No último dia
1° completaram-se 20 anos desde que morreu aquele que é considerado até hoje um
dos maiores pilotos do mundo e da história da Fórmula 1, Ayrton Senna.
Aproveitando a data, a Nemo Editora acaba de lançar no mercado nacional uma
biografia em quadrinhos do falecido corredor. AYRTON SENNA: A TRAJETÓRIA DE UM
MITO, tem roteiro do francês Lionel Froissart, com desenhos dos artistas belgas
Christian Papazoglakis e Robert Paquet. A edição, em formato 20 x 28 cm, tem 48 páginas, e está
disponível nos formatos impresso (R$ 29,90) e digital (R$ 19,90). O lançamento
foi feito também na Europa, e chega agora no Brasil em uma parceria do
Instituto Ayrton Senna com a Nemo Editora.
A idéia de
criar uma biografia em quadrinhos de Senna nasceu do trio de autores europeus,
sendo que Lionel Froissart, inclusive, era amigo de Ayrton, já tendo escrito
três livros sobre o piloto brasileiro. O álbum começa com a primeira corrida na
chuva de Senna, ainda nos tempos do kart. Depois do flashback, o leitor é
levado diretamente para o GP de Mônaco de 1984, ano de sua estréia na Fórmula
1, e palco de seu primeiro show de pilotagem na categoria, quando vinha
escalando todo o pelotão debaixo da chuva torrencial que desabava no
Principado. Debaixo da chuva e com uma modesta Toleman, ele mostrava ao mundo
do que era capaz, ultrapassando todos os adversários à sua frente para assumir
a segunda posição. E quando faltava apenas o líder Alain Prost, da McLaren, a
corrida foi paralisada, por questões de segurança.
Com uma arte
competente, o álbum tenta mostrar o que foi a carreira de Ayrton desde os
primórdios até a F-1, mas vários momentos são mostrados de forma superficial.
Não por falta de respeito ou competência, mas de espaço mesmo: apenas 48
páginas nunca seriam suficientes para poder retratar devidamente a vida do
piloto brasileiro. Mesmo assim, todos os episódios mais marcantes da carreira
de Senna estão retratados lá: a vitória dramática do piloto no autódromo de
Interlagos em 1991, quando terminou a corrida apenas com a 6ª marcha; as
polêmicas com Alain Prost nos GPs do Japão de 1989 e 1990, além, é claro, da
conquista do tricampeonato mundial naquele país onde, até hoje, ele é
idolatrado. É um lançamento bem oportuno, e uma boa ideia para aproximar a
história de Ayrton Senna das novas gerações, principalmente daqueles que não
conseguiram vê-lo correr na Fórmula 1, usando a linguagem dos quadrinhos. Não é
uma obra perfeita, mas dá para o gasto, desde que não se queira muita
profundidade em certos momentos, pela inviabilidade de se mostrar tudo o que
havia nas poucas páginas do álbum. Mesmo assim, para os fãs, é uma obra que
vale a pena ler, e relembrar momentos cruciais de sua jornada nas pistas de uma
forma que antes era contada apenas por textos, vídeos e fotos.
Não é a primeira vez que
Senna é protagonista de uma história em quadrinhos. Em 1991, já no auge de sua
fama, o brasileiro foi retratado em uma série de mangá publicada no maior
semanário do gênero do Japão, a Shon Jump. A série, produzida por Koyou
Nishimura (roteiro) e Katsuhiro Nagassawa e Hirohissa Onikubo (desenhos). Com o
título de “F. no Senkou – Ayrton Senna no Chousen”, esta série retratava o
campeonato daquele ano, que culminou com o tricampeonato do piloto brasileiro,
retratado, obviamente, como o "herói" da história, enfrentando os
rivais (ou "vilões" para os leitores) Nigel Mansell e Riccardo
Patrese, da equipe Williams, que ameaçava seriamente os planos de Ayrton
conquistar o tricampeonato. Antes disso, também houve uma outra série, menos
importante, lançada antes da mencionada acima, onde Senna também era o
protagonista da história, que já era centrada em sua ferrenha rivalidade com o
francês Alain Prost.
A fama do
piloto brasileiro, que para os japoneses encarnava algumas das características
de seus famosos guerreiros samurais, como a forte determinação e perseverança,
o levou a ser homenageado nas ilustrações de vários artistas de mangás, entre
os quais podemos citar Hojo Tsukasa (autor da série City Hunter), Akira
Toriyama (de Dragon Ball), e Masakazu Katsura (de Video Girl Ai), que retrataram
o piloto brasileiro em várias ilustrações, além de vários outros.
Curiosamente,
mesmo com a fama de Senna naqueles tempos, ninguém sequer pensou em publicar
estas histórias produzidas no Japão no Brasil. Os quadrinhos japoneses, claro,
não eram familiares ao público leitor brasileiro como são hoje, com várias
séries sendo publicadas por editoras nacionais, mas haviam algumas iniciativas
isoladas por parte de empresas como a Nova Sampa, e até mesmo a Editora Abril,
que lançava alguns materiais nas bancas. E mesmo hoje, com a fama e
popularidade dos mangás no mercado editorial brasileiro, também não parece
haver interesse em trazer este material para o Brasil, que certamente seria
muito interessante para o público leitor de mangás, além da imensa legião de
fãs do falecido piloto. Curiosamente, os volumes dos mangás produzidos com
Ayrton Senna são difíceis de achar até mesmo no Japão hoje em dia, mostrando
que o material, apesar da idolatria dos japoneses por Senna, caiu no
esquecimento com o passar os anos, não tendo sequer tido novas edições. Uma
pena mesmo, pois oportunidades não faltaram para a obra ser lançada por aqui.
Faltou mesmo foi empenho e vontade por parte de alguma editora nacional em
disponibilizar este material por aqui. E pelo que se vê atualmente, ainda
falta. E o Instituto Ayrton Senna, criado pelo piloto, que licencia vários
tipos de produtos com a marca do tricampeão, aparentemente também não parece
demonstrar interesse. Até o lançamento deste álbum, o mais próximo que tivemos
no mercado editorial nacional foi a série de gibis do personagem Seninha,
lançada entre 1994 e 2009 pelas editoras Abril Jovem, Brainstore, e HQM.
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