalho de resgate de antigas
séries da animação nipônica, lançado Fantomas, Judoca, Pirata do Espaço, além
dos live-actions Robô Gigante e Vingadores do Espaço. Esperemos que continue
proporcionando bons lançamentos no futuro, para alegria dos fãs saudosos de várias
séries clássicas.
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