De
volta com a sessão "Túnel do Tempo", trago esta matéria que foi
publicada em agosto de 1996. O assunto eram as revistas informativas que haviam
inundado o mercado nacional a partir de 1995, trazendo informações sobre
animação, quadrinhos, seriados e afins, um nicho de mercado que há muito
necessitava de veículos de informação e até então era ignorado em nosso país, até
que em dezembro de 1994 surgiu a revista HERÓI, e que foi um sucesso tão
avassalador que não demorou para surgirem outras revistas apostando no mesmo
mercado consumidor. Eram tempos pré-internet, então, estas revistas, por mais
fracas que fossem, já eram um oásis para os fãs e leitores, uma vez que a
informação sobre estes segmentos eram raras, ignoradas pelas demais revistas de
notícias, e pouco publicadas até mesmo em jornais, salvo quando havia algum
evento relevante. Fiquem agora com o texto, e boa leitura...
HERÓIS, QUADRINHOS
& CIA.
Publicações sobre heróis,
quadrinhos, TV, cinema e similares invadem as bancas de todo o país.
Adriano de Avance Moreno
Se
você curte super-heróis e demais tipos de personagens, sejam dos quadrinhos, da
TV, do cinema, ou de áreas afins, já deve ter notado que, de uns tempos para
cá, surgiram no mercado editorial brasileiro diversas publicações destinadas a
esta área da indústria do entretenimento. Se está pensando em gibis com
histórias em quadrinhos, enganou-se. Estas novas revistas são sobre o gênero
dos quadrinhos, além de TV e cinema, e todas as suas ramificações, não gibis.
Como
é do conhecimento geral, muita coisa no Brasil deixa a desejar em relação aos
países do Primeiro Mundo. O mercado editorial, por exemplo, é uma delas. Nos
Estados Unidos, a indústria geral do entretenimento é muito forte e
diversificada, especialmente no quesito dos quadrinhos e áreas de atividade
correlacionadas, como filmes, seriados, animação, jogos, etc. Este segmento
movimenta cifras enormes, sem falar que os acontecimentos do setor são
devidamente noticiados e divulgados em larga escala, junto ao público
consumidor.
Como
não poderia deixar de ser, existem publicações especializadas que falam apenas
deste setor da indústria de entretenimento, como quadrinhos, TV, cinema, etc.
No Brasil, este tipo de mercado editorial sempre foi quase inexistente, até que
começou recentemente a ser explorado.
O lançamento da Herói N° 1 em dezembro de 1994 deu início à febre das revistas informativas no mercado editorial nacional. |
Tudo
começou em dezembro de 1994, quando, na onda da popularidade da série japonesa
CAVALEIROS DO ZODÍACO, surgiu uma revista que destinava-se exclusivamente a
tratar do gênero super-heróis & cia., fossem eles de qualquer origem.
Nascia assim a revista HERÓI. Publicada pela recém-fundada Editora ACME, em
parceria com a Nova Sampa Diretriz Editorial, a nova publicação trazia
reportagens sobre os desenhos animados na TV, sagas de super-heróis dos
quadrinhos, projetos de cinema, etc, toda uma infinidade de matérias ligada ao
tema dos heróis da ficção. A empreitada deu mais do que certo, e a revista, com
periodicidade semanal, já ultrapassava a marca de 100 mil exemplares vendidos
por edição, um número impressionante para uma publicação tão nova, ainda mais
explorando um mercado até então praticamente inexistente no país.
Como
não poderia deixar de ser, logo surgiram outras publicações similares, tendo
como base o universo dos super-heróis e afins. A primeira publicação a surgir
após a "Herói", então, foi a revista ANIMAÇÃO, especializada, como
diz o nome, em animações, e tudo ligado a este ramo em particular da indústria
de entretenimento. Publicada mensalmente pela Ediouro, a revista tinha
periodicidade mensal, mas com a virtude de ser publicada em formato grande, ao
contrário das demais publicações concorrentes, que foram lançadas em
"formatinho". Com matérias fracas de início, a revista progrediu
bastante, apresentando matérias mais elaboradas e com boa diagramação.
Em
junho de 1995, veio a surgir outra publicação, a revista HERÓIS DO FUTURO,
editada pela Editora Press Talent. Com periodicidade semanal, era a mais
elaborada graficamente, sendo impressa em papel de excelente qualidade, e um
design de primeira, caprichando no uso da diagramação e das cores. O tema,
assim como o da revista "Herói", não poderia ser outro: trazer
matérias sobre os heróis e similares, abordando tudo sobre o assunto.
Junto
com a "Heróis do Futuro" surgiu também outra revista, editada pela
Nova Sampa, JAPAN FURY, produzida pelo Estúdio PPA, especializada em produções
japonesas. Diferente das concorrentes, esta revista destacou-se por trazer
matérias exclusivamente sobre personagens japoneses, fossem dos animes, ou dos
mangás, ou da TV e cinema nipônicos. Outro destaque da revista eram seus
textos, todos escritos com um estilo próprio e cativante, criticando
abertamente os defeitos de alguma série, elogiando seus pontos bons, e até
fazendo algumas piadas no meio das matérias. Como a "Animação", a
"Japan Fury" também era uma publicação mensal.
Em
agosto de 1995, mais uma publicação surgiu: a GERAÇÃO TEEN/ZIG & ZAG, de
publicação mensal, pela Editora Escala. Publicada em formato americano, a
revista mesclava reportagens sobre heróis com matérias sobre esportes radicais,
como skate, jiu-jitsu, etc. Música também estava na parada. Mas a Editora
Escala foi ainda mais longe, e lançou mais revistas informativas. A primeira,
batizada de MASTER COMICS, inovava no formato: além de matérias sobre
super-heróis, trazia também histórias em quadrinhos, todas de autoria nacional,
mesclando o formato "gibi" com revista especializada. Destaque para a
chance que era dada aos artistas nacionais de quadrinhos, algo muito raro no
mercado editorial brasileiro. A outra publicação foi a COMICS GENERATION,
destinada exclusivamente a trazer matérias sobre quadrinhos. Ambas as
publicações têm periodicidade mensal.
A
última investida neste setor foi da Nova Sampa, que lançou em julho último a
revista MANGÁ MANIA. Como o nome diz, destina-se a trazer matérias exclusivas
dos heróis japoneses e tudo o que houver sobre o gênero, em anime e mangá. A
revista é mensal, e possui uma boa diagramação.
O
mercado explorado mostrou o potencial das novas revistas. Só a revista
"Herói", pioneira no gênero, alçou vôo baseada quase que
exclusivamente baseada no sucesso dos Cavaleiros do Zodíaco, mas desde que a
série terminou e entrou em reprise, a revista ainda mantém sua força e público
leitor, mesmo sem trazer mais novidades dos defensores de Athena & cia.
Cada edição tem venda estimada de cerca de 200 mil exemplares, um número
excelente para o mercado editorial nacional.
Algumas
tentativas, entretanto, não deram certo. Com o sucesso da revista
"Animação", a Ediouro tentou lançar outra revista, CAVALEIROS DO
ZODÍACO, q ue se propunha a trazer
sinopses dos capítulos da série animada japonesa, aproveitando sua imensa
popularidade, além de trazer pequenas matérias sobre outros desenhos. Nem a
fama avassaladora da série dos defensores de Athena impediu que a nova
públicação ficasse restrita à edição de estréia. Outra publicação a naufragar
foi da Nova Sampa, que numa jogada temática original, lançou a revista VILÕES,
destinada a falar somente dos bandidos enfrentados pelos heróis. Com ênfase, a
publicação até enaltecia as "atitudes" e "qualidades" dos
vilões, afirmando que "sem eles, os heróis não teriam todo o cartaz que
sempre tiveram". Nada mais lógico. Mas a revista durou apenas 2 números,
em mais uma derrota no currículo dos vilões para os heróis, agora no quesito
publicação especializada.
Cavaleiros do Zodíaco: Publicação só durou um único número. Tentativa malsucedida da Ediouro. |
Enquanto
isso, as demais publicações lançaram-se no desafio da concorrência. A pioneira
"Herói" a partir da edição 76 mudou totalmente a sua diagramação,
ficando com um visual mais moderno e arrojado, além de ganhar edições especiais
em formato grande (denominada HERÓI SUPER), sem falar em novas publicações
exclusivas para o mercado de games e músicas. A publicação, agora saindo
exclusivamente pela Editora ACME, sem a parceria dos primeiros números com a
Nova Sampa, já se aproxima de 90 edições, e mostra fôlego invejável, sendo até
o momento a mais versátil das publicações do gênero.
A
"Heróis do Futuro" enfrentou uma total reformulação na sua redação e
mudou sua periodicidae, de semanal, para quinzenal, mantendo, contudo, o mesmo
nível de qualidade gráfica e editorial, e lançando até um fanzine para seus
associados leitores.
A
"Japan Fury" acabou cancelada pela Nova Sampa, mas o Estúdio PPA, que
produzia a revista, retornou em grande estilo ao mercado, agora na revista
ANIMAX, publicada pela Editora Magnum. Para delírio dos leitores amantes das
produções japonesas, a revista manteve as mesmas características da antiga
"Japan Fury", mas melhorou muito no visual e na diagramação. A antiga
editora, Nova Sampa, sentiu a perda por cancelar a "Japan Fury", e
agora tenta manter sua fatia no mercado com a nova revista MANGÁ MANIA, de produção
própria.
Todas
as demais publicações continuam a ser lançadas nos mesmos moldes originais, mas
melhorando sempre a cada edição, pois a concorrência deste novo mercado, assim
como a das revistas em quadrinhos propriamente ditas, é bem forte, obrigando os
títulos a melhorarem sempre para continuarem atraindo a atenção do público
leitor. HERÓI, ANIMAÇÃO, HERÓIS DO FUTURO, ANIMAX, COMICS GENERATION, MANGÁ
MANIA, MASTER COMICS, etc... Se você é fã dos super-heróis e produções de
quadrinhos, TV, cinema, etc, escolha a sua publicação e comece sua leitura!
AS REVISTAS DO MERCADO
Herói: A pioneira do gênero, desencadeou o lançamento de inúmeras outras publicações similares no mercado editorial brasileiro. |
Título: Herói
Editora: Editora ACME
Formato: Formatinho
Periodicidade: semanal
Número de páginas: 32
Preço: R$ 1,95
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Animação, da Ediouro: Segunda publicação a surgir. Voltada em especial para os desenhos e animes. Única publicação em formato grande. |
Título: Animação
Editora: Ediouro
Formato: formatão
Periodicidade: mensal
Número de páginas: 32
Preço: R$ 3,50
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Heróis do Futuro, da Press Editora: A mais elaborada a nível de qualidade gráfica. |
Título: Heróis do Futuro
Editora: Editora Press Talent
Formato: formatinho
Periodicidade: quinzenal
Número de páginas: 32
Preço: R$ 1,95
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Animax: Especializada em animação e quadrinhos japoneses, é uma das melhores publicações. |
Título: Animax
Editora: Editora Magnum
Formato: formatinho
Periodicidade: quinzenal
Número de páginas: 32
Preço: R$ 1,95
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Título: Geração Teen/Zig &
Zag
Editora: Editora Escala
Formato: formatinho
Periodicidade: mensal
Número de páginas: 32
Preço: R$ 1,95
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Comics Generation: Voltada exclusivamente para os quadrinhos. |
Título: Comics Generation
Editora: Editora Escala
Formato: formatinho
Periodicidade: mensal
Número de páginas: 32
Preço: R$ 1,90
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Título: Master Comics
Editora: Editora Escala
Formato: formato americano
Periodicidade: mensal
Número de páginas: 52
Preço: R$ 2,90
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Mangá Mania: O mais recente lançamento, também voltado para os heróis japoneses. |
Título: Mangá Mania
Editora: Nova Sampa
Formato: formatinho
Periodicidade: mensal
Número de páginas: 32
Preço: R$ 1,95
Vilões, da Nova Sampa, outra publicação de vida curta, mas com o mérito de dar uma "chance" aos vilões. |
ATUALIZANDO: As revistas
informativas manteriam sua popularidade por vários anos. Além daquelas
mencionadas na matéria, surgiram várias outras algum tempo depois. Hoje,
infelizmente todos aqueles títulos há muito sumiram das bancas. A crise de mercado
surgida em 2003 ceifou a grande maioria, com a queda das vendas, enquanto
outras foram devastadas por decisões editoriais de caráter duvidoso. O advento
da internet e sua consequente popularização só pioraram o panorama, uma vez que
o público alvo, cada vez mais sedento e impaciente por informação, passou a
procurar as notícias na net, ao invés de esperar as revistas serem lançadas,
dilema que até hoje é um desafio para as publicações atuais que ainda investem
neste mercado consumidor, e que surgiram muito tempo depois daquela matéria.
Por mais que a internet hoje realmente facilite, as revistas daqueles tempos
deixaram saudades para muitos, e são guardadas com carinho por muitos que as
compraram, como lembrança de seus tempos mais jovens, e de uma época onde era
preciso buscar revistas para se informar, e não apenas sentar em frente a uma
tela e digitar o que se procura...
Quantas edições duraram as revistas comics generation e super club?
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